Sunday, January 28, 2007

Davos


O Forum Economico Mondial onde estão reunidos os líderes das nações mais ricas do mundo está focado em duas coisas, o aquecimento global e o relançamento da rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio.
Ora, para quem estava otimista pode ir tirando o cavalinho da chuva. Enquanto crescimento econômico estiver associado ao consumo de petróleo, o aquecimento global irá continuar. Condolezza Rice já disse em uma entrevista que o protocolo de Kyoto arruinaria a América e por consequência também a Europa. A briga por gás entre Rússia e Europa, a guerra no Iraque e a nacionalização de empresas na Venezuela já anuncia o que vem por aí, uma batalha pelos últimos galões do recurso natural mais precioso do planeta.
Enquanto isso a rodada da OMC não sai porque EUA, Japão e Europa não abrem mão dos subsídios que pagam a seus agricultores. Só na Europa, cerca de 60% do orçamento da União está comprometido com a política agrícola. Enquanto isso, países da África, Sudeste Asiático e América Latina vêm barradas as suas possibilidades de acederem aos mercados mais ricos do mundo e conseguir uma renda melhor para a maioria de sua população. A saída está na pirataria, no tráfico de drogas e na emigração em massa.
Diminuir as taxas aplicadas nos produtos agrícolas do terceiro mundo importados pelos países ricos seria muito mais eficaz contra a pobreza do que os bilhões de dólares enviados em ajuda à Africa todos os anos.
Quando, daqui a uns anos, o nível do mar tiver engolido nossas cidades, quando a Europa estiver em guerra civil com seus imigrantes, quando a fome e a doença acabarem com o que resta da África, e quando a última gota de petróleo acabar no tanque de um Humvee, veremos que a nossa chance de salvação tinha sido agora.

Nunca mais


A Europa lembrou neste sábado o Dia Internacional da Memória do Holocausto. Foi o 62° aniversário da liberação de Auschwitz. Vários representantes do governo alemão estiveram prestando homenagens nos diversos campos de concentração hoje transformados em lugares que guardam a memória concreta do horror.
A história, se esquecida, está condenada a repetir-se. Em um momento onde a economia européia anda patinando e a imigração se tornou um dos problemas mais complexos do continente, há sempre o risco de que a extrema direita volte a aparecer como um fantasma do passado. Lembrar do horror nos ajuda a evitar um futuro semelhante. Isso vale para a Europa e para o resto do mundo.
O Conselho dos Judeus da Alemanha lembrou o risco que representa por exemplo a atitude do presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad ao negar o genocídio dos judeus. Nunca haverá paz no Oriente Médio sem que os árabes reconheçam tanto o Holocausto como o direito do estado de Israel a existir.

Black Dahlia


Sou um fã de filmes noir. Detetives durões com seus chapéus e pistolas, femmes fatales dissimuladas e sedutoras, assassinatos misteriosos na calada da noite. Black Dahlia é a história da morte de Elizabeth Short na Los Angeles do fim da década de 40. Betty Short é uma das milhares de moças procurando fama e fortuna em Hollywood. Brutalmente assassinada, seu caso vira a obsessão de dois detetives interpretados por Josh Hartnett e Aaron Eckhart. Bucky Bleichert, personagem de Hartnett, se divide entre a mulher do parceiro, a sempre deslumbrante Scarlett Johansson e a misteriosa Madeleine Linscott vivida por Hilary Swank. Entre as duas ele acaba descobrindo conspirações, mentiras e outras ligações perigosas.
O crime descrito no filme realmente aconteceu. James Elroy, o mesmo que escreveu L.A. Confidential transformou o caso em novela policial. Apesar de L.A. Confidential ainda ser meu favorito, para quem gosta do gênero Black Dahlia é um prato cheio.

Saturday, January 27, 2007

¿QUÉ SE AMA CUANDO SE AMA?



