Thursday, May 27, 2010

Anjos e Demônios


Por Thomas Friedman, no NY Times:

Confesso que tão logo vi a foto, no dia 17 de maio, do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao lado de seu parceiro brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, de braços levantados — depois da assinatura do suposto acordo para pôr fim à crise gerada pelo programa nuclear do Irã — tudo o que pude pensar foi: “Há coisa mais feia do que assistir a democratas vendendo baratinho outros democratas a um negador do Holocausto, assassino e ladrão de voto só para cutucar os EUA e mostrar que eles também podem atuar na cena global?
Não! Mais feio impossível!
Por muitos anos, os países não-alinhados e em desenvolvimento culparam os EUA por cinicamente perseguir seus próprios interesses, sem se preocupar com os direitos humanos”, observa Karim Sadjadpour, do Carnegie Endowment. “Como a Turquia e o Brasil aspiram a fazer parte do cenário global, eles vão enfrentar as mesmas críticas que antes faziam. A visita de Lula e Erdogan ao Irã aconteceu poucos dias depois de o país ter executado cinco prisioneiros políticos, torturados em interrogatórios. Eles abraçaram calorosamente Ahmadinejad como a um irmão, mas não disseram uma só palavra sobre direitos humanos. É expressão da suposição errada de que os palestinos são os únicos que buscam justiça no Oriente Médio e de que, se você evoca a causa deles, pode, então fazer as vontades de Ahmadinejad.
Turquia e Brasil são duas democracias nascentes que tiveram de superar suas próprias histórias de governos militares. É vergonho para seus líderes abraçar e fortalecer o presidente iraniano, que usa o Exército e a polícia para esmagar e matar democratas iranianos — pessoas que buscam a mesma liberdade de expressão e de escolha política de que desfrutam turcos e brasileiros.
"Lula é um político gigantesco, mas, moralmente, é uma profunda decepção”, disse Moisés Naim, editor da revista Foreign Policy e ex-ministro do Comércio da Venezuela.
Lula, observou Naim, “apoiou o enfraquecimento da democracia na América Latina”. Ele freqüentemente venera o homem forte da Venezuela, Hugo Chávez, e Fidel Castro, o ditador de Cuba, e, atualmente, Ahmadinejad, mas denuncia a Colômbia — um dos grandes exemplos de sucesso da democracia — porque o país permite que aviões americanos usem suas bases militares para combater o narcotráfico. “Lula tem sido bom para o Brasil, mas terrível para seus vizinhos democráticos”, disse Naím. Lula, que surgiu para a fama como um progressista líder trabalhista, virou as costas para os líderes trabalhistas violentamente reprimidos no Irã.
Certo! Tivessem o Brasil e a Turquia realmente convencido o Irã a, comprovadamente, pôr um fim a seu suspeito programa de armas nucleares, os Estados Unidos teriam dado seu apoio. Mas isso não aconteceu.
O Irã tem hoje algo em torno de 2.197 quilos de urânio pouco enriquecido. Segundo o acordo de 17 de maio, o país supostamente concordou em enviar 1.200 quilos de seu estoque para a Turquia para trocar por um tipo de combustível nuclear necessário para uso medicinal — o combustível não pode ser empregado para fazer uma bomba. Mas isso ainda deixaria o Irã com aproximadamente uma tonelada de urânio estocado, que o país se recusa a pôr sob inspeção internacional e que pode continuar a ser processado para elevar o nível de enriquecimento e fazer a bomba.
Então, o que esse acordo realmente faz é aquilo que o Irã já queria fazer: enfraquecer a coalizão global que pressiona o país a abrir suas instalações nucleares à inspeção da ONU e, de quebra, legitima Ahmadinejad no aniversário do esmagamento do movimento pela democracia no Irã, que reivindicava a recontagem dos votos nas eleições de junho de 2009.
Do meu ponto de vista, a “Revolução Verde” no Irã é o mais importante, e espontâneo, movimento democrático a surgir no Oriente Médio em décadas. Ele foi reprimido, mas continua, e, no fim das contas, seu sucesso — e não qualquer acordo nuclear com o clero iraniano — é a única base sustentável para a segurança e a estabilidade. Nós temos gastado pouquíssimo tempo e energia alimentando esse princípio de democracia e tempo e energia demais buscando um acordo nuclear.
É como me disse Abbas Milani, um especialista em Irã da Universidade de Stanford: “A única solução de longo prazo para o impasse é um regime mais democrático, responsável e transparente em Teerã. A grande vitória do regime clerical do Irã foi fazer com que a questão nuclear fosse praticamente o único foco de suas relações com o Estados Unidos e com o Ocidente. O Ocidente deveria desde sempre ter perseguido uma política de duas vias: negociações sérias nos assuntos relativos ao programa nuclear e não menos sérias naqueles relativos aos direitos humanos e à democracia no Irã.
Eu preferiria que o Irã jamais conseguisse a bomba. O mundo seria mais seguro sem novas armas nucleares, especialmente no Oriente Médio. Mas o Irã vai se tornar uma potência nuclear, e faz uma baita diferença se um Irã democrático tem o dedo no gatilho ou a atual ditadura clerical e assassina. Qualquer pessoa que trabalhe para retardar a bomba e para fortalecer a democracia no Irã está do lado dos anjos. Qualquer um que fortaleça esse regime tirânico e dê cobertura para sua delinqüência nuclear terá de prestar contas, um dia, ao povo iraniano.

