Sunday, October 21, 2007

A Mighty Heart


Logo após os ataques de 11/09, o jornalista Daniel Pearl e sua esposa, a também jornalista Mariane Pearl mudaram-se para Karachi, no Paquistão para cobrirem os eventos que aconteciam ali de perto.
Daniel Pearl foi sequestrado a caminho de uma entrevista em Karachi a 23 de Janeiro de 2002. Mariane estava grávida de 5 meses. Durante as longas semanas seguintes ela uniu os serviços de inteligência americana, a mídia, a polícia paquistanesa e governos do mundo todo na busca pelo marido.
O filme de Michael Winterbottom é baseado nas memórias de Mariane naqueles meses do sequestro. Angelina Jolie está bem em um papel onde ela não precisa usar seu sex appeal. Grávida e desesperada, ela junta todas as forças que tem para desvendar a intrincada teia de mentiras de informantes, terroristas, sheiks e jihads que levaram Daniel, em meio a um país hostil habitado por 160 milhões de muçulmanos. Só as imagens do caos que é Karachi dão uma idéia da extraordinária dificuldade que deve ser encontrar alguém ou controlar a presença de terroristas por ali.
Daniel Pearl foi decapitado por islamistas fanáticos em maio. Sua decapitação foi filmada e a fita entregue à imprensa americana. Seu corpo foi cortado em dez pedaços jogados em uma cova na periferia de Karachi.
Daniel morreu porque era um americano judeu. Mariana era francesa, budista, filha de uma mãe cubana. Tinham amigos em todo o mundo, inclusive na Índia e no Paquistão. O filho de Daniel e Mariane, Adam veio ao mundo pelas mãos de uma parteira africana.
Talvez esse seja o legado de Pearl. Por ter morrido por causa de sua nacionalidade e origens, algo que nunca lhe importou nos outros, provou que o terrorismo é a rejeição ao diálogo.
Sua família criou uma Fundação com seu nome que tem por missão promover o entendimento entre culturas através do jornalismo, da música e de outras formas de comunicação:
http://www.danielpearl.org/

7 comments:

patricia m. said...

Sorry Fernando, detesto a Jolie.

:-)

deboraHLee said...

Sei que é muito feio o que vou dizer, mas sempre me pergunto o que leva as pessoas a se arriscarem deste modo. Não gosto de heróis, nem de mártires.

Fico dilacerada em pensar no sofrimento do cara, da esposa e do filho, que crescerá sem pai mas, francamente, não vejo muita diferença na personalidade deste casal e a da tal holandesa, que se junto às Farc.

bj.

Alma said...

Deborah, a diferença entre eles e a holandesa é bem grande, afinal eles não foram lá se juntar a Al Qaeda, e sim entender a semente do terrorismo naqueles lados. Se não fosse a imprensa como é que nós ocidentais ficaríamos sabendo de tudo o que acontece por lá? Esse tipo de jornalista é alvo da minhas mais sincera admiração.

clabrazil said...

Querido Fernando,
Que bom que voltaste!

Vi o filme e achei fraquinho. Saí do cinema com algumas impressoes:
1) Deveriam ter escolhido uma atriz francesa pro papel, pois a Jolie até falando merci dói nos ouvidos (além do cabelo carapinha como o meu que ficou fake demais, mas isso é futilidade minha, admito!)
2) Nao vou a Karachi nem que me paguem! As imagens do filme mostraram um caos que nao quero nunca ver de perto. Mas obviamente tudo pela história.
3) Que inocência a do Daniel Pearl. Foi querer mostrar estar acima do bem e do mal com seu jornalismo, mas esqueceu que estava no ninho de cobras. Sinceramente, nada justifica o comportamento de loucos terroristas, mas todos nós sabemos quem financia e apóia muitas de suas práticas. Daí acho que o Pearl deu muuuuuita bobeira como judeu e americano em correr atrás de tal pauta. Sinto só pelo filho deles e a mulher que deixou para trás.

Beijos,
Cla

patricia m. said...

Nao sei se o Daniel Pearl queria se mostrar acima do bem e do mal. Eu nao vi o filme, entao posso estar falando besteira. Mas acho que o cara foi simplesmente fazer o trabalho dele. Alguem tem que fazer esse tipo de trabalho, verdade seja dita.

Pior por exemplo foram os missionarios coreanos no Afeganistao. Esses entraram totalmente em um ambiente hostil sem saberem onde estavam pisando, por uma causa inutil. Fizeram o país deles comer poeira no chao pela infantilidade de estarem la.

Acredito que o Daniel Pearl, porque era um jornalista experiente, de um dos maiores jornais do mundo, sabia sim onde estava pisando. So que deu azar. Ai nao ha nada a ser feito, a nao ser lamentar a sua morte.

deboraHLee said...

Oi, Fernando.

Deixa eu explicar melhor: não os acho parecidos com a holandesa pelo trabalho que decidiram fazer lá. De modo algum! Acho que o trabalho da imprensa, sobretudo em regimes totalitários e fanáticos, é essencial. Acho-os parecidos com a holandesa pela imprudência, pela imaturidade e pela inocência, como bem citou a clabrazil. Pela vocação para mártir.

beijo.

patricia m. said...

Eu nao o acho inocente, nem imaturo, nem imprudente. Acho-o azarado.

Vocacao para martir deveriam ter os coreanos, que estavam servindo a sua fe, e nem tiveram os cojones de morrer por ela. Ficaram so no choramingas e fizeram a Coreia pagar resgate por eles. Esses sao imprudentes, inocentes e imaturos.