Friday, April 23, 2010

Salve Jorge


Eu estou vestido com as roupas
E as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés
E não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos
E não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos
E não me vejam
E nem mesmo um pensamento
Eles possam ter para me fazerem mal
Porque eu estou vestido com as roupas
E as armas de Jorge

Green Zone


Em maio de 2003, Paul Wolfowitz em entrevista à Vanity Fair declarou que as armas de destruição massiva (Weapons of Mass Destruction ou WMD) foram o denominador comum que levou todo o time da administração Bush a embarcar na idéia de remover Saddam Hussein do poder no Iraque.
As histórias sobre as WMD foram plantadas pela administração na imprensa americana que não se deu muito ao trabalho de checar as informações e acabou apoiando a Guerra ao Terror de Bush.
Ali Kamel, em seu livro "Sobre o Islã" enumera alguns dos desastres que se seguiram após a invasão americana no país. Entre eles o de confiar nas informações de exilados interessados na invasão e o de desmontar completamente o exército iraquiano que sobrou após a queda de Saddam, deixando o país à beira de uma guerra civil entre milícias rivais.
Green Zone, como era chamada a Zona de Segurança em Bagdá onde ficava a nova administração iraquiana e o quartel general americano, é também o título do filme de Paul Greengrass, baseado no livro The Imperial Life in the Emerald City de Rajiv Chandrasekaran (ex-chefe do escritório do Washington Post em Bagdá).
O filme traz Matt Damon no papel do tenente Roy Miller, de um time que busca as WMD sem nunca encontrá-las. Ao ir atrás da verdade, ele nos leva a uma caçada humana de tirar o fôlego, onde aparecem com nítidade veracidade todos os erros e conflitos da inteligência americana no Iraque.
Tudo isso faz de Green Zone não só um excelente filme de ação mas um dos melhores filmes feitos sobre o Iraque até agora.
George W. Bush declararia posteriormente que o maior arrependimento de sua presidência foram as falhas de inteligência no Iraque.

