Monday, February 25, 2008

Jon Stewart e o melhor do Oscar


"Normally when you see a black man or a woman president, an asteroid is about to hit the Statue of Liberty."

"Tonight we look beyond the dark days to focus on happier fare - this year's slate of Oscar-nominated psychopathic killer movies. Does this town need a hug? No Country For Old Men, Sweeney Todd,There Will Be Blood. All I can say is: thank God for teen pregnancy."

"There are three pregnant ladies with us tonight. Jessica Alba. Cate Blanchett. Nicole Kidman. And the baby goes to.... Angelina Jolie. I'm stunned. Angelina couldn't be with us tonight, it's tough to get 17 babysitters on Oscar night."

"Whoever owns the Boeing 707 parked on La Brea Avenue, your landing lights are on [John Travolta runs on stage and rushes for the door]. "Don't worry, it's a hybrid".

"Away From Her is about a woman who forgets about her husband. Hillary Clinton called it the feelgood movie of the year."

"You know another way they could show respect for the writers? Maybe one day invite some of them to the Vanity Fair Oscar party. Don't worry. They won't mingle."

"Cate Blanchett is the woman who can't be stopped. She played Elizabeth. She played Bob Dylan. In No Country for Old Men she played the pitbull chasing Josh Brolin. Cate Blanchett, she is amazing. Right now, I Jon Stewart, am being played by Cate Blanchett."

"Oscar's 80th birthday automatically makes him the frontrunner for the Republican nomination."

"These past three and a half months have been very tough. The town has been torn apart by a writer's strike. The fight is over, so tonight... welcome to the make-up sex."

"Our next presenter speaks four languages, and earlier in the evening she taught me 'I'm calling security', in all of them. Please welcome Penelope Cruz."

"In case you're wondering what we do during the ad breaks. Mostly, we sit around and make catty remarks about what you're wearing at home."

"There was a small technical glitch, so we're going to have to restart the show."

"Our next presenter is either a Hollywood movie star, or an auto dealership, ladies and gentlemen Harrison Ford"

"Here's a brief taste of what your four hour writer-less Oscars would look like. Please enjoy Oscar's salute to binoculars and telescopes"

"According to the IMDb our next presenter is the star of the 2010 untitled Nicole Kidman project. Ladies and gentlemen, please welcome, Nicole Kidman."

"Before we spend the next four to five hours giving each other golden statues, let's take a moment to congratulate ourselves."

"To really appreciate [Lawrence of Arabia] you have to see it in widescreen." (while watching the movie on a mobile phone).

Saturday, February 23, 2008

Londonistan


Há duas semanas atrás, o Arcebispo da Igreja Anglicana de Canterbury, Dr. Rowan Williams declarou que o conceito de uma lei para todos era perigoso, e que seria inevitável aceitar certos conceitos da sharia na lei inglesa.
A estúpida declaração gerou protestos na Inglaterra inteira, em jornais, TV’s, rádios. O Arcebispo foi se explicar ao Sínodo que o perdoou, mas mesmo assim até hoje todo dia alguém escreve alguma coisa sobre o assunto, e com razão. Uma declaração dessas vindo do alto escalão da Igreja Anglicana é pavorosa, Orianna Fallaci (que previa a Europa se transformando em Eurábia) deve estar se revirando na tumba.
A coisa, segundo o Sr. Williams é assim: o sujeito espanca a mulher. Se ele é inglês vai para a cadeia. Se ele é muçulmano e explica que a mulher mostrou a panturrilha para o padeiro, ele é absolvido.
É mais ou menos como o Direito Achado na Rua da UnB (aquela “univerçidade” onde o reitor reforma o apartamento com dinheiro público). O cara matou. Mas como ele era do MST, carente, humilde, tá absolvido. A culpa não é dele, é da sociedade.
No caso europeu, as diferenças não são sociais, mas culturais. O tal multiculturalismo tanto denunciado com coragem por Oriana Fallaci é uma armadilha para islamizar a sociedade européia. É possível imaginar que um dia mulheres sejam apedrejadas, homossexuais executados e meninas sofram mutilação genital em nome da multiculturalidade e negando assim os princípios da lei ocidental?
O Arcebispo, que por mim seria excomungado, não é um só. Ele é um sintoma de um mal europeu moderno, a tolerância com o que não deve ser tolerado. A Inglaterra agora aprovou uma lei que concede benefícios sociais às esposas de imigrantes, mesmo se o homem tiver mais de uma mulher e mesmo se o(s) casamento(s) foi (foram) fora da Inglaterra. Ou seja, os espertos estão incentivando a poligamia. Agora todo mundo pode ter um harém que a Rainha paga, mesmo se a lei inglesa proíbe bigamia e derivados. É uma vergonha e uma derrota para a civilização ocidental.
Enquanto isso, cristãos e ocidentais continuam a ser mortos e perseguidos em todos os países muçulmanos do mundo.

