Friday, October 30, 2009

District 9


Uma imensa espaçonave chega à Terra. Quando todos esperavam que ela pousasse em Washington ou Londres, ela, aparentemente à deriva paira sobre Johannesburg e ali fica por três meses sem sinal de vida.
Quando homens forçam sua entrada na nave, encontram alienígenas subnutridos e doentes. São operários sem grande apuro intelectual. Suas lideranças foram dizimadas por uma espécie de epidemia a bordo.
Uma multinacional interessada em tecnologia bélica é incumbida de cuidar dos aliens que são isolados em um campo de refugiados batizado de District 9.
Os aliens não são exatamente bons ou maus, ou dotados de algum grau superior de evolução. Parecem ao contrário dotados dos mesmos vícios, defeitos e qualidades que os humanos.
O campo transforma-se em uma favela onde o crime impera, dominada por uma máfia nigeriana que controla o tráfico de comida, bebida, armas e prostituição.
District 9 tem mil facetas diferentes. É impossível não lembrar do apartheid, especialmente quando o cenário é a África do Sul. O próprio Distrito lembra como são construídos campos para receber imigrantes na Holanda ou na Inglaterra, e a favela em que se transforma lembra as townships, os guetos, onde os negros eram isolados dos brancos em Johannesburg. As placas sinalizando “Humans Only”, ou “Non-Humans not Allowed” fazem uma alusão clara às barbaridades do apartheid e do que somos capazes de fazer com os julgamos diferentes de nós, assim como as cenas da polícia entrando ali para descer o cassetete em quem aparecer pela frente.
A cena onde os humanos entram pela primeira vez na nave, lembra as imagens da guarda costeira italiana ou espanhola abordando navios de refugiados africanos, com imigrantes miseráveis e famintos atulhados em seus porões. No filme também aparecem manifestações dos defensores dos "Non Human Rights", como aparecem defensores para tudo neste mundo.
A própria favela alienígena lembra as nossas favelas cariocas, com traficantes dando ordens, ou favelas indianas com miseráveis catando comida no lixo para sobreviver.
O próprio filme inova misturando um estilo de documentário coletando depoimentos de envolvidos com cenas de violência brutal.
Longe do estilo filosófico e estilizado de Matrix, Distrit 9 lembra mais o estilo de Alien, Robocop e Blade Runner. É com certeza o mais inventivo e inovador filme de ficção científica que apareceu na última década.
O cinema sul-africano, com Neil Blomkamp, o diretor, e o desconhecido Sharlto Copley, o protagonista, tem com certeza um futuro brilhante pela frente.
Copley no filme faz Wikus van de Merwe, um burocrata sádico, chato e almofadinha que vai ser a vítima de contaminação por DNA alienígena, e assim sentir na pele o que o outro sofre, o que mostra ser a única saída para se livrar dos preconceitos.

Wednesday, October 28, 2009

Política no campo


Um pré-candidato a deputado federal veio pedir apoio político a uma amiga, produtora rural. Que me pediu conselhos para condicionar o seu apoio.
Aí vão algumas coisinhas que um político deve saber para defender o homem do campo
:

Não pode existir uma diferença entre agricultura familiar e agronegócio. O que existe é um só setor e uma só classe, a de produtores rurais, divididos em grandes médios e pequenos;

Este setor é responsável por umterço do PIB e dos empregos do país. Quando se luta pelos interesses do campo não se está defendendo "os fazendeiros", os "ruralistas", está se defendendo o interesse e a economia do Brasil;

Um produtor que sustenta sua família com agricultura pratica agricultura familiar, não interessando se ele é grande, médio ou pequeno. Como existem indústrias e comércios familiares, que vão da quitanda do japonês da esquina até a rede Pão de Açúcar dos Diniz, a Votorantim do Ermírio de Moraes, a siderurgia dos Gerdau e etc. Existem agricultores familiares que trabalham com tabaco no RS, com suinocultura em SC, com fruticultura no vale do São Francisco, e com pecuária no MS, em GO, ou em MG. O importante é que a renda gerada por aquela propriedade sustente dignamente uma família, e se possível gere renda a outras famílias também;

É mentira que o agronegócio gere concentração fundiária e desemprego por exemplo. No último censo agropecuário do Estado de São Paulo, que tem a agricultura mais tecnificada do país, verificou-se que o tamanho médio das propriedades diminuiu. E isso com toda aquela cana, laranja e reflorestamentos. Os empregos que são eliminados no campo com a monocultura e a tecnificação são criados nas cidades com a instalação de agroindústrias de suco, de papel e celulose, de usinas, de laticínios, de frigoríficos e etc;

Quanto menor a propriedade obviamente mais necessário se faz o uso da técnica agronômica e zootécnica para um bom desempenho de produtividade, e maior precisa ser a capacidade de organização na hora de conseguir crédito, na compra de insumos e na comercialização de produtos. Isso pode ser alcançado por exemplo com o cooperativismo (como alguém com 20ha pode ter um trator por exemplo sem inviabilizar financeiramente a propriedade?). É nessa hora que o estado deve desempenhar sua função através dos programas de extensão rural;

A agricultura familiar no entendimento do atual governo e do programa de reforma agrária no entanto é incapaz de gerar renda, o que a recente pesquisa da CNA comprova. Pela pesquisa da CNA, 46% dos beneficiados com o Programa da Reforma Agrária já vendeu suas terras (o que é ilegal diga-se de passagem), 37% não produz rigorosamente nada, 10% não produzem o suficiente nem para a família e 24% produzem o suficiente só para a família. Ou seja, em vez de gerar um benefício para a comunidade e para a economia do país, gera-se um gasto extra que em vez de dar independência econômica a uma família cria uma legião de estado-dependentes, gente que para viver precisa de auxílio contínuo do Estado;

