Friday, September 21, 2007

I'll be back


A man’s mind


Uma amiga me enviou este ótimo artigo da Pyschology Today sobre a natureza humana.
É interessante notar que apesar de todos os avanços da civilização, muito do nosso comportamento ainda é guiado pelo nossos atávicos instintos animais, principalmente aqueeele que só faz a gente pensar naquiiilo…
Os Phd’s Alan S. Miller e Satoshi Kanazawa que assinam o artigo fazem uma lista de verdades politicamente incorretas sobre nossa natureza. Segundo eles, homens preferem as loiras porque cabelos brilhantes querem dizer mais saúde. Pelo mesmo motivo preferem as mais jovens, e as que tem cintura pequena e quadril largo, que são características de boas reprodutoras. Enquanto isso as mulheres preferem homens com status e poder, capaz de sustentá-las e protegê-las. Isso explica porque nas sociedades mais atrasadas um homem rico pode ter várias mulheres. As mulheres se conformam porque é melhor ter uma fração de um homem rico do que um pobre inteiro. E os homens se entregariam a guerras e competições de todo tipo só para ter a atenção das fêmas. Um muçulmano pobre e solteiro que não tem sexo nenhum estaria também muito mais tentado a se explodir só pela possibilidade de conseguir 72 virgens no paraíso.
O artigo extraído do futuro livro dos dois realmente é engraçado e interessante. Foi feito para provocar (existem várias outras razões para um atentado suicida), mas apesar disso existe um óbvio fundo de verdade em tudo o que eles contam, Freud já explicava.
Como adolescente eu era mirrado, de óculos, sem dinheiro nem carro, quieto e sem um físico de matador ou qualquer habilidade esportiva. Ou seja, um fracasso total e absoluto com mulheres. Só me sobrava um cérebro que funciona razoavelmente bem, mas o esforço de convencer uma mulher a sair com você só porque você é inteligente e simpático é demasiado longo e trabalhoso para qualquer adolescente com hormônios à flor da pele, e em consequência uma eterna fonte de frustração. Tive que entrar na universidade, no time de rugby, operar a miopia e juntar dinheiro para melhorar a minha situação. A beleza da monogamia está no fato de que até eu pude achar minha cara-metade...

Ah, as mulheres não sabem o poder que tem nas mãos. Em torno delas gira todo o universo masculino, tudo o que criamos e destruímos. Como disse o Coronel Frank Slade em Scent of a Woman, “between their legs there is a passport to heaven”.
Para ficar no campo antropológico, macacos bonobos, que são geneticamente 98% iguais ao homem copulam umas 80 vezes por dia, sem discriminar idade ou aparência. O resultado é que a sociedade deles é muito mais pacífica do que a dos primos chimpanzés, competitivos e agressivos como humanos. Ok, não somos macacos nem quero que isso vire um zoológico, mas no meu ponto de vista o mundo seria bem melhor com um aproach diferente entre os sexos.
Todo mundo se lembra da cena do filme A Beautiful Mind, onde John Nash diante de uma loira boazuda e suas amigas no bar tem o estalo da teoria matemática que lhe daria o prêmio Nobel. Nash pensou que se todos os homens fosse direto na loira apenas um deles seria beneficiado, já que as outras não iam querer ser a segunda escolhas. Mas se todos fossem cada um em uma das amigas da loira todos se dariam bem.
Ou seja, como dizia um amigo, exímio rebocador de barangas, toda mulher tem lá a sua graça. Caiu na rede é peixe e entrou na área é gol. E mulheres, que já sabem viver e se sustentarem sozinhas deveriam aprender como Carrie Bradshaw a fazer sexo como homens, sem frescuras.
Dêem chances aos pobres machos feios e sem um Porsche, que sonham em reencarnar como bonobos. O mundo será muito mais pacífico assim, faça amor não faça guerra.

