Thursday, May 31, 2007

Woman in art


Mais uma excelente contribuição do meu amigo Jiló para este blog. Assistam este vídeo!
Afinal não é verdade que as mulheres tem sido nossa inspiração desde sempre?
Nosso mundo sem elas seria muito menos belo...



Wednesday, May 30, 2007

A Imprensa da América do Sul na Mira


Um dos sintomas mais graves da esquerdopatia é o ódio à imprensa livre.
Do blog do César Maia:
TENDÊNCIA ALARMANTE diz no artigo a colunista Inês Capdevila do La Nacion! Trechos!

1. Na América do Sul, nas últimas décadas, as relações entre governos e imprensa sempre foram sinuosas. Hoje, os governos adotam cada vez mais a confrontação como estratégia. As táticas têm diferentes facetas. Uma é o hermetismo do governo de Bachelet. Outra é a ironia do governo de Lula. E a guerra declarada de Hugo Chávez à imprensa, caminho seguido por Evo Morales e Rafael Correa. Os governo compartilham uma visão dos meios de comunicação: para todos a imprensa é um rival. Nos países da região mais acossados por crises institucionais ela é o adversário que substitui a oposição política, quase um inimigo.

2. A imprensa não é para Bachelet um inimigo a combater. Mas é, em todo caso um contrincante pouco confiável. Por sua mentalidade mais ideológica, por sua desconfiança do quadro político, a presidente tem uma obsessão com os vazamentos e infiltrações.

3. Não só com a matéria do NYT e seu correspondente Lula teve problemas. As relações do presidente brasileiro com a imprensa nunca foram intensas. Lula evita o contato com a imprensa. Em seu primeiro mandato -excluindo o ano eleitoral- só teve contato com a imprensa uma vez, em abril de 2005. Lula agregou a retórica do desprezo. Ataca a imprensa por "só publicar más notícias", como crime, corrupção e pobreza. Chegou a enviar ao Congresso um projeto de lei para criar o Conselho Federal de Jornalismo para "orientar e disciplinar" a mídia.

4. Também são habituais as ofensivas verbais do presidente Tabaré Vazquez contra a imprensa uruguaia. Acusa-a de "conspirações e complôs". Em 2006 ele chegou a divulgar uma lista negra de meios de comunicação que acusou de integrar a "oposição".

5. "Os partidos políticos se esvaziaram. Já não são representativos. Essa é nossa realidade. Então a sociedade se volta à imprensa, que absorve a crítica e assume funções dos atores políticos. E os governos querem castigar isso e calar a dissidência", diz desde Caracas, Marcelino Bisbal, especialista em comunicação.

6. Chávez abriu um caminho, hoje transitado por Rafael Correa e Evo Morales. Segundo Bisbal embora ainda longe de cancelar licenças como Chávez, o presidente boliviano ataca os donos dos meios de comunicação de "principais inimigos" de seu governo. Para enfrentá-los Morales quer criar uma ampla rede de rádios comunitárias por toda a Bolívia, financiada com 1,5 bilhão de dólares vindos da Venezuela.

7. Os donos dos meios de comunicação também são os maiores inimigos de Rafael Correa, segundo ele diz. Ele anunciou que revisará as concessões de rádio e TV. Apoiado por sua alta popularidade, ele lançou desde o inicio do mandato uma crescente ofensiva contra a imprensa, que inclui propostas para limitá-la constitucionalmente. Tem demandado judicialmente a imprensa. Em seu caso, a guerra contra a imprensa recém começa.

Esquerdopatia


Quando escrevi o post Este estranho mundo circular, a Tilda que eu não conheço mas que faz parte de um blog bacana, o Desagradável, comentou que o que vemos hoje não é o Brasil do PT, é o Brasil. Segundo ela o PT não tornou o país pior. Somente o manteve como sempre foi, para a decepção de quem acreditou nele. E mer pergunta se PSDB e PFL mudariam algo no cenário Hanna-Barbera? Escândalos já são crônicos na nossa história. Nenhum governo se salva.
Pode ser. É claro que muitos políticos roubam independente de seus partidos. Mas há algo de muito mais grave nos petistas do que há nos outros, algo que só pode ser definido como esquerdopatia.
A esquerdopatia é uma doença onde a moral individual é substituída por uma moral coletiva. E problema dessa moral coletiva é que ela é decidida por um Partido e seus ‘‘intelectuais’’, e é a mesma moral que já matou centenas de milhões no século passado. O esquerdopata assume que se é para o bem do povo todos os métodos são válidos, mesmo que no caminho sejam atropeladas a democracia e o Estado de Direito.
Hugo Chávez fechando um canal de televisão, Evo Morales roubando a Petrobrás, José Dirceu comprando deputados com o mensalão, Delúbio fazendo caixa 2, o PT comprando um dossiê falso contra José Serra, Lula criando uma TV estatal e restabelecendo a censura prévia, estudantes invadindo a reitoria da USP, Sem-terra depredando propriedades privadas, a UnB defendendo o “direito achado na rua”, uma secretária de Estado justificando preto bater em branco, tudo isso são sintomas de esquerdopatia.
O PSDB e o PFL podem ter políticos que roubam para encher os bolsos, como sempre houveram muitos no Brasil. Mas só o PT criou um método de aparelhamento e assalto organizado ao estado e suas instituições e empresas, com o objetivo de perpetuar-se no poder e impor sua moral a todos os brasileiros. É o horror.
O homem, e em consequência sua família, seu bairro, seus países e seu mundo, só melhora se individualmente tomar consciência de seus atos e suas consequências e agir com respeito ao próximo. É no indivíduo e no seu livre arbítrio, e não no coletivo, que repousa o limite entre barbárie e civilização.