Wednesday, May 26, 2010

O sertão vai virar mar


Vosmecê conhece a caatinga?
Eu já andei pela caatinga do sertão nordestino.
Sertão mesmo, de caatinga, aquele descrito por Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. O céu é daquele “azul terrível, que deslumbrava e endoidecia a gente”. O sol, inclemente. A poeira, as pedras, os leitos de rios secos, os mandacarus e xiquexiques.
E no meio de tudo o homem, o sertanejo. Casas de pau a pique, paredes de barro, telhado de palha, chão de terra batida, sem água, nem luz, nem gás. Esgoto nem pensar.
Às vezes, na beira da estrada, em açudes, mulheres que aparentavam 20 anos a mais do que realmente tinham, tomavam banho com suas crianças. Elas, seminuas, peitos encostando nos joelhos, judiadas. As crianças magricelas, com aquele bucho de verminose. Freqüentemente o que tinham para comer era caju com farinha.
O sertão sempre maltratou o homem, não é à toa que tantos fugiram dali, inclusive nosso presidente.
No fim dos anos 80, me lembro de ter feito uma viagem de carro com meu pai do Piauí a São Paulo. De Teresina a Floriano, dali a Gilbués, Corrente, Formosa, Riachão das Neves, aí chegava-se a Barreiras na Bahia.
Virando à esquerda, ia-se até Mimoso do Oeste, um distrito de Barreiras, e dali pegava-se a BR-020 que cortava o sertão baiano até entrar em Goiás e chegar-se ao Distrito Federal.
Era o trecho mais desolador da viagem. Passamos 4 horas na estrada reta, sem cruzar viv’alma pelo caminho. Só caatinga, sequidão, buracos e poeira. Nenhum sinal de vida. Aqui e acolá um bode, ou uma carcaça de vaca embranquecendo ao sol.
Meu pai percorreu a mesma estrada esses dias. Mimoso do Oeste virou hoje o município de Luís Eduardo Magalhães, é a décima economia da Bahia e tem uma das maiores rendas per capita do Brasil. A região, a de maior concentração de pivôs de irrigação do país, produz 60% dos grãos do estado.
O gadinho curraleiro, de costelas aparecendo, sumiu para dar lugar a gado com a melhor genética brasileira.
Campos de soja são intermináveis, algodoais fazem crer que caiu neve no sertão.
No sul do Piauí a mesma coisa. Agora o eucalipto chega por ali, e a Embrapa faz experimentos com figos, maçãs, uvas e até oliveiras israelenses.
O que era caatinga virou uma promissora fronteira da agroeconomia. Mesmo no que ainda é caatinga, como na região em volta de Picos no Piauí, hoje existem alternativas para o homem do campo. Picos é um dos maiores pólos exportadores de mel do país, mel silvestre, sem contaminação e de excelente qualidade.
Por isso, quando vosmecê ouvir alguém dizer que o agronegócio oprime o trabalhador, quando um padre ou um bispo de olhos vermelhos falar que o agronegócio cria uma multidão de excluídos, quando uma atriz de rosto bonito e cabeça oca dizer que é contra a obra de transposição de um rio, quando um intelectual de apartamento e bandeira vermelha na mão dizer que o agronegócio provoca o êxodo rural e que é por causa dele que há favelas na cidade, desconfie.
Dê uma volta em Luís Eduardo Magalhães. Veja se a vida do sertanejo do lugar, que hoje tem emprego, plano de saúde e pode pagar escola está melhor ou pior de quando não havia agronegócio por ali.
Ou seria preferível amarrá-los para sempre à própria miséria condenando-os a viver com uma bolsa-esmola todo mês em troca da adulação eterna?
O sertão pode sim, virar um mar de prosperidade. E não vai ser com esmola, vai ser com a força de quem trabalha e produz.

Monday, May 24, 2010

Prostitutos e Prostitutas!


Olhaê, olhaê, o petista baratim, baratim! Quarenta conto leva um e paga dois, moça bonita não paga mais também não leva! Olhaê!
Dona Rô, vai levar quantos hoje? Tá quase tão barato quanto peemedebista, mas sacumé né, petista dá assim mais credibilidade no pudê.
Uma dúzia?
Dos mais gordinhos?
É vintão cada, mas a gente faz um descontinho especial pra sinhora, que seu pai é não é homem comum, não é mesmo?
Tem uns refugo aqui ainda mais magrelim, mas a sinhora por cincão leva também no embalo, leva não?
Embrulha pra presente aê minino.
Lembranças ao Sinhô José, não se preocupe não que a mercadoria é da boa, vai lhe apoiá em tudo.
Eita povo facinho de enganá.
Simbora Maranhão!

Friday, May 21, 2010

O horror, o horror...


Dilma promete dançar o “Rebolation” se for eleita !