Tuesday, September 18, 2007

Gira mundo


Minha vida anda precisando de sossego…estive ausente deste blog e vou ter que ficar fora alguns dias mais… E há tanta coisa para escrever, tantos livros para ler, tantos filmes para ver…Assim fica difícil.
Recebi várias visitas em casa, da Holanda fui à Paris e voltei, embarco para o Brasil a trabalho no próximo fim de semana onde passarei por Goiás, Minas, São Paulo e Mato Grosso do Sul, volto para a Holanda e vou a Alemanha… Lá pelo fim de outubro terei um fim de semana sossegado de novo se não tiver um infarto antes…Ou se um dos dez voôs da TAM que eu for pegar não cair no Araguaia ou não se estabacar no prédio de puteiro construído na frente de Congonhas. Aliás, como diz aquele email que circula por aí, 374 mortos por causa do apagão e o único preso até agora foi o dono do puteiro.
Uma empresa aérea do Nepal sacrificou bodes ao deus hindu do ar para ajudar a resolver problemas técnicos das aeronaves. Vou sacrificar alguns bodes pretos ao Padre Cícero para que Lula e Renan saiam do governo e o Milton Zuanazzi da Anac.
Falando em aviões caindo, Osama reapareceu e eu gostaria de saber se ele usou Grecin 2000 para pintar a barba. Elke Maravilha, esta sumidade intelectual, disse que Osama era o Cristo do Novo Milênio. Eu acho que Osama virou taxista em Nova Iorque. Teorias da conspiração dizem que a CIA criou um clone e usa o Osama cover para que a Al Qaeda continue apavorando o planeta e os republicanos ganhem eleições. Em ‘‘Sobre o tempo e as estrelas’’ de Arthur C. Clarke, há um conto de ficção científica sobre com um homem em um traje espacial consegue se esconder em um asteróide e fugir do mais possante cruzador da frota estelar. Me lembra Osama nas cavernas se escondendo dos satélites, dos caças Stealth e dos Black Hawks americanos.
Espero comprar o novo livro de Ali Kamel no Brasil, estou curioso para lê-lo. Para mim é um dos jornalistas brasileiros mais inteligentes da atualidade. Por enquanto estou terminando de ler a ‘‘History of the Arab People’’ de Albert Hourani. Interessante. Por mais inconciliáveis que pareçam hoje, judeus, cristãos e muçulmanos traçam suas origens ao mesmo patriarca, Abraão. E Hourani conta como conviveram em harmonia nos primórdios do Islã, da Andaluzia a Israel, intercambiando cultura, referências religiosas e negócios.
E a França que era contra a invasão do Iraque agora ameaça o Iran com guerra. Sarkozy está dand umpouco de ânimo à França e à Europa por tabela, os comunistas daqui estão se roendo de inveja. E os comunistas do Brasil conseguiram de alinhar com Sarney para defender Renan Canalheiros. Isso é que é um partido da ética…Deve fazer parte da estratégia deles, esculhambar o Parlamento para que o povo desista da democracia e adote o estilo messianismo ditatorial venezuelano.
Chávez anunciou agora que as escolas que não ensinarem o socialismo bolivariano nas escolas serão fechadas. Eu fui na Disneylandia levar uma sobrinha no fim de semana passado. Uma vez li um artigo no El País de um intelectual esquerdista espanhol dizendo que a Disneylândia era uma coisa horrível que estimulava sonhos tontos de crianças tontas. O que não passa no filtro ideológico vermelho não é bom para as criancinhas. Eles é que sabem o que é bom. Há uma reportagem em fotos na L'Express sobre os horrores a que são submetidas as crianças chinesas treinando para serem campeões em esportes olímpicos. Na ótica comunista devem estar bem mais felizes do que as que eu vi na Disney.
Enfim, eu rodo o mundo e o mundo parece que volta para trás…Parem que eu quero descer!

Monday, September 10, 2007

Malandro é malandro e mané é mané


Malandro: vende camiseta à la Che Guevara da guerrilheira holandesa e ganha uma graninha
Mané: compra camiseta e quer se inscrever na guerrilha
Telegraaf 10/09: podem haver mais 22 estudantes estrangeiros combatendo com as FARC na Colômbia.