King of the Jump


‘‘Porque você me olha assim ? Eu não te quero, já disse.
Mas eu não aguento ficar longe, tenho que te ver todos os dias !
Eu é quem não aguenta mais, qualquer dia perco a paciência. Vá procurar o que fazer, cuida da sua vida, larga do meu pé !
Não meu amor, eu quero você, não me abandone !
Você está me deixando louco ! Eu vou aí te pegar.
Isso, me pega, me joga no chão, me morde…’’
Este seria um péssimo diálogo de novela venezuelana, mas é a minha versão para o que aconteceu de verdade entre Petronella Yvonne, uma holandesa, e seu amado Bokito. O caso não mereceria a menor atenção, mas o inusitado é que Bokito é o gorila do zoológico de Rotterdam. Na semana passada, este King Kong moderno pulou um fosso de água de três metros de largura e saiu caçando uma mulher pelo zoológico. Ao encontrá-la no bar Bokito deu mais de cem mordidas na mulher que foi parar no hospital em estado grave. A doida visitava o gorila quase que diariamente e disse que sua admiração pelo gorila era retribuída com olhares e sorrisos…Qualquer biólogo pode dizer que macaco não ri, quando ele mostra os dentes é sinal de agressividade, e qualquer encarada na selva significa um desafio para uma luta.
Bokito virou cult na Holanda, ganhou fã-club, letras de músicas uma empresa esta vendendo camisetas com sua foto e as frases “King of the Jump” e “Give me a hug”. Uma pesquisa feita na Holanda mostrou que metade da população está a favor de Bokito neste caso. Eu também.
Há certas pessoas que esquecem desta linha traçada há milênios que separa homem de animais. Algumas pessoas tentam cruzá-la de volta, comportando-se às vezes como animais (o marido de Suzana Vieria deu uma de Bokito no motel com uma prostituta), o que é um caso de psiquiatria. Outras preferem ignorá-la e quase sempre se dão mal, mesmo os mais experimentados :

http://deslumieres.blogspot.com/2006/09/grizzly-man-and-crocodile-hunter.html

Tuesday, May 29, 2007

Vive la Gaule!


Quando me perguntam a diferença entre viver na França onde passei dois anos, e na Holanda onde vivo hoje, sempre suspiro e olho para cima, relembrando meus bons tempos em Anjou. Embora os dois países tenham uma excelente qualidade de vida, o que me faz mais falta é o espírito francês em apreciar as boas coisas da vida, especialmente em gastronomia. Gostar de um bom vinho, tomar o tempo necessário para preparar e saborear uma refeição e todos os seus ingredientes, e enquanto isso discutir culinária (principalmente), arte, política, literatura… Isso é algo que passa longe dos holandeses, sempre práticos em suas refeições, sempre indiferentes aos sentidos. Mais do que uma diferença entre França e Holanda, este é um traço cultural generalizado que separa a Europa do Sul, latina, da Europa do Norte escandinava ou anglo-saxônica.
Jacques Attali em seu blog cita um estudo do Insee, o IBGE francês, que os franceses, em sua maioria, são os últimos ocidentais ainda a almoçar e jantar em família. Diante da máquina de fabricar solidão que se tornou a sociedade ocidental moderna, onde todos almoçam de pé em 15 minutos no local do trabalho, os franceses são os últimos a resistir, e resistir é algo que eles fazem bem. Ainda segundo o Insee, o resultado está na saúde dos franceses que são menos obesos e sofrem menos de doenças cardio-vasculares. Mas mesmo na França as refeições estão perdendo seu sentido original enquanto os homens assistem a TV e as mulheres arrumam a louça. Attali, como bom francês (e talvez futuro secretário de Sarkozy) recomenda que as refeições devem ser protegidas em sua duração e forma e que as tarefas sejam divididas entre os sexos. Ele diz que refeições devem ser tratadas como um assunto do mais alto interesse político, e que é a atitude de um povo em relação à refeições que cria o essencial da construção social, por ser a principal ocasião de partilha e transmissão de conhecimento na família. Dou o maior apoio e rezo para que algum político holandês lhe ouça, obviamente uma utopia minha. Mesmo assim ainda continurei fazendo campanha pelo Slow Food Movement e preservando as refeições possíveis na minha família, em uma grande mesa e com javali assado. E com aquele parente chato amarrado na árvore, por Tutatis!