¿Qué se ama cuando se ama, mi Dios: la luz terrible de la vida
o la luz de la muerte? ¿Qué se busca, qué se halla qué
es eso: ¿amor? ¿Quién es? ¿La mujer con su hondura, sus rosas, sus volcanes,
o este sol colorado que es mi sangre furiosa
cuando entro en ella hasta las últimas raíces?

¿O todo es un gran juego, Dios mío, y no hay mujer
ni hay hombre sino un solo cuerpo: el tuyo,
repartido en estrellas de hermosura, en partículas fugaces
de eternidad visible?

Me muero en esto, oh Dios, en esta guerra
de ir y venir entre ellas por las calles, de no poder amar
trescientas a la vez, porque estoy condenado siempre a una
a esa una, a esa única que me diste en el viejo paraíso.
Gonzalo Rojas

A trágica história dos dois tomatinhos

- Olha o carro - plof!
- Onde? - plof!

L’Abbé Pierre


Durante muitos anos a personalidade mais querida dos franceses, Abbé Pierre morreu aos 94 anos na última segunda feira. “La France est frappé au coeur’’ nas palavras de Jacques Chirac.
Henri Grouès nasceu em 1912 em uma família burguesa de Lyon, na França. Ele decidirá em sua adolescência renunciar a sua parte na herança da família e entrar para a ordem dos Franciscanos da Igreja. Ordenado padre em 1938, ele entra para a Resistência Francesa com o codinome de Abbé (Abade) Pierre e começa ajudar refugiado judeus a fugirem para a Suíça. Em 1949 ele encontra um desesperado pronto a se suicidar e lhe diz: “Se você não tem nada a perder venha me ajudar a ajudar os outros”. Juntos eles fundam Emmaus. No inverno de 1954, faz –15° em Paris onde 2.000 pessoas dormem nas ruas. Um bebê e uma mulher são mortos congelados. A mulher ainda tem na mão o aviso de despejo do alojamento onde morava. A vida do Abbé Pierre se transforma em uma luta pelo direito à moradia. Um famoso apelo de socorro na rádio francesa desperta a consciência do país e cria uma onda de solidariedade.
Abbé Pierre foi durante sua vida sempre uma espécie de grilo falante da sociedade francesa. Longe de ser uma personalidade beata como Madre Teresa, ele vocifera impropérios e acusa políticos e a indiferença da sociedade. Sem nunca falar de religião, sua mensagem é ecumênica, dar esperança e dignidade a quem já não tem nenhuma.
Meio século antes da moda das ONG’s, Emmaus é a primeira organização a inventar a inclusão social. Reciclando lixo, vendendo objetos usados, segundo o próprio fundador ele não irá admitir que alguém sobreviva sem ser pelo próprio trabalho.
Jean Daniel em seu editorial na Nouvel Observateur afirma que Abbé Pierre nunca disse aos miseráveis que eles eram santos. Ele pediu que os miseráveis o ajudassem a fazer outros como eles saírem da miséria. Ele não encarnava a caridade. Ele só quis introduzir fraternidade na justiça. Seu lema: Homme debout. Homem de pé.

A Comédia do PAC


Agora a coisa vai para a frente, temos um plano! Mais um plano infalível de Cebolinha daqueles que o Elio Gaspari chama de a nossa ekipekonômica.
Vejam a visão de César Maia de como desenvolver um Plano de Aceleração do Crescimento:


1. Fica difícil na historia econômica dos planos econômicos, incluindo o famoso pacote 51 de dezembro de 1997, encontrar alguma coisa tão pífia para o crescimento econômico quanto esse PAC.

2. É melhor inverter as letras e chamá-lo de PCA -ou Plano do Conselheiro Acácio -aquele que só falava obviedades. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa!