Qual o melhor comentário sobre a notícia acima?

a) E você reclamava dos políticos que não cumpriam promessas, hein!

b) Bom, se faltava algum motivo para não votar na Dilma…

c) Nada disso. Se Dilma for eleita, quem vai dançar o “Rebolation” somos nós.

By Kibe Loco

Thursday, May 20, 2010

Pires na mão

Vídeo elaborado pela Confederação Nacional de Municípios e censurado por Dilma Roussef:

Feio


Em 2001, uma inglesinha de 25 anos emocionou o mundo da vela ao chegar em segundo lugar na Vendée Globe, a regata de circunavegação do globo solo.
Todo mundo não, na época eu me lembro de ter visto um comentarista inglês dizer que todas as vezes em que Ellen aparecia na webcam de seu barco, o Kingfisher, ela estava chorando, à beira de um ataque de nervos, desesperada, querendo sumir dali. What's the point, se é para sofrer tanto? Qual a vantagem de ganhar nessas condições?
Eu lembrei dessa história quando acompanhei a convocação da Seleção Brasileira pelo Dunga. Sem Neymar e Ganso, as duas figuras que trouxeram a alegria de volta aos gramados brasileiros.
Dunga deu suas justificativas esdrúxulas, exigindo comprometimento, disciplina e outros atributos chatos. Jogar bem e dar show está em último na lista de critérios da Selecinha dunguiana.
Nosso velho dilema, ganhar feio como em 94, ou perder bonito como em 82? De novo, what's the point de ganhar sem prazer nenhum, com tristeza?
É como disse o casseta Cláudio Manoel no twitter: copa com Dunga e sem Bussunda, isso é que é futebol sem alegria.

Wednesday, May 19, 2010

Winston & Barão

No melhor estilo Wagner & Beethoven:













Além do mais recente vexame internacional, aqui vai uma pequena compilação, by Reinaldo Azevedo, dos desastres da diplomacia lulista:

NOME PARA A OMC
Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!! Culpa do Itamaraty, não de Seixas Corrêa.

OMC DE NOVO
O Brasil indicou Ellen Gracie em 2009. Perdeu de novo. Culpa do Itamaraty, não de Gracie.

NOME PARA O BID
Também em 2005, o Brasil tentou João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil — do Mercosul, apenas um: a Argentina. Culpa do Itamaraty, não de Sayad.

ONU
O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.

CHINA
O Brasil concedeu à China o status de “economia de mercado”, o que é uma piada, em troca de um possível apoio daquele país à ampliação do número de vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A China topou, levou o que queria e passou a lutar… contra a ampliação do conselho. Chineses fazem negócos há uns cinco mil anos, os petistas, há apenas 30…

DITADURAS ÁRABES
Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio.

CÚPULA DE ANÕES
Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância… No Irã, agora, ele tentou ser rival de Barack Obama…

ISRAEL E SUDÃO
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur — mais de 300 mil mortos! Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.

UNESCO
Amorim apoiou para o comando da Unesco o egípcio anti-semita e potencial queimador de livros Farouk Hosni. Ganhou a búlgara Irina Bukova. Para endossar o nome de Hosni, Amorim desprezou o brasileiro Márcio Barbosa, que contaria com o apoio tranqüilo dos Estados unidos e dos países europeus. Chutou um brasileiro, apoiou um egípcio, e venceu uma búlgara.

HONDURAS
O Brasil apoiou o golpista Manuel Zelaya e incentivou, na prática, uma tentativa de guerra civil no país. Perdeu! Honduras realizou eleições limpas e democráticas. Lula não reconhece o governo.

AMÉRICA DO SUL
Países sul-americanos pintam e bordam com o Brasil. Evo Morales, o índio de araque, nos tomou a Petrobras, incentivado por Hugo Chávez, que o Brasil trata como uma democrata irretocável. Como paga, promove a entrada do Beiçola de Caracas no Mercosul. Quem está segurando o ingresso, por enquanto, é o Parlamento… paraguaio! A Argentina impõe barreiras comerciais à vontade. E o Brasil compreende. O Paraguai decidiu rasgar o contrato de Itaipu. E o Equador já chegou a seqüestrar brasileiros. Mas somos muito compreensivos. Atitudes hostis, na América Latina, até agora, só com a democracia colombiana. Chamam a isso “pragmatismo”.

CUBA, PRESOS E BANDIDOS
Lula visitou Cuba, de novo, no meio da crise provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata. Comparou os presos políticos que fazem greve de fome a bandidos comuns do Brasil.

IRÃ, PROTESTOS E FUTEBOL
Antes do apoio explícito ao programa nuclear e do vexame de agora, já havia demonstrado suas simpatias por Ahmadinjead e comparado os protestos das oposições contra as fraudes eleitorais à reclamação de uma torcida cujo time perde um jogo.

Saturday, May 15, 2010

Onde foi parar minha Igreja?


Um colega agrônomo, que assistiu uma missa de Dia das Mães, me trouxe uma cópia do semanário litúrgico usado durante a cerimônia.
Na última página havia uma reflexão sobre Ecologia e Missão que começa com a seguinte frase:

“Diante do avanço da industrialização e da urbanização, impõe-se-nos esforço coletivo para salvar a vida do planeta.”