Thursday, April 22, 2010

Homo vegetarianus


No início da semana, o programa Login da TV Cultura inseriu em sua programação um debate sobre vegetarianismo com a participação da nutricionista Licínia de Campos do SIC (Serviço de Informação da Carne) e George Guimarães, da Sociedade Vegana.
Descontando-se a inépcia dos mediadores que não conseguiram organizar um debate civilizado, e o péssimo hábito do Sr. Guimarães de não deixar outras pessoas falarem, foi possível pinçar alguns seus argumentos que comprovariam a suposta superioridade de sua dieta.
Em primeiro lugar é preciso distinguir as várias nuances de vegetarianismo. Há os que comem peixe e frutos do mar, há os que comem ovos e leite, há os que não admitem o uso de nenhum tipo de alimento de origem animal e há ainda aqueles que só aceitam o que a natureza oferece de bom grado, não o que é tomado dela pelo homem. Lisa Simpson encontrou uma vez um ativista que dizia ser um Vegan Nível 5, que não comia nada que fizesse sombra (I don’t eat anything that casts a shadow). Há aí também uma escalada ideológica implícita até para os próprios vegetarianos que vai dos menos aos mais perfeitos.
O primeiro argumento do vegetarianismo é que comer carne não é natural para o homem. Eu permito-me discordar. Durante o programa, notei que nas inúmeras ocasiões em que não conseguiu manter a boca fechada, mesmo George mostrou em sua arcada dois pares de dentes conhecidos como caninos, especialmente desenhados para estraçalhar carne. O fato de que nós como espécie, George inclusive, tenhamos saído de cima das árvores para evoluir, aumentar nosso cérebro e conquistar o mundo, deriva diretamente, como prova o antropólogo Richard Wrangham de Harvard, do consumo de carne e posteriormente do domínio do fogo e de técnicas de cozimento.
George também nos chama de carniceiros, comparando-nos a hienas e urubus, já que não comemos a carne quente logo depois do abate. Talvez George tenha experimentado carniça, e aí esteja a razão do seu trauma, mas eu sinceramente prefiro carne que tenha passado pelo abate, resfriamento e processamento em frigoríficos habilitados, já que é esta a garantia de que não haverá contaminação microbiológica na carne que estou comendo.
George também sugere que agora que já estamos evoluídos, não precisaríamos mais da carne, como se de repente pudesse surgir uma nova espécie, o homo vegetarianus. Acho que ele precisa de um pouco de perspectiva. Mais de 2 milhões de anos (comendo carne) se passaram para a espécie humana evoluir até aqui. Querer transformar nossa fisiologia no espaço de uma ou duas gerações me parece um pouco precipitado.
O outro grande argumento de George, e o mais apelativo, é o da crueldade. Comer carne é cruel. Meat is murder. O Homo vegetarianus tem essa pretensão de ser um indivíduo moralmente superior ao resto dos mortais. Eu gosto de assistir a National Geographic. Uma vez assisti uma caçada de leões. Um bando de leoas derrubou uma inocente zebra e enquanto uma segurava sua garganta as outras começaram a devorar suas tripas e membros enquanto a pobre zebra ainda berrava. Isso foi cruel. Acho engraçado esse pensamento de que animais na natureza têm uma vida idílica quando não estão sujeitos a crueldade humana.
Conheço várias fazendas e frigoríficos. Posso afirmar sem sombra de dúvida que é do maior interesse de pecuaristas e frigoríficos que os animais tenham no campo a melhor vida possível e sejam abatidos da forma menos estressante possível. Talvez George não acredite que essa gente seja tão boazinha, então é preciso que ele saiba que além dos motivos humanitários há também razões econômicas, já que o animal rende mais e a maturação da carne é melhor.
Eu vou dizer o que acho cruel. Acho cruel por exemplo que crianças, especialmente as mais carentes não possam comer carne e tenham anemia. Uma pesquisa da Dr. Ana Maria Bridi da Universidade Estadual de Londrina mostrou que o consumo de carne está ligado ao desenvolvimento cognitivo de crianças. Carne é fonte de proteínas de alto valor biológico, ômegas 3 e 6, vitaminas A, E e B12, ferro e zinco.
O Homo vegetarianus diz que tudo isso pode ser conseguido por outras fontes. Ah sim, isso é natural, tomar vitaminas e suplementos sintéticos todos os dias. Dizem que há tri-atletas vegetarianos e etc e tal.. Sou capaz de rasgar meu diploma se for na casa de um deles e não encontrar por lá nenhum suplemento ou nenhum desses potes coloridos tipo MegaMass2000 que se encontram em lojas de esporte, e talvez uma injeção ou outra de otras cositas más.
Nos países em desenvolvimento, a cada aumento de renda percebido há um aumento proporcional no consumo de carne. As famílias percebem a importância colocar carne no prato dos filhos.
De fato eu não conheço nenhum vegetariano pobre. Há talvez alguns por fanatismo religioso em certos cantos da Índia, mas pela aparência eles não são exatamente do tipo que “vende saúde”. Pode ser fácil para um Paul McCartney advogar o vegetarianismo do alto de uma fortuna de alguns milhões de dólares, ou para quem pode comer granola e iogurte natural no café da manhã e sushi no almoço. Mas para quem tem fome, carne é ao mesmo tempo necessária e desejada.
Aí vem a carta do meio-ambiente. Claro, a pecuária é devastadora. Vacas poluem mais que carros. Os argumentos vêm de um relatório da FAO de 2007, intitulado The Livestock Long Shadow, ou a Grande Sombra da Pecuária, sobre as emissões de GEE. No início de 2010, depois do prof. Frank Milthoener da UC Davis contestar os dados em um congresso científico, a própria FAO admitiu que a metodologia usada foi falha, e que iria rever o relatório. George também não sabe que os pastos onde as vacas estão absorvem mais carbono do que o que elas emitem.
Além disso fala-se de boi como se ele produzisse só carne, e não uma vasta gama de produtos que vão do couro até biodiesel, medicamentos e produtos de limpeza.
O outro argumento é que a pecuária usa muito mais espaço comparada à agricultura. Bem, eu sou agrônomo e sei que há terras boas para café, outras boas para banana, e outras boas para ... pasto. E nenhuma planta no mundo produz mais massa verde por unidade de área do que gramíneas tropicais. Infelizmente não podemos aproveitar esse potencial, ruminantes podem. E estamos evoluindo no modo de produção. Só no Brasil, entre 1975 e 2007, a produção de carne cresceu 227% para um aumento de área de pastagens de apenas 4%.
Vamos então imaginar que a humanidade passasse a se alimentar de frutas e legumes que a natureza nos oferece. Em 2050 seremos mais de 9 bilhões de pessoas no planeta. Para alimentar essa gente toda com frutas e legumes seria preciso derrubar todas as florestas existentes no planeta. É uma bizarra maneira de defender a natureza.
Não tenho nada contra quem queira ser vegetariano. Pelo contrário, acho que vai sobrar mais carne para mim.
Mas contesto veementemente essa suposta superioridade moral que os vegetarianistas de bandeira na mão alegam ter sobre mim, especialmente porque são baseados em argumentos falsos e equivocados.
Vi outro dia Lidia Guevara, a filha do Che, nua, boina na cabeça, pose de guerrilheira e armada de cenouras em campanha pelo vegetarianismo. Seu pápi, quando mandava na prisão cubana de La Cabaña fuzilava algumas dezenas de cubanos por dia. Sua suposta superioridade moral lhe dava essa liberdade, afinal o que fazia era pelo bem da humanidade.
A contradição moral é a mesma, o PETA por exemplo acha normal sacrificar 97% dos animais que recolhem pelas ruas (www.petakillsanimals.com). Os fins justificam os meios.
O Homo vegetarianus também se considera um ser moralmente superior, e acha que o que faz é pelo bem da humanidade. No extremo deste pensamento estão os ativistas que explodem carrinhos de hambúrgueres. No centro estão pessoas como George Guimarães que acham que devem impor ao resto da humanidade sua visão de mundo.

