Friday, April 16, 2010

Perspectiva


Eu poderia escrever sobre muitas coisas hoje, nesta sexta-feira particularmente melancólica.
Eu poderia escrever sobre Lula de beijos e abraços com um ditador nuclear que pretende varrer todo um país e um povo do mapa.
Eu poderia escrever sobre Dilma e suas boçalidades, delicada como um bulldozer, lambendo as botas do chefe, depositando flores no túmulo daquele que há pouco tempo seu partido repudiava, recolocando em cena mensaleiros e chefes de quadrilha para orquestrar sua campanha.
Eu poderia escrever sobre um novo Abril Vermelho do MST, sua ideologia assassina e obsoleta, seus assentamentos que não produzem nada além de proselitismo acorrentando milhares de miseráveis a uma utopia que não chegará nunca.
Eu poderia escrever sobre os ambientalistas e sua outra utopia verde, do mito da Mãe Terra e da natureza bondosa, embora neste exato momento um vulcão esteja despejando toneladas de poeira e químicos tóxicos na atmosfera, fenômeno ignorado pelo IPCC pois não serve aos seus cálculos de como controlar a economia do planeta.
Eu poderia escrever sobre a desgraça das chuvas nas favelas, que políticos “defensores dos humildes” deixaram multiplicar-se nos morros e várzeas, e que somem ou culpam os céus na hora de contar os cadáveres deixados por esses desastres.
Eu poderia escrever sobre o flagelo das drogas e do crack, enquanto ONG’s distribuem panfletos sobre como se drogar com segurança e playboys vendem maconha e ecstasy aos colegas de escola.
Mas dá uma preguiça danada.
Em vez de escrever sobre isso tudo, deixem-me por um pouco de perspectiva nessa história.
Em “The White Hole in Time”, Peter Russell nos convida a imaginar como seria se toda a história da vida no planeta, bilhões de anos de evolução biológica, fosse condensada no espaço e dum ano.
Durante os primeiros nove meses somente organismos unicelulares se desenvolveriam.
Em outubro, células mais complexas apareceriam.
Organismos pluricelulares surgiriam algumas semanas mais tarde.
No final de novembro, peixes deixariam o mar para viver na terra.
Dinossauros dominariam o mundo do dia 10 de dezembro até o Natal.
Na última semana do ano mamíferos se desenvolveriam.
Na metade do último dia, o homem andaria na Terra.
Levou-se 99,9% da evolução da vida no planeta para atingirmos esse ponto, mas a humanidade está apenas começando.
5 minutos antes da meia-noite aparece a linguagem.
20 segundos antes da meia-noite as primeiras civilizações, e agora as coisas aceleram.
A Renascença aconteceu à dois segundos atrás, e toda a história moderna do homem em um flash.
Captou a perspectiva?
Como dizia um rock da minha adolescência, vocês são vermes e pensam que são reis.
Durante esta curta história da humanidade, especialmente depois que o Iluminismo quis matar Deus, aparentemente nossa arrogância cresceu na mesma proporção do nosso progresso.
Nessa era moderna, vimos muitas vezes surgirem homens que diziam conhecer nosso destino, e que seriam eles a nos guiarem até lá. Invariavelmente deram com os burros n’água.
O mundo seria bem melhor se as pessoas deixassem de tentar decidir o que é melhor para o outro.
Um ditado diz que é muito fácil amar a humanidade, mas muito difícil amar o próximo.
É um ditado simples mas que dá a chave para enxergar essa linha algumas vezes difícil de ser vista que separa o mal (quem quer poder) do bem (quem quer viver).

1 comment:

Alessandra said...

É verdade!!! É em outubro que as celulas mais complexas aparecem! Veja bem, eu nasci em outubro e seu nenem também foi gerado em outubro, ou seja, de um jeito ou de outro é em outubro que células mais complexas aparecem, e segundo a astrologia... São celulas mais bonitas!
Dica para vc; quando estiver com preguiça de todas as chatices do mundo e principalmente as super chatices do Brasil, escreva sobre astrologia ou então sobre o patolino, são temas super interessantes e gostosos de discorrer.
Abraço
Alessandra