Uma semana, filosofia do regresso


Em exatamente uma semana estarei a bordo do vôo KLM Amsterdam-Guarulhos, depois de 8 anos vivendo na Europa, 6 na Holanda.
Minha casa parece atingida por um tornado. Já não encontro meus livros, meus discos, meus filmes, tudo empacotado e embalado. Ando confuso e triste, e ao mesmo tempo ansioso. Nem durmo direito, com um sono agitado e cheio de sonhos estranhos.
Algumas pessoas me perguntam porque diabos eu vou voltar para o Brasil, aquela zona, aquela violência, corrupção, lamaceira, enquanto poderia viver o resto da vida tranquilamente em um dos países com os mais altos índices de desenvolvimento no mundo. Well, cada vez mais eu tenho vontade de dizer que não há nenhuma razão particular para deixar a Holanda, mas que quero buscar minha felicidade mesmo no Brasil.
O Brasil pode ser a jaca que for, mas o fato é que nos sentimos bem lá. Outro dia estava olhando uma mórbida estatística da OMS de suicídios por cada país, e desde já peço desculpa por levantar esses dados. No Brasil são 6.8 suicídios por 100.000 habitantes . Na Holanda são 12.7, na Austrália 17.1, na França 27.5, na Finlandia 31.1. Tudo bem o sujeito querer se matar porque nasceu no Kazaquistão (51.0) ou nos confins da Rússia (61.6). Mas na Austrália? Na Holanda? E no pobre Peru que a taxa de suicídios é de 1.1? Nas Filipinas de 2.5?
Camus disse que a única questão filosófica relevante é o suicídio.
Um cazaque pode se matar por não ter absolutamente nenhuma esperança a que se agarrar. Um finlandês se mata porque não vê mais sentido ou desafios naquele mundo perfeito e imutável que o cerca. Quando o sujeito tem muita coisa, fica deprimido até quando perde a chave do carro. Em me lembro de uma cena no primeiro filme Matrix, onde o agente Smith interroga Morpheus e diz que as máquinas tentaram fazer uma Matrix onde tudo fosse perfeito, mas que falhou miseravelmente por ser tão perfeita. Os humanos, segundo ele, necessitam caos.
Não acredito que eu precise de mais caos do que a minha sala está, mas acho que no Brasil, há tantas coisas pelas quais lutar (inclusive a própria pele em alguns casos), que acabamos dando mais valor à vida, e de certa forma somos mais felizes ou mais conformados por isso.

Para lembrar quem foi na viagem

É ou não é ridículo?

Raulzito


O fato de Fidel Castro, o Coma Andante, ter renunciado é sim um motivo de regozijo a todos os que prezam um mundo livre e democrático. O tirano virou uma peça de museu admirada somente por gente da laia de Lula e Oscar Niemeyer (outra peça de museu), que não ligam a mínima se ele fuzilou milhares de pessoas e exilou outros 2 milhões. Ah, mas em Cuba a medicina é boa e é de graça. Não é de graça não gente, o preço aliás é bem caro, contado em cadáveres fuzilados. Pinochet também fez do Chile uma economia próspera, isso desculpa os crimes que ele cometeu? Fidel e Pinochet são as duas pontas da ferradura, eles se acham muito distantes um do outro mas estão mais próximos do que se pensa. Não passam de canalhas assassinos, loucos por poder.
Cuba agora está nas mãos de Raul Castro, o homem que por mais de uma década já comandava a Economia e o Exército cubanos enquanto seu irmão barbudo fazia discursos de seis horas nas assembléias do partido. Se vocês acham que vai mudar alguma coisa, não vai não. Raulzito e seus amigos verde-oliva embolsam toda a grana que entra do turismo na ilha e do que é exportado pelas empresas estatais, eles não vão largar o osso assim tão fácil.
Há uma idéia tomando forma na mídia de que se os Estados Unidos acabarem com o embargo econômico, o regime cubano acaba junto. Está mais que claro que Cuba não tem saída sem os Estados Unidos.
Gente como Raul Castro pode arrotar ideologia mas gosta mesmo é de uma verdinha no bolso. O próximo presidente americano devia pensar nisso.