3. O presidente quer um plano! -Estamos aqui com nosso grupo de economistas para fazer um. Um exercício de trás para frente. De quanto é o PIB brasileiro? Ah... 1,8 trilhão de reais. Qual o patamar de investimentos dos últimos anos? Ah... 20% do PIB. Ou seja, 360 bilhões de reais por ano. Quanto em 4 anos? Ah... 1 trilhão e 440 bilhões de reais. Quanto o setor público investe destes 20%? Ah... uns 35%. Então apliquem estes 35% sobre os 1,44 trilhão. Quanto dá? Ah... 504 bilhões de reais. Oi turma! Então agora vamos ver quanto a Petrobrás investe, a Eletrobrás, os Governos, etc... etc... e vamos fazer uma tabelinha para chegar a estes 504 bilhões de reais. Ah...e não esqueçam de colocar uma virgula para parecer que fizemos cálculos para valer. Pronto! Prontinho! Um PAC!

4. Ah... e precisamos de umas medidas de redução de impostos! -Que tal de uns setores que ainda não existem? Ah... boa idéia! Por exemplo a TV Digital e os semicondutores. PAC neles.

5. -Tenho uma idéia aqui. Anunciar entre as medidas aquelas que já foram aprovadas. -Quais, por exemplo?! -Ah... a lei de saneamento, a da abertura do resseguro e a re-criação da Sudene e Sudam. Boa! PAC nelas.

6. Tem mais gente! Lei das micro-empresas, aumento da tabela do IR, e as prorrogações da depreciação acelerada e do PIS e Confins na Construção Civil. Boa! Essa gente não lê jornal! PAC em todas elas.

7. Que tal apresentar medida que já estava prevista desde 2005. -Qual? -O aumento dos recursos da CEF para saneamento. - Boa. E ainda ficamos bem com os governadores que vão ficar na fila do gargarejo olhando o Lula. -Quero ver as caras do Aécio e Serra que querem ser presidentes. -PAC, nelas... e neles.

8. -Dê uma olhadinha em projetos de lei já tramitando no congresso e jogamos tudo no balaio, desculpe, no PAC. -IH... tem três aqui: do gás, das agencias reguladoras e da defesa da concorrência. -Genial! PAC nelas.

9. Gente! E os juros? -Ora, ora. A TJLP que já ia cair com essa inflaçãozinha! Antes que o Meireles anuncie. -PAC nela!

10. E o setor agropecuário? E o câmbio? -Cala a boca, tecnocrata! Essa gente votou contra o Lula! Então manda esta gente paca...! Xiii...o presidente está vindo! Embrulha em papel celofane, e PAC nele! O homem vai gostar. (Fecha o pano).

Criatividade


Eu já contei aqui sobre uma casa inteirinha feita de lixo e material de segunda mão, projetada por engenheiros e arquitetos californianos.
Pois bem, a criatividade brasileira acaba de passar os gringos para trás.
Com tecnologia 100% Tabajara, o fusca anfíbio do Seu Mauro é um prodígio de performance, design e engenharia.
Com bóias escamoteáveis feitas de galões vazios, hélices de madeira adaptadas e um teto de lona para aquela sombrinha amiga, o Fuscão é perfeito para uma pescaria, um passeio na represa com os amigos para impressionar as gatinhas ou até um churrasquinho com pagode em pleno lago.
Brasil...sil...sil...!!!