Thursday, May 24, 2007

Wednesday, May 23, 2007

A vingança de Erik the Red

A imprensa deu um grande destaque há alguns dias a uma notícia sobre uma nova ilha que teria aparecido na Groenlândia, depois que derreteu
todo o gelo que a encobria ligando-a assim à terra firme. A patrulha do aquecimento global chamou a atenção sobre as mudanças climáticas e sobre
o desastre que é a presença do homem no planeta. Ninguém informa que a Groênlandia já foi mais quente do que é hoje. Foi aquele calor medieval que possibilitou a descoberta e a colonização da ilha por vikings da Islândia, liderados por Erik The Red. Não foi por acaso que Erik chamou a ilha de Terra Verde, já que na parte sul da ilha cresciam extensos relvados durante o verão. A colônia viking permaneceu ali por mais de cinco séculos. Estudos arqueológicos indicam que os vikings criavam vacas e carneiros e plantavam hortaliças e aveia. Durante 500 anos este foi o mais avançado posto conquistado pelos europeus no Ocidente. Foi
dali que partiram também as expedições vikings que descobririam a América muito antes de Colombo. Segundo Jared Diamond em seu livro Collapse, foi o frio da chegada da Little Ice Age que causaria a extinção dos vikings da Groênlandia.
Olavo de Carvalho escreveu um interessante artigo comentando a viagem de Al Gore ao Brasil e seu encontro com Xuxa Meneghel para salvar o mundo. Diz ele que "a condição básica da investigação científica é a renúncia ao dom de proferir verdades definitivas, quanto mais ao de
transfigurá-las em leis e reivindicar a punição dos discordantes. A própria natureza crítica e analítica do processo científico exige essa renúncia, bem como a abertura permanente e ilimitada às objeções e críticas, que são a alma mesma da racionalidade científica. Essa renúncia, que deu à classe dos cientistas o prestígio incalculavelmente valioso da modéstia racional em confronto com as pretensões dogmáticas do clero religioso, dissolve-se a si mesma no momento em que as conclusões provisórias de tal ou qual conjunto de investigações são proclamadas como verdades
definitivas e a tentativa de discuti-las é criminalizada como um ato de lesa-majestade".
Talvez o calor seja a vingança de Erik contra os eco chatos.
Já recomendei antes mas vale a pena ver de novo, assistam a este documentário:

The Great Global Warming Swindle

Este estranho mundo circular


Parece que uma nova onda de escândalos está abalando o primeiro escalão do segundo mandato do presidente Lula. Que surpresa! Quem acha que a última eleição "absolveu" o PT e seu líder de todas as culpas está vendo o erro agora. Triste sinal dos tempos, como bem observou João Ubaldo Ribeiro, Lula recusa-se a beijar a mão do Papa mas não vê problema nenhum em beijar a mão de Jader Barbalho.
Diogo Mainardi uma vez escreveu que dois de seus maiores inimigos eram os sócios da Hanna-Barbera, os criadores de desenhos como os Flintstones, Jetsons, Herculóides, Tom & Jerry, Zé Coméia e tantos outros. No mundo circular desses desenhos baratos, os personagens enquanto caminham passam sempre pela mesma pedra, a mesma árvore, o mesmo cachorro de gravata. Mainardi tem razão, o Brasil do PT se parece mesmo com um desenho da Hanna-Barbera. Estamos passando sempre pelos mesmos ladrões, pelos mesmos crimes, pelos mesmos escândalos e pela mesma pizza. E no final voltamos sempre ao mesmo ponto.

