Friday, July 30, 2010
Misericórdia
Fiz 35 anos essa semana.
E como dizem os hindus, a vida é um piscar de olho de Deus...
Passa rápido e cada vez mais rápido. Mas o presente esse ano foi especial.
Quando se é pai (ou mãe), a impressão que dá é que preferiríamos ter as próprias tripas atravessadas por uma espada samurai a ver o filho com o menor sinal de dor que seja, mesmo que essa dor seja uma minúscula cólica de bebê.
E ainda assim, a arte de ser pai não é a de protegê-lo de tudo, inclusive de si mesmo (como pais que subornam guardas para não incriminarem o filho ou o que culpa a professora pelo mau desempenho do aluno), mas de dar-lhe as ferramentas para suportar as pedras do caminho com dignidade e honestidade.
Aí nos perguntamos que direito temos de colocar em um mundo tão cruel um inocente. Minha esposa que é espírita tem uma explicação mais confortável. Ele nasceria de qualquer jeito, então que nasça conosco que cuidaremos bem dele.
Eu encontrei alívio essa historinha, e gostei tanto que desde então guardo uma cópia dela:
Deus prestes a criar o homem e a mulher quando foi assolado por dúvidas terríveis. Chamou então alguns de seus assessores, a Justiça e a Misericórdia.
Pergunta Deus a eles se valeria a pena criar o homem e a mulher, levando-se em conta o que nós faríamos (o pecado). A Justiça se coloca contra a empreitada dizendo que nós não valemos o "investimento".
Somos mentirosos, infiéis e orgulhosos. Seu voto seria contra. Já a Misericórdia vota a nosso favor. Diz que, mesmo sendo como somos, daríamos grande alegria a Deus nos poucos momentos em que seriamos capazes de ver, em meio à impenetrabilidade assustadora do nosso orgulho, Sua beleza.
Deus pensa e decide a nosso favor.
Todavia, talvez como forma de castigar a Misericórdia, que O convenceu a nos criar, Ele a despedaça contra o chão e a dispersa pelo mundo.
Assim sendo, ficamos submetidos, desde o alto, à desconfiança eterna da Justiça divina, ao mesmo tempo em que desesperados, arrastando pelo chão, buscamos os cacos da Misericórdia (ou da Verdade) que habita os recantos distantes do mundo e os detalhes infinitos da vida.
A historinha foi tirada de comentários rabínicos ao primeiro livro da Torá, e mencionada por Luiz Felipe Pondé em seu artigo Misericórdia.
O autor finaliza dizendo: "Por isso, dirão os sábios, Deus está no detalhe. Felizes aqueles que conseguem ainda contemplar a delicadeza desses detalhes. Toda vez que vejo a Misericórdia no gesto de alguém, me calo."
Entraves para a Indústria
Entraves para o Desen
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A apresentação acima, feita pela FIESP sintetiza de maneira rápida e clara através de gráficos quais são os entraves para o desenvolvimento da indústria no país.
Algumas conclusões rápidas:
1. Crescimento do PIB é diretamente ligado ao crescimento da indústria de transformação
2. O crescimento da nossa indústria está estagnado
3. Os principais entraves são tributação, juros/crédito e mão de obra qualificada
4. Temos uma carga tributária que não é condizente nem com o PIB, nem com a renda e nem com o IDH do país
5. Carga alta = estagnação da indústria, que paradoxalmente é a atividade que mais arrecada
6. Carga alta = maior necessidade de capital de giro, que no Brasil têm o maior custo do planeta
7. Juros e spread limitam crédito e crescimento
8. Alfabetização e escolaridade melhorando, mas ainda abaixo dos países competitivos. A China forma 600 mil engenheiros por ano (40% dos formandos), o Brasil, 30 mil (8% dos formandos.
9. Investimento em P&D não se reflete em patentes e uso comercial
10. Corrupção custa R$ 41,5 bilhões ao ano ao país, a burocracia outros R$ 46,3 bilhões
E a Dilma ainda discursa para empresários dizendo que não vai reduzir a carga tributária de maneira nenhuma sem escutar um pio de volta.