Wednesday, April 21, 2010

Tuesday, April 20, 2010

Kuhle Wampe

Bertold Brecht, o café do Brasil e o prenúncio do nazismo na Alemanha de 1931.

Kuhle Wampe é um filme realizado em 1931 e lançado em 1932. Trata do enorme desemprego na Alemanha, da tragédia entre trabalhadores desempregados e de sua reação. O título trata de um acampamento próximo a Berlim, onde muitos moravam.
O texto é de Bertolt Bretch que em 1933 se exila na Áustria com a ascensão de Hitler.

Dia do Índio II


"Evitei (vir à Raposa serra do Sol durante o ano que passou) por conta da divergência que se estabeleceu no Estado de Roraima, daqueles que ainda continuam dizendo que tem pouco índio para muita terra, e os que como eu, acham que os índios tem pouca terra, se levarmos em conta que o Brasil todo era deles há 500 anos"

Do Cacique Genial dos Povos, que nos quer de volta às caravelas em retirada

Monday, April 19, 2010

Dia do Índio


O Dia do Índio de hoje marca também o aniversário da demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima, e a expulsão dos produtores rurais que ocupavam 0,7% da reserva (responsáveis por metade da produção de arroz do estado).
Da turma dos Nav'i, defensora dos povos da floresta, de Marina Silva e da Fundação Ford até os oportunistas de Lula, Dilma & Cia estão todos comemorando.
Quanto aos índios, bem, estes ganharam um zoológico gigante onde podem morrer de fome, doenças e depressão até o fim de seus dias, vivendo da caridade dos missionários do CIMI e da idiotice da Funai.
Há quem ainda ache que problema de índio no Brasil é falta de terras, embora eles sejam 0,3% da população e donos de 13% do país. ìndio hoje quer apito, computador, motor de popa, freezer e televisão.
Mas transformá-los em cidadãos brasileiros, integrados à sociedade é um horror que essa turma do bem não quer nem pensar.
Pergunto-me se eu aceitaria esse destino e essa benevolência toda caso tivesse nascido índio.