Este pequeno prólogo é notável porque resume em uma frase o charco ideológico onde atolou a Igreja Católica latino-americana. Industrialização e urbanização são necessariamente transformadas em causas de catástrofes para o planeta, sendo que a única solução contra esses males está em impor-nos um “esforço coletivo”.
Seguindo a linha imaginária que nos leva de Stédile a Al Gore, tudo se associa: crises alimentares, climáticas, financeiras, migratórias, desastres ecológicos, exploração da terra, apagões e etc.
Aí o Agronegócio vira o alvo, em alguns ofensivos parágrafos que posso desconstruir aqui com dois ou três tapas. Diz o texto:

“O Agronegócio que fatura alto e recebe incentivos dos governos pensa menos na comida do povo do que em produzir ração para animais.”

Incentivos do governo? Como por exemplo imobilizar 70% do país em reservas e áreas de preservação? Impostos? Estradas esburacadas? Insegurança jurídica? Se esse é o incentivo imagine se o governo quisesse então nos prejudicar. A comida do povo vem do agronegócio, inclusive o bifinho, o franguinho e a bistequinha. E não se preocupem que produzimos suficiente para o povo e para os animais que o povo vai comer também.

“Por sua vez a pequena agricultura produz a maioria dos alimentos do país.”

Mentira. As estatísticas estão aí e provam. A agricultura familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário é um engodo. Os assentamentos que defendem com unhas e dentes não produzem nem o suficiente para a própria subsistência. Nenhum país sério no mundo tem essa divisão entre agronegócio e agricultura familiar inventada no Brasil. Seja grande, médio, ou pequeno, produtor rural tem que produzir para os outros e viver do que produz.

“O problema migratório cresce, ao moverem-se as camadas populares e povos pobres em direção aos centros.”

Dê uma volta no oeste catarinense ou no interior do Paraná por exemplo. A população fixou-se no campo e vive bem em pequenas propriedades graças ao agronegócio. Pessoas migram para as cidades porque de onde vêm não há empregos, não há hospitais, não há escolas, não há bancos. O agronegócio gera tudo isso onde está presente. O que o interior do Brasil precisa é de mais capitalismo, não menos.

“No fundo está o problema ecológico. Tratamos a terra como objeto de exploração, entregue à ganância dos mais fortes e poderosos à custa da fome de bilhões de pessoas. Mais uma vez reina o desequilíbrio em desfavor dos pobres.”

Em 1950 o mundo produzia cerca de 650 milhões de toneladas de grãos em 600 milhões de hectares. No ano 2000, esse volume era de 1.900 milhões de toneladas em 660 milhões de hectares. Bilhões de pessoas foram salvas da fome graças a esse aumento de produtividade, sem contar que 1.1 bilhão de hectares de terra foram salvos do desmatamento por conta dessa evolução, o que faz de produtores rurais no mundo todo não só grandes salvadores de vidas mas os maiores ecologistas da história.

Essa aparente ignorância da Igreja em relação aos fatos é um mero disfarce para esse ranço marxista que a dominou neste continente desde a década de 60.
Essa Igreja, que hoje me dá vergonha (não de ser católico, mas de meus representantes) não é a Igreja de Cristo, de Pedro e Paulo. É um mero instrumento de proselitismo coletivista.
Neste 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, não custa lembrar o que ela revelou aos pastorinhos portugueses naquele longínquo 1917:

"Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz."

Você, que não é católico não precisa acreditar no milagre de Fátima. Mas quem é católico, e principalmente quem é do clero precisa. Depois de toda a luta do Vaticano, e especialmente de João Paulo II contra o comunismo na Europa, é triste testemunhar a transformação da Igreja católica latino-americana em uma aberração, que em vez de acolher todos os homens como irmãos em Cristo, acredita que a luta de classes entre os homens trará o Reino de Deus para a Terra. A utopia comunista, que espalhou milhões de cadáveres pelo mundo todo veio encontrar seu caminho justamente aqui na Teologia da Libertação.