E la nave va...
Wednesday, July 28, 2010
Do Viver
Urge viver. Minutos audaciosos
Armam cilada aos passos repetidos
Qualquer coisa acontece nestes idos
De tempo estranho, e nós, seres porosos
De argila e sangue, tristes e jocosos,
Com lágrimas e risos ressentidos,
Sacudimos os guisos comovidos
Como sinal de luz sobre danosos
Desertos de aquiescência e de rotina.
Urge viver. O tempo nos apela
No fim de cada rua. Em cada esquina
Há um encontro fatal, o gesto incrível
Do pintor produzindo em nossa tela,
Algo de cotidiano e de terrível.
Paulo Bomfim
Tuesday, July 27, 2010
Sete Dicas de Gestão Empresarial
1. Um rapaz vai a uma farmácia e pergunta: Tem preservativo? Minha namorada me convidou para jantar esta noite na casa dela.
O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai. De imediato, volta, dizendo: Senhor, dê-me outro. A irmã da minha namorada é uma gostosona, vive cruzando as pernas na minha frente. Acho que também quer me dar... O homem dá o preservativo ao jovem.
Ele volta, dizendo: Quero outro. A mãe da minha namorada também é boa pra caramba. A velha vive se insinuando, deve ser mal comida, e como eu hoje vou jantar lá na casa delas...
Chega a hora da comida e o rapaz está sentado à mesa com a namorada ao lado, a mãe e a irmã à frente. Neste instante entra o pai da namorada . O rapaz baixa imediatamente a cabeça, une as mãos e começa a rezar:
- Senhor, abençoa estes alimentos, blá,blá.. Damos graças por estes alimentos...
Passa-se um minuto e o rapaz continua de cabeça baixa rezando: - Obrigado Senhor...blá,bla...
Passam-se cinco minutos : - Abençoa Senhor este pão... Todos se entreolham surpreendidos, e a namorada lhe diz ao ouvido: Meu amor, não sabia que eras tão religioso...
E eu não sabia que o teu pai era farmacêutico!
Conclusão: Não comente os planos estratégicos da empresa com desconhecidos, porque essa confidência pode destruir a sua própria organização.
2. Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair e está se enxugando.
A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender a porta a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas..
Quando ela abre a porta, vê o vizinho Nestor em pé na soleira..
Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Nestor diz: Eu lhe dou 3.000 reais se você deixar cair esta toalha!
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua. Nestor então entrega a ela os 3.000 reais prometidos e vai embora. Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto.
Quando ela entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Nestor, o vizinho da casa ao lado, diz ela.
- Ótimo! Ele lhe deu os 3.000 reais que ele estava me devendo?
Conclusão: Se você compartilha informações a tempo, pode prevenir exposições desnecessárias.
3. Um padre está dirigindo por uma estrada quando vê uma freira em pé, no acostamento.
Ele pára e oferece carona. A freira aceita. Ela entra no carro, cruza as pernas revelando suas lindas pernas.
O padre se descontrola e quase bate com o carro. Depois de conseguir controlar o carro e evitar o acidente, ele não resiste e coloca a mão na perna da freira. A freira olha para ele e diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129! O padre, sem graça, se desculpa:
- Desculpe Irmã, a carne é fraca.... E tira a mão da perna da freira.
Mais uma vez a freira diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129!
Chegando ao seu destino a freira agradece e, com um sorriso enigmático, desce do carro e entra no convento.
Assim que chega à igreja o padre corre para as Escrituras para ler o Salmo 129, que diz: "Vá em frente, persista, mais acima encontrarás a glória do paraíso".
Conclusão: Se você não está bem informado sobre o seu trabalho, pode perder excelentes oportunidades.
4. Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo.
Eles esfregam a lâmpada e de dentro dela sai um Gênio. O Gênio diz:
- Eu só posso conceder três desejos, então, concederei um a cada um de vocês!
