Saturday, August 16, 2008

Fora carimbadores malucos! Pelo cadastro Único!


Em 6 anos de Holanda só fui a um cartório uma vez. Nunca reconheci firma. Ia ao banco uma vez a cada seis meses, e nunca vi uma fila de banco naquele país. Fui ao serviço de impostos lá deles umas duas vezes. Não que eles tivesse menos burocracia, mas tudo se resolvia por internet, com um email ou uma carta.
Em três meses no Brasil eu já tirei certidões de tudo quanto é tipo, já passei por milhões de guichês, filas, cartórios, repartições, fui umas quinhentas vezes ao banco, umas seiscentas na prefeitura, umas oitocentas na Receita Federal, fui no Fórum, já reconheci zilhões de firmas, já esperneei, gritei, ameacei me enforcar com a cordinha da fila...Tudo bem, eu exagero. Mas burocracia me desperta, como diria Roberto Jefferson, os instintos mais primitivos.
Alguém poderia por favor simplificar a nossa vida? Ninguém aí do Planalto tem a capacidade de simplificar em vez de complicar? Eu estou re-lançando uma nova campanha deste blog, o K.I.S.S. ou Keep It Simple Stupid, que eu já havia lançado quando quis fazer um plano de telefonia móvel...
Minha nova campanha vai reciclar uma brilhante idéia que andou circulando por aí por email, o Cadastro Único, ou C.U.
Nada mais de RG, CPF, CNPJ, Inscrição Estadual, certidões, tudo isso vai virar um número só, o C.U. Fica tudo mais fácil com o C.U. Você chega numa repartição pública, mostra seu C.U. e imediatamente todo mundo já sabe tudo sobre sua vida. A sua conta bancária pode ser igual ao seu C.U. Quando chega seu salário, você põe no C.U. (isso me lembra a Holanda, onde eu tinha conta no Rabobank, todo meu salário eu enfiava no Rabo). E se você passar um cheque sem fundos, diremos que você está com o C.U. sujo na praça. Quando a polícia te parar, você já fica com o C.U. na mão.
Eu acho que toda a população brasileira ficaria satisfeita com um novo C.U. Quando todo mundo mostra o C.U., a transparência é total. Um único banco de dados com o C.U. de todos os brasileiros basta para que nossa vida fique mais simples e o governo possa meter a mão em todos, sem intermediários.
Chega de burocracia, adote essa companha. Nada mais de carimbos, guichês e filas de cartório. Como diria Raulzito: plunct, plact, zuuuum, não vai a lugar nenhum.

8 comments:

bete p.silva said...

Adorei. Que venha o C.U.

Fernando, houve uma época, creio que final dos anos 70, que foi nomeado um ministro da desburocratização, não sei que fim deu essa história.

Anonymous said...

Fernando,

Adorei a crônica, vc está de parabéns!!! Este é o nosso Brasil!!! Somos muito mansos né?
Um abraço Carminha

clabrazil said...

Ri demais com a ameaca de suicídio com a cordinha da fila.

Raul era um gênio. :-)
Beijos,
Cla

Anonymous said...

Você se esqueceu de um detalhe: no Brasil, somos considerados suspeitos, até que se prove o contrário. Na Holanda, somos considerados confiáveis, também até que se prove o contrário. Logo, no primeiro caso, mais papelada é necessária, para que se prove o contrário... (e para continuar a encher o bolso dos donos de cartório e demais burrocratas, é claro).
Sobre o C.U., o negócio é fazer um dia uma grande festa, convidar todo o mundo e depois atear fogo. Como dizia meu tio Henrique, explicando-me porque os cães cheiram os C.U.'s uns dos outros, houve um dia uma grande festa de cães. Para participar da festa, era necessário deixar o C.U. na entrada (o que está de acordo com a idéia de ser universal, conforme você propõe). Então pegou fogo... E todos os cães saíram correndo, agarrando o primeiro C.U. que podiam (afinal, viver sem C.U. não dá...). Assim, até hoje, os cães procuram encontrar o seu C.U. original e cada vez que encontram um outro cão...

Abraço de Delft, Andy.

Alma said...

Grande Andy,
Muito delicada a fábula canina. Realmente o C.U. deve ser único e insubstituível, não podendo ser trocado assim sem mais nem menos.
Mas o que você disse está certíssimo, aqui, somos todos suspeitos...

Anonymous said...

pois é fERNANDO a diferença é gritante e vc so agora ta sentindo isso na pele imagine a gente aqui sem nunca ter saido do Brasil isso ja nos acostumamos ... o pior é ver as peeeoas maltratando outras e não poder fazer nada nessas filas que existem por ai bjsss saudades de vcs Licia

Lelec said...

Péra aí, Fernando, deixe-me ver se eu entendi bem:

1o) Seu banco na Holanda se chamava Rabobank.

2o) Agora você propõe que cada um ande com o C.U. na mão e dê o C.U. para o primeiro funcionário ou policial que o pedir.

Um psicanalista diria que você está com "fixação na fase anal". Na minha terra, isso tem outro nome: boiolagem!

Abração!

Lelec

PS: Em termos de papelada, acho que a França está mais perto do Brasil do que da Holanda...

Alma said...

Epa Epa, Lelec, calma lá que eu sou espada.
Mostrar o C.U. não significa que qualquer um possa ter acesso a ele, só otoridades de primeiro escalão.

O Rabobank quando se instalou no Brasil teve que mudar o nome para Raibobank, e o pior é que não é piada...