Os segredos do abismo















Em 1930, no arquipélago das Bermudas, William Beebe da New York Zoological Society e seu companheiro Otis Barton desceram um quarto de milha no oceano em um veículo recém inventado, a batisfera. Lá de baixo, Beebe descreveu um mundo de escuridão e fosforescência cheio de criaturas fantásticas que segundo ele “it was like the black pit-mouth of hell itself”. Esta história e outras mais aparecem em um artigo da New York Review of Books sobre dois livros recém lançados sobre as profundezas do oceano. The Deep de Claire Nouvians e The Silent Deep de Tony Koslow.
Em 1960, Jacques Piccard a bordo do Trieste bateu um recorde de profundidade na Fossa das Marianas. Lá, a 10.910m ele ainda encontrou vida, mas mesmo assim, desde a descida de Beebe, muito pouco se aprendeu sobre a vida nos abismos oceânicos.

Nós sabemos mais sobre a Lua do que sobre a vida desses animais extraordinários, inteiramente moldados para achar o que comer e quem amar, nas românticas palavras do cientista Marsh Youngbluth.
Estas fotos são do livro de Claire Nouvian, que voltam a nos revelar as maravilhas escondidas no abismo. Poderiam ser de um astronauta distante, visitando alienígenas desconhecidos mas não. São daqui mesmo desse planeta, de um mundo desconhecido porém já ameaçado de poluição, como conta Koslow.
Esses bichos esquisitos e fascinantes nos fazem pensar na imensa diversidade da vida.

Tuesday, February 19, 2008

Les Bienveillantes


Estou chegando de uma viagem ao inferno. Durante um mês estive mergulhado nas trevas destiladas das páginas de um livro maldito e fascinante. Les Bienveillantes (As Benevolentes) é um romance em francês do escritor nascido em New York Jonathan Littel. Lançado no fim de 2006, virou um fenômeno nas livrarias francesas e ganhou o prémio da Academia Francesa e o Prix Goucourt. Em seu livro, Littel mergulha na Segunda Guerra Mundial vista pelo lado dos carrascos através do seu personagem Maximilian Aue, um oficial da SS nazista. Criada para ser a guarda pessoal de Adolf Hitler em 1925, a SS ou Schutzstaffeln se torna uma seita de fanáticos impregnada da ideologia racista do partido nazista que acaba conquistando como um câncer todas as instâncias de poder na Alemanha do III Reich.
Mais de uma vez tive de segurar a vontade de fechar o livro e jogá-lo no fogo para nunca mais o ver pela frente, tal o horror que a narrativa de Littel provoca. Nada de Novo no Front de Erich Maria Remarque torna-se uma fábula boba comparado à repugnância que Les Bienveillantes provoca.
O livro é dividido como antigas músicas alemãs em Toccata, Allemandes I e II, Courante, Sarabande, Menuet (en Rondeaux), Air e Gigue como uma dança macabra, uma espiral de loucura e morte que arrasta personagem e leitor juntos.
Maximilian Aue é doutor em direito, e Hauptsturmanfurher da SS. Suas neuroses e traumas como o ódio pela mãe, a obsessão sexual incestuosa pela irmã gêmea, a falta do pai, o próprio homossexualismo vão aos poucos aparecendo e crescendo até que finalmente Aue, que no princípio se diz ser um homem calmo e refletido se torna um piscopata assassino, nas suas palavras, apanhado pelas Bienveillantes (As Fúrias da tragédia de Ésquilo).
O livro começa com a limpeza étnica promovida pelas SS na Ucrânia após a ofensiva alemã no leste em 1941. Aue é colocado como observador dos Einsatz gruppen, grupos de extermínio trabalhando atrás das linhas do front. Ele descreve os fuzilamentos dos prisioneiros judeus à beira das fossas comuns, os cadáveres empilhados, os primeiros caminhões preparados como câmaras de gás, os enforcamentos. Em uma passagem particularmente terrível, um SS arrebenta contra um fogão o crânio de um bebê recém nascido salvo do ventre de uma mãe fuzilada em uma aldeia ucraniana. Aue é em seguida