- Eu primeiro, eu primeiro.' grita um dos funcionários... Eu quero estar nas Bahamas dirigindo um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida ' ..
Pufff e ele foi ....
O outro funcionário se apressa a fazer o seu pedido:
- Eu quero estar no Havaí, com o amor da minha vida e um provimento interminável de piñas coladas!
Puff e ele se foi ....
- Agora você - diz o gênio para o gerente..
- Eu quero aqueles dois palhaços de volta ao escritório logo depois do almoço para uma reunião!
Conclusão: Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.
5. Na África, todas as manhãs, o veadinho acorda sabendo que deverá conseguir correr mais do que o leão, se quiser se manter vivo.
Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deverá correr mais do que o veadinho, se não quiser morrer de fome.
Conclusão: Não faz diferença se você é veadinho ou leão, quando o sol nascer, você tem que começar a correr...
6. Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada.
Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:
- Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde, sorrindo:
- Claro, porque não?
O coelho senta no chão embaixo da árvore, e relaxa.
De repente uma raposa aparece e come o coelho.
Conclusão: Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar no topo.
7. Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas.
No caminho ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram suas terras.
Ao se aproximar lentamente, observa várias belas garotas nuas se banhando na lagoa, quando elas percebem a sua presença, nadam até a parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora.
O fazendeiro responde:
- Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim alimentar os jacarés!
Conclusão: A criatividade é o que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objetivos mais rapidamente.
Tá sobraaaaaaaaando!!!
Lei Nº 12.292, DE 20 DE JULHO DE 2010.
O Presidente da República.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Fica o Poder Executivo autorizado a doar recursos à Autoridade Nacional Palestina, em apoio à economia palestina para a reconstrução de Gaza, no valor de até R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais).
Parágrafo único. A doação será efetivada mediante termo firmado pelo Poder Executivo, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores, e correrá à conta de dotações orçamentárias daquela Pasta.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da República.
Luiz Inácio Lula da Silva.
Nota do blog: As doações internacionais feitas em toda a história da Autoridade Palestina não serviram para absolutamente nada a não ser engordar as contas do pedófilo e homossexual Yasser Arafat na Suíça. Nada indica que será diferente desta vez, principalmente porque a Autoridade Palestina não manda em Gaza, que está sob controle dos terroristas do Hamas.
The Politics of Bad Faith
David Horowitz é um judeu americano, nascido e criado em uma família socialista. Durante sua juventude, participou frequentemente de manifestações contra o governo americano, e foi um dos fundadores da chamada New Left no país.
A nova esquerda basicamente se dedicava a prosseguir na busca pela utopia socialista, separando-se das atrocidades do "socialismo real" reveladas por Krushev em 1957 com a abertura dos arquivos da era stalinista.
No entanto, ao repensar os argumentos da Nova Esquerda, Horowitz viu o quanto de absurdo havia no movimento revolucionário, e como os crimes do socialismo no mundo não haviam sido mero acidente de percurso como seus colegas queriam fazer crer, mas o destino mesmo de toda tentativa revolucionária. A utopia revolucionária torna aqueles que a proclamam os donos da verdade suprema, e portanto imunes ao erro. Em nome da utopia, tudo se torna permitido.
The Politics of Bad Faith reúne cartas e crônicas de David Horowitz, que contam como ele chegou a essa conclusão e de como ele, militante socialista, passou a ser um dos mais ativos pensadores conservadores dos Estados Unidos.
O livro traz sua argumentação lógica e clara, e fala das origens pseudo-religiosas do socialismo, conta porque seduziu tantos judeus (inclusive Marx) e da má fé que existe por trás de toda argumentação da Nova Esquerda que levou Obama ao poder em seu país.
Hoje, Horowitz dedica-se com a Front Page Magazine e através do David Horowitz Freedom Center combater os diferentes movimentos revolucionários, do socialismo ao gayzismo e ao islamismo, que separados ou mancomunados lutam para extinguir as liberdades individuais onde quer que estejam.
