Monday, June 02, 2008

Pega pra kaputt


Estive recentemente com um alemão, CEO de um grupo financeiro europeu e brasileiro interessado em instalar uma usina de açúcar, álcool e energia em uma minúscula cidadezinha do interior do Mato Grosso do Sul.
O projeto, que iria criar milhares de empregos em uma one-horse-town onde só o que proliferam são igrejas evangélicas e botecos, está parado. Há oito meses atrás, a Secretaria do Meio Ambiente do MS prometeu que analisaria o projeto em três meses.
As regras ambientais não são e nunca foram discutidas pela usina. O alemão até acha positivas as regras e normas ambientais a que eles têm que se submeter. Só que a Secretaria não tem gente competente para analisar o projeto.Carlos Minc com seu estilo performático prometeu desburocratizar o drama das licensas ambientais. Vai saber quando isso vai acontecer.
Até lá eu preciso explicar para o alemão como é que no Brasil 3 meses se transformam magicamente em 8.
E ainda por cima, o prefeito do lugarejo pediu a bagatela de 1 milhão de reais para liberar a coisa toda. Coisinha pouca, bobagem, afinal todo mundo mundo faz não é? Pois é, esse é o típico pensamento da classe política nacional, que se repete indefinidamente por milhares de outras cidades nos confins do Brasil.
Aí eu explico para o alemão o Kasse Zwei (caixa dois) e o Grosses Monatlich (mensalão).
E ele fala "Se o dinheiro fosse meu eu pensaria duas vezes".
Tome-se uma terra cheia de pastos degradados e povo desempregado. O investimento externo e a agroindústria sucroalcooleira representam a melhor oportunidade de desenvolvimento que já apareceu nesse lugar.
Aí vem o governo e nossa maravilhosa classe política, e em vez de somar, subtrai. E quem paga o pato é o povo que fica lá no boteco à mercê de Edir Macedo.
Das grosses sakanagens.

4 comments:

Lelec said...

Puxa, Fernando, não dá para ser otimista com relação a humanidade. Creio que morreremos e não veremos quebrado esse ciclo perverso de corrupção e irresponsabilidade no trato da coisa pública. Só nos resta remar contra a corrente e fazer o que é certo. É nossa maneira de resistir.

Abraço,

Lelec

bete p.silva said...

O nosso país, Fernando, está parecendo aquela casinha de chocolates do conto, todo mundo vem e tira um pedacinho. E o Edir com uma mansão nababesca, recém construída, com o dinheiro da ignorância do nosso pobre povo. É lamentável.

Guga Pitanga said...

Contrastes dessa terra...

Pitango
http://www.lenfantdeboheme.blogspot.com/

Anonymous said...

É, tá díficil mesmo! Depois que o agronegócio se tornou o maior culpado pelo aquecimento global, agente não consegue mais produzir antes de querer cometer suícidio e de querer estrangular os caras que liberam as licenças ambientais! Dá vontade de morrer, pois tudo é pura burocracia ou aquela velha história, que eu não sei se vc já ouviu mas que tenho certeza de que jájá vai ouvir: " CRIAR DIFICULDADE PARA SE VENDER FACILIDADES" quando vc chegar nessa fase, vc vai sentir um ódio! Uma frustração grande e uma tristeza horrível, vai ver que a nossa política, não só a ambiental, está equivocada e que trará graves consequências senão tristes consequencias para o futuro do nosso país. Acho que vc consegue entender o que eu estou dizendo, consegue?!