Tuesday, January 23, 2007

Apocalypto


Se há uma coisa que me atrai no cinema de Mel Gibson é sua vocação ao perfeccionismo. Foi assim em Braveheart e em A Paixão de Cristo, e é a mesma coisa com Apocalypto. Os cenários, as roupas e ornamentos, as cenas de ação, até a língua falada no filme, todos os detalhes são cuidadosamente observados para que o espectador tenha a máxima sensação de realidade.
O filme Apocalypto conta a saga de Pata de Jaguar, um jovem guerreiro que durante uma batalha é capturado e levado a uma decadente cidade Maia para ser oferecido em sacrifício aos deuses. Pata de Jaguar vai passar por poucas e boas antes de conseguir fugir e conseguir salvar sua família.
O filme tem sido rotulado como desnecessariamente sangrento e violento, e Mel Gibson como alguém com traumas psicológicos sado-masoquistas. Acredito que Gibson não seja lá mesmo muito bom da cabeça. Ele mesmo gosta de se auto-martirizar nos próprios filmes (lembrem-se de Lethal Weapon e da cenas finais de Braveheart).
Tudo bem que não precisamos de closes em feridas abertas e corações palpitantes recém arrancados da caixa torácica de prisioneiros, mas um filme sobre a ultra-violenta sociedade Maia não tinha como deixar de ser sangrento.
Apesar de ser a civilização pré-colombiana mais avançada do continente, a única com escrita e complexos conhecimentos em astronomia e matemática, os Maias não conheciam a roda nem meios de transporte ou animais de carga e dispunham de escassos recursos alimentares. Incapazes de empreenderem longas campanhas militares, a civilização Maia nunca conseguiu se unificar, ao contrário de Incas e Aztecas, restando em pequenas cidades estado que guerreavam entre si o tempo todo.
Prisioneiros eram torturados com unhas, dedos, lábios, dentes ou maxilares arrancados, e sacrificados. Mel Gibson poderia ter feito um filme muito mais sangrento do que fez e com todo embasamento arqueológico.
O filme termina com espanhóis desembarcando nas praias da América Central. Um erro já que as cidades Maias já estavam abandonadas quando os conquistadores chegaram, embora parte da população ainda sobrevivia. Aqui se vê um dedo do lado carola de Mel Gibson, cristão ultra-ortodoxo à la George Bush. No barco espanhol se vê um missionário com a cruz trazendo a palavra de Deus depois do show de horror pagão que se viu na tela. Gibson deveria se lembrar que foi Diego de Landa, um missionário espanhol quem queimou todos os manuscritos Maias que encontrou para eliminar o paganismo. Só 4 manuscritos sobreviveram. Com eles talvez tivéssemos aprendido algo sobre nosso próprio destino.
De 90 a 99% da população Maia desapareceu depois do ano 800 DC, um dos maiores mistérios da arqueologia. Jared Diamond, em seu livro Collapse dedica um fascinante capítulo às hipóteses estudadas sobre o desaparecimento dos Maias. O filme faz notar como pano de fundo uma parte das prováveis causas do fim desta civilização. O desgaste ambiental provocado pelas suas cidades, erosão dos solos e poluição dos rios, doenças, superpopulação e pouca produção de alimentos, tensão social entre classes dominantes e servos. O fim dos Maias deveria ser uma lição importante para os dias de hoje. Como Jared Diamond diz em seu livro, os reis e nobres Maias falharam ao não reconhecer e resolver problemas óbvios que afetavam sua sociedade. Em vez disso concentravam-se em esforços em enriquecer, guerrear, construir templos cada vez maiores e mais altos, oferecer mais sacrifícios. Como muitos líderes através da história humana, eles não prestaram atenção em problemas de longo prazo mesmo se apercebendo deles a tempo.