enviado ao front em Stalingrado. Entre o frio, a fome, a diarréia, os vômitos e os bombardeios diários, ele descreve o horror total dessa cidade fantasma, onde a morte reina. Ferido mortalmente, o narrador é salvo por milagre e enviado de volta à Alemanha onde é condecorado. Lá ele irá inspecionar os campos de concentração e extermínio com a função de estudar a ração dos prisioneiros usados como trabalho escravo. É preciso que eles não morram antes de terem sido aproveitados como força de trabalho mas que também não representem um rombo nas finanças do Reich. Em Berlim, os bombardeios aliados aumentam a cada dia e a cidade afunda em ruínas e incêndios. A Alemanha recua em todos os fronts e Maximilian Aue se vê cercado por russos e obrigado a bater em retirada pela Pomerania, observando no caminho os últimos judeus dos campos de concentração sendo evacuados, caindo mortos pelo caminho ou sendo fuzilados por não agüentarem o passo. As vilas alemãs são invadidas e destruídas pelos russos que estupram mulheres e crianças no caminho. Maximilian Aue termina chegando em uma Berlim completamente destruída, com um passado a ser apagado e esquecido.
O livro exuda sangue, putrefação e excrementos em todas as suas mais de novecentas páginas.
Agora porquê eu leria um troço desses de livre e espontânea vontade sem ser um sado-masoquista ?
Primeiro porque é um livro extremamente bem escrito e bem documentado, e eu não gosto nem de imaginar o que o autor sofreu em dois anos viajando e revirando arquivos alemães e soviéticos em busca de uma base histórica para o romance.
E em segundo, porque eu me interesso pelas raízes do Mal. Pela mesma razão li a Corte do Czar Vermelho de Simon Seabag Montefiore, apesar de que este é um livro narrado de uma forma sóbria e com uma perspectiva histórica dos fatos, e não com a emoção visceral da narrativa de Littel.
Em Les Bienveillantes, a personagem principal começa dizendo Frères humains, laissez moi raconter…Irmãos humanos ? Sim, a história do holocausto não foi obra de demônios de outro mundo, embora seus feitos sejam demoníacos, mas de homens e mulheres comuns, que em outros tempos seriam advogados, funcionários e padeiros mas que por um passo infeliz acreditaram ou foram coniventes com uma ideologia assassina. O próprio Jonathan Littel diz que uma história parecida poderia ser ambientada na Rússia, no Rwanda, em tantos outros lugares. Mas alguém poderia dizer, ah mas eles eram negros ou chineses. Então ele escreveu sobre o Holocausto, o maior dos crimes, que aconteceu aqui mesmo no coração da parte supostamente mais civilizada do planeta.
Por ocasião do julgamento de Eichmann em Jerusalém, Hanna Arendt nos fala da banalidade do mal. Para quem esperava um monstro no tribunal, ali estava um velhote com ares de funcionário zeloso, dizendo que só o que ele queria era trabalhar pelo bom desempenho da missão que lhe confiaram, sem se imaginar responsável pela morte de 6 milhões de pessoas.
No livro fica bem claro que a imensa rede burocrática entre as diversas instâncias do Partido e da SS fazia todos serem culpados, mas ao mesmo tempo deixava a impressão de que o indivíduo em si não tinha nada a ver com aquilo já que ele estava apenas obedecendo ordens.
E assim, uma nação inteira delegou seu senso de responsabilidade, às vezes voluntariamente, às vezes contra as próprias convicções, à um bando de dirigentes completamente amorais em busca de um suposto e brilhante futuro comum. Um futuro que o nazismo previa livre de raças inferiores e que o comunismo prevê livre de divisões de classe.
O mal pode ser banal quando esquecemos que a linha última que separa barbárie e civilização está em cada indivíduo. Em um determinado momento, somos nós os últimos responsáveis pelas consequências de nossos atos.