Tuesday, May 22, 2007

The end


On the Road


Skye


Castelos


Edinburgh


Schotland


Minha road trip começou na histórica Edinburgh. Ao por os pés na cidade logo senti o que há de mais marcante ali, a chuva fina e o cheiro de malte fermentando. Não é brincadeira, quem já passou perto de uma cervejaria funcionando sabe exatamente que cheiro é esse. Pois é o cheiro de Edinburgh. A parte interessante da capital escocesa se resume a uma longa ladeira, a chamada Royal Mile que une os palácio de Holyrood no vale e o castelo de Edinburgh no topo do rochedo que domina o skyline da cidade. Ali, nos velhos edifícios de pedra cinza estão séculos de história, não só na superfície como abaixo dela, onde milhares de miseráveis viviam apinhadas nos túneis cavados no morro. Hoje, diz-se que são mal assombrados e os turistas fazem a festa caçando fantasmas por ali. Mas Edinburgh não deixa de ser uma cidade turística, com suas lojas de souvenires e guias vestidos de kilt. O melhor programa ali, como em outras grandes cidades inglesas e irlandesas é curtir a vida nos pubs, experimentando cervejas, whiskeys, ouvindo uma música celta ou folk e provando o que há de melhor na culinária anglo saxônica: comida de bar. Torta de carne cozida na cerveja, bife de cervo, salsicha ou peixe com batata, hamburguer (do legítimo) e na Escócia haggis, o prato típico local feito com buchada de carneiro e aveia cozida. A outra coisa boa na cozinha deles são bolos e tortas, mas isso é lá para o chá das cinco.
De Edinburgh saí dirigindo pela esquerda (segundo um amigo inglês “it’s the most natural thing in the world”, oh céus...) e na chuva rumo ao oeste do país por estradas vicinais, e em algumas delas só passa um carro de cada vez. De tempos em tempos você tem que encostar para dar passagem a quem está vindo. Mas ali nessas estradas, a cada curva, a cada morro, é como se estivéssemos entrando em uma pintura. São fazendas, bosques, riachos, cachoeiras, lagos, castelos, igrejas, pontes e muros de pedra, montanhas e paisagens inesquecíveis. Com o carro atravessamos o Great Glen, a imensa falha geológica que divide a Escócia na diagonal e aí entramos de verdade nas Highlands escocesas, com destino à ilha de Skye.
De Skye subimos pelas margens do lago Ness até Inverness, e descemos outra vez até Edinburgh passando pelas belas montanhas do Cairngorm no centro do país. Aí visitamos (de penetra numa excursão de espanhóis) uma das destilarias mais altas da Escócia, e na minha opinião a que faz o melhor whiskey do país, a Dalwhinnie. O verdadeiro scotch single malt (diferente dos blends tipo Bells ou JB) se divide entre o produzido nas Highlands, no vale do Spey e nas ilhas. O malte é tostado lentamente a fogo de turfa, o que dá o gosto defumado característico do scotch, mais acentuado no malte das ilhas como o Talisker e mais suave no das Highlands como o Dawlhinnie.
Mas a Escócia foi muito mais do que eu esperava, além do whiskey e da gente simpática. De toda esta viagem, o que ficará marcado na memória é a sensação de subir no topo mais alto da ilha de Skye.
Skye tem algumas das paisagens mais marcantes da Escócia. É uma terra nova, desolada e ao mesmo tempo bela. Chegar ali é como se estivéssemos aterrissado sobre um planeta desconhecido, ou nossa própria Terra nas origens do tempo. Tudo é rocha, vento, água no céu, no mar, escorrendo das montanhas como se esta ilha acabasse de surgir das águas. E fogo, fogo de todas as guerras que esta terra já viu. Acho que o que emociona nessas montanhas, o que nos faz sentir primitivamente ligado a estas highlands é a crueza de uma vida brutalmente confrontada aos quatro elementos. E secretamente penso que no fundo de cada um há algo de highlander, um homem primordial lutando para sobreviver face à natureza inóspita, forte e orgulhoso de desafiar a morte e a tempestade.

Tuesday, May 15, 2007

Highlander


Estou na Escócia, volto semana que vem!

