Theodore Dalrymple escreve na New Criterion comentando o livro Bodies of Inscriptions de Margo de Mello sobre o recente fenômeno da disseminação de tatuagens na classe média americana e britânica.
O fenômeno obviamente se repete por aqui, e foi tema de artigo na Veja da semana.
dalrymple começa dizendo que cerca de 95% da população carcerária britânica é tatuada, uma correlação estatística maior do que com qualquer outro fator (exceto o tabagismo ) seja o uso de drogas ou lares desfeitos.
Por esta forma de alteração do corpo, criada em ritos tribais e depois replicada por marinheiros e pela classe operária seria tão atrativa assim aos jovens das classes mais abastadas (o que inclui membros da família real e celebridades), que outrora consideravam pessoas tatuadas umas espécies de déclassés?
Há certa diferença entre as tatuagens de criminosos e operários, aquelas (mal)feitas de improviso ou padronizadas e expostas nas vitrines dos estúdios de tatuagens, e as tatuagens dos jovens da classe média e alta, geralmente feitas sob encomenda e cuidadosamente estilizadas para serem únicas.
Margo de Mello, ela mesmo uma antropóloga tatuada, expõe algumas das razões. A primeira seria a de que a tatuagem estaria ligada a uma "filosofia" de vida, uma caldeirada new age que vai do espiritualismo primitivista à ecologia e vegetarianismo.
Mas não é tudo, há uma vontade também de expressar individualidade, de se destacar da massa com algo que chame a atenção. a outra razão seria por uma espécie de "crescimento pessoal".
Dalrymple tem outra explicação para o fenômeno: o vazio da existência moderna. Ele considera infinitamente triste que pessoas tenham que se desfigurar para de alguma forma afirmar a própria individualidade.
As tatuagens da classe média, feitas de modo a imitar ou lembrar aquelas das tribos e das classes proletárias seriam também uma forma de demonstrar seu liberalismo, tolerância e cabeça aberta. A tatuagem seria assim um ataque aos valores da burguesia. O que é um comportamento esquizofrênico, pois o burguês que se tatua para se mostrar próximo do proletariado é aquele mais ansioso para se diferenciar da massa dos homens comuns.
Uma das jovens universitárias entrevistadas por Margo de Mello que trazia a tatuagem "Fuck you", segundo ela feita para chocar o ambiente acadêmico. Pode ser, mas essa mesma jovem dificilmente trocaria de lugar com o zelador da universidade. E provavelmente teria bem pouco a conversar com ele.
Aqueles que acham que estão expondo a alma com suas tatuagens, estão na verdade expressando a própria superficialidade.
2 comments:
Particularmente, eu não queria ter em minha pele nenhuma tatuagem, porque me cansaria de olhar sempre aquilo. Também já basta as marcas do tempo!
Agora, o que tenho visto de SENHORAS se enchendo de tatuagens, cada uma mais rídicula do quê a outra! E quando são gordas e fazem tatoo perto do "cofrinho", meu Deus!!!Mas é legal ver no corpo dos outros: para rir, para ver demonstrado fraquezas e às vezes é até bonito.
Alma,
Quando meu cabelo cair mais um pouco, eu vou tatuar uma mutuca na minha avantajada testa.
Farei isso para chocar o burguês comum capitalista da sociedade ocidental decadente.
hehehehehe
abs
Big-Ben
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