E a principal luta de Horowitz é para extirpar esse mal das universidades americanas, hoje aparelhadas com militantes do mais boçal anti-americanismo.
Wednesday, July 21, 2010
Tuesday, July 20, 2010
O PT é ligado às FARC
Nossa, é mesmo?? Juuuuuuuuuura? Que escândalo, como esses tucanos jogam baixo....Ninguém sabia? Ou só o Lula e a Dilma não sabiam?
E porque que a dona Dilma arrumou emprego para a mulher do Olivério Medina no Ministério da Pesca mesmo?
El Dossier Brasileño na Revista Cambio
Monday, July 19, 2010
Nem os mortos em paz
Hugo Chávez sacando o esqueleto de Simón Bolívar da tumba para assombrar os vivos...
Saturday, July 17, 2010
Holocausto radical
Todo movimento revolucionário radical tem a sua utopia.
A dos vermelhos é a do paraíso proletário, sem divisão de classes e sem propriedade privada. A dos verdes é a volta à aldeia do primitivismo, adorando a natureza e renunciando ao desenvolvimento.
A dos gays é a do mundo sem divisão de gêneros, onde ninguém é de ninguém.
Em Holocausto Radical, capítulo de seu livro The Politics of Bad Faith, David Horowitz analisa os efeitos do ativismo gay nos Estados Unidos, especialmente em relação às origens da epidemia de Aids no país.
Assim como vermelhos e verdes culpam o capitalismo pela opressão dos trabalhadores e da natureza, o movimento gay e o feminismo correlato culpam a sociedade hetero-normativa pela opressão das mulheres e homossexuais. E como os homens brancos e heteros são também culpados pelo capitalismo selvagem, não é de se estranhar que estes movimentos encontrem um no outro muitos pontos em comum. Como diz o Reinaldo Azevedo, é impossível achar uma ONG que defenda o homem branco, cristão e heterossexual.
De fato, as agendas dos movimentos revolucionários às vezes são tão solidárias entre si que movimentos gays chegam por exemplo a defender o terrorismo palestino (criado por comunistas) mesmo sabendo que gays correm risco de vida em territórios islâmicos. Já os verdes acreditam que mais sexo entre pessoas do mesmo sexo não aumenta a população, o que acaba sendo bom para o planeta.
Como todo movimento radical, a ordem não é modificar pelo diálogo, e sim destruir e substituir a ordem vigente. Com os gays não foi diferente. Nos anos 70, o movimento gay pretendia fazer essa destruição da heteronormatividade pelo "liberou geral". A ordem era fazer sexo com mais parceiros possíveis, conhecidos e anônimos, em todos os lugares possíveis.
Quando a Aids surgiu em território americano, as saunas e pontos de encontro gays passaram a ser os principais focos de disseminação da doença. Descobriu-se logo que o sexo anal e a promiscuidade eram os maiores propulsores da doença.
Até 1983, 95% dos infectados nos Estados Unidos em cidades como Los Angeles e Nova Iorque (lugares de maior incidência da doença) eram homens gays.
Os serviços de saúde pública americanos deveriam ter agido como agiriam no caso de qualquer outra doença, controlando a população de risco e fechando estabelecimentos considerados como focos de epidemia. O ativismo gay organizado no entanto impediu que isso fosse feito alegando discriminação, quando na verdade queria proteger a "revolução" gay.
O resultado é que por conta do ativismo, os serviços de saúde simplesmente não agiram, e os esforços do governo foram direcionados para pesquisas por uma cura e campanhas educativas.
Na busca da cura, gastou-se em dólares por paciente mais do que qualquer outra doença na história da humanidade. Gasta-se muito mais com Aids do que por exemplo em pesquisas com câncer de próstata, que mata muito mais homens por ano do que a Aids.
Nas campanhas educativas, o ativismo gay fez com que menções a sexo anal e promiscuidade fossem praticamente banidas de todo e qualquer material educacional. Ao contrário, apregoou-se que a doença apresentava um risco idêntico para toda a população.