Cacilda e o Aborto


Quando criança, uma vez cortei as asas de uma borboleta que capturei no jardim. Minha intenção, enquanto naturalista amador, era a de observar qual seria seu comportamento se não pudesse voar. Meu pai pedagogicamente comentou que aquilo era uma sacanagem com a borboleta. Subitamente percebi, já naquela tenra idade, os horrores que podemos causar em nome da ciência e do progresso.
Conheço algumas mulheres que abortaram e não tenho dúvida de que a vida delas teria sido drasticamente alterada se não tivessem recorrido ao procedimento. No livro Freakonomis, estudando o histórico da criminalidade nos Estados Unidos, Steven Levitt chega à conclusão que a redução da criminalidade na América dos anos 90 se deveu mais à legalização do aborto nos anos 70 do que a qualquer outra política de desarmamento ou de maior policiamento. Segundo Levitt, as mulheres que decidiram abortar, a maioria pobre e com baixa escolaridade, sabem na maioria das vezes se têm ou não condições de criar e educar uma criança. O próprio Steven Levitt no entanto diz que seu estudo não tem nenhuma base moral, e que mesmo considerando-se hipoteticamente que cada feto tem 1% do valor de uma vida humana, usar o aborto como método contra a criminalidade seria terrivelmente ineficiente.
O tema do aborto voltou à pauta durante a visita do Papa Bento XVI à América Latina, e tem estado na agenda do governo Lula, em novelas e na boca do povo.
Eu já defendi aqui o direito das mulheres escolherem o que fazer com o próprio corpo. Acreditava então que esta era a idéia progressista, que esse negócio de alma é crendice, que pela ciência só pode haver vida se existe pelo menos um cérebro formado na gestação, e que um aborto até a formação do cérebro é plenamente aceitável. Acreditava que privar as mulheres do direito ao aborto seria negar-lhes a liberdade que os machos usufruem desde sempre. Estas aliás são idéias divulgadas na maioria dos países desenvolvidos, inclusive aqui na Holanda onde a mulherada aborta como bem entende.
As mulheres lutaram devidamente pela própria liberdade sexual, e com toda razão. Mas liberdade é diferente de direito à irresponsabilidade. Liberdade dá direito à escolhas, mas não dá o direito de esquivar-se às consequências de suas escolhas.
Hoje em dia seria aceitável o fato de garotas de onze anos serem pegas nos banheiros de escolas públicas praticando sexo oral com seus colegas em nome da liberdade sexual conquistada nos anos 60? Falem com qualquer professor da rede pública e verão o quanto isso está acontecendo.
Para fazer escolhas responsáveis os jovens precisam de educação familiar, educação sexual, acesso a métodos contraceptivos. Nisto deveria estar o foco do governo.
Bem sei que centenas de garotas, a maioria pobre, arrisca a vida em clínicas de aborto clandestinas no Brasil (e no resto do planeta). Pagam o preço da própria irresponsabilidade, fruto da educação que não tiveram. Mas hoje, me parece que resolver este problema legalizando o aborto equivale a matar a vaca para curá-la de carrapatos.
O fato é que hoje ciência e religião não podem afirmar com certeza quando a vida começa. E na dúvida, não ultrapasse. Mesmo quem não acredita em Deus, acredita pelo menos que a humanidade deve evoluir para alguma coisa boa, e que cada vida desperdiçada é um passo atrás nessa caminhada.
Mas a história que me fez mudar de idéia em relação ao aborto está descrita a seguir.
É a história de Cacilda de Jesus Ferreira, 36 anos, agricultora em Patrocínio Paulista. No ano passado, Cacilda deu a luz à Marcela. Brás Henrique contou sua história no Estadão:
"Marcela de Jesus Ferreira completou ontem oito dias de vida. Desde o seu nascimento (2,5 quilos e 47 centímetros) está num dos quartos da Santa Casa de Patrocínio Paulista, cidade de cerca de 15 mil habitantes na região de Ribeirão Preto. Ao seu lado, a mãe, Cacilda, de 36 anos, reza pela sobrevida da pequena. Os oito dias de vida de Marcela já contrariam vários prognósticos da Medicina. Ela tem apenas uma pequena parte do encéfalo (cérebro), o que adia a sua provável morte. Desde o diagnóstico do quadro de anencefalia (ausência de cérebro), no quarto mês de gestação, Cacilda jamais cogitou a hipótese de interrupção da gravidez (os especialistas evitam a palavra aborto). 'Sofrer, a gente sofre, mas ela não pertence a mim, mas a Deus, e eu cuido dela aqui', diz a mãe, católica. 'Enquanto isso, cada segundo da vida dela é precioso pra mim.'"
Reinaldo Azevedo chamou Cacilda de de exemplo moral. Diz ele: “É claro que não está dito, nem sugerido, que mulheres que, em situação semelhante, optaram pelo aborto são imorais. Eu sempre sou muito duro no trato das questões políticas, mas tomo extremo cuidado para tratar das dores alheias. Faz parte do zelo que tenho pelo indivíduo. A dor de cada um, meus caros, é sempre indivisível.O que elogiei em Cacilda, o que me comoveu mesmo, é a defesa incondicional que ele faz da vida - mesmo uma vida que insiste em desafiar, vamos ver até quando, tudo o que nos parece razoável e aceitável, como é o caso da de sua filha, Marcela. Quando Cacilda diz: "Sofrer, a gente sofre, mas ela não pertence a mim, mas a Deus, e eu cuido dela aqui. Enquanto isso, cada segundo da vida dela é precioso pra mim", canta um hino à generosidade, à prudência, ao amor incondicional.Exalto o princípio dessa mulher, que nos põe para pensar. Acatou o sofrimento certo quando foi advertida da anencefalia no quarto mês de gravidez. Sofrimento que não lhe era imposto por ninguém. Foi um ato de consciência. Não era escrava da vontade de terceiros. E se negou a sê-lo mesmo da palavra que se quer sempre última: a da ciência - insistirei o quanto for necessário: o discurso científico não é uma ética. Mais do que isso: Cacilda, sem dominar certamente os códigos dos discursos morais, nos diz que atenta contra a humanidade estabelecer quais são as precondições que fazem uma vida ser, afinal de contas, uma vida.Não tarda, e logo aparecerá alguém para, "em nome da razão", determinar quem merece ou não continuar vivo. É a tentação subjacente quando se debatem temas como eutanásia e ortotanásia. Eu os considero tentações malignas. E porque o são, é claro que os inocentes são os primeiros a cair nas armadilhas. Cacilda está protegida delas pela sua fé, que não mata, não deixa morrer nem justifica a morte. Não se deixou escravizar nem mesmo pelo medo de sofrer. Cacilda nos protege do terror. Acredito nisso”

Eu também.

Monday, May 14, 2007

Mãe é mãe


"A única verdadeira forma de altruísmo na Natureza é o amor materno"