Monday, February 18, 2008

Pede pra sair Urso!


O Capitão Nascimento pegou geral em Berlim e Tropa de Elite levou o Urso de Ouro do festival. Há uns dias o crítico da Variety tinha rotulado o filme de José Padilha de fascista, como a crítica brasileira já tinha feito na época do lançamento do filme no Brasil.
E porque um filme tão popular é tão mal visto pela crítica politicamente correta, que o impediu inclusive de entrar na corrida para o Oscar? A crítica na Veja também pergunta: Mas em que consistem, afinal de contas, os "pecados" de Tropa de Elite? E responde:
Em mostrar que o caminho do crime é uma opção individual, que os consumidores de drogas da classe média são cúmplices dos traficantes e que, sim, existem policiais honestos – os quais, desamparados pelo estado corrupto e omisso, são obrigados não raro a descambar para a truculência até por razões de sobrevivência.
É isso assim tão absurdo? Não é. Quem viu sabe que é verdade. E a esquerda politicamente correta que acha que todo crime tem causas sociais vê que o Capitão Nascimento arrebenta sua tese, e por isso esperneia. Fanfarrões...

Grazie San Lorenzo


Gustave Gusteau, o chef de cuisine guru do ratinho Rémy em Ratatouille dizia quem aprecia a cozinha nunca estará longe de boa comida. Uma verdade bem acertada para um chef de desenho animado. Todo mundo que gosta de cozinhar gosta também de ter um convidado que sabe apreciar o que lhe é servido, e quem gosta de comer sabe apreciar a arte que é a criação de um prato. E por isso estamos sempre convidando e sendo convidados a experimentar pratos e receitas diferentes.
Em nosso périplo de despedidas pela Holanda, passamos esse domingo em Brabant na casa da Helena, prima da Juliana e que, per amore, também veio coincidentemente parar aqui na Holanda. Ela é certamente uma das pessoas mais bonitas e agradáveis que conheço, e com quem compartilhamos o gosto pela cozinha e pela gastronomia. Elas nos recebeu com uma tarte tatin, receita de torta francesa onde as maçãs ficam por baixo e a massa fica por cima na hora de assar. Deliciosa.
E depois, salada com mousse de salmão e molho de raiz forte (com champagne), coquille saint jacques (vieira) com risoto de champignons e molho branco (com chardonnay branco), saltimbocca romana com sugarsnaps e purê de abóbora (com um syrah australiano). De sobremesa, coalhada com mel e manga marinada em suco de tangerina e gengibre (com café expresso e cognac). Quem disse que a vida não é bela ? Félicitations à la cuisinière. E para lembrar uma tradição francesa, o melhor assunto à mesa é falar sobre comida. Sinceramente espero continuar com essa mania.
Lembrei-me agora de outro filme, água com açúcar porém simpático intitulado Sob o Sol da Toscana. A personagem, uma americana em busca de romance acaba comprando um velho sobrado na Toscana e tem que reformá-lo inteiro. Um amigo italiano lhe dá de presente uma imagem de San Lorenzo para que ela ponha na cozinha.
Diz a lenda que San Lorenzo foi amarrado sobre uma fogueira por soldados romanos. Depois de um certo tempo de martírio ele pediu aos soldados que o virassem porque o seu outro lado estava ficando mal passado. San Lorenzo virou o santo dos cozinheiros, e sua presença na cozinha é indispensável para ter a a mesa sempre cheia de amigos.
Ainda não tenho uma imagem do santo em casa, fica para a minha próxima cozinha. O importante é que nesses anos todos ele nunca me falhou, se não estava lá em imagem com certeza estava em espírito.

Saturday, February 16, 2008

Fascismo Liberal


Na minha vã filosofia, imaginava que num país civilizado, a imprensa e a universidade fossem setores da sociedade cujo acesso privilegiado à informação desse aos indivíduos que vivem nesse meio um maior discernimento da realidade política no país.
No Brasil parece ser o contrário. A grande maioria de nossos professores, estudantes e jornalistas ainda vive como se estivéssemos na ditadura, os oprimidos contra os opressores. O meio acadêmico e a imprensa estão infestados de esquerdopatas jurássicos capazes de defender e legitimar o assalto organizado que o PT promoveu no governo. Não é gente analfabeta não, são doutores diplomados como Marilena Chauí, Rose Maria Muraro, Luiz Nassif, Emir Sader, Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassif e tantos outros professores e jornalistas dispostos a beijar a mão de Lula como Lula beijou a de Jader Barbalho.
A questão não é só ideológica, um indivíduo ingênuo pode ser de esquerda e ser honesto. O problema é que essa gente, justamente a que tem informação em primeira mão está definitivamente empenhada em justificar e até negar os crimes do PT. É ser muito pelego.
Liberal Fascism, um livro do colunista da Economist Jonah Goldberg foi recém-lançado nos Estados Unidos, e já foi muito malhado antes do lançamento só por causa do título. A esquerda americana acha uma absurdo sustentar que o fascismo é a esquerda (e não a direita) no seu extremo. Goldberg mostra que a obsessão pelo estado centralizador (state worship), essa mania que querer que o Estado interfira na vida e nas atitudes de cada um e o autoritarismo do politicamente correto são manias fascistas persistentes na filosofia de esquerda hoje. Inclusive na esquerda brasileira. Uma leitura recomendável aos nossos acadêmicos e intelectuais.

Holanda


Sentiremos falta da Holanda. Vivemos felizes aqui por seis anos, mas como disse Pablo Neruda uma vez, não se pode viver muito tempo longe do lugar onde nascemos.
Tínhamos aqui uma casa de cem anos de idade e 50m2, pequena mas aconchegante e que sempre teve espaço para amigos e risadas. Aqui fizemos muitos jantares com receitas improvisadas e ingredientes desconhecidos, mas que saíram gostosos.
A Holanda nos deu muita coisa. Uma paisagem linda feita de casas de boneca, flores, campos e canais. Bicicletas e nenhum morro para subir. Arte e arquitetura. A Holanda tem quatro estações de verdade! Primavera de tulipas, verão que deu até praia, outono e suas cores, invernos com gelo e neve e muitas noites assistindo filme debaixo do cobertor. Na Holanda ainda tem stroopwaffels, Sinterklaas e Zwarte Piet, Heineken e Grolsch, mexilhão com batata frita e batata frita com maionese, Van Gogh, Rembrant, Vermeer e tantos outros, arenque cru, croquete, pannenkoeken, moinho, speculaas, patins no gelo, diques e canais, tamanco, vaca branca e preta, queijo, bicicleta, rainha, dia da rainha, princesa argentina, bal gehakt, restaurante da indonésia, muito vento, poffertjes e stroop, Sonja Bakker, big brother, mulher na vitrine, coffee shop, Albert Heijn, camisa alaranjada, Johan Cruijff e muito mais.
A Holanda nos deu também esse senso de humanidade que sentimos ao cruzar na rua uma muçulmana coberta com seu véu e em seguida um punk com cabelo roxo e piercings espalhados pelo corpo e depois duas mulheres se beijando e achar aquilo tudo muito normal.
Não fizemos fortuna e fama (não muita), mas as lembranças que levamos dentro de nós ninguém nos tira. Sentiremos falta da Holanda sim, e principalmente de nossos amigos holandeses e brasileiros exilados, e de todas as outras nacionalidades que conhecemos. Foram eles que fizeram nossa vida longe da família mais fácil esses anos todos. Tot ziens Nederland.

