Saturday, October 27, 2007

MST Movimento sem causa...


Eu assisti na televisão holandesa uma vez um documentário sobre o Movimento dos Sem Terra no Brasil. Mostrava a organização quase militar dos acampamentos, as escolas onde pregavam a ideologia marxista do movimento, o coletivismo. Mostravam os camponeses cantando junto canções de guerra contra o capital, as crianças na escola (uma escola recebeu o nome de Mao Tsé Tung), as cestas básicas distribuídas... Fico imaginando no que um europeu deve pensar olhando aquilo tudo. Uma grande maioria acha muito bonito é claro. Nesses tempos de aniversário da morte de Che Guevara, ainda há muito otário entediado por aqui querendo achar uma causa qualquer para lutar na Africa ou na América Latina, vide a holandesa que foi parar nas FARC.
Eu recomendaria duas leituras aos Sem Terra. Uma é Stálin, a Corte do Czar Vermelho de Simon Sebag Montefiore. Ali o autor descreve como Stálin massacrou os camponeses russos, roubando-lhes os grãos para financiar a nascente indústria pesada soviética. Os que aceitavam morriam de fome. Os que recusavam eram fuzilados ou deportados para a Sibéria. Viajantes relatam terem visto aldeias inteiras cobertas de cadáveres, mortos de fome. Os camponeses comiam os cães, cavalos e os ratos, depois a sola das botas e as cascas das árvores. Quem diria que seriam eles os maiores inimigos da revolução russa. Mao foi ainda pior. O outro livro é o Estado da África, de Martin Meredith, um livro brilhante que mostra como a África ficou mais pobre mesmo depois de receber mais de 1 trilhão de dólares em ajuda financeira do resto do mundo nas últimas 5 décadas. Mostra as mazelas promovidas pela reforma agrária e pelas políticas socialistas de vários governantes africanos, desde a Costa do Marfim até o Zimbábue.
A reforma agrária no Brasil teria sentido há mais de um século atrás. Porque naquele tempo terra era a única fonte de riqueza. Hoje o Brasil não precisa de distribuição de terras, precisa de distribuição de riquezas. Um lote de terra com milho e mandioca não gera riqueza nenhuma. É por isso que nos assentamentos mais antigos do governo, que foi esperto foi comprando o lote dos outros. Os que não sabiam trabalhar a terra trocaram seus lotes por uma mobilete e voltaram ao Movimento, que é quem lhes dá sustento.
O Brasil virou uma potência mundial em commodities agrícolas, por pura competência dos que trabalham na terra seriamente. E a beleza da agricultura moderna é que as grandes propriedades produzem grãos, frutas e carnes a baixo custo, portanto mais baratos para a população. As propriedades pequenas produzem flores, hortaliças, champignons, rãs, escargots, trutas e outros produtos de maior valor, portanto destinados às classes mais ricas. Não há mais espaço para o lotezinho de milho e mandioca. O Brasil não precisa de uma reforma agrária, precisa é de uma reforma urbana. Na Holanda, cada mísera cidadezinha de 5.000 habitantes tem seu banco, seus supermercados, concessionárias, lojas, fábricas. Há emprego, e portanto renda.
Mas o qual o quê! O Movimento não quer terra. Todo mundo sabe que eles não sabem trabalhar a terra, que eles desmatam, que eles não respeitam o meio ambiente, jogam lixo, e a única coisa que aprendem a fazer para vender é compota. O mais fácil mesmo é esperar a bolsa e a cesta do governo. O Movimento dos Sem Terra quer é poder. Quer usar essa massa miserável (povo marcado, povo feliz) como bucha de canhão, entrar onde bem entender, ocupar o que bem quiser, sob a benção do governo. Seus mortos são mártires, baixas da revolução, o dos outros não têm nem nome e nem importância. O que eles querem é usar a farsa do povo oprimido para impor sua moral torta e rasgar a constituição ao bel prazer de seus líderes, os mesmos que admiram Stálin e Mao Tsé Tung.

8 comments:

patricia m. said...

Concordo totalmente. Eh um movimento politico, nada alem disso. Tanto eh que nao invadem mais apenas fazendas, mas universidades, bancos, e predios do governo. Sao bandidos, isso sim, e como bandidos deveriam ser tratados.

Cris said...

As vezes me incomoda,
Acho que já escrevi isso aqui, mas vou de novo, me incomoda o modo categórico que você escreve, não sei se todos do movimento querem poder, porque acho e acredito que alguns desejam sim, seu chão e sua terra. Se minha bisavó fosse viva hoje tenho certeza que ela estaria entre o movimento dos sem terra, ela que nasceu na roça, criou seus filhos com o suor, tirando seu sustento da terra, dos "outros", claro, se emocionou quando ouviu pelo rádio que iria acontecer a reforma agrária, morreu, sem ter seu próprio chão, mas nem por isso deixou de enriquecer aos "patrões", com chuva, e perda do que plantava ela tinha que pagar, com lucro, "dividir", e quem dizia o que era justo o "dono". Hoje vejo minha mãe, chingando "esses desocupados", quem tem terra, mereceu por ela, aí eu penso, mãe, mãe, você esqueceu da sua avó...Nosso país é cheio de desigualdades, de gente querendo levar vantagem em tudo, mas quero crer que também tem gente que quer seu pedaço de chão...ou simplesmente seu pão...

Anonymous said...

Olá a todos os leitores deste blog, venho em nome do Fernando avisar que ele mais uma vez está no Brasil a trabalho e que assim que voltar irá responder as perguntas e escrever novamente.
Um abraço

Juliana Sampaio

deboraHLee said...

Valeu, Juliana.

Boa viagem e bom retorno a ele, portanto.
Aguardaremos.

Merci.
beijo.

batateira said...

Fiquei curiosa para assistir ao documentário. Você sabe onde posso conseguir?

Lelec said...

Aqui na França também há essa glamourização de "movimentos populares de cunho socialista", que pululam na combalida América Latina. Quando falo do que se tratam, não acreditam ou me olham torto: tanto no nosso país quanto fora dele o MST e congêneres têm muito apoio.

Alma said...

Cris, não há nada de errado em tirar o sustento da terra, o que está errado são os métodos e a ideologia por trás do MST. Eles encaram o campo como um território de luta de classes, quando na verdade deveria ser um lugar para se criar riqueza. O MST esquece isso e ignora completamente o Estado de Direito em sua luta que qualquer conhecedor da realidade agrária do país hoje sabe ser inútil...Se há gente boa no meio é porque ainda não perceberam que estão associados a bandidos como disse ali a Patricia.

Alma said...

Batateira, já foi há algum tempo que esse documentário passou aqui e infelizmente não faço idéia de como consegui-lo.