A único instrumento de prevenção aceito pelas organizações militantes gays foi o uso do preservativo, porque interferia pouco com o estilo de vida dos revolucionários.
Aqui no Brasil as coisas não foram muito diferentes. O liberalismo gayzista e sua determinação em subverter a ordem social deu e ainda dá resultado, nas escolas, nas ruas, na televisão e até dentro do governo. Nas escolas públicas distribuem cartilhas de sexo (que de educativas tem muito pouco), camisinhas e pílulas à torto e à direito nas escolas, e qualquer professor de primeiro grau já encontrou vários de seus alunos se atracando no banheiro. Na televisão, do BBB às novelas a ordem é liberar geral. Torna-se tolerável aos olhos da população qualquer tipo de comportamento sexual.
Não há efetivamente nada de errado em ser gay, dado que isso acontece naturalmente com uma parcela ainda que pequena da população. E é dever de um estado democrático tratar todos como iguais perante a lei. Mas fazer do homossexualismo uma bandeira para transformar a sociedade como um todo em uma grande suruba, tentando provar que todo mundo é ou quer ser gay, tem consequências graves. E a Aids é apenas a mais óbvia delas. Nos Estados Unidos a epidemia levou 300.000 vidas, a grande parte de jovens gays que o ativismo diz proteger. Aqui, entre outro tanto, levou nosso Cazuza há 20 anos atrás. E apesar das vítimas, ou usando-as a seu favor, a revolução continua.
Friday, July 16, 2010
O que se decidirá nas urnas
Trechos do artigo de Demétrio Magnoli - O Estado de S. Paulo / Globo (08).
1. A estratégia de campanha do PSDB reflete a sagacidade convencional dos marqueteiros, não o compromisso ousado de um estadista que rema contra a maré em circunstâncias excepcionais. Do alto de seu literalismo fetichista, disseram a Serra que confrontar Lula equivale a derrota certa. Então, o governador resolveu comparar sua biografia à da candidata palaciana. Mas Dilma não existe, exceto como metáfora, o que anula a estratégia serrista. A candidatura da oposição só tem sentido se ele diverge dessa política.
2. O Brasil é "um país de todos" ? Eis a mentira a ser exposta. O Estado lulista é um conglomerado de interesses privados. Nele se acomodam a elite patrimonialista tradicional, a nova elite política petista, grandes empresas associadas aos fundos de pensão, centrais sindicais chapa-branca e movimentos sociais financiados pelo governo. O Brasil não é "de todos", mas de alguns: as máfias que colonizam o aparelho de Estado por meio de indicações políticas para mais de 600 mil cargos de confiança em todos os níveis de governo.
3. Num "país de todos", o sigilo bancário e o fiscal só podem ser quebrados por decisão judicial. No Brasil do lulismo, como atestam os casos de Francenildo Costa e Eduardo Jorge Caldas, eles valem menos que as conveniências de um poder inclinado a operar pela chantagem. Num "país de todos", a cidadania é um contrato apoiado no princípio da igualdade perante a lei. No Brasil do lulismo, os indivíduos ganham rótulos raciais oficiais, que regulam o exercício de direitos e traçam fronteiras sociais intransponíveis. Num "país de todos", a política externa subordina-se a valores consagrados na Constituição, como a promoção dos direitos humanos.
4. No Brasil do lulismo, a palavra constitucional verga-se diante de ideologias propensas à celebração de ditaduras enroladas nos trapos de um visceral antiamericanismo. Estaria a candidatura da oposição disposta a falar de democracia, liberdade e igualdade, distinguindo-se do lulismo no campo estratégico dos valores fundamentais? O lulismo é uma doutrina conservadora que veste uma fantasia de esquerda. Sob Lula, expandiram-se como nunca os programas de transferência direta de renda, que produzem evidentes dividendos eleitorais, mas pouco se fez nas esferas da educação, da saúde e da segurança pública.