Michel Houllebecq

Flags of Our Fathers, Letters from Iwo Jima


Clint Eastwood conseguiu fazer dois filmes espetaculares, sobre a mesma batalha, Iwo Jima. Um visto pelo lado americano, e o outro pelos japoneses, um feito inédito e louvável.
No filme Flags of Our Fathers, Eastwood trata da mistificação do heroísmo da guerra, tal como fez em Os Imperdoáveis, onde toda a aura heróica dos pistoleiros do velho oeste desaparecia em covardia e brutalidade. Flags of Our Fathers é a história de uma foto, a famosa foto de Joe Rosenthal da bandeira americana sendo erguida no Monte Suribachi, publicada em todos os jornais dos Estados Unidos nos dias em que se seguiram à tomada de Iwo Jima. A imagem é a tradução do heroísmo e da coragem, e se transforma em uma máquina de propaganda para arrecadar mais fundos para a guerra. Os soldados protagonistas da foto são levados em triunfo por cidades americanas e recebidos em toda parte como heróis, quando tudo o que eles se lembram é do horror da guerra. Em tempos recentes, o exército americano tentou algo parecido com a recruta Jessica Lynch, ferida, detida e resgatada do Iraque. Parece que ainda não aprenderam
Ian Buruma, que escreveu na New York Review of Books sobre o filme diz que embora Eastwood mostre muito bem a vazio entre a realidade doentia da guerra e as estórias contadas depois, ele não nega a possibilidade de atos heróicos. No filme vemos Doc Bradley, um dos soldados, arriscando sua vida em um fogo cruzado mortal e rastejando para fora de seu buraco para resgatar um companheiro ferido. Diz Buruma que é um ato que não tem nada a ver com patriotismo, “fighting for freedom” ou qualquer coisa do tipo, e tudo a ver com simples decência, que é rara o suficiente para ser chamada de heróica.
No filme falado em japonês e encenado por atores japoneses (Ken Watanabe excelente), a base da narrativa são as cartas escritas por soldados e encontradas enterradas em Iwo Jima muitos anos depois da batalha. Escondidos em cavernas, vivendo em precárias condições e face à iminente batalha suicida, os japoneses dividem o pensamento entre a obsessão pela honra e pelo Imperador e a luta para sobreviver e pela própria individualidade. Em 36 dias de luta morreram 7.000 americanos e 22.000 japoneses em Iwo Jima. Vista pelo lado japonês, a guerra é ainda mais sem sentido. Clint Eastwood fez aqui um filme magistral.

Banlieues


Logo que anunciada a vitória de Nicolas Sarkozy nas eleições francesas, jovens das periferias parisienses saíram às ruas incendiando carros e agredindo policiais. Ë isto o que entendem por democracia?
Da coluna de João Pereira Coutinho hoje na Folha de S. Paulo:
“Roger Kimball no último número da revista "The New Criterion" com erudição e simplicidade, escreve longo ensaio sobre Hayek, o economista austríaco que venceu o Prêmio Nobel da Economia em 1974. E escreve sobre o lado menos conhecido de Hayek: a denúncia que o teórico fez das consequências psicológicas que uma forte dependência económica e social do Estado acaba por provocar no carácter dos indivíduos. Hayek fala de uma "alteração de carácter" e, retomando Tocqueville, denuncia o que lhe parece ser uma "infantilização" dos seres humanos: um Estado que cuida deles do berço à sepultura, respondendo a todas as suas necessidades com patológico paternalismo, é também um Estado que lhes retira qualquer possibilidade de se tornarem adultos e responsáveis.
Nas noites de Paris, Lyon ou Nantes, não foi apenas a extrema-esquerda que saíu à rua. Foram crianças sem maneiras, que o Estado infantilizou durante longos anos de doentia protecção. Este atraso não se resolve com polícia. Resolve-se da única forma possível: terminando com a mesada e obrigado as crianças a crescer”.

Sunday, May 13, 2007

Munch

"Sickness, insanity and death were the angels that surrounded my cradle and they have followed me throughout my life." - Edvard Munch (12 Dezembro, 1863 – 23 Janeiro , 1944)













Saturday, May 12, 2007

La Vie en Rose


Edith Piaf nasceu em 1915 no início da primeira guerra mundial em um bairro pobre de Paris. O pai foi para o front e a mãe miserável e alcoólatra cantava nas ruas para sobreviver. Deixada aos cuidados da avó, uma cafetã na Normandia, foi criada por prostitutas. Quando criança ficou cega por um tempo devido à um problema na retina, curado como uma benção de Santa Teresa. Após o fim da guerra, entra para o circo com o pai que é contorcionista. Deixam o circo e voltam a Paris onde a pequena Edith começa a cantar nas ruas para ganhar a vida. Aos 18 anos tem uma filha com seu amante. Ela morreria aos dois de meningite. Edith é descoberta nas ruas por Leplée um dono de cabaré que a convida a se apresentar. Na cabaré ela faz sucesso mas Leplée é assassinado e Edith volta para as ruas. Somente em 1937 é que Edith Piaf inicia a carreira de vedette para se tornar a maior popstar que a chanson française já produziu. Durante a guerra ela permanece em Paris, protege artistas judeus e faz contatos no mundo do show business lançando uma carreira internacional.
Depois de perder seu grande amor em um acidente de avião, Edith se vicia em morfina, se desintoxica, sofre um acidente de carro e recai no vício.
Ela morreria em 1963. Essa foi a “vie en rose” de Edith Piaf, agora nas telas de cinema no filme de Olivier Dahan. Embora o filme pule algumas passagens da atribulada vida de Edith Piaf, a atuação de Marion Cotillard é perfeita, e o filme é um presente para quem gosta de Paris e de música.
Edith Piafa deveu sua vida à música, cantava para poder viver. E retribuiu à altura. E depois de uma vida como essa, não restava nada a Edith Piaf senão cantar je ne regrette rien.