Friday, September 07, 2007

Independência ou morte


Há 16 anos atrás, Fernando Collor de Melo pediu aos brasileiros que saíssem às ruas de verde e amarelo. Saímos todos de verde amarelo e preto, em luto contra um governo corrupto e imoral. Eram tempos de grandes esperanças, do fim da ditadura, da queda do Muro de Berlim, da abertura da economia. Nosso Parlamento ainda tinha líderes como Ulysses Guimarães, e eu tinha apenas 16.
No início da faculdade, as contas da nossa república de estudantes onde eu vivia tinha as contas todas dolarizadas por causa da inflação de 100% ao mês. E uma linha telefônica alugada que era caríssima. Vieram Itamar, o Plano Real e FHC. O fim da inflação significou para muitos uma porta de saída da pobreza, e as privatizações finalmente diminuíram o tamanho do Estado e contribuíram para a modernização do país. E hoje quem é que não tem um celular ? Vale a pena lembrar que foram as reformas feitas nos anos FHC às quais o PT sistematicamente se opôs que contribuíram para a estabilidade econômica de que hoje o governo usufrui.
Depois de tanto tempo parece que ainda não aprendemos nada.
A cúpula do partido do governo está no banco dos réus por formação de quadrilha, entre outros crimes.
O esquerdismo bocó quer rever a Lei da Anistia e ampliar a bolsa ditadura da qual até o presidente se beneficia. Até gente que era feto durante a ditadura já ganhou direito a indenização do governo.
O governo tem hoje 1 milhão de funcionários públicos contratados, e o serviço ó…
O PT quer que a Vale do Rio Doce seja re-estatizada. O Governo quer controlar as telecomunicações de novo, e outros “setores estratégicos”.
Vão criar uma TV pública e querem que a censura volte.
Asfixiam a economia com uma carga tributária escandinava para devolver um serviço africano ao povo.
E com a economia asfixiada não há crescimento, não há empregos, e o povo tem que depender do assistencialismo do governo, preocupado em ganhar votos.
É impressão minha ou estamos caminhando para trás ?
O PT está criando uma geração de Estado-dependentes. Essa estratégia se enquadra perfeitamente na ideologia esquerdista pensa que o Estado Socialista é que deve guiar o povo rumo ao futuro, já que este seria incapaz de fazê-lo sozinho. O PT acha que tem a chave do ideal coletivo do povo brasileiro. A verdade é que ele tem a chave do totalitarismo.
Um artigo do economista Paulo Guedes que li há algum tempo atrás citava Jean-François Revel, em “A democracia contra si mesma: o futuro da onda democrática” (1993): “É um erro criticar as democracias modernas pela falta de um ideal coletivo. Ao contrário, isso as enobrece. Um indivíduo necessita de um ideal coletivo quando é incapaz de escolher o seu próprio ideal. Todo o processo de evolução do Ocidente tem sido o de fazer um indivíduo livre para ser o autor de seu próprio destino. A democracia permite o nascimento de homens livres, mas apenas homens livres permitem à democracia durar.”
É o que penso. O 7 de setembro hoje é dia de Independência ou morte. Verde amarelo e preto.

Wednesday, September 05, 2007

Rugby World Cup 2007


Vai começar! Sexta feira, França e Argentina dão o pontapé inicial da Copa do Mundo deste formidável esporte bretão, que já me custou uma cirurgia de ombro...
Sou pela França nessa, os fãs do futebol que me desculpem. Primeiro porque o jogo é contra a Argentina, e segundo por razões sentimentais. Foi na França que assisti minha primeira Copa de Rugby em 99, cantando a Marseillaise e tudo. E ainda sou fã da rugby francês, pelo menos aqui nesse hemisfério.
E depois que o Brasil promoveu aquele vergonhoso espetáculo no Mundial de futebol no ano passado faço votos para que o rugby progrida rapidamente no Brasil. Espero no futuro torcer para a seleção em um esporte um pouco menos tedioso do que futebol.
Dessa vez é Allez les Bleus mesmo. E esse é o cara: Sebastién Chabal, o Neandertal.
Se eu visse ele na rua provavelmente mudaria de calçada. Em um campo de rugby eu preferiria estar morto. A conferir nessa sexta!!