Friday, May 14, 2010

Homeschooling


Um dos aspectos que mais me fascinam na paternidade (ainda por vir), é a possibilidade de acompanhar o processo de aprendizado de uma criança, as descobertas, as curiosidades, e também a possibilidade de explicar-lhe como funciona o mundo.
A educação privada, em casa, sempre foi um privilégio, é verdade.
Hoje, proletários como você e eu dificilmente encontrariam tempo para educar filhos em casa, o que não quer dizer que seja impossível.
Eu adoraria poder ser o responsável pela educação básica do meu filho, se tivesse tempo e dinheiro para isso. A maioria dos pais usa a escola mesmo é para se livrar do guri metade do dia. A outra metade é no inglês, natação, computação e o que mais conseguirem encaixar.
O homeschooling, tendência que vem crescendo em países desenvolvidos no Brasil é considerado crime. Pais que querem educar os filhos em casa podem ser processados por negligência pelo ministério público, como aconteceu com um casal de Minas Gerais, embora seus filhos de 13 e 14 anos fossem capazes de passar até em vestibular de Direito.
Diz o MP que a escola é necessária para socialização da criança. Há controvérsias. Não há indícios de que crianças educadas em homeschooling tenham qualquer problema de socialização. E qualquer um que converse com professores da rede primária pública ou privada sabe exatamente em que estado anda o comportamento de crianças e pré-adolescentes em salas de aula.
O que o MP não admite, é que a possibilidade de doutrinação da juventude seja tirada do nosso todo poderoso Estado. Robespierre, o terrorista da Revolução Francesa, foi um dos primeiros a perceber o imenso poder de modificar e doutrinar a sociedade que a educação pública oferecia.
De livros didáticos a vestibulares e provas do Enem, sabemos exatamente que tipo de cidadão nosso governo "humanista" ã la Paulo Vanucchi quer formar.
Alguém que seja educado fora desse esquema bolivarianista, para nossos supremos guias é simplesmente impensável...

Thursday, May 13, 2010

Tuesday, May 11, 2010

Mãe

Às mães, as que são e as que em breve serão.

Ficha Limpa, Ficha Suja


Da última vez em que fui alugar uma casa, a imobiliária quis virar minha vida do avesso. Tive que entregar comprovantes de renda, certidões negativas em três cartórios diferentes, certidão de antecedentes no Fórum da cidade, além de ter que arrumar um fiador com as mesmas exigências e que possuísse dois imóveis na cidade.
Revoltado, porque na Holanda nunca havia passado por isso. Comentei sobre as exigências com um amigo que ainda vivia por lá e ele me disse: "Você esquece que no Brasil, ao inverso daqui, todo mundo é culpado até que se prove o contrário".
No Brasil, realmente é injusto que um político suspeito de altas picaretagens possa se candidatar (e muitas vezes ser eleito) para cargos públicos, enquanto qualquer mané para conseguir um emprego de boy ou de zelador de prédio, ou qualquer um que preste concurso público tenha que provar a Deus e ao mundo que não é um bandido.
Um grande movimento popular e parlamentar está tentando bloquear a candidatura de políticos condenados em primeira instância por crimes graves, e daqueles que renunciaram ao cargo para escapar de punições por quebra de decoro.
A primeira vista parece um projeto louvável, mas será justo condenar antecipadamente alguém quando a própria justiça não terminou seu processo? Não é temeroso o uso político que pode ser feito dessa regra?
Me parece um remédio com efeitos colaterais piores do que a doença.
Eu, honestamente preferiria que se reformasse o Judiciário para que decisões fossem mais céleres. Preferiria que as pessoas pudessem se informar melhor sobre a biografia de seus candidatos.
Preferiria enfim que fosse a Justiça, e não a ira popular a dar a palavra final sobre o destino político de um homem.
E que cada brasileiro, político ou não, fosse tratado como um cidadão decente, até que se prove o contrário.

Mas pensando bem, como o que eu preferiria nunca vai acontecer, e vendo a cara do Tuma Jr., aprove-se logo essa jaca.

Monday, May 10, 2010

Na fila do supermercado


Conversa ouvida ontem na fila do supermercado, ali na boca do caixa onde ficam as revistas:
Freguesa 1: - Olha a cara da Dilma na Istoé, não economizaram no photoshop!
Freguesa 2: - Essa aí precisa de photoshop é por dentro...

Friday, May 07, 2010

Maldição do Centenário

Isso porque sou corintiano, mas essa não resisti...
Render-se nunca, retroceder jamais!
Loucos por ti Corinthians!

