Saturday, October 27, 2007

É tu maconheiro


O jornal O Globo publicou uma pesquisa que mostra o perfil dos usuários de droga. A maioria está entre jovens ricos das grandes cidades. É como o Reinaldo Azevedo escreveu em seu artigo na Veja, o bonde do Foucault contra o capitão Nascimento. A galera jovem e cabeça feita das faculdades de Ciências Humanas curte um baseado, acha que reprimir o crime é abuso de poder, mas quando leva tiro de traficante vai abraçar a Lagoa vestido de branco e pedindo paz. Uma amiga comentou aqui outro dia que nem que ela quisesse fumaria baseado no Brasil. Qualquer um com cérebro sabe que é lógico concluir que cada baseado é uma arma a mais na mão de um favelado ou de uma criança (ou os dois), ou na cabeça de algum amigo ou parente seu. Não há oferta sem demanda. Então porque não liberar logo diria o pessoal cabeça da turma do cachimbo? Em princípio eu acho que cada um devia ser o dono do seu nariz, desde que não interferisse na vida e nos direitos dos outros. Me lembro de um diálogo do filme Traffic, onde a personagem de Michael Douglas responsável pelo assunto das drogas nos EUA pergunta ao seu colega mexicano qual a política deles para reduzir o consumo. O mexicano diz: “cada vez que um viciado morre de uma overdose o consumo diminui”. Eu acho que todo junk tem o direito de se acabar nas drogas se essa é a vida que ele escolheu. Se quer ajuda para sair dela, aí sim podemos, a sociedade e o governo, dar uma forcinha.
O problema é que o vício não interfere só na vida do viciado, ele estraga a vida da família, a dos amigos e a da sociedade em geral. Para o consumo ser liberado, principalmente no Brasil, há um imenso caminho a ser percorrido nas áreas de segurança pública, saúde e assistência social. Se na Holanda não funciona direito, imagine o que seria do Brasil com a legalização das drogas.
Enquanto isso, a cada vez que uma bala perdida matar alguém no Brasil, pense que a culpa também é tua maconheiro.

4 comments:

patricia m. said...

Nao acredito mesmo na liberalizacao das drogas. Tem idiota que diz que o governo iria lucrar, que iria receber impostos das empresas. Mal sabem os ingenuozinhos que camelo no centro de sampa e na cara da policia vende cigarro vindo do Paraguai. Contravencao entao nao existe? Ese tipo adora comparar as drogas com o cigarro e o alcool, como se fossem realmente muito parecidos. O RA ja detonou varias vezes esses argumentozinhos furados.

Outro ponto: vai tratar viciado? Eu nao acho que o Estado tem que tratar viciado nao. Prefiro investir em hospitais para outras finalidades, principalmente em paises onde nao ha abundancia de recursos como eh o caso do Brasil. Se quer se drogar, que morra. E bem longe, porque tambem nao quero ver esses miseraveis morrendo na minha frente como era o caso em Amsterdam ha alguns anos atras, naquela praca maldita. Depois construiram um galpao, para isolar a desgraceira da vista das pessoas.

patricia m. said...

Na verdade essa sua amiga nao deveria pensar em fumar baseado nem no Brasil nem em lugar nenhum. Porque a economia, inclusive a da droga, eh globalizada. Pode fumar um baseado em Paris ou NY, e de qq forma estara contribuindo para a violencia na Colombia e no Brasil.

O problema eh que esse pessoal (drogados e afins) nao tem consciencia nenhuma.

clabrazil said...

Fui eu quem disse que nao fumo (nunca fumei) baseado no Brasil (pode dar nome aos bois, pecuarista!).

Dona Patrícia acima escreveu bonito, mas nem tudo se resolve com tanto pragmatismo.

Engracado que em seu perfil ela diz ser produto de seus gens e de seu meio, mas quer ver os drogados morrendo longe de seu alcance. Sorte sua ter gens tao bons e criacao melhor ainda. Pena que nem todos os tenham, e, como participo desta sociedade, me sinto responsável, embora também nao goste de ver ninguém morrendo na minha frente.

A mesma lógica vai para cada bife no prato e cada camiseta da HM que veste.

Cê é vegetariana, Patrícia? Anda pelada ou compra só roupas politicamente corretas? Pense bem...

Cris said...

Esse discurso é do Tropa de Elite...cê assistiu?