Eillen, a guerrilheira


Eu já quis ser guerrilheiro. Mas eu tinha 10 anos e meu filme preferido era Rambo II. A capa do meu caderno era o Che Guevara. Bem, eu cresci e tomei juízo, não é? Felizmente, mas tem gente que não toma. A idéia que a juventude tem da guerrilha é de um romantismo especialmente apelativo para adolescente sem causa e sem cérebro. Imagine sair por aí guerreando pela liberdade, libertando oprimidos... Outro dia vi em um aeroporto espanhol um cartaz com as fotos dos ETArras procurados por terrorismo. Todos com cara de 20 e poucos anos. Jogar pedra na polícia deve ser mesmo mais divertido do que estudar e arrumar emprego. O problema é que quando não se tem uma causa própria é preciso achar uma. E como eu já disse antes, o terceiro mundo virou a Disneylândia da garotada européia. Adoram uma favela, querem usar havaianas e camisa de futebol o dia todo e achar um pobre para chamar de seu.
Eillen é o nome de guerra de uma holandesa que resolveu entrar para as FARC. Hoje em dia deve ter também seus vinte e poucos anos a julgar pela foto que apareceu essa semana nos jornais. Se ainda vivesse na Holanda provavelmente estaria aqui vestida de preto com cabelos roxos e um piercing na língua e outros três na sombrancelha. Mas Eillen visitou a Colômbia em 2000 para o lançamento do Movimento Bolivariano com um grupo de outros jovens europeus. Em 2002 ela voltou e se juntou à guerrilha colombiana como tradutora. Em 18 de julho passado, o exército colombiano atacou de surpresa o acampamento do comandante Carlos Lozada onde ela estava. Na hora do ataque, Eillen e outras tomavam banho em um rio próximo, e conseguiram fugir quase sem roupas. Os atacantes descobriram além do computador de Lozada com segredos e planos das FARC, os diários da garota holandesa que foram divulgados pelo jornal El Tiempo na Colômbia e em seguida por outros na Europa.
Eillen revela o dia a dia da guerrilha e faz desmoronar todo o romantismo da coisa. As vezes se pergunta “que organização é essa onde uns tem vida mansa e cigarros, e outros só têm o direito de levar bronca”. Outro dia anota estar “cheia das FARC, dessa gente, da vida em comunidade, cheia de não ter nada para mim. Tudo valeria a pena se eu soubesse porque estamos lutando, mas eu não creio em nada mais”. Conta seus amores com outros guerrilheiros, diz que dois outros têm Aids e que ninguém ali usa preservativos. Reclama da hipocrisia, do sexismo e a arrogância dos comandantes. Diz que está cheia de multas por mau comportamento. E em outras vezes se imagina comendo batata frita na estação de trem de Amsterdam. Pergunta-se se fez a escolha certa. Conta das cartas que recebe da mãe com reprimendas. Mas decide, “a selva é meu lar”, “as FARC são minha família”, “essa é minha vida de guerrilheira, eu escolhi”.
Eillen era uma rebelde em busca de uma causa. Escolheu uma e está pagando o preço pela própria escolha. Não sei porque mas tenho pena dela, perdida na selva e nos próprios pensamentos. Torço para que um dia descubra que o que as FARC realmente são, traficantes e sequestradores.E que talvez um dia se arrependa. E que volte para sua mãe na Holanda, para comer uma batata frita.

Em tempo: os jornais holandeses já descobriram quem é Eillen. Chama-se Tanja Nijmeijer e tem hoje 29 anos. Trechos do diário:
http://docs.google.com/View?docid=dfdftkwg_45hkzkzg