Tango Amargo


Para quem olha de fora, esta espécie de suicídio coletivo da Argentina parece um tanto incompreensível. Amigos de diferentes partes do mundo perguntam-se como um povo com o nível cultural e a riqueza que os argentinos um dia ostentaram pode chegar a este ponto?
Buenos Aires ainda tem a aura de cidade européia, com suas avenidas, parques, monumentos e prédios neoclássicos, mas os portenhos perderam o panache. Eles mesmos acusam os chilenos de serem "los nuevos porteños". Um chileno "con plata es insuportable"...
Encontrei aí representantes do setor rural, com certeza o mais resistente e o mais afetado pelas políticas ensandecidas dos Kirchner, ou "la monarquía" como os chamam.
A Argentina este ano terá a menor área plantada de trigo em 100 anos. As exportações de trigo e farinha foram barradas, e o grão é ainda mais taxado do que a farinha, em uma política que arruina agricultores e privilegia os moinhos, que por sua vez dão parte de suas comissões à quadrilha kichnerista que tomou conta do país. Exportações de carne, taxadas e limitadas. Em pouco tempo, a Argentina deverá estar importando carne brasileira, uma vergonha para um país que sempre foi o nome da carne no mundo. Soja, taxas de 35%, as famosas retenciones. Porque essa sanha em cima de produtores? Porque são a maior oposição ao governo, e porque os que geram a maior parte da riqueza do país. Sufocando-os, em breve a Argentina estará em ruínas.
Mas os Kirchner sobrevivem politicamente com seu populismo barato, que por exemplo acaba de criar uma bolsa que dá 180 pesos por mês e por filho a famílias pobres, e a um discurso obsoletamente peronista em prol de "los descamisados", embora a única área onde a economia parece ativa em Buenos Aires é na favela que surgiu entre o porto e a ferrovia, onde barracos não param de surgir e de serem ampliados.
Os Kirchner também sobrevivem do apoio de uma oligarquia de empresários associados ao governo, que beneficiam-se de suas políticas, como os moinhos de trigo. Ou como as empresas que através de um acordo negociado pelos Kirchner podem exportar máquinas a Venezuela. Sobre absolutamente tudo o que é negociado da Argentina através de intermediações do governo há uma comissão informal que varia de 15 a 20%. Calcula-se que la Famiglia Kirchner manipule diretamente de 4 a 5 bilhões de dólares por ano, dinheiro suficiente para lhes comprar juízes, congressistas, jornalistas e o que mais for necessário. E jornalistas, os que não se compram, se intimidam.
E longe de ser falácia da oposição, há dados conhecidos que dão uma idéia do tamanho do esquema. Em seus últimos dias como presidente, Nestor Kirchner liberou uma concessão exclusiva de máquinas caça-níqueis a um de seus sócios por 20 anos. Estima-se que os caças níqueis no país rendam 1 milhão de dólares por dia. Nestor impôs uma condição, que o número de casas de caças níqueis dobrassem no país para "gerar emprego".
É uma país tomado de assalto por uma quadrilha, do tipo daquelas que usa a democracia exatamente para solapar a democracia. Epa, espera, onde eu vi isso antes? Telebrás, Oi-Brasil Telecom, mensalão, Bancoop, Lulinha, Daniel Dantas...
Lembre aos argentinos que não somos assim muito melhores, mas o tamanho nos salva. Não se pode controlar tudo.
Enquanto discutíamos novas possibilidades com as negociações que se reabrirão entre Mercosul e União Européia, ficamos sabendo que Nestor Kirchner havia se tornado o novo presidente da Unasur, graças ao apoio do ex-Tupamaro uruguaio Pepe Mujica. No mesmo dia a Unasur sugeriu boicotar as negociações porque José Luiz Rodriguez Zapatero, primeiro ministro espanhol e anfitrião da Cúpula Europa América Latina que aconteceria em maio convidou Porfirio Lobo, presidente de Honduras. A Unasul, invenção de Lula, quer Manuel Zelaya de volta ao poder.
Dizem também na Argentina que os monarquistas não largarão o osso tão fácil, Nestor Kirchner volta a ser candidato assim que acabar o mandato da Reina Cristina.
Um uruguaio conosco à mesa comparou os argentinos a um preso que tem a cabeça imersa em um tanque de água, para ver quanto tempo consegue resistir.
"E siguen resistindo" admirou-se.
"Si", respondeu o amigo argentino olhando triste o copo de vinho, "pero te amargas".

Tribalismo Indígena


Há 30 anos, o Plinio Corrêa de Oliveira denunciava em sua obra Tribalismo Indígena, o ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI.
Havia então na Igreja Católica no Brasil, e na América Latina em geral a idéia de criar uma Igreja Nova, aggiornata e pós-conciliar, que geraria a Teologia da Libertação e a neomissiologia.
A concepção tradicional das missões na Igreja Católica sempre teve por fim a evangelização de povos indígenas. Evangelizando-os, civilizariam-se. Civilizando-se, estariam mais tentados a praticar o bem. Tenha-se como exemplo Nóbrega e Anchieta.
A neomissiologia por sua vez tem intenções bem diferentes. Para a Nova Igreja, a civilização ocidental é fonte de corrupção, exploração e consumismo.
O índio por sua vez, representa o homem puro. A vida tribal, em comunidades, onde tudo é comum e partilhado, seria a vida ideal para o homem cristão, na verdade o próprio Reino de Deus na Terra. Por esse ponto de vista, não seríamos nós a evangelizar os índios, e sim estes é que teriam coisas a nos ensinar. O objetivo então das novas missões, não é o de levar a palavra de Cristo aos índios, mas preservá-los, a eles e a seu modo de vida de qualquer interferência da sociedade dita civilizada. Para os neomissiologistas, Anchieta e Nóbrega quando fundaram o Colégio que se tornaria São Paulo foram tão nocivos e destruidores quanto os bandeirantes e os conquistadores.
Não cabe aqui explicar como a Nova Igreja enxerga a bondade de Cristo em costumes como canibalismo (praticado amplamente no Brasil pelo "homem puro" antes da chegada dos colonizadores), infanticídio, poligamia, incesto, guerras tribais e genocídios, sacrifícios humanos, magia e paganismo, rituais de dor e outros comuns entre os povos indígenas, além de um falso equilíbrio ecológico e estado de harmonia com a natureza. O fato é que segundo essa concepção, índios não devem ser integrados à sociedade, nós é que teríamos que voltar a viver como índios, pois a sociedade tribal é a utopia cristã perfeita.
Isto está amplamente documentado em textos do Conselho Indigenista Missionário, da Pastoral da Terra e em declarações de membros dessa Nova Igreja.
Com impressionante clareza, Plinio Corrêa de Oliveira previu exatamente onde isto nos levaria. Depois de 30 anos do lançamento de sua denúncia, Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves acrescentaram um adendo à obra de Plínio, com reportagens sobre as demarcações de reservas indígenas na Raposa Serra do Sol em Roraima, no Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina, com todas as incoerências e absurdos desta política de demarcações.
Depois das denúncias de VEJA na semana passada, sobre a farra dos laudos antropológicos, fica claro que estamos dilacerando o território nacional em prol de uma utopia criada pela cabeça de uma dissidência católica comunista, uma aberração que não tem absolutamente nada a ver com a Igreja de Cristo, Pedro e Paulo.