É preciso entender que o setor da agropecuária é um setor da economia igual aos outros, como é a indústria, como é o comércio. Os índices de produtividade que visam a desapropriação de imóveis rurais são uma obscenidade ideológica. Imaginem por exemplo que seja proposto um índice de produtividade para a indústria de calçados. A que não produzir um determinado número de pares de calçado por ano poderá ser desapropriada e destinada as militantes do Movimento dos Sem-Indústria. A idéia é tão absurda que ninguém nunca cogitou implantar uma coisa dessas. E no campo no entanto essa idéia perdura, com um atraso de uns 200 anos pois é do tempo em que a terra era a única fonte de geração de riquezas;

A revisão dos índices de produtividade vai servir só como ferramenta para que um movimento criminoso como o MST ganhe passe livre para invadir onde bem entender.
Por mais que uma fazenda seja mal cuidada ou que produza muito pouco, o dono dela emprega pelo menos duas ou três pessoas. Tem um filho em escola particular na cidade, usa uma Unimed, gera um excedente que mesmo pequeno vai gerar ICMS para o município. Se nessa fazenda faz-se um assentamento de reforma agrária, além de não gerar mais nada vai dar prejuízo em forma de bolsa-família, cesta básica, transporte grátis e ainda demanda a instalação de redes delétricas, de água e esgoto em zonas rurais quando nem nas cidades estes serviços estão disponíveis a toda a população urbana. Nesse sentido, a reforma agrária deve ser feita em terras realmente improdutivas, que devem ser dadas não a assentados mas vendidas a pessoas com vocação agrícola por programas que facilitem o acesso à terra;

Em resumo, o papel do Estado no campo:
- facilitar o acesso a terra a quem realmente tem vocação agrícola
- extinguir os índices de produtividade para o setor agrícola
- incentivar programas de extensão rural que viabilizem a pequena propriedade
- incentivar a agroindústria
- melhorar a infraestrutura em núcleos urbanos do interior, diminuindo o inchaço das grandes capitais

Lição do dia


Um professor de economia numa universidade local fez a declaração de que nunca tinha reprovado um único aluno, mas que uma vez reprovara uma classe inteira.
Aquela classe tinha insistido que o socialismo funcionava e que ninguém seria pobre e ninguém seria rico, um grande equalizador.
O professor então disse:
- Ok, vamos fazer uma experiência de socialismo nesta classe. Todas as notas serão médias e todos receberão a mesma nota, assim ninguém vai ser reprovado e ninguém receberá um A.
Depois da primeira prova, a média foi tirada e todos ganharam um B. Os alunos que estudaram muito ficaram chateados e os alunos que estudaram pouco ficaram felizes. A média da segunda prova foi um D! Ninguém ficou feliz. Feita a terceira prova, a média foi um F. As notas nunca aumentaram, enquanto mesquinharias, acusações e xingamentos só resultaram em ressentimentos e ninguém mais iria estudar em benefício de qualquer outro.
Todos foram reprovados, para sua grande surpresa, e o professor lhes disse que o socialismo também iria falhar ao final porque quando a recompensa é grande, o esforço para vencer é grande, mas quando o governo tira toda a recompensa, ninguém vai tentar ou querer vencer. Não podia ser mais simples do que isto.
Ou como o Dr. Adrian Rogers diz em seu trabalho de 1996 Ten Secrets for a Successful Family sobre ensinar aos adolescentes o valor de um trabalho honesto:

"Não se pode legislar os pobres para dentro da liberdade, legislando os ricos para fora dela. Não se multiplica a riqueza dividindo-a. O Governo não pode dar nada a ninguém que ele não tenha tirado antes de outra pessoa. Quando alguém recebe alguma coisa sem trabalhar por isso, outra pessoa está trabalhando sem receber por isso. A pior coisa que pode acontecer a uma nação é que metade de sua população acredite que não precisa trabalhar porque alguém está trabalhando por eles, e a outra metade acreditar que trabalhar não leva a nada porque não poderão aproveitar o fruto do seu trabalho."

Kit Left Revolution

Everardo, o Idiota


Elio Gaspari tem Eremildo, o Idiota. Eu tenho Everardo, o Idiota.
Everardo dá plantão de comentários no meu blog. Acho que o Reinaldo Azevedo nunca publicou um comentário dele, então o Everardo migrou para cá. Quando eu parei de publicar os comentários dele, ele foi dar plantão no blog do Bruno Pontes.
Mas o Everardo não deve levar a mal o Idiota do título. Não é uma ofensa pessoal. É que eu acabei de ler o Manual do Perfeito Idiota Latino Americano, de Alvaro Vargas Llosa, Plinio Apuleyo Mendoza e Carlos Alberto Montaner. Me foi emprestado por outro blogueiro reacionário e direitista, meu amigo Augusto.
O fato é que Everardo (que não é um, é uma legião) se encaixa perfeitamente na descrição do perfeito idiota latino americano. Everardo acredita no Estado benfeitor, aquele criado nos tempos de Vargas e Perón. O mesmo tipo de Estado que levou o continente inteiro à ruína econômica enquanto por exemplo os tigres asiáticos, que na década de 50 eram mais pobres do que os latinos, se desenvolviam a um ritmo muito maior.
Everardo credita todos os males do continente ao capitalismo e ao neoliberalismo, sendo que estes nunca existiram de verdade em uma América Latina sufocada sob as garras do Estatismo, e só agora começam a aparecer, graças a Deus. Curiosamente, o país que melhor conseguiu se livrar da pobreza no continente, o Chile, foi o único a optar por um maior liberalismo na economia.
Everardo acredita que Zelaya não quer dar um golpe e perpetuar-se no poder, como Chávez fez, e como Ortega, Evo Morales, Rafael Correa querem fazer.
Everardo acha que o mensalão nunca existiu, e que é normal o PT estar no poder junto com Sarney, Maluf e Renan Calheiros. Se Jesus se aliaria até a Judas no Brasil como diz o Lula, porque ele não pode?
Everardo chama os Estados Unidos de Império, e como todo bom idiota latino americano acha que os Estados Unidos ficaram ricos deixando o resto do mundo mais pobre, especialmente os latinos. Para ele, os ricos só querem vir aqui roubar nossas riquezas e matérias primas, que não teríamos onde enfiar se não fossem as exportações.
Everardo acha por exemplo que a Vale deveria ser estatal, embora como empresa privada tenha multiplicado patrimônio, divisas e empregos. Privatizar a Petrossauro então nem pensar.
Cansei de Everardo. Recomendo-lhe que leia o livro em vez de infestar o blog dos outros com suas boçalidades. O blog é meu. A web é democrática. Faça seu próprio blog com suas idéias brilhantes e suas apologias de ditadores e assassinos.