O Canto da Missão


Pensou-se que o fim da Guerra Fria acabaria com o filão literário mais explorado por John Le Carré, o romance de espionagem. Enganaram-se, o mundo está cheio de palcos onde homens ambiciosos e hipócritas jogam perigosos jogos de poder. A África foi o que John Le Carré encontrou agora para contar estas histórias. Depois de O Jardineiro Fiel, onde o vilão eram multinacionais farmacêuticas no Quênia, Le Carré volta os olhos para o Kivu, uma região tão rica quanto atormentada no Congo Oriental.
O Canto da Missão é a história de Bruno Salvador, um mestiço filho de um missionário irlandês e mãe congolesa, intérprete de uma variedade de línguas e dialetos da África Central. Embora a história seja sobre o Congo, grande parte dela se desenrola em Londres e em uma ilha no mar do Norte para onde Salva é levado a serviço de Serviço de Inteligência britânico para planejar um golpe de estado no Kivu. Entre senhores da guerra africanos e mercenários ingleses, a ilusão de que seu trabalho é para o bem do país vai desmoronando ao mesmo tempo em que sua consciência africana desperta.
É impossível ler o livro e não lembrar-se das cenas de Mark Thatcher, filho da ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher, sendo preso na África do Sul acusado de conspirar em um golpe de estado na Guiné Equatorial. Nas sombras do poder, milhares de outros golpes e crimes devem ter sido executados em cima da miséria dos africanos. John Le Carré escancara a hipocrisia ocidental e mostra como golpes deste tipo são planejados, como se estivéssemos lá naquela sala a imaginar como matar, explorar e enriquecer.

A mídia de joelhos


Você pode não gostar de Diogo Mainardi. Pelo menos metade do Brasil o odeia. Eu estou com a outra metade. Penso que ele é no mínimo inteligente, na maior parte das vezes brilhante.
Mas se você preza a democracia deverá pelo menos conceder-lhe o direito de ter uma opinião.
Diogo Mainardi foi processado pelo agora Ministro das Comunicações Franklin Martins, o que vai criar a nova televisão estatal brasileira. Jornalistas petistas já sabiam da sentença condenando Diogo antes mesmo de sua publicação. O próprio juiz confessou ter “idealizado” a maneira de conduzir o processo, ou seja, não respeitou os procedimentos normais. Franklin Martins era membro do antigo movimento de guerrilha MR 8, o que sequestrou o embaixador americano nos tempos da ditadura. Hoje o MR 8 é ligado ao jornal A Hora do Povo, que é sustentado com anúncios do governo federal.
A Hora do Povo publicou em sua primeira página uma ameaça de morte velada a Diogo Mainardi por discordar do que o colunista diz referente ao processo contra Franklin. Deve estar querendo um "justiçamento" como no tempo da ditadura...
A próxima vítima da máquina do governo esmagar a imprensa foi Arnaldo Jabor, ameaçado de processo por Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara.
Ao comentar os astronômicos gastos em gasolina declarados pelos nossos deputados, Jabor disse em seu programa na rádio CBN: “Todos sabemos que os nossos queridos deputados têm direito de receber de volta o dinheiro gasto com gasolina. A Câmara, ou, melhor, você e eu, pagamos o custo, desde que eles levem notas fiscais para comprovar o gasto da gasosa. Quando é que vão prender esses canalhas? Ah, eu esqueci. Eles têm imunidade, têm foro privilegiado. É isso, aí, amigos otários como eu."
Octávio Frias, o falecido editor da Folha já disse: o governo quer a mídia de joelhos.
Depois de Mainardi e Jabor quem será o próximo? Seremos obrigados todos assitir no futuro só aos programas da TV estatal de Franklin Martins?
Lembrem-se desta história do teólogo protestante alemão Martin Niemöller (1892-1984), falando sobre o nazismo:“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar”.

Sarkozy e Maio de 68


Felizmente para a França, Nicolas Sarkozy foi eleito seu novo presidente.
Segolène Royal soube fazer seu caminho entre os dinossauros de seu partido, soube unir uma esquerda francesa perdida depois do fracasso de Lionel Jospin em 2002 e dilacerada depois do referendo sobre a Constituição Européia, soube se impor, soube cativar o público com seu charme e seus ares de Joana D’Arc salvadora da pátria. Ameaçada pelas pesquisas, partiu para o terrorismo eleitoral e a agressividade como se viu no debate anterior ao pleito. Segolène perdeu, mas a esquerda francesa perdeu mais. Perdeu porque como grande parte da esquerda no mundo não soube evoluir com o tempo.
Por mais importantes que tenham sido as conquistas dos movimentos de maio de 68 contra o autoritarismo do Estado, Sarkozy afirma e com razão que é necessário virar a página. O muro de Berlim caiu, a globalização, a imigração e a União Européia apresentam novos desafios à França que a esquerda é incapaz de responder. Ou a economia francesa não estaria tão atrás em desempenho quando comparada à liberal economia inglesa.
É preciso deixar de acreditar que o Estado deve ser uma mãe cuja função é sustentar e relevar os erros de seus filhos. Se em Maio de 68 era necessário desmoralizar a autoridade de famílias, do Estado, de professores, hoje é necessário devolver autoridade a quem é de direito.
Eu votaria na direita porque partilho com Sarkozy a convicção de que as responsabilidades pelo bem estar da república devem ser repassadas aos seus cidadãos. Trabalhar mais para ganhar mais, respeitar a lei para viver em paz.
O Brasil de Lula recompensa quem não trabalha e culpa as vítimas em lugar de castigar os criminosos. Se Alckmin tivesse sido um Sarkozy estaríamos melhor.