Saturday, January 20, 2007

O meu tempo e o vento


Ana Terra dizia que sempre que acontece alguma coisa importante está ventando. Nesse caso deveria acontecer algo realmente muito importante aqui na Holanda. Uma tempestade com ventos força 10 (furacões são força 12) deixou alguns mortos e alguns milhões de euros em prejuízo. Fomos alertados pelo governo holandês para ficarmos em casa, o que atrapalhou minha ida ao cinema. Os alemães tem um nome de monstro marinho para essa tempestade, Kyrill. Normalmente ela acontece no outono mas aconteceu agora, em um inverno anormalmente quente no norte da Europa. O clima está mudando, o Doomsday Clock foi adiantado em dois minutos (estamos a 5 minutos do Armagedon), as guerras e as escolhas políticas do mundo fazem parecer que estamos caminhando para o passado. Realmente coisas importantes estão acontecendo mas eu estou de volta ao meu trabalho e minha vida cama-carro-escritório-computador-cama. Os franceses chamam essa rotina de metro-boulot-dodo (metrô, trabalho e cama). Eu já li sobre uma inglesa de 17 anos que do Chiapas à Palestina já militou em vários os movimentos de resistência. Jerômine Pasteur, uma exploradora francesa passa seu tempo ou navegando ou vivendo com os índios Ashanikas no Peru. Ellen McArthur, uma outra inglesa deu a volta ao mundo em um barco a vela com 15 anos. Um barco ancorado em Cananéia tinha escrito na popa em inglês "Today we live".
Neste exato momento alguém deve estar escalando o Monte Kilimanjaro e eu estou aqui sentado comendo pranto-pronto do microondas . Não estou com saco para cozinhar.
Minha vida não é nada má, tenho minha casa, meus livros, uma família excelente. Minha vida é resultado das escolhas que fiz e tenho certeza que alguém também tem inveja dela. Mas às vezes, por alguns instantes, dá vontade de como dizia o bom e velho Lou Reed, take a walk in the wild side. Fugir, beber, ficar louco, fazer besteira. Ainda subo aquele Kilimanjaro.

Baghdad Burning


Em 2003, depois da invasão americana no Iraque, uma jovem iraquiana de 24 anos, hoje com 27, começou um blog sob o codinome Riverbend onde anotava suas opiniões e experiências diárias em uma país ocupado e devastado pela guerra.
Os textos do blog se tranformaram em livro, revisado esta semana pela New York Review of Books, e sua leitura dá um impressionante e precioso insight do conflito.
Para quem assiste de fora do Iraque, as notícias trazem um distante resumo estatístico do número de carros bomba, ataques e mortos da semana. Contadas por Riverbed, assumem a dimensão de uma tragédia real e próxima.
Não imaginamos quando assistimos às imagens da CNN que ali, naquele lugar, pessoas estão tentando levar suas vidas, pais estão tentando alimentar suas famílias, crianças estão tentando ir à escola. Agora imagine ter que fazer isso tudo sem saber se haverá água ou eletricidade naquele dia, imagine dormir ouvindo bombardeios ou esperando que uma patrulha invada e reviste sua casa. Imagine ter que pedir dispensa do trabalho para identificar cadáveres carbonizados que podem ser de seus parentes desaparecidos há semanas. Imagine ver a cada dia mais e mais mulheres com as cabeças cobertas por véus com medo da repressão islamita, vizinhos e amigos se mudando, imagine ver seu mundo desabando aos seus pés entre milícias xiitas e sunitas e tropas americanas.
Riverbend traz a guerra bem perto de nós. Talvez porque ela escreva impecavelmente, mesmo em inglês, talvez por percebermos o quanto ela é consciente da política e dos problemas de seu país, por sua amargura, sua raiva e impotência. Lendo seu relato podemos perfeitamente sentir o que ela sente. O iraquiano deixa de ser uma estatística nas notícias para virar alguém de carne e osso, que quer paz, que quer levar sua vida com a família sem mais preocupações.
Nesta guerra estúpida morrem mais iraquianos por mês do que americanos por ano. Embora Saddam fosse um déspota cruel, nem a Al Qaeda e nem armas de destruição massiva existiam no Iraque antes da invasão. Hoje o terrorismo reina no Iraque, Saddam virou um mártir entre os sunitas e o Irã viu suas pretensões nucleares crescerem assim seus aliados xiitas no país. Esse é o legado da guerra de George W. Bush. E para quê? O Independent inglês revela que será submetido ao Parlamento Iraquiano um projeto de lei para abrir a exploração das reservas de petróleo do país às companhias ocidentais pelos próximos 30 anos.
Mas eu já disse antes, se invadir o Iraque foi errado, retirar-se agora será um desastre. Por isso Bush acertou ao enviar mais tropas para lá. Mas eu acataria a sugestão de Michael Moore. Bush deveria enviar mais tropas, enviar os que votaram por ele, e ele mesmo deveria liderar as tropas: “Mr. Bush, do not give up! Now is not the time to pull your punch! Don't be a weenie by sending in a few over-tired troops. Get your people behind you and YOU lead them in like a true commander in chief! Leave no conservative behind! Full speed ahead! We promise to write. Go get 'em W!”