Tuesday, September 04, 2007

Viver simplesmente


Meu novo hobby é colecionar filmes velhos. De preferência em preto e branco. E se for mudo ainda melhor. Filmes bons é claro. Já tenho em casa Nosferatu, de Murnau, filmado em 1922, um filme que supera e muito todas as cópias que já fizeram depois sobre a história do Drácula. Assisti outro dia Casablanca, de 1942, um belo filme de romance e guerra de um tempo em que homens eram homens e mulheres eram mulheres. Sábado passado vi o King Kong original, de 1933. E tenho ainda que assistir Double Indemnity, clássico do filme noir ganhador do Oscar em 1944. E ainda quero ter Metropolis de Fritz Lang, uma ficção futurista muda de 1927 e Dr. Strangelove, a impagável comédia de Kubrick de 1964.
Assitir esses filmes antigos dá sempre um impressão estranha, anacrônica da realidade, que acho que é o que me atrai mais neles. É interessante pensar por exemplo que aquele monstrengo de pelúcia e massinha que era o King Kong conseguiu apavorar multidões em seu tempo. Os "(d)efeitos especiais" do filme eram revolucionários em 1933. Como explicar que Casablanca e Double Indemnity sejam filmes infinitamente superiores a alguns feitos hoje em dia que custam centenas de milhões de dólares a mais do que estes custaram ?
A verdade é que no cinema, como em tudo hoje em dia, estamos eternamente insatisfeitos, queremos sempre mais, mais dinheiro, mais efeitos especiais, mais tudo. Precisamos trocar de carro, celular e computador a cada ano, roupas a cada estação, namorada a cada noite. Nossa casa está cheia de tranqueiras made in China, fabricadas por presos, crianças e desgraçados que trabalham 12 horas por dia por um punhado de arroz, com matéria prima sabe-se lá de onde. Nossa geladeira (hoje em dia duram uns dois anos, minha vó tem uma geladeira da minha idade) está cheia de comida pré-pronta, com gosto de isopor, em embalagens coloridas que vão parar todas no nosso lixo junto dos jornais e folders de propaganda que inundam nossa caixa postal como spam de papel. Tudo que temos e compramos parece ser plástico, descartável, pronto para ser trocado ou jogado fora, já que hoje em dia não vale a pena consertar mais nada.
Peter Russel, em seu excelente documentário The White Hole in Time diz que hoje em dia um ocidental médio consome 350 vezes mais energia do que há duzentos anos atrás. Multiplicando-se isso pelo aumento da população do planeta, a humanidade consome hoje mais energia por ano do que consumiu em todo o período que vai da Grécia Antiga até a Revolução Industrial. E até quando o planeta aguenta ? Imagine Brasil, Índia e China consumindo como americanos…
Também sou fã de Bill Watterson, acho seus quadrinhos do Calvin e Hobbes geniais. Neste por exemplo os pais de Calvin dialogam sobre as propagandas que recebem em casa. O pai se acha um terrorista atentando contra o sistema ao jogar fora propaganda sem ler. E chega Calvin dizendo : "Acabei de ver um monte de coisas na televisão que eu nem sabia que existiam mas que preciso desesperadamente". Henry Ford inventou a linha de montagem, a GM inventou o marketing moderno ao dizer que você precisava de carros de cores e modelos diferentes. E depois disso a Ford nunca mais vendeu como a GM. Essa é a verdadeira definição do marketing e a armadilha da nossa sociedade ocidental: o marketing é a arte de criar necessidades.
Nossa chance de salvar o planeta não está em comprar um carro híbrido da moda, ou jogar papel no lixo de papel de vez em quando. Está como Peter Russel diz na mudança de nossas crenças e valores. Está despertar a consciência, em em amar o outro. Está em descobrir que podemos espremer uma laranja em lugar de comprar um suco de caixinha com gosto de remédio. E em saber que não precisamos ter tudo o que aparece na MTV.
Precisamos reaprender a viver, sem tanta pressa e ganância. Ou como diz o poeta pernambucano Alberto da Cunha e Melo : Viver. Viver simplesmente, meu cão faz isso muito bem.

Monday, September 03, 2007

Sub prime


Jacques Attali escreve em sua coluna na l’Express sobre a crise financeira que abalou os mercados há duas semanas. Diz ele que em meio a esse barulho todo, nenhum dos nobres senhores das finanças e da política lembrou-se que as o valor das ações caiu ao mesmo patamar de dois meses atrás, o que não configura exatamente um crash catastrófico. E nenhum deles lembrou-se que os verdadeiros perdedores foram os que emprestam a sub-rime, ou seja as famílias americanas mais pobres, que perderam a casa enquanto banqueiros gannhavam bilhões com suas taxas de juros usurárias nesse mesmo período.
Obviamente é preciso saber quem deve a quem no mercado, uma das condições primordias de sua estabilidade. Mas Attali lembra que é preciso saber informar também quem ganha e quem perde com as crises, ou seja, comparar os lucros dos banqueiros com as perdas dos devedores. E que seria mesmo preciso criar mecanismos para que o excesso de um sirva para amenizar a tragédia do outro.
Acredito no capitalismo, mas acredito muito mais no bom senso, e isso Jacques Attali tem de sobra. Ele conclui que a grande lição dessa crise é revelar que as finanças mundias dependem cada vez mais da capacidade dos mais pobres quitarem suas dívidas, e que sua prosperidade interessa mesmo ao mais egoísta dos especuladores.