Libera geral


Essa é irresistível, saiu lá do Kibe Loco:

Governo libera R$ 400 milhões para estádios da Copa

Pelo visto, desvio de verbas passará a ser avaliado em “campos de futebol”. Bons tempos quando isso era privilégio do desmatamento, né?

Campanha


Dilma em Araraquara, minha cidade natal, inaugurando não sei o que do PACtóide.
Cadê o TSE?

Adeus emprego velho


Feliz emprego novo...
E lá se foi hoje minha carta de demissão...

Sete Pecados Capitais


Uma imagem, de Bosch, e abaixo, algumas reflexões...

Invidia


A inveja anda de casaco pelos corredores, diz a legenda dessa foto. Essa é a inveja corrosiva, destrutiva, amarela como a criada Juliana do primo Basíllio na obra de Eça.
É a inveja triste, masoquista.
Não é só querer o que o outro tem. É querer o que ele tem e querer mais ainda que você tenha e ele não. Pode ser um carro, um trabalho, uma mulher, dinheiro, o que for. Diz a estória que um gênio da lâmpada disse a um invejoso que ele lhe daria tudo o que desejasse, mas daria também o dobro ao seu inimigo. O invejoso respondeu: fure-me um olho.
Mas há invejas boas, as que te fazem trabalhar para conseguir o que se quer e não se tem. Eu por exemplo invejo pessoas que estão sempre de bem com a vida. Um dia aprendo com elas. Invejo os que realmente gostam do que fazem. Algo que estou tentando conseguir. Invejo os que saem viajando pelo mundo. Já fiz um pouco, farei mais.
E no entanto não preciso furar o olho de ninguém por isso...
Inveja de uma bunda em forma? Entre na academia e pare de se entupir de chocolate.

Superbia


No orkut existem mais de mil comunidades com o título "Eu odeio gente que se acha" e variações.
Na verdade ninguém gosta de gente que se acha, exceto os puxa-sacos daqueles que estão se achando.
Existe um piscologia um troço chamado de síndrome do pequeno poder. Acontece muito com porteiros e síndicos por exemplo. E atendentes de guichês de repartições públicas. O cara sobe no tijolo e pensa que é rei. Ah, o prazer de torturar e humilhar aqueles que precisam de você, vê-los jogados aos seus pés...
É, taí o orkut que não me deixa mentir, a soberba é o mais odioso dos pecados.
Do tijolo ao trono, a coisa só muda em escala. Quanto mais poderoso o pecador, maior é sua vaidade, maior o seu orgulho. E maior a corja de puxa sacos que lhes mascara a realidade e ao mesmo tempo lhes infla o ego.
É difícil achar na história da humanidade um líder poderoso de massas que não fosse um poço de soberba. Abraham Lincoln, Gandhi, Mandela? Talvez sejam os únicos.
A coisa fica bem mais feia quanto mais à esquerda andamos. Nos regimes socialistas a soberba é política de Estado, já que os supremos líderes encarnam não só a vontade do povo mas o Bem e a Verdade. Daí que suas fotos, efígies e estátuas estejam por toda parte. É o cúmulo da soberba, é o culto à personalidade patrocinado pelo constribuinte. Mas nem falemos pois de Kim Jong Il, Khadafi, Castro, Lênin, Stálin e toda essa cambada. Vamos nos restringir às Américas. Obama depois do Nobel já pode ser canonizado. Chávez já tem até sua SS. Evo tinha também seu comitê para indicá-lo ao Nobel da Paz. Zelaya já tinha até estátua sua pronta para por no jardim da sede de governo. Os Kirchner calam a imprensa que lhes critica.
E nosso líder? Ora, fora os inúmeros "nunca antes nesse país" que só ele sabe dizer, aparece em inauguração até de quitanda. E a obra prima de sua soberba vem aí em filme, o Filho do Brasil, a ser lançado em todo o Brasil bem no ano de eleição, ora vejam que coincidência.
E enquanto o cordão dos puxa sacos aumenta, falta gente para mostrar que o rei está nu.