World Trade Center


Assisti no DVD esta semana o filme de Oliver Stone sobre a tragédia do 11/09.
Não é o filme que se esperava do diretor de JFK e de Born at 4th of July. Nenhuma trama política, nenhuma crítica ao governo, nada dos planos terroristas.
O filme é sobre dois oficiais da Autoridade Portuária convocados na hora do ataque para resgatarem as vítimas e que acabam eles mesmos soterrados durante o desabamento de uma das torres.
A estória é sobre coisas infinitamente mais simples. O personagem de Nicolas Cage pensa em porque levantou da cama sem ter abraçado a mulher de manhã. Pensa nos filhos. Pensa em como ele sorri pouco. O personagem de Michael Pena pensa na filha que vai nascer e na ridícula discussão com a mulher por causa do nome do bebê.
Poderia ter sido em qualquer tragédia. Poderia ser a história das pessoas presas no desabamento do metrô de São Paulo. A cena emblemática em que John McLoughlin (Cage) é resgatado para fora do buraco é como se ele estivesse ressucitando da própria tumba. Quando percebemos que a nossa vida está por um fio é que refletimos sobre as coisas simples que se revelam agora infinitamente mais importantes.

Pirates



Elizabeth Swann - A moment will come where you’ll have to do the right thing!

Jack Sparrow – I love those moments! I like to wave at them as they pass by...

Nasce um ditador


17 anos depois da queda do Muro de Berlim assistimos na televisão Hugo Chávez declarar a República Socialista da Venezuela. O novo idiota latino americano se deu de presente um terceiro mandato. Agora fez com que seu congresso de marionetes aprovasse uma lei que lhe dá o direito de governar por decreto por 18 meses. E que provavelmente serão indefinidamente prolongados. Enquanto Fidel está com um pé na cova e outro na casca de banana, vemos o nascimento de mais um ditador neste continente de cretinos sonhadores. E o pior, um ditador que é bem visto por todos os outros idiotas latino americanos por que “é do povo”. Lula (proto-idiota) disse uma vez que a Venezuela tem até excesso de democracia. É uma imbecilidade. Nem por piada há democracia naquele país.
Enquanto cretinos brasileiros, europeus e até americanos de sandália de dedo, bolsa a tiracolo e cartão de crédito dos pais viajam a Caracas para prestigiar o nascimento do socialismo bolivariano do século XXI, Chávez sufoca a imprensa e a oposição e gasta seus petrodólares em helicópteros e mísseis russos e esmola para os favelados.
O o pior é que ele encontra seguidores no resto da América Latina, inclusive no Brasil. Imagino que o PT deva nutrir uma admiração enorme pelo companheiro Chávez.
Até quando estaremos empurrando os ponteiros da história para trás? Até quando para percebermos que não há evolução de um povo sem democracia e sem respeito às liberdades individuais?

Golden Globe


Alejandro Iñarritu levou o Globo de Ouro por Babel. Mereceu. Babel é uma ou são várias histórias de como hojem em dia, apesar de um mundo cada vez menor, fica cada vez mais difícil de nos entendermos.
Falei do filme aqui.

Saturday, January 13, 2007

Zilveren Camera


Esta foi uma das fotos ganhadoras do prêmio de fotografia mais importante da Holanda.
São os cavalos que ficaram presos no fim do ano passado em um banco de areia após uma tempestade na província holandesa da Frísia. Foto de Lauren Aaij.

Scrap House


Para comemorar o dia Mundial do Meio Ambiente em 2005, a organização Public Architecture de San Francisco nos EUA resolveu desafiar um time de artistas, arquitetos e engenheiros a projetar uma casa inteiramente feita de lixo e material usado. O resultado é surpreendente. A história da scrap house virou documentário da National Geografic que está no ar esses dias.
As fotos podem ser vistas no site:
O que não faz uma mente criativa?