Monday, May 03, 2010

O País esquartejado

Meus pais hoje vivem em Cananéia, uma cidadezinha histórica no litoral sul de São Paulo. Cananéia foi fundada por Martim Afonso de Souza, o primeiro governador geral do Brasil em 1531. É uma das primeiras cidades do país, e um dos marcos iniciais da nossa colonização. Dali saiu a primeira Bandeira feita em terras brasileiras. Os povos indígenas que ali viviam foram assimilados e miscigenados tornaram-se junto com portugueses e negros a semente do povo brasileiro.
Mais de 470 anos após sua fundação, índios começaram a aparecer nas ruas de Cananéia. Vivem em uma Área de Proteção Ambiental, e aparecem na cidade para mendigar e recolher cestas básicas dadas pelo governo. Esses índios, guaranis, foram importados da fronteira argentina e levados até Cananéia. A troco de quê ninguém sabe. Mas sabe-se que há organizações interessadas em demarcar terras indígenas no Vale do Ribeira.
Essa picaretagem acontece hoje em proporções nacionais, e foi denunciada essa semana em uma reportagem da revista Veja, que deve ser lida, relida, divulgada aos quatro ventos, levada ao nossos congressistas, discutida e encarada.
Um relatório da FAO do início deste ano, intitulado The State of Food and Agriculture, estipulou que para alimentar 9.2 bilhões de pessoas (a população mundial esperada para 2050), a produção de alimentos teria que dobrar nos países em desenvolvimento nos próximos anos.
Fornecer alimentos para um mundo em crescimento, e que está tornando-se mais rico, é uma oportunidade de riqueza futura sem precedentes para o Brasil. Como nosso espaço, recursos naturais e a melhor tecnologia e informação em agricultura tropical do mundo, somos capazes de sustentar nosso crescimento e ainda alimentar o resto do mundo.
O agronegócio no entanto é demonizado exatamente por esses setores organizados da sociedade, financiados por fontes obscuras, interessados em esquartejar o território nacional através de uma indústria de demarcações criminosa, enganosa e sem sentido que irá paralisar o desenvolvimento do país e nos roubar esse futuro promissor.
Mais de 2/3 do país estão imobilizados em reservas, terras indígenas e parques. Com as demandas ainda não atendidas, pode-se chegar aos 90% do país, um crime contra nossa economia e nosso futuro.
Quilombolas que nunca foram negros, índios de araque com cocar de carnaval, assentamentos que não produzem nada. É preciso dar um BASTA, e dar passagem ao país que produz.







1o de Maio, o novo 1o de Abril


Lula e suas lágrimas de crocodilo assistido por sua criatura, enquanto estatais, com o seu dinheiro, caro palhaço que me lê, patrocinam o palanque do Primeiro de Maio.
Enquanto isso a imprensa de capachos e a militância petista denunciam uma "guerra suja" dos tucanos...
Guerra suja de quem mesmo? Campanha com patrocínio de estatais, tesoureiro da Bancoop, acordos de José Dirceu...
O Dia do Trabalhador virou Dia da Mentira.

Santos campeão


Estou longe de ser santista, mas quem viu o Santos jogar nesse Paulistão sabe que merecia o título, mesmo com o show de caneladas de hoje no Pacaembu.
Há tempos não se via tanta alegria e vida nos gramados brasileiros. Futebol é divertido quando tem gol, e isso o Santos soube fazer.
Que alegria seria se a Seleção conseguisse jogar assim em uma Copa, e não naquela retranca enfadonha de Dunga & Cia.
Neymar na Seleção, já!