Saturday, October 24, 2009

Avaritia


A crise financeira mundial mostrou o lado negro do mercado de capitais. Ainda acredito que a imoralidade do mercado hoje é fruto das revoluções liberais dos anos 60, que lutaram e ainda lutam para destruir valores como a família, a religião e as tradições. Mas á fácil culpar os tubarões de Wall Street como os grandes culpados da bolha. É como os ingleses culpando os tablóides que eles mesmos compram pela morte da princesa Diana ou a classe média carioca consumidora de drogas protestando contra a violência dos traficantes do morro. A história começa bem mais embaixo, com os subprimes concedidos aos ninjas (no income, no jobs, no assets) do mercado. Com dinheiro sobrando na mão, os bancos concederam empréstimos a quem não podia pagar. Com os preços imobiliários em alta, os americanos endividados iam de hipoteca em hipoteca usando a diferença como crédito para consumir ainda mais. Como a gula, a cobiça é um pecado de excesso. É querer sempre mais, mais, mais.
E o marketing é a ferramenta do pecado. O marketing diz que precisamos consumir para ser felizes. O marketing cria necessidades que nunca tivemos antes.
Um rápido zapping pelos canais de televendas nos dão uma idéia precisa dos horrores a que estamos nos submetendo. Quando você acha mesmo que precisa urgentemente comprar aquele kit tabajara de massagear o dedão do pé ou um utensílio de cozinha que deixa seu ovo cozido quadrado, realmente está faltando sentido na sua vida.
A classe média especialmente tem obsessão em acumular bens de consumo sem perceber, como diz Robert Kiyosaki, autor de Pai Rico, Pai Pobre, que acumular bens de consumo não deixa ninguém rico. Rico investe em ativos, coisas que lhe rendem dinheiro. Pobre compra carro, casa, chácara, moto, cavalos, coisas que lhes tiram dinheiro.
Essa obsessão por consumir a longo prazo também será a causa da nossa ruína. Imaginem Brasil, Índia e China consumindo como americanos. Ou nos matamos todos ou matamos o planeta antes. Um ocidental médio consome hoje 350 vezes mais energia do que há 200 anos atrás. Sem necessariamente viver melhor por causa disso, ou alguém acha que temos mais tempo livre hoje do que nossos avós tinham?
João Pereira Coutinho uma vez escreveu que seria possível viver com 100 objetos essenciais. Um artista japonês que esculpia móveis em toras de madeira disse uma vez que só compensava derrubar uma árvore para fazer um móvel se este durasse tanto tempo quanto a árvore duraria. Minha ambição maior é a de poder viver mais, consumindo menos porém melhor.

Friday, October 23, 2009

Acedia


A preguiça é o pior dos meus pecados. Mesmo porque inconscientemente não admitimos que ela seja assim tão grave. Mas é.
E enquanto outros pecados são mais facilmente mantidos sob controle ou dissimulados por regras de convivência em sociedade desenvolvidas em séculos de história, a preguiça não. A preguiça passa desapercebida.
Não falo dessa preguicinha de deitar na rede depois do almoço, ou de acordar às onze no domingo. Ou a preguiça de lavar a louça, e ir buscar tomates no supermercado.
A preguiça capital é aquela que me acomete todos os dias de manhã, quando penso que tenho que levantar para enfrentar este mundo imundo.
Penso em todos os que desperdiçam as vidas em trabalhos tediosos, penso que naquele dia os políticos vão estar mentindo e roubando de novo, os traficantes estarão matando de novo enquanto um outro maconheiro vai comprar outro baseado de novo, que em uma guerra qualquer crianças estarão morrendo de novo, e que alguma conta para pagar vai chegar de novo. Então eu penso porque não me amarrar e morrer aqui nessa cama?
Acedia vem do grego e significa recusa em se encarregar de uma tarefa. São Tomás de Aquino a definia como um mal-estar da mente, Dante como o pecado de não amar a Deus completamente, de corpo e alma. Ele está certo porque sem sair da cama fica meio difícil fazer o trabalho de Deus. Eu acho que é covardia pura e simples, e por isso mesmo o pecado que devo combater mais decididamente. Então todo dia penso em uma razão para levantar da cama, não sem antes cair em tentação, dar aquele tapa no despertador e dizer “só mais cinco minutinhos”.

Ira


Eu tenho esse sonho recorrente onde quero dar um soco e meus braços estão paralisados, quero gritar e minha voz não sai. Talvez seja meu subconsciente expressando uma ira reprimida durante o dia.
Nietzsche comparava o homem vivendo em civilização a um animal enjaulado. As regras desse contrato social que assumimos para assegurar a sobrevivência da espécie seriam as grades segurando os impulsos primitivos do homem animal.
Lembrei disso quando contei que precisava conter meus instintos animais toda vez que entreva em uma repartição pública. Tivesse eu nascido há alguns séculos atrás estaria decapitando funcionários a golpes de machado. Jogando óleo quente sobre centrais de telemarketing. Espancando fãs dos Backstreet Boys.
Todos temos esta besta-fera dentro de nós. É talvez por isso que seja tão reconfortante ver Tarantino escalpelando nazistas no cinema. Ou o capitão Nascimento fuzilando traficantes.
Felizmente não evoluímos por nada, não é mesmo? Segundo o livro a Cabeça do Brasileiro de Alberto Carlos de Almeida, idéias como pena de morte e linchamentos são mais comuns entre as parcelas menos educadas da população, aquelas que a esquerda diz ter os caminhos da verdade. Conter nossa ira significa ter um pouco mais de confiança em nossos semelhantes, o que é uma grande virtude. Mas que dá às vezes algum arrependimento.