5. Há um subtexto na decisão de Serra de comparar biografias. Ele está dizendo que existe um consenso político básico, cabendo aos eleitores a tarefa de definir o nome do gerente desse consenso nacional. É uma falsa mensagem, que Lula se encarrega de desmascarar todos os dias. Os brasileiros votarão num plebiscito sobre o lulismo. Se não entender isso, perderá as eleições e deixará a cena como um político comum, impróprio para circunstâncias excepcionais. Mas ele ainda tem a oportunidade de escolher o caminho do estadista e perder\ganhar as eleições falando de política. Nesse caso e só nesse!, pode triunfar nas urnas.
Orgia Publicitária
Resumo da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (10):
1. A orgia publicitária dos governos é cada dia mais ostensiva. Se agregarmos a publicidade dos três níveis de governo com suas estatais, incluindo promoções e eventos, certamente chegaremos a R$ 5 bilhões ao ano. O que se chamava antes de mídia técnica simplesmente não existe mais. Comparando com os planos de mídia de grandes empresas privadas, o que se vê é a tentativa de atingir uma mosca com um míssil. Algumas vezes por ingenuidade, e outras vezes na antiga ilusão de pensar estar agradando os meios de comunicação, sem levar em conta que há um limite relativo à credibilidade do veículo.
2. Estranho que um governo que terá em poucas semanas tempo de TV e rádio à vontade para seu uso, excite sua publicidade pré-eleitoral.
Não fica bem para ninguém. O excesso de publicidade pode criar um problema para os governos: a ruptura entre o que se diz e o que se vive. Se isso ocorre, o descrédito e a desconfiança produzem uma reversão da expectativa que se pretende. Nas contas de publicidade, cada dia mais se paga de tudo, desde pesquisas a estudos, relatórios, "clipping" etc., sob a justificativa de que são preliminares para definir o conteúdo e a "mídia técnica".
3. Nos últimos anos as publicidades governamentais, "lato sensu", passaram a pré-cobrir as despesas publicitárias de campanha eleitoral. Como a participação das agências alcança até 20% sobre o valor da mídia publicitária, são valores altos. O que muitos objetivam com o excesso de exposição, muito além da mídia técnica, é pré-cobrir as despesas de campanha com publicidade. Isso vale para o projeto de programação visual, para a produção de TV e rádio.
4. Isso vai sendo feito, sem precisar, depois, alocar às despesas de campanha apresentadas à Justiça Eleitoral. Quando leem os custos de publicidade, TV e rádio contabilizados pelos candidatos competitivos, e os valores de mercado político conhecidos, os especialistas ironizam. Curiosamente essa comparação nunca tem sido matéria de fiscalização e investigação eleitoral, o que poderia sinalizar evidências.
5. Os mesmos nomes, entre agências em campanha -elas mesmas ou suas aparentadas- e governo, não são só coincidências. O uso de "pool" de agências ajuda a disfarçar e a diluir. Vai ficando por isso mesmo. E "la nave va". Nunca antes nesse país foi tão ostensivo. Lembro que, nos EUA e na Europa Ocidental, tudo isso é proibido por lei.
A cultura de um país não é sua política
Trechos do artigo de Umberto Eco no Clarín (07).
1. Na minha análise, eu observei duas coisas. Primeiro, que é necessário haver uma distinção entre as políticas governamentais de um país (incluindo sua constituição) e o fermento cultural, que está agindo dentro dele. Em segundo lugar, notei que responsabilizar implicitamente todos os cidadãos de um país pelas políticas de seu governo era uma forma de racismo. Não há diferença entre aqueles que discriminam todos os israelenses e os que sustentam que, uma vez que alguns palestinos cometem atos de terrorismo, devemos bombardear todos os palestinos.