Vale a pena ler de novo:

História Politicamente Incorreta
Terra Arrasada
Terras Indígenas
Cafetões
Uma Profecia
O Futuro da Raposa Serra do Sol
Os Bons Canibais
Palavra do Xico
Terra Vermelha
E com a Palavra, os Índios
Amazônia Legal
The Matrix
Produzir Mais?
Salvem o país
Índio quer apito
O País Saqueado
Relativismo Cultural Homicida
Ainda os Índios
Zoológico do Futuro

Art Tatum

Max Sauco












Friday, April 16, 2010

Perspectiva


Eu poderia escrever sobre muitas coisas hoje, nesta sexta-feira particularmente melancólica.
Eu poderia escrever sobre Lula de beijos e abraços com um ditador nuclear que pretende varrer todo um país e um povo do mapa.
Eu poderia escrever sobre Dilma e suas boçalidades, delicada como um bulldozer, lambendo as botas do chefe, depositando flores no túmulo daquele que há pouco tempo seu partido repudiava, recolocando em cena mensaleiros e chefes de quadrilha para orquestrar sua campanha.
Eu poderia escrever sobre um novo Abril Vermelho do MST, sua ideologia assassina e obsoleta, seus assentamentos que não produzem nada além de proselitismo acorrentando milhares de miseráveis a uma utopia que não chegará nunca.
Eu poderia escrever sobre os ambientalistas e sua outra utopia verde, do mito da Mãe Terra e da natureza bondosa, embora neste exato momento um vulcão esteja despejando toneladas de poeira e químicos tóxicos na atmosfera, fenômeno ignorado pelo IPCC pois não serve aos seus cálculos de como controlar a economia do planeta.
Eu poderia escrever sobre a desgraça das chuvas nas favelas, que políticos “defensores dos humildes” deixaram multiplicar-se nos morros e várzeas, e que somem ou culpam os céus na hora de contar os cadáveres deixados por esses desastres.
Eu poderia escrever sobre o flagelo das drogas e do crack, enquanto ONG’s distribuem panfletos sobre como se drogar com segurança e playboys vendem maconha e ecstasy aos colegas de escola.
Mas dá uma preguiça danada.
Em vez de escrever sobre isso tudo, deixem-me por um pouco de perspectiva nessa história.
Em “The White Hole in Time”, Peter Russell nos convida a imaginar como seria se toda a história da vida no planeta, bilhões de anos de evolução biológica, fosse condensada no espaço e dum ano.
Durante os primeiros nove meses somente organismos unicelulares se desenvolveriam.
Em outubro, células mais complexas apareceriam.
Organismos pluricelulares surgiriam algumas semanas mais tarde.
No final de novembro, peixes deixariam o mar para viver na terra.
Dinossauros dominariam o mundo do dia 10 de dezembro até o Natal.
Na última semana do ano mamíferos se desenvolveriam.
Na metade do último dia, o homem andaria na Terra.
Levou-se 99,9% da evolução da vida no planeta para atingirmos esse ponto, mas a humanidade está apenas começando.
5 minutos antes da meia-noite aparece a linguagem.
20 segundos antes da meia-noite as primeiras civilizações, e agora as coisas aceleram.
A Renascença aconteceu à dois segundos atrás, e toda a história moderna do homem em um flash.
Captou a perspectiva?
Como dizia um rock da minha adolescência, vocês são vermes e pensam que são reis.
Durante esta curta história da humanidade, especialmente depois que o Iluminismo quis matar Deus, aparentemente nossa arrogância cresceu na mesma proporção do nosso progresso.
Nessa era moderna, vimos muitas vezes surgirem homens que diziam conhecer nosso destino, e que seriam eles a nos guiarem até lá. Invariavelmente deram com os burros n’água.
O mundo seria bem melhor se as pessoas deixassem de tentar decidir o que é melhor para o outro.
Um ditado diz que é muito fácil amar a humanidade, mas muito difícil amar o próximo.
É um ditado simples mas que dá a chave para enxergar essa linha algumas vezes difícil de ser vista que separa o mal (quem quer poder) do bem (quem quer viver).

Lady Green


Lady Green, artista multimídia, stripper, ecologista, ativista do PV junto com o marido, o vereador Kaveira (quem fuma e quem cheira vota no Kaveira!) e a primeira DJ Carbon Free do Brasil havia sido contratada pela governadora do Pará, a petista Ana Júlia Carepa, como assessora do Gabinete.
Ana Júlia já teve a própria manicure como assessora. Dada a qualidade atual do gabinete, Lady Green iria talvez até melhorar o quadro de funcionários da governadoria do Pará.
Infelizmente essa coisa chata chamada imprensa livre atrapalhou, a coisa espalhou no twitter e nos blogs e Lady Green perdeu o emprego em apenas dois dias.
Pois é, enquanto o Pará arde em chamas, invasões e pistolagem, nosso Nero de saias paraense toca lira.