Algumas considerações sobre o dia dos namorados

Fomos a um restaurante chique, como gostamos de ir de vez em quando para comemorar alguma data romântica. Eu comi peito de pombo selvagem com ameixas e molho de vinho do porto, e depois tournedos de filé mignon com queijo blue stilton gratinado. Ela, sopa de alho porró e lombo de cordeiro na mostarda e ervas. Um de nossos maiores prazeres é o de compartilhar juntos novas descobertas gastronômicas, dentro e fora de casa. O Herald Tribune traz uma reportagem interessante e engraçada sobre casais de carnívoros e vegetarianos tentando conciliar gostos e filosofias. Seria eu capaz de namorar uma vegetariana? Hum, difícil, mas quem sabe. O amor é capaz de vencer barreiras muito piores, de raça, religião, classe, nacionalidade... Amar é escolher, e quem escolhe uma coisa renuncia a outras. As vezes renuncio a assistir um filme de guerra por uma comédia romântica. Na semana que vem a gente troca. C’est la vie.

Vi na TV a entrevista de dois tipos que andam fazendo um sucesso imenso nos Estados Unidos, homeland da auto-ajuda. Mystery e Matador, esses dois com cara de cabelereiros das estrelas, são especialistas no que eles chamam de Venusian Arts, um método inventado para atrair mulheres bonitas para sua cama. Os dois garantem que qualquer bundão que siga as regras deles (e obviamente comprem os livros e dvd’s e inscrevam-se nos cursos) é capaz de se tornar um Don Juan. Clientes é que não faltam. A filosofia básica é que a mulher tem que acreditar que você é o rei da cocada preta e caiu na rede é peixe, bateu na área é gol. Se eu tivesse quinze anos compraria o livro. Hoje eu acho que uma mulher capaz de ser seduzida pelo Mystery ou pelo Matador é a última no mundo com quem eu sairia.

A única regra que deveriam nos ensinar quando começamos a namorar é que o nosso órgão sexual mais ativo é o cérebro. Seja uma pessoa interessante e imediatamente você ganha atenção. A descoberta de uma moeda antiga revelou que Cleópatra era uma baranga, e mesmo assim deixava os imperadores romanos de joelhos. Frida Kahlo era outra feiosa capaz de seduzir homens e mulheres. E Serge Gainsbourg com Brigitte Bardot e Jane Birkin? Dá pena ver quem tem um namorado ou namorada que só serve para ser mostrado , como certos jogadores de futebol e suas modelos, atores e atrizes, atrizes e bombeiros. Quando os flashs somem é que eles percebem que não tem nada a se dizer.

Thursday, February 14, 2008

Tuesday, February 12, 2008

Grammy 2008


Duas performances imperdíveis do Grammy desse ano. Para quem não viu:

Alicia Keys e Frank Sinatra

http://www.youtube.com/watch?v=EjY0_H2zv8Y

Beyoncé Knowles e Tina Turner

http://www.youtube.com/watch?v=5dsVXIypwos

Esperto...


Vocês acham que eu sou muito inteligente escrevendo esse monte de coisas aqui, mas ontem tranquei a chave dentro do carro pela sexta vez (em três anos)...

Oh dia, oh céus, oh azar...