Gula


Quando Lula lançou com estardalhaço o Programa Fome Zero, o IBGE acabou com sua graça dizendo que a obesidade era um problema mais comum entre os brasileiros do que a fome.
De fato brasileiro come demais, fato constatado com espanto por qualquer turista que passe por aqui, exceto os americanos que têm com a junk food um problema muito mais grave do que o nosso. Aqui no Brasil, no meu ponto de vista, o problema é que comer passou de necessidade básica a opção de lazer entre os brasileiros. Durante a semana saímos da cama para o carro, para a cadeira, de volta ao carro, ao sofá e de volta à cama. E o que vamos fazer no fim de semana? Passear de bicicleta no parque? Remar na lagoa? Visitar algum sítio histórico? Ir ao museu? Não, vamos fazer um churrasquinho com bastante cerveja, uma macarronada, comer uma pizza, ir no boteco e pedir aquela porção de calabresa acebolada... E depois aquela torta de brigadeirão e um sundae de caramelo. O segundo problema é confundir quantidade com qualidade. E assim chegaremos logo logo onde estão os americanos hoje. E quanto mais obesos ficamos, mais se proliferam as dietas maravilhosas e aquelas câmaras de tortura conhecidas como academias de ginástica. Pensando bem a gula é o grande motor da economia nacional. Pense em tudo o que você gasta de comida no supermercado, em restaurantes e depois assinando a Boa Forma e pagando aquela aula de Pilates.
E muito embora na última década as academias tenham se espalhado pelos bairros, a obesidade, tanto aqui como nos EUA não diminuiu. A Time publicou uma reportagem investigando o que se chama de efeito compensatório. Para o guloso, cinco minutos a mais de esteira são suficientes para que ele alivie sua consciência descontando o esforço na lanchonete mais próxima. Ou seja, quanto mais exercícios fazemos mais nos sentimos liberados para o pecado.
Minha humilde sugestão é que passemos pois a caçar o almoço e a janta, como faziam nossos esbeltos ancestrais. Entraríamos todos em forma e nossa gula seria aí plenamente justificada.

Luxuria


Segundo o coronel Frank Slade, personagem de Al Pacino em Perfume de Mulher, entre as pernas de uma mulher está o passaporte para o paraíso. Já o diabo de Roberto Begnini, em o Pequeno Diabo, achava que ali estava a fonte de toda a sua energia.
Sexo é dos nossos instintos animais talvez o mais poderoso. Para o bem e o mal. Não é à toa que sexo é usado hoje em dia para vender de carros a cigarros. E a gente ainda cai nessa armadilha. A “adult entertainment industry” nos Estados Unidos fatura 13 bilhões de dólares por ano. Google? Adivinhem a palavra mais procurada? Pois é.
Os moradores da minha república de estudantes uma vez assinaram um canal pornô 24hs por dia (no meu tempo não tinha disso, foi depois que eu formei). Depois de duas semanas ninguém mais agüentava assistir aquilo. Um deles me explicou: é tudo igual vai aqui, vai ali, na frente, atrás, na cara...o basicão é esse aí...”. Uma vez ouvi um piscólogo dizer que pornô é como pimenta ou nicotina, a cada vez a dose precisa ser mais forte para fazer o efeito. Comparado com os filmes de hoje, Garganta Profunda é quase um programa infantil.
E falando nisso, o efeito mais perverso da revolução sexual, nascida com Kinsey e seu esquadrão de perturbados e pedófilos, está justamente na educação sexual que governos delinqüentes (todos liberais) querem impor às nossas crianças sob o pretexto de prevenir doenças. Há uma entrevista interessantíssima da psiquiatra Miriam Grossman à Kathryn Lopez da National Review sobre o assunto. Segundo a psiquiatra, a última zona do cérebro a se desenvolver é a do córtex pré frontal, a zona da razão, do julgamento, do planejamento, que só está madura lá pelos 30 anos. Adolescentes sabem perfeitamente que isso naquilo dá gravidez, e no entanto não assimilam os riscos e conseqüências. O mesmo se dá em relação ao uso de preservativos e pílulas, distribuídos pelas nossas escolas. Os grupos que decidem as políticas de educação sexual na verdade não estão nem um pouco interessados em prevenir doenças, e sim em mudar a concepção moral da sociedade tornando-a tolerante a qualquer tipo de comportamento sexual. Depois se espantam quando um trio de adolescentes de 13 anos é pego fazendo sexo no banheiro da escola como aconteceu recentemente em Curitiba. Há um tempo atrás na Holanda, paraíso dos liberais, foi formado um partido político cuja plataforma era a legalização da pedofilia.
Nossa juventude merece mais que isso. Quanto aos adultos, para mim, o que quer que façam entre quatro paredes (excluindo crianças e animais) é problema deles.

Tuesday, October 20, 2009

Little Wheel

A little fun:
Little Wheel
Little Wheel

Twitando


Tô twitando...
Sô feio mas tô na moda.
http://twitter.com/fms75

Monday, October 19, 2009

Mmm...Gumbo?


Room Eleven é uma banda que começou com um anúncio no mural do Conservátorio de Música de Utrecht, na Holanda. Fizeram a primeira apresentação em 2004 e lançaram em 2006 o primeiro álbum: Six White Russians and a Pink Pussy Cat.
O disco que eu comprei por acaso em uma lojinha de maluco em Utrecht virou um dos meus all-time favorites.
Agora veio o segundo disco, Mmm...Gumbo? com uma mistura ainda mais bacana de jazz, folk e soul.
Apesar de eu ainda não ter conseguido o cd, algumas músicas dá para se ouvir aqui no youtube:

Lovely Morning
Stronger
Hey, hey, hey
Note on the door
Lalala Love

Room Eleven virou definitivamente minha banda preferida. E ainda por cima tem essa gracinha chamada Janne cantando.

http://www.roomeleven.nl/news

Inglourious Basterds


Poderia ter sido um faroeste, mas o Inglourious Basterds é sobre um grupo de soldados judeus a serviço da OSS que entra na França ocupada para aterrorizar soldados nazistas.
Cada cena é irresistível, e mesmo uma conversa em uma mesa de restaurante não tira a tensão e o humor do ar. Cada ator também dá seu show especial, incluindo o caipira escalpelador de Brad Pitt, a espiã de Diane Kruger que nunca atuou tão bem, e especialmente o austríaco Christoph Waltz que faz o SS Hans Landa numa performance de roubar a cena.
Uma conhecida disse que assistiu o filme em um cinema de Higienópolis, tradicional bairro judeu de São Paulo. Segundo ela a platéia foi ao delírio e aplaudiu de pé no final.
Em Atonement, livro de Ian McEwan e filme de Joe Wright, a personagem usa a literatura para expiar seus pecados, Tarantino usa o cinema (literalmente no final) para mudar a história e aplacar nossa sede de vingança pelo Holocausto, e é genial no que faz.