Tuesday, May 01, 2007

Indigènes


Este filme do argelino Rachid Bouchared foi assistido em première por Jacques Chirac e suas esposa Bernardette Chirac no ano passado. Quando terminou a sessão, ouviram a primeira-dama sussurrar no ouvido do marido que ela não sabia que tinha sido assim.
Na verdade pouca gente sabe que mais da metade do exército de 550 mil homens comandado pelo General de Gaulle na reconquista da França na Segunda Guerra Mundial era formado por soldados das colônias francesas na África, árabes, berberes e negros.
O filme conta a história de quatro argelinos engajados no exército francês desde o desembarque na Itália até a retomada da Alsácia. Lutando por uma pátria que eles nunca tinham visto antes, os “bougnoules”ou indigènes lutam não só contra os nazistas mas sobretudo pelo reconhecimento dos franceses que nunca veio.
De Gaulle sonhava com uma Union Française, onde as colônias seriam elevadas ao mesmo status social que a Metrópole (Ainda hoje a Guiana é administrada como se fosse um département français, e os índios aprendem na escola sobre nossos ancestrais os gauleses...). Visto o tratamento que recebiam dos franceses, o império colonial acabou desmoronando e a Argélia se desligou da França da forma mais dolorosa, em uma horrível guerra cujas cicatrizes ainda estão vivas nas memórias coletivas dos dois lados do Mediterrâneo.
É impossível não lembrar do Soldado Ryan no final de Indigènes, quando um dos veteranos visita os túmulos dos companheiros de armas em um cemitério na Alsácia. À diferença do americano que volta para casa com a família, o cabo Abdelkader volta para seu apartamento solitário em uma imunda cité da periferia, onde os franceses acabaram por confinar seus ex-colonos.
As pensões militares dos africanos que lutaram pela França na segunda guerra foram cortadas depois da indepêndencia de seus países. Somente em 2002, quando a maioria dos veteranos estava morta ou idosa demais, a Corte Suprema decidiu pelo pagamento de todas as pensões atrasadas, pagamento este nunca executado até a aparição deste filme. Os quatro protagonistas dividiram o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes do ano passado, mas esta foi a verdadeira vitória do filme de Bouchareb. Revisitar o passado é a única saída dos franceses para enfrentar a ferida do racismo colonial que nunca sarou.

Turquia


A União Européia sempre expressou receio em relação às verdadeiras intenções da Turquia em relação ao islamismo, receio plenamente justificado pelas desastradas declarações do Primeiro Ministro turco Tayyip Erdogan.
Quem viu estas imagens na TV de milhares de pessoas nas ruas de Ankara e Istambul para defender o secularismo da república percebe que o povo turco já fez a sua escolha, a mesma escolha feita por Kemal Ataturk na fundação do país.
A Turquia quer ser um país livre e democrático, e não uma teocracia islâmica.
A Europa em vez de fechar-lhes as portas deveria estender a mão aos turcos.

Justiça vendida


Esta graça que copiei do Kibeloco mostra bem a moral do Poder Judiciário brasileiro hoje. E mostra mais uma coisa. Ao contrário do que possam dizer por aí, o mal que o jogo causa é muito maior do que qualquer benefício que possam trazer em empregos ou impostos. Onde há jogo há sempre corrupção, drogas, prostituição. Jogo só é bom para quem é o dono, seja bingo, cassino ou banca do bicho.

Lang leve de Koningin


Ontem, 30 de Abril foi o Dia da Rainha, a grande festa nacional holandesa. É o dia em que os holandeses saem as ruas todos vestidos de laranja em homenagem à Casa Real de Oranje. A Rainha, magnânimamente permite que neste dia qualquer um possa vender qualquer coisa sem pagar impostos. Cada cidade tem o seu straatmarket, o mercado de rua onde os holandeses vão vender qualquer tranqueira que tenham em casa, e a criançada é a mais animada da festa. Em Gouda, o mercado acontece exatamente na minha rua, e desde as 5 da manhã o pessoal já está lá arrumando as barraquinhas e pegando lugar...Este ano, com excepcional bom tempo para a época, os holandeses brancos como giz depois de seis meses de hibernação saem no feriado desesperados para aproveitar ao máximo o calor e os primeiros raios de sol do verão que se anuncia. Saladas, vinho rosé e branco, cerveja, coca-cola, artigos de churrasco e qualquer coisa que seja refrescante ou que possa ser digerida ao ar livre são praticamente saqueados das prateleiras dos supermercados.
A Rainha passeia com a família em alguma cidade, a princesa Maxima, que apesar de ser argentina é simpática, acaba de dar a terceira herdeira para o trono, os holandeses saem no mercado ou passeando de barco ou bicicleta no sol e os brasileiros ficam aqui achando graça em tudo.