Sunday, February 10, 2008

Thanks Disney


Li na Time uma história contada por Friend Schickel em seu livro The Disney Version. Ele dizia que Nelson Rockefeller, dono do Radio City Music Hall aporrinhava Walt Disney dizendo que a cada vez que eles exibiam desenhos da Disney as crianças faziam tanto xixi nas calças de medo que ele tinha que trocar regularmente os estofados das poltronas. Lembrei disso quando minha sobrinha se recusou a entrar no assustador trenzinho da Branca de Neve na Wonderland da Eurodisney. E quem aí não ficou aterrorizado com o Bambi vendo a mãe morrer? E o Dumbo se perdendo da mãe? E Penny de Bernardo e Bianca trabalhando como escrava para a madrasta malvada?
Todos esses medos criados pela fantasia dos desenhos no entanto são extremamente úteis no desenvolvimento emocional de crianças. A crítica da Time sobre Pinocchio por exemplo dizia que esse filme expressava a tese de que uma criança ainda não é humana enquanto não aprender a ser livre e agir com generosidade espontânea. Bambi e Dumbo alertam sobre os perigos de se separarem dos pais.
Ainda assisto de vez em quando os desenhos da Disney no domingo de manhã, exatamente como há 25 anos atrás. E os prefiro muito mais do que esse sem gracismo da computação gráfica ou que esses horríveis desenhos japoneses.
Thanks Disney. Só escrevi isso porque achei essa pérola no You Tube, Steam Boat Willie, o primeiro desenho do Mickey de 1928:


Traficantes e babacas


Um reportagem de John Carlin no The Guardian revela com clareza o que todo mundo já sabia. As FARC estão operando em território venezuelano com a conivência das forças militares deste país que se tornou a maior plataforma de exportação de cocaína da América do Sul. Da Venezuela, a cocaína é levada ou para o Caribe ou para a África Ocidental, e de lá para a Europa pela península Ibérica. Em troca do dinheiro da droga, Hugo Chávez vende armas aos guerrilheiros e espalha seu veneno ideológico bolivariano pelo continente. Em uma outra assustadora reportagem no Globo, Hugo Chávez diz querer unificar as Forças Armadas no continente. E pior, disse que Lula estava de acordo para criar um Conselho de Defesa Sul Americano. E tem gente que ainda acha que o Olavo de Carvalho é biruta e que o Foro de São Paulo é uma invenção dele. Imaginem Hugo Chávez com um imenso exército equipado com grana do petróleo e do tráfico querendo impor o socialismo bolivariano à força no continente.
E não tem uma miserável voz que se faça ouvir em Brasília denunciando essa sandice.
Chávez transformou o país que poderia ser o mais rico desse continente em um narco-estado violento, protetor de bandidos e sequestradores, cuja população vive sob mordaça. E tem gente que acha ele bacana, olha o Sean Penn passeando com ele. Oliver Stone disse que o sujeito é um “grande homem”. Não bastasse a súcia esquerdista que já temos por aqui, só nos faltavam esses petralhas importados hollywoodianos. Também querem um pobre para chamar de seu. Babacas.

Un Long Dimanche de Fiançailles


Assisti de novo ontem esse filme que adoro, mas cujo nome em português desconheço. O périplo de Mathilde em busca de seu noivo Manech sumido depois da Grande Guerra é uma história de amor e guerra cruel mas ao mesmo tempo doce e sensível. A cena onde Manech acende e apaga fósforos para ver Mathilde se descobrindo é para mima uma das mais românticas que já vi no cinema. Jean Pierre Jeunet e Audrey Tatou repetem a dose de talento que fez tanto sucesso em Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain. Imperdível.

Consciência negra


Churrascaria, free-shop, materiais de construção, açougue, academia de ginástica, padaria, camelô, hotel cinco estrelas e mais 45 milhões sacados na boca do caixa, sem deixar rastro. Ter um cartão-mamata do governo federal realmente é priceless.
Você também está se sentindo um otário?
Você também não queria ter um cartãozinho mágico para pagar todas as suas despesas emergenciais?
Vai que você está andando na rua e de repente aparece uma emergência, é o aniversário do seu cunhado e ele tá duro. Opa, olha o cartãozinho, vai rolar a festa, o povo do gueto mandou avisar, é emergência, é emergência!
Peraí, ninguém tinha me falado desse portal da transparência, quem inventou isso?
A lambança com o cartão corporativo não é só mais um deslize de aloprados. É um sintoma da doença chamada petismo que tomou conta do poder no Brasil. Essa doença que justifica qualquer crime porque eles supostamente estão ali pelo bem do povo. Essa doença que dá uma vontade incontrolável de aproveitar a mamata enquanto puderem, enquanto estiverem no poder. É o fundo do poço da canalhice moral. E aí quando a lambança começa a aparecer nas páginas dos jornais o manual do gabinete de crise petralha indica os seguintes 5 passos:
1. Vamos escolher qual companheiro mané será sacrificado dessa vez, ah manda a negona embora, ela não faz nada mesmo;
2. Eles ainda estão pegando no pé, vamos proibir a divulgação disso e dizer que é pela segurança nacional;
3. Vamos falar que os tucanos fazem a mesma coisa, mesmo se é mentira;
4. Pede uma CPI aí com orégano e borda recheada;
5. Arrumem outro escândalo aí pro pessoal esquecer esse.
E a consciência companheiro, como anda?