Doutzen Kroes

Atendendo a pedidos, e para os leitores esquecerem a foto do Zelaya sem camisa, aí vai uma palhinha de Doutzen Kroes no desfile da Victoria Secret.
Doutzen Kroes é a melhor obra prima produzida pela Holanda desde o último Rembrandt:

Friday, October 16, 2009

Reforma urbana


Minha visita a Belo Horizonte tem a ver com a questão da reforma agrária no Brasil. Mais detalhes em breve.
Mas visitando a cidade, e com a notícia da pesquisa do Ibope encomendada pela CNA, uma reflexão me ocorreu. Belo Horizonte, assim como São Paulo, o Rio, Porto Alegre e outras metrópoles brasileiras têm prédios interessantes, alguns belíssimos. O casario dos antigos bairros nobres são ecos de um tempo passado de fausto e riqueza. Mas a cidade sofre de um mal inerente às grandes aglomerações urbanas, o inchaço. As favelas são evidentes nos morros, o centro se torna decadente, sujo e mal cuidado e a violência urbana prolifera. Aqui e ali existem ainda trabalhos de recuperação do patrimônio e preservação da arquitetura, mas as coisas estão longe de ser o que foram um dia.
O resultado disso é a privatização dos espaços urbanos, com shoppings, prédios residenciais e condomínios fechados. Alguns brasileiros com quem convivi na Europa achavam absurdo um país como a Holanda por exemplo não ter shoppings como os que haviam em São Paulo, ou condomínios e prédios com piscina, academia e essas coisas.
O que parece ser um sinal de desenvolvimento no Brasil é ao contrário, um símbolo de nosso atraso. A Holanda não precisa de shoppings porque o centro das cidades é limpo, bonito, arrumado, preservado e ninguém corre o risco de ser assaltado enquanto faz compras. Não há condomínios fechados porque os bairros residenciais são limpos (exceto os de imigrantes), iluminados, seguros, ajardinados.
Essa privatização do espaço urbano brasileiro é um sinal inconteste da incompetência do Estado.
Agora diriam que o inchaço das metrópoles é fruto do êxodo rural. Para responder a isso recorro a um texto de Diogo Mainardi:
"A reforma agrária se tornou um instrumento arcaico, contraproducente. O Brasil precisa de uma agricultura de larga escala, mecanizada e exportadora, não de culturas de subsistência. Nesse sentido, o governo deveria limitar-se a decuplicar os impostos sobre terras improdutivas. Os candidatos conseguem seduzir a classe média com o argumento preconceituoso de que a reforma agrária pode contribuir a fixar os brasileiros no campo, impedindo que as massas de miseráveis migrem para as cidades. Só que o problema do país não é o excesso de migrantes, e sim a falta de cidades. Mais de 30% das cidades brasileiras não têm bancos, e mais de 90% não possuem cinemas. Ou seja, não são realmente cidades, mas meros currais eleitorais. O Brasil necessitaria de uma reforma urbana, não de mais hortas de feijão. A urbanização é a única garantia de empregos e mobilidade social".
Resumindo, o Brasil não precisa de uma reforma agrária, precisa de uma reforma urbana. Precisa fazer com que as pequenas cidades do interior se desenvolvam, atraiam indústrias, fábricas, tenham agências bancárias, hospitais (o estado de Mato Grosso do Sul inteiro vem se medicar em Campo Grande por exemplo) e obviamente escolas e saneamento básico.
O que faz uma cidade mixuruca se desenvolver? Infra estrutura. É nisso que o dinheiro mal gasto da reforma agrária deveria ser aplicado.
Pela pesquisa da CNA, 46% dos beneficiados com o Programa da Reforma Agrária já vendeu suas terras (o que é ilegal diga-se de passagem), 37% não produz rigorosamente nada, 10% não produzem o suficiente nem para a família e 24% produzem o suficiente só para a família.
A reforma agrária brasileira é um mito, é um escancarado desperdício de dinheiro público. Só quem se beneficia com ela é a chefia do MST, um bando de delinquentes que excreta uma ideologia assassina a uma multidão de miseráveis em troca de poder.

Contra a racialização do Brasil

http://noracebr.blogspot.com/

Thursday, October 15, 2009

Comida di buteco

Belo Horizonte aparentemente é uma das cidades com mais butecos por habitante do país. Buteco ali é levado a sério.
Não é por menos que há dez anos existe um concurso gastronômico destinado a eleger os melhores petiscos da cidade.
No domingão antes do feriado, meio sem rumo, encontrei um buteco na rua atrás do meu hotel.
O buteco era o Estabelecimento, que já foi eleito pela Veja Brasil o melhor buteco e o melhor ambiente de happy hour da cidade.
O Estabelecimento é um legítimo buteco de fundo de quintal, com mesinhas toscas em volta de uma jabuticabeira, dois puxadinhos de telhado, muitos badulaques espalhados e uma cozinha aberta onde duas tias gordas preparam a comida. Mais mulamba impossível, e por isso mesmo autêntico e perfeito para tomar aquela gelada.
O prato do Estabelecimento para a edição atual do Comida di Buteco é a Costelinha do Piru.
São espetinhos de costelinha de porco desossadas com molho de mexerica e acompanhados de uma farofa de milho e pescoço de peru desfiado. Delicioso.
Experimentei também a Batata do Malandro, batatas ao murro com carne cozida no vinho desfiada e molho de creme de leite e queijo. Bão tamém.
E tudo isso tomando uma brahma geladésima e uma dose de cachaça Vale Verde, a número um do meu ranking...
Mineiro sabe o que é bom.