PS: O que é um DJ Carbon Free?

Thursday, April 15, 2010

Dispositivo de Conhecimento Bio-óptico Organizado

Uma revolução tecnológica! Quem nasceu depois dos anos 90 deveria conhecer este maravilhoso produto:

Wednesday, April 14, 2010

O futuro do PT por Lúcia Hipólito


O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposicão brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT... Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidencia da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plinio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando beneficios para os seus.
Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Alem do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.

Sunday, April 11, 2010

Mobiliza Brasil!

SERRA PRESIDENTE!

A little less conversation, a little more action...Vai Zé!

Friday, April 09, 2010

Dilma vez...


d'après José Simão...
Tchan, nojentos!

PEMC


A Lei que instaurou a Política Estadual de Mudanças Climáticas foi um dos atos mais arbitrários e autoritários da história recente do Estado de São Paulo.
A PEMC foi o carimbo no passaporte de José Serra para a COP 15 em Copenhague, que aconteceu em novembro passado.
O que Serra prometeu foi uma redução de 20% nas emissões de gases de efeito estufa do Estado de São Paulo entre 2005 e 2010.
Por conta dessas emissões, a pecuária, em conjunto com a mineração e a geração de energia (petróleo incluído) fazem parte do “Axis of Evil” das mudanças climáticas.
O principal problema da PEMC, entre muitos outros, é que ela foi elaborada à completa revelia do que pensam os maiores interessados, a indústria e a agropecuária, e da forma como foi elaborada há uma imensa insegurança jurídica no que diz respeito às suas interpretações e consequências.
O Plano Nacional de Mudanças Climáticas, onde Lula&Dilma prometeram reduções de 36% fica para uma outra discussão que diz respeito mais à mudanças de uso de solo (= agropecuária estrangulada) do que a produção industrial.
Mas em relação ao Estado de São Paulo, vejamos. A meta é reduzir emissões em 20% com base no inventário de emissões de 2005 (mas que está sendo elaborado em 2010). Uma indústria que esteja atuando já descarbonizada, por exemplo a do alumínio, que trabalha no Brasil com uma média de emissões bem inferior à mundial, só conseguirá reduzir 20% de suas emissões se reduzir 20% de sua produção. A eficiência vai ser punida, em vez de incentivada.
A pecuária brasileira como um todo reduziu suas emissões de metano por kg de carne produzida em 29% nos últimos 20 anos. Isso não vai contar para nada no PEMC.
Outro setor que consiga reduzir suas emissões em 20% mas cuja produção cresça 20% não vai ter reduzido nada. Ou seja, não pode crescer. O crescimento da indústria fica engessado pelas metas de redução de emissões.
Em vez de exportarmos produtos industriais, São Paulo vai começar a exportar fábricas e empregos para estados vizinhos, que não tenham PMC nenhuma ou mais provavelmente para a China.
Além disso, o Estado todo deve arcar com as reduções. Pode ser que um setor tenha que reduzir mais do que 20%, e outro menos. Mas aí o que ganhou a fatia maior do bolo pode alegar que a lei diz 20% só, não mais.
E se a meta não for cumprida? Ainda não está regulamentado, mas poderão ser criadas “taxas ambientais” sobre aqueles que poluem mais. O churrasco na laje do fim de semana vai ficar bem mais caro.
Suponhamos que o mundo seja belo, que o aquecimento global seja uma unanimidade na comunidade científica, que Mudança Climática não seja uma desculpa para um neo-estatismo-socialista-mundial bancado pela ONU, que Al Gore e sua Igreja dos Ambientalistas dos Últimos Dias estejam certos e que catástrofes nos esperem em um futuro próximo. É realmente preciso fazer alguma coisa. Como empresas, como consumidores, como cidadãos.
Patrick Michaels, climatologista americano classificado de cético (embora ele reconheça o aquecimento mas duvide do tamanho da catástrofe), em palestra recente sobre o tema mostrou em um slides o valor das ações e o volume de vendas de Toyota e Honda (inovadoras em tecnologia híbrida e redução de emissões) comparadas às da GM (produtora de chalanas que fazem redemoinhos no tanque). Acho que nem preciso comentar a comparação, uma vez que a GM entrou em concordata. Mas a conclusão é que o mercado premia eficiência, em todos os sentidos, sem que seja preciso que os tentáculos do Leviatã do Estado nos estrangulem.
E quanto a catástrofes, nossos governadores e prefeitos deveriam se preocupar mais com favelas em encostas e várzeas do que com a temperatura do planeta em 2100. A sustentabilidade, não custa lembrar, tem três pilares, o ambiental é só um deles. Os outros dois, para quem não sabe são o econômico e o social.
Dito isso, José Serra e Xico Graziano ainda têm meu voto. Dadas as alternativas estão entre os melhores homens públicos que temos. Espero que trabalhem para uma regulamentação correta e menos arbitrária desta lei.