Saturday, February 09, 2008

Freeconomy


Mark Boyle era um dotcom businessman inglês de 28 anos. Certo dia cansou dessa vida capitalista de viver em função do dinheiro e imaginou como seria uma sociedade que voltasse a viver mais em pequenas comunidades e que desistisse da idéia de dinheiro. O ídolo de Mark Boyle é Gandhi. Para provar a viabilidade de seu projeto, Mark decidiu viajar a pé de Bristol a Porbandar na Índia, terra natal do Mahatma, sem um penny no bolso, com um par de sandálias e umas camisetas. Para chegar lá ele vai ter que pegar uma balsa na Inglaterra, atravessar a Europa, cruzar os Balkans, a Turquia, o Irã, o Afeganistão e o Paquistão.
Mark Boyle, codinome Saoirse, diz ter fé na humanidade. Ele quer oferecer seus serviços durante o caminho em troca de hospedagem ou comida. Ele faz parte de uma comunidade de 3.600 pessoas chamada Freeconomy cujo objetivo é eliminar o dinheiro de circulação a fazer com que as pessoas voltem a viver a vida comunal partilhando o que têm umas com as outras, talento, idéias, comida, terra o que mais elas puderem. Peace brother. Pol Pot também sonhava com uma vida assim.
Não sei porque quando eu escuto esse discurso eu penso naquela molecada piolhenta e suja vestida de Bob Marley que encontramos vagabundeando em quase todas as praças européias. Digamos que o dinheiro fosse efetivamente eliminado de circulação. Voltaríamos ao escambo. Uma roça arada por dois sacos de sal, um quilo de feijão por uma dúzia de ovos, sua mulher por um camelo. As pessoas precisam dos talentos umas das outras, e dinheiro foi inventado justamente para facilitar a vida padronizando essas transações. Agora se vivemos em função dele é sinal de que algo andou errado.
Gandhi previa que a modernidade seria um desastre para a vida comunal. Ele não queria nem linhas de ônibus porque dizia que as pessoas viveriam viajando entre vila e cidade para trabalhar e sem tempo mais para pensar.
Infelizmente não podemos andar para trás. Não voltaremos tão cedo a viver em aldeias e sem dinheiro mas podemos aproveitar outras coisas que Gandhi ensinou. Nossa vida seria bem melhor se tivéssemos mais compaixão, honestidade, amor ao próximo. Usar ou não usar dinheiro, viver na vila ou na cidade, não faria grande diferença nesse caso.
Eu desejo boa sorte ao Mark na sua viagem e até lhe daria um sanduba se ele passasse por aqui. E para quem quiser conferir:

Clustr Maps


Quando instalei o Clustr Map aqui neste blog não me avisaram que ele era zerado todo ano. Tudo bem, é engraçado ir vendo os pontinhos vermelhos aparecendo pelo mundo.
Esse aqui é o último mapa antes de ser zerado. Ele me diverte por duas razões. Primeiro fico imaginando os navegadores que andam lendo essas páginas pelo mundo. Por ser um blog escrito em português, fico feliz de ter leitores na ilha da Madeira, nos Açores,em Portugal, Angola, Moçambique e obviamente no Brasil. Acho que tenho até um em Macau... Mas também muitos na Europa e nos EUA. Mas não sou tão popular assim em Madagascar e na Mongólia. O que me leva a pensar que o mapa também dá uma idéia da distribuição de computadores e conexão de internet pelo mundo. A conclusão é que este blog é muito visto ou onde há muitos computadores ou onde alguém fala português. Ou os dois. O Brasil e a Europa estão no hit parade, agradecimentos ao distinto público. Mas será que tem mesmo algum brasileiro no Alaska ou na Islândia? Tenho uma grande amiga que mora na Rússia por exemplo. Aquela bolona lá em cima de Moscou eu espero sincerament que seja ela, porque senão eu provavelmente ando sendo vigiado pelo pessoal da Lubianka de tanto que eu falo mal do Putin. Agora na Arábia Saudita eu não conheço ninguém , e como eu meto o pau na galera do Osama também deve ser mais algum jihadista internauta me vigiando...E a Venezuela, duas bolinhas? Decepção...e olha que eu me esforço para espinafrar o Chapolin... Bem, o mapa foi zerado, agora vamos começar de novo. Se eu tivesse tempo para isso postaria traduções simultâneas na língua de quem eu estou falando mal, só pra ver bolinha vermelha aparecendo pelo mundo.

Thursday, February 07, 2008

Fotos insólitas 2007

















Algumas das melhores fotos de 2007 da L'Express.