Belo Horizonte
















Agradecimentos à Alessandra, nossa guia e nossa companhia.
Para a Sandra e o Lelec, que não estavam lá...
E para a Alice também, que tá na Holanda com saudades...

Ah, esse capitalismo!


A jornalista Anna Ramalho escreveu na sua coluna no Jornal do Brasil:
“A ministra Dilma Rousseff, em foto publicada anteontem no Globo, deve ter se esquecido de esconder a bolsa – tamanha foi a bronca no assessor do Geddel. Trata-se de uma Kelly, grife Hermès, criada em homenagem à princesa Grace, e objeto de consumo das milionárias mundo afora."
Pois é, a bolsinha da Dilma custa uns R$ 14 mil reais... Dava para quantos bolsa família?

Este é Zelaya


Acredite se quiser, mas este é Zé Laya, o bolivariano da vez! O queridinho de Lula, Chávez, Celso Amorim e outros anões... Pobre Honduras...

Friday, October 09, 2009

O fim da solidão


Trechos do artigo de Emma Riverola, publicitária e novelista, no El País de 04/10:

1. Agora, Facebook, Twitter, Tuenti e outras redes sociais estão convertendo o desenvolvimento pessoal em um cruzeiro de massas. Os jovens crescem na rede, compartilham cada minuto de sua evolução e de sua intimidade. Perda terrível da vida privada, dirão uns. Aumento da transparência e da sinceridade, dirão outros. A única certeza é que, com seus prós e contras, o vírus do exibicionismo dos reality shows penetrou em nossa conduta social.

2. Há uma necessidade, uma obrigação de ser visíveis. Somos a imagem que se reflete nos olhos dos demais. E nessa obsessão por compartilhar a existência, se esconde um modo de reafirmar a identidade, de reclamar um lugar no grupo, e de lançar ao ar um "aqui estou, conte comigo!".

3. O anonimato produz terror, do mesmo modo que assusta a sociedade. As redes sociais são o espantalho que afasta o fantasma da exclusão, o rincão das vozes que rompem o silêncio e a tristeza. Frente à tela do computador podes sentir que formas parte de um grupo, que tens um lugar onde levar as emoções, onde compartir seu tempo.

4. Mas a solidão também é uma fonte de riqueza em nossas vidas. Nela se encontra o germe do pensamento, da arte, de nossa própria identidade. Em um mundo permanentemente conectado, os espaços de isolamento se reduzem até converter-se em preciosas pérolas exóticas. Então surge a dúvida. A incerteza de saber se a geração que está crescendo sobre o abraço contínuo das redes sociais saberá estar só. Se ao não receber a dose habitual de solidão adolescente não deixará mais vulnerável ao sombrio e temível ataque do gregarismo (viver aglomerado).

Do ex-blog de César Maia

Nobel da desesperança


Barack Hussein Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz. É provavelmente a primeira vez na história (e Obama adora ser o primeiro da história em muitas coisas) que o prêmio é dado a alguém que ainda não fez nada.
Qual a paz de Obama? É a vitória do relativismo. É saber que no futuro o fundamentalismo islâmico será visto como "diversidade cultural". E ver a América renunciar a seu arsenal nuclear para abrir espaço ao regime de Putin e aos chineses. E essa paz vai custar bem caro ao mundo.
A esperança é que enquanto Obama discursa feito pavão para virar um queridinho aos olhos dos genocidas da ONU, os americanos estão finalmente percebendo onde foram amarrar seu burro. Seu presidente é um estadista que enfraquece o país no cenário mundial e ao mesmo tempo aumenta o controle sobre a vida dos seus próprios cidadãos.
Cerca de dois milhões de americanos foram às ruas em Washington protestar contra Obama, fato ignorado não só pela mídia brasileira mas pela própria mídia americana, que foi quem criou o mito.
Cria corvos e te devorarão os olhos.

Tradições



Nas longínquas Ilhas Faroe, uma possessão dinamarquesa colonizada por vikings e localizada entre a Dinamarca e a Islândia, uma antiga tradição promove todos os anos nas baías das ilhas uma matança de golfinhos calderón (pilot whales). É um rito de passagem para que o jovens entrem na idade adulta. Para provar que já são machos, a molecada viking entra na água e mata o golfinho com um gancho de metal.
Há um email circulando por aí com fotos como essa itntitulado Vergonha da Dinamarca ou algo assim. O email foi para um amigo na Holanda que passou para um amigo dinamarquês que devolveu com o comentário:
"Okay, now I understand. It is the Faroe Islands. I know it is official a part of Denmark - they are independent of Denmark, with their own government and all. Language and all are very much different from Danish. Killing of the pilot whale is - unfortunately - a part of their history and a heritage of this country. Like the seal killing in Greenland. It have never been accepted by the Danes. Personally I think it is disgusting and I have no understanding for the heritage of killing the Whales. I strongly put a line under that this is not Denmark and never will be.
But I can understand that there could be - when it is presented like this - misunderstanding. It make me very sad - and a bit angry - that people in the world have this picture of Denmark, due to the facts written above. Please inform your friends of this. But still they have to keep in mind that things similar to this happens in many small an bigger countries around the world - not an excuse, but a explanation - like Japan killing whales around the world in big floating whale factories, in Spain they kill Bulls for fun and entertainment, in China they eat dogs - I could continue, but I do hope you see my point. But still not an excuse for what the Faroe Island do".
Quem sou eu para dar palpite em tradições milenares de povos que não tem nada a ver comigo, mas mesmo assim guardamos a esperança de que os Faroesenses um dia perceberão que este espetáculo é triste demais. Quem sabe eles substituam essa tradição por uma saudável ida ao puteiro para provar que são machos e deixem os golfinhos em paz.