2. Recentemente, em Turim, apareceu uma carta aberta publicada sob o patrocínio da filial italiana da “Campanha para o Boicote Acadêmico e Cultural de Israel”, uma rede de acadêmicos e organizações que trabalham para forçar uma mudança nas políticas israelenses mediante boicote a instituições israelenses. Porque esse boicote deve ser tão amplo? Devemos boicotar os filósofos chineses para que não assistam às conferências, porque Pequim censurou o Google? Se os físicos em Teerã ou Pyongyang estivessem trabalhando ativamente na fabricação de armas nucleares para os seus países, então seria compreensível que seus pares em Roma ou Oxford preferissem romper todas as relações institucionais com eles. Mas eu não vejo por que eles gostariam de romper relações com acadêmicos que trabalham em áreas distintas: todos perderíamos o diálogo sobre a história da arte coreana ou literatura antiga persa.
3. Meu amigo, o filósofo Gianni Vattino, está entre os partidários do último chamado para um boicote. Vejamos hipoteticamente, por diversão, se ele concordaria: suponhamos que em certos países estrangeiros circulem boatos de que o governo italiano de Berlusconi está tentando prejudicar o sagrado princípio democrático da separação de poderes para deslegitimar o sistema judicial, e que está fazendo isso com o apoio de um partido político racista e xenófobo. Agradaria a Vattino, que é um crítico do governo, que as universidades dos EUA protestassem contra a política italiana deixando de convidá-lo para ser professor visitante, ou que comissões especiais adotassem medidas para remover todas as suas publicações das bibliotecas dos Estados Unidos?
4. Ninguém aceitaria que todos os romenos são estupradores, todos os padres são pedófilos e todos os estudiosos de Heidegger, nazistas. Do mesmo modo, nenhuma posição política ou polêmica contra o governo deve condenar toda uma raça ou cultura. Este princípio é particularmente importante no mundo literário, onde a solidariedade global entre acadêmicos, artistas e escritores, sempre foi uma forma de defesa dos direitos humanos através de todas as fronteiras.
Tuesday, July 13, 2010
Monday, July 12, 2010
Thursday, July 08, 2010
Wednesday, July 07, 2010
O Melhor da Copa IV
As 7 Faces da Dona Dilma
Dilma Roussef
Um dia socialista, no outro dia socialaite
Um dia ateísta, no outro evangélica
Um dia contra as invasões, no outro dia MST
Um dia democracia, no outro controle dos meios de comunicações
Um dia um programa radical, no outro um programa paz e amor
Um dia guerrilheira, no outro fantoche do patrão
Um dia pela ética, no outro fabricando dossiês
Pior que filminho da Sessão da Tarde dos anos 80...
Tuesday, July 06, 2010
Heróis da Resistência
Tempos atrás, era costume das famílias rezar antes das refeições. Sim, rezar para agradecer o alimento recebido. Luiz Felipe Pondé diz que muitos teólogos, sejam eles judeus, cristãos ou muçulmanos afirmam que a única teologia verdadeira é aquela que agradece.
Os americanos, estes porcos imperialistas, têm até um dia especial no ano para agradecer a Deus não só pela mesa farta à sua frente, mas por tudo o que receberam.
Não custa lembrar, os períodos de colheita em toda a história da humanidade sempre foram celebrados em festividades religiosas, como até hoje é o caso das nossas festas juninas.
Infelizmente, nos dias urbanos e de fast-food em que vivemos, comendo às vezes até de pé, damos nossas refeições por garantidas.
Nossas crianças acham que o leite nasce dentro da caixinha tetra-pak e o bife é espontaneamente gerado em bandejas de isopor. Achamos que a comida vem do supermercado, que sempre estará ali, repleto de queijos já prontos, manteiga já batida, carne já desossada, frutas já cortadas, e saladas já lavadas, além de todo o assortiment de guloseimas pré-fabricadas de composição indefinida prontas a garantir a nossa obesidade.
Não temos mais idéia do que é o trabalho de plantar, colher, cuidar, ordenhar. E por incrível que pareça, nos esquecemos de agradecer também quem faz esse trabalho por nós.
São produtores rurais, estes impressionantes personagens que entendem um pouco de terra, um pouco de água, um pouco dos ventos e das chuvas, das plantas e dos animais, e ainda precisa entender de dinheiro.
Vou falar de um Produtor Rural.
Há muito tempo seu pai lhe levou para aquelas paragens. O