Revista Piauí


Descobri no Brasil também esta revista! Criada por João Moreira Salles, a revista é sobre tudo e sobre nada. É feita por quem gosta de escrever para quem gosta de ler, sem compromisso, sem assunto sério, livre e leve. Já virou cult e tem tudo para ser um marco na vida cultural brasileira.
Dá para acessar alguns textos pelo site:

www.revistapiaui.com.br

Tom


Trouxe do Brasil este CD, Olha que Coisa Mais Linda. Músicas de Tom Jobim cantadas por Daniela Mercury, Ivan Lins, Ed Motta, Paulinho Moska, Chico Buarque e até Paulo Ricardo e Paula Toller aparecem nessa. Muito bom, mas ninguém conseguiu ainda superar Elis Regina.

You Tube


Não sei se a Cicarelli já está deixando vocês acessarem o You Tube. Eu acho um absurdo que alguém que faça sexo em público não queira depois que o público veja.
Antes eu achava que o You Tube só servia mesmo para esses vídeos safados ou aqueles bem idiotas estilo Jack Ass e por isso nunca perdi muito tempo com o site. Mas agora fuçando descobri que há muita coisa boa por ali. Selecionei umas pérolas que consegui achar para vocês :

Beatles, o trailer do filme Yellow Submarine, o mais psicodélico do cinema

http://www.youtube.com/watch?v=_2k3P87BwVc

Frank Sinatra e Dean Martin cantando e dançando Cheek to Cheek

http://www.youtube.com/watch?v=4ESIK3rrZmU

Billie Holiday & Louis Armstrong cantando Do you know what it means

http://www.youtube.com/watch?v=fX8OLqHYAgE

Marilyn Monroe cantando Diamonds are a Girl’s Best Friend

http://www.youtube.com/watch?v=NX_w1dnURFI

Charlie Parker tocando Bird

http://www.youtube.com/watch?v=AUp2E4rtzck

Miles Davis & John Coltrane, puro jazz

http://www.youtube.com/watch?v=x-fsn7JD6Kw

Maria Callas, a última verdadeira diva cantando Habanera

http://www.youtube.com/watch?v=pkfRWVagw3A

Charlie Chaplin em um grande momento do cinema mudo,o Table Ballet

http://www.youtube.com/watch?v=xoKbDNY0Zwg

Frank Sinatra cantando I’ve Got You Under My Skin

http://www.youtube.com/watch?v=no19tgMaFrg&mode=related&search=

The Wall do Pink Floyd, trecho do desenho com os martelos marchando

http://www.youtube.com/watch?v=BAoh9zyeDlU&mode=related&search=

Rolling Stones cantando Satisfaction em 1965

http://www.youtube.com/watch?v=vTuGbfF6HBI

Brigitte Bardot cantando seu maior hit, HarleyDavidson, de 1968

http://www.youtube.com/watch?v=BiY3fAwiPb0

Jane Fonda na cena inicial de Barbarella

http://www.youtube.com/watch?v=a4-hAIDitBU

Cananéia



Em algumas semanas passei de uma cor branco-batavo a um bronzeado cravo e canela que está fazendo inveja nos meus colegas de escritório por aqui. Obviamente eu já estava todo ardido nos primeiros dias de Brasil, o que não é lá muito agradável na hora de se desejar Feliz Natal ou Ano Novo já que brasileiro gosta de se cumprimentar dando tapa nas costas.
Minha última semana de férias passei na ilustre cidade de Cananéia, a última do litoral sul paulista. Foi ali que Martim Affonso de Souza aportou em 1531, o que fez da vila de São João Baptista de Cananea a primeira povoação do Brasil. Hoje, situada dentro de uma área de preservação ambiental, Cananéia está virando moda no turismo ecológico e alternativo, longe da badalação do Guarujá e do litoral norte de São Paulo.