21 Guns

Sunday, April 04, 2010

Saturday, April 03, 2010

Um Sonho Possível


Não nascemos com destinos pré determinados. Outro dia assisti Zuenir Ventura falando sobre a violência no Rio. Contou como desistiu da idéia comunista de que o homem é produto de seu meio ao recontar em livro (Cidade Partida) as histórias de dois garotos sobreviventes da chacina de Vigário Geral que conheceu na favela. Um saiu dali, estudou, virou sociólogo e vive nos Estados Unidos. O outro virou traficante e foi morto num tiroteio.
Há lugares e circunstâncias que parecem empurrar pessoas para um caminho de perdição.
Algumas pessoas que procuram esse caminho voluntariamente, algumas vezes por pura estupidez.
Outras, que nasceram e viveram ali pensam que talvez este seja o único caminho.
Já outras, às vezes com imenso esforço, percebem que há outros caminhoas a seguir, e agarram qualquer oportunidade que lhes passe pela frente para sair dali.
Um Sonho Possível é a história de como Michael Oher, um garoto negro, gordo, sem família e saído do pior gueto de Memphis conseguiu estudar e se tornar uma estrela do futebol americano com a ajuda de uma família rica, branca e republicana, da qual acabou fazendo parte. Sandra Bullock mereceu o Oscar com todas as honras pelo papel que tem no filme da mãe adotiva de Oher.
Um crítico babaca da Folha de S. Paulo escreveu que o filme era "paternalista" e que a personagem vivida por Sandra Bullock é daquelas que fazem caridade mais pelo prazer de mostrar aos outros que está fazendo caridade do que pelo ato em si.
Talvez o crítico tenha pensado que a verdadeira Leigh Anne Tuohy fez o que fez porque sabia que algum dia sua história iria parar em Hollywood.
Não, no Brasil não existe filme em que o pobre possa escolher seu destino. Escrevi isso quando assisti Em Busca da Felicidade (Pursuit of Happinness) com Will Smith. Como a culpa de todos os males que te afligem é sempre do "sistema", sua salvação está sempre em rebelar-se contra o sistema, é o que se chama aqui de conscientização. Tem que virar líder sindical, traficante, herói-bandido, o que quer que seja, menos alguém que tomou as rédeas da própria vida, ainda mais com a ajuda de uma branca da elite.
Que alguém como Leigh Anne responda à sua formação cristã como o filme mostra, também é inconcebível para a crítica brasileira. Uma branca rica só pode fazer caridade se for por vaidade, é óbvio.
Mas não é tão óbvio assim para mim. É como disse David Bentley Hart em Atheist Delusion, mesmo os piores de nós criados à sombra da cristandade somos incapazes de olhar com indiferença o sofrimento alheio sem ferir a nossa própria consciência.
É disso que o filme fala, e é esse sentimento que ele traz nas pessoas que o assistem.
Há milhares de pessoas no Brasil que fogem diariamente do destino que lhes foi jogado nas costas. Esses sonhos podem ser sempre mais possíveis quando não são olhados com indiferença.