Sunday, May 02, 2010

Pureza Fatal


O Iluminismo gerou Rousseau, Rousseau gerou Robespierre, Robespierre gerou o Terror.
Ninguém encarnou com mais profunda devoção os ideais da Revolução Francesa do que Maximilien Robespierre, um advogado de origem modesta e provinciana que fez uma meteórica carreira política durante a queda do Antigo Regime francês.
Para Robespierre, a revolução era o nascimento de uma nova França, onde todos seriam iguais, onde o poder seria exercido pelo povo, onde a razão prevaleceria, onde o Deus católico seria substituído por um Ser Supremo, onde os homens aspirariam ao bem e à virtude.
Em nome dessa utopia, Robespierre, tão cheio de sua virtude, tão incorruptível, desencadeou uma fase de violência e repressão nunca antes vista na história do mundo.
O Terror foi a matança em escala industrial bem antes dos campos de concentração e dos goulags, de cidadãos julgados e condenados tão somente por suspeitas de comportamento anti-patriótico. A guilhotina, recém inventada máquina de matar, funcionava centenas de vezes ao dia. Crianças foram massacradas em escola católicas, cidadãos inocentes e famintos metralhados nas ruas de Lyon, outros afogados às dezenas nos rios da Vendée.
Nem mesmo os próprios revolucionários escaparam à rede de intrigas e paranóias do Terror de Robespierre. Tudo o que era contra sua utopia, era contra a Revolução, e portanto contra o povo francês, e por isso passível de punição.
Pureza Fatal é o livro de estréia de Ruth Scurr, crítica literária e professora de História em Oxford e Cambridge, a biografia deste homem terrível e ao mesmo tempo tão banal com suas angústias, arrogâncias e complexos.
Claro e preciso, dá uma idéia exata da atmosfera em Paris naqueles tempos e um retrato detalhado de homens como Mirabeau, Marat, Danton, Brissot, Saint-Just, Camille Desmoulins e tantos outros que escreveram com sangue a loucura da Revolução.
Depois de Robespierre, muitos outros apareceram e aparecem, em diferentes lugares e tempos, com suas utopias, em nome das quais tudo era permitido, inclusive o derramamento desvairado de sangue inocente.
A História infelizmente parece não nos ensinar nada, se repete como uma idiota.

Diego Rivera












Murais do Palácio Nacional, Cidade do México

Viva Mexico!


A Cidade do Mexico vista de cima é uma imensidade árida de casas encravada em uma cuenca cercada de montanhas, com uma eterna nuvem de poluição em cima.
De perto é diferente, mas ao mesmo tempo bastante familiar. Avenidas arborizadas, algumas que lembram um pouco São Paulo, mas com menos prédios, já que a ameaça de terremotos (visível em todas as plaquinhas de o que fazer em caso de sismo) impediu muito tempo construções altas.
Uma miríade de lojinhas vendendo porcarias chinesas eletrônicas, tecidos, badulaques e brinquedos coloridos e baratos, compra-se oro, bijouterias, artigos religiosos, lanchonetes e cafés, sirve-se tacos, beba coca cola.
Mais de perto, no coração da cidade, alguns belíssimos edifícios coloniais aqui e lá, igrejas, conventos, casario antigo, alguns meio abandonados, precisando de uma reforma e de atenção. Uma multidão de rostos mestiços, crianças vendendo doces nos sinais e praças, engraxates, adolescentes escutando música americana com piercings e tatuagens.
Ao lado de edifícios espanhóis, ruínas de pirâmides astecas. Conversando com os mexicanos, percebe-se esse ressentimento, essa mágoa histórica por essa terra um dia ter sido o palco de uma civilização grandiosa destruída por invasores. Penso no que poderiam ser hoje, tivesse aquela civilização, suas guerras, seus sacrifícios humanos e sua devastação persistido, mas ao que parece não pensam assim. Há estátuas de príncipes astecas espalhadas pela cidade, e o passado é um resquício de orgulho do país hoje pobre.
No palácio do governo, os murais de Diego Riveram contam essa história mexicana de desilusão. Viviam os astecas em felicidade solar na natureza exuberante. Chegaram espanhóis com seus cavalos e padres, destruíram tudo o que ali havia criando a opressão. Só com o socialismo, o México voltaria outra vez a ser uma sociedade de iguais.
Infelizmente, ou felizmente, o socialismo não deu certo nem ali, mesmo com sindicalistas fazendo greve de fome em plena Plaza de la Constitución, pensei enquanto passava em frente à casa fortificada onde vivera Trotsky em Coyoacán, ali vizinho à casa azul de Frida Khalo, hoje point de fotos de feministas americanas e européias.
Conheci pessoas que trabalham no agronegócio mexicano, paralisado por uma lei fundiária que limita o acesso à terra, e faz com que mais de dois terços das propriedades tenham menos de 5 hectares. Ninguém sobrevive, e a economia não avança forçando o México a importar alimentos dos Estados Unidos. Engraçado que queiram implantar o mesmo tipo de regime por aqui alegando justiça social.
E assim, o México sobrevive entre a mágoa do Império antigo, o espanhol, a ilusão do socialismo e a mágoa do Império novo, o americano, ao mesmo tempo inferno e paraíso.
Discutia-se a nova lei de tolerância zero com imigrantes ilegais implantada no Arizona, lamentada por Obama, denunciada por Calderón mas apoiada pelos americanos.
Para a juventude transviada mexicana há dois caminhos, a emigração e o tráfico, dominado por terríves cartéis cujos tentáculos invisíveis estão por toda a parte. O taxista me contava de como a secretária de segurança de um estado vizinho havia escapado de um atentado a tiros, e que no lugar desse atentado mais de 2.000 cápsulas de bala haviam sido contadas espalhadas pelo chão.
Mas educados, comendo a tortilla de todo dia, abrem sempre um sorriso triste e te cedem a passagem dizendo "adelante caballero".