Sunday, September 02, 2007

Saturday, September 01, 2007

A Rainha que virou pizza


Eu costumava copiar e colar as crônicas de J.A. Dias Lopes que saíam no Estadão todas as semanas. Ainda tenho o arquivo que fiz aqui, mas se eu soubesse que ele iria lançar um livro com todas não teria tido tanto trabalho. O livro, que acabei de ganhar de presente conta a história de vários pratos famosos da culinária brasileira e do mundo, com casos curiosos como o da pizza batizada com o nome da rainha italiana, ou do Lord Sandwich que inventou o pão recheado para poder comer enquanto jogava cartas. Há também a história do croissant, inventado em Viena quando tropas turcas cercavam a cidade, e os prato preferidos de mafiosos, papas, escritores e princesas.
O primeiro capítulo do livro também traz uma discussão sobre qual seria o prato mais antigo do mundo, a sopa ou o assado. Há controvérsias. Dias Lopes cita o pesquisador italiano Rosario Buonassisi que diz que os homens pré-históricos já maceravam raízes e legumes com pedras para descascá-los e misturá-los com água em uma espécie de proto sopa. O homem só passaria a dominar o fogo entre 3 e 1.5 milhões de anos atrás, quando passou a assar seus ingredientes sobre as brasas ou em buracos cavados no chão. Esses e outros causos são contados de maneira divertida e despretensiosa por J.A. Dias Lopes, que ainda escreve no Estadão e para a revista Gula. O livro ainda traz receitas deliciosas para serem aproveitadas...

Diana


Ainda me lembro quando a Princesa Diana morreu. Era madrugada, pelo menos para mim, que tinha virado a noite em uma festa e estava com uma ressaca do capeta. Um colega de república veio me chacoalhar na penumbra da noite, mais animado pela possibilidade de me acordar do que pelo furo jornalístico. “Acorda que a princesa Diana morreu!! Acorda aí!”. Se bem me recordo eu o mandei enfiar a princesa lá, where the sun never shines... Eu nunca fui mesmo muito preocupado com os destinos de Lady Di ou da Casa de Windsor. Já bastou toda a comoção na época da sua morte, e agora 10 anos depois voltam todas as imagens e histórias, inclusive as cabeludas teorias da conspiração que rondam a morte da princesa.
Madre Teresa de Calcutá morreu exatamente na mesma semana que Diana, mas obviamente ninguém dá o menor ibope para a velhinha, que não tinha nenhum apelo fashion cuidando de seus leprosos.
Diana tinha sim compaixão pelos oprimidos. Como qualquer pessoa decente tem. Em seu recém lançado livro sobre a princesa, a jornalista e editora Tina Brown conta que uma criança angolana ferida por minas chegou a acreditar que Diana fosse um anjo ali ao pé da sua cama. Mas Tina Brown conta também que Diana, que dizia ela mesma ser uma loura burra, podia ser cruelmente manipulativa, fria com amigos e calorosa com desconhecidos, e era uma adúltera compulsiva. A liar and a saint.
O fato é que Diana transformou realeza em celebridade, algo que seus dois filhos estão continuando a fazer com a série de cretinices que performam em público devidamente documentadas.
Este confronto entre o mundo criado pela princesa e pela mídia que ela sabia usar como bem queria, e a realeza à moda antiga encarnada pela rainha é mostrado com perfeição no filme The Queen, com Helen Mirren. No filme, um recém empossado Tony Blair tenta fazer a mediação entre a família real e o povo indignado pela morte da princesa e pela frieza dos Windsor. A certa altura do filme, a Rainha Elizabeth anda pela sua propriedade em Balmoral, onde a família está desde a morte de Diana. Ela enxerga um majestoso cervo, senhor das highlands onde vive e de certa maneira identifica-se com ele. Estes são os dias onde milhares de pessoas deixam flores nas portas do Palácio, rezam e cantam pelas ruas santificando a princesa morta. Dias depois o cervo é morto por caçadores da fazenda vizinha. Ela vê a carcaça do bicho dependurada e percebe que seu conceito de monarquia também morreu ali. Ela tem que se curvar à vontade do povo, retornar a Londres e por as bandeiras de Buckingham a meio mastro em homenagem à Diana.
Elizabeth II provavelmente se recuperou. E recuperou também a confiança de seu povo. William Underhill escreve em sua crônica na Newsweek que o povo britânico não estava de luto por uma pessoa que eles conheciam de verdade, e sim a personagem de uma novela que eles acompanhavam na mídia todos os dias. E bastou um toque das relações públicas dos Windsor para que o público se voltasse a seu favor. Underhill diz que ao que parece, o povo gosta de ver como chefe de estado alguém que está acima de modismos, seja em costura ou seja em política. Se a mídia prefere glamour, a posteridade requer responsabilidade.

Dreams



Hold fast to dreams
For if dreams die
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.

Hold fast to dreams
For when dreams go
Life is a barren field
Frozen with snow.