A cidade tem construções do século XVI, felizmente tombadas pelo patrimônio histórico, como a igreja que servia de forte aos portugueses contra o ataque de índios e piratas. Dá para andar pela avenida Beira Mar, ouvir um fandango caiçara na pracinha, comer uma ostra olhando os barcos de pesca chegando pelo canal, e de noite tomar um café com torta ouvindo um blues no Kurt Kafee investigando toda a quinquilharia antiga e curiosa que ele tem ali dentro.
Por balsa se chega a praia da Ilha Comprida, e por barco às praias paradisíacas da Ilha do Cardoso. Durante todo o percurso podemos ver golfinhos nadando a alguns metros de distância nas águas claras do mar Pequeno, um paraíso também para pescadores profissionais.
Saindo de Cananéia em direção à serra passeamos pelo meio da nossa Mata Atlântica, que em beleza deixa qualquer floresta européia no chinelo. Ainda dá para chegar em cachoeiras e visitar os sítios do circuito de turismo rural da região.
A especialidade ali são as ostras, criadas por ali mesmo (experimente ostras gratinadas, uma delícia). A cozinha regional à base de peixes e mariscos é excelente. Outra pedida é o risoto de frutos do mar.
Meus pais estão indo morar ali. Bom para eles. Parece ser o lugar perfeito para se viver em paz e tranquilidade.

There is no place like home



Em um diálogo que ouvi uma vez em Dawson’s Creek, as personagens comentam que a frase mais sem sentido do cinema seria a de Dorothy dizendo que não há lugar como o nosso lar em o Mágico de Oz. O que ela chamava de lar era um sítio poeirento e cinza no meio do Kansas onde ela vivia com sua tia chata. Oz era technicolor, um lugar fantástico e mágico onde árvores e bichos falavam. Ainda assim ela quis voltar para casa.
Hoje me divido entre a Holanda e o Brasil. Agora estou sofrendo de d.p.b. (depressão pós Brasil). Este é um mal comum entre brasileiros expatriados retornando de férias. Os sintomas são uma preguiça danada, necessidade de sol, uma vontade de tomar caipirinha e deitar na rede e dependência de pão de queijo. Duram de 2 a 3 semanas.
O Brasil pode ser meu Oz, um paraíso onde a vida é mais leve, onde sempre é dia de festa, onde se pode andar de chinelo e camiseta. A Holanda pode ser meu Kansas, cinza, fria, chuvosa, onde não se encontra ninguém sem que seja marcado na agenda.
Mas a Holanda também pode ser Oz, cheia de flores e paisagens, sem ninguém para te assaltar na esquina, e o Brasil um inferno onde pessoas são queimadas vivas dentro de ônibus.
A verdade é que cada lugar tem seus prós e contras. A diferença entre Oz e Kansas está muito mais dentro de você do que no lugar propriamente dito. Talvez Dorothy sabia disso.

I’m back!


Olá pessoal, voltei para alegrar a festa! Não sei quão bom poderá ser um ano que começa com o Lula tomando posse, mas vamos fazer nosso melhor... Sempre esperamos que o Ano Novo traga algum tipo de mudança, de melhora, de felicidades, mas aí assistimos às notícias e caímos na real de novo. Iraque em guerra civil, Israel ameaçando o Irã com armas nucleares, Hugo Chavez declarando uma república socialista na Venezuela (e que inveja o Lula deve estar dele!), a Bolívia ameaçada de secessão... E eu no avião da Ibéria indo de São Paulo para Madrid peço o El País para ler. A primeira página é a notícia sobre a bomba que o ETA explodiu no estacionamento de Barajas, o aeroporto para o qual nosso avião se dirige. Como eles dão isso aos passageiros?? 2 mortos e 600 carros destruídos. Dá para ter fé na humanidade?
Não dá para prometer todo mundo junto no dia 1° não fazer nenhuma besteira esse ano?