O melhor ator do País


“O Lula é um ator impressionante. Ele vai lá, dá uma lida [no texto] em 20 minutos e fala aquilo como se tivesse saído na hora, do coração dele. Não tem Wagner Moura pro Lula! Ele é o melhor ator. Não sei se o melhor presidente”

Fernando Meirelles, cineasta

Thursday, October 08, 2009

Leviathan


A revista Exame de 07/10 traz uma série de reportagens que nos fazem refletir sobre o tema estampado em seu editorial: qual o nível ideal de intromissão do Estado no mercado?
Bem, a capa da revista é sobre a notável expansão do frigorífico JBS, e o sucesso do estilo Frog (from Goiás) de administrar dos irmãos Batista, que elimina degraus na hierarquia e na cadeia de comando, fazendo as decisões mais rápidas e o contato da gerência com as fábricas mais eficiente.
A reportagem deixa claro no entanto que as formidáveis aquisições do JBS no mundo inteiro (Swift, Smithfield, Inalca, Pilgrim's Pride, Bertin etc) só foram possíveis graças aos aportes de capital efetuados pelo BNDES, que também já é sócio da BR Foods (Sadia+Perdigão) e do Marfrig, para ficar só na área de alimentos. Enquanto centenas de pequenas indústrias lutam para sobreviver em meio a fúria da Receita Federal e enterradas na burocracia legislativa, um punhado de famílias se regala com o leite de pata da viúva, que nem mesmo sabe como essas mega-neo-semi-estatais podem ser administradas em todo seu gigantismo.
Outra reportagem mostra os desentendimentos entre o presidente da Vale Roger Agnelli e o governo Lula, que insiste em dar palpites nos negócios da empresa. Agnelli, outrora aliado de Lula está a perigo na diretoria da empresa por confrontar figuras como Edison Lobão, mionistro das Minas e Energia que quer criar uma nova estatal mineradora, Guido Mantega do Planejamento e o próprio Lula que acha por exemplo um absurdo que a Vale exporte minério de ferro em vez de aço, mesmo se aquele dá à empresa uma margem de lucro muito maior.
A revista também mostra como a Receita tem retido o dinheiro de incentivos fiscais que deveriam ser devolvidos à empresas exportadoras, que chegam a brigar até 10 anos na justiça para reaver oq ue é delas por lei. Enquanto isso, o governo insiste em enfrentar a crise aumentando seus gastos com funcionalismo, uma estratégia que no futuro irá certamente demandar novos aumentos de impostos. O PAC? O PAC não existe, é uma ficção eleitoreira de Dilma Roussef. Os investimentos do PAC até agora representam 0,36% do PIB brasileiro.
O Pré Sal e sua nova estatal é outro tema. Como a Petrosal, o gasto é do contribuinte e o risco de exploração é do País. Tudo por causa do pavor da iniciativa privada.
Esse neo-estatismo, cuja inspiração vem da China e da extinta União Soviética todos nós sabemos onde vai dar. Em nenhum lugar do mundo, em nenhum momento da história, o Estado foi mais competente para administrar empresas do que a iniciativa privada.
Reduzir impostos e investir em educação e pesquisa faria à economia nacional um bem muito maior do que qualquer nova estatal e as obras de papel do PAC.
A crise recente no sistema financeiro mundial foi a desculpa que a esquerda precisava para que o Estado extendesse seus tentáculos pela sociedade como um câncer. E no entanto reflitam. O capitalismo amoral que gerou a crise financeira foi criado pela própria esquerda, aquela de maio de 68. Em sua guerra cultural, lutou para destruir tudo o que dava sustentação moral à sociedade ocidental. Lutou, e ainda luta, para destruir o conceito de família, a religião e as tradições. E dessa sociedade amoral que nasce a selvageria do mercado. É essa selvageria que o Estado hoje deve regular. O resto é andar para trás.

Wednesday, October 07, 2009

Terra sem lei


Este é o Correio do Estado, jornal de Mato Grosso do Sul, de hoje. A manchete chama a atenção para os novos métodos do ativismo indígena por aqui. Ontem os índios armados de arcos e flechas bloquearam as duas principais rodovias do Estado, incluindo o acesso a Campo Grande para quem vem de Cuiabá, por onde é escoada para os portos do Sul grande parte da produção agrícola do Mato Grosso.
A integração CPT/CIMI - MST - Índios parece estar dando certo, pelo menos na proliferação dos métodos de ataque.
Em uma nota no meio do jornal achei outra notícia interessante. A Polícia Federal de Ponta Porã entrou na aldeia de Taquapery (sim, a polícia normal não pode entrar em áreas indígenas, só a PF) para reprimir uma milícia dentro da aldeia que se auto-intitula Polícia Indígena. Entre os crimes da milícia estão formação de quadrilha, lesão corporal, cárcere privado e incêndio criminoso. A milícia foi criada por uma dissidência dentro da aldeia que se recusa a obedecer a liderança eleita pela maioria, e visa coagir e assustar os oponentes. Um dos líderes foi preso em abril com um tijolo de maconha. Na operação de ontem foram apreendidas armas brancas e um colete com a inscrição de Vice-Capitão.
Atenção que estes são crimes de índios contra índios. E nessas horas não aparece nenhum santo da Funai ou do CIMI para condenar quem quer que seja.
E se dentro da aldeia eles não tem lei, porque teriam fora dela, não é mesmo?
Se querem terras no Brasil, que ajam como brasileiros e que se submetam à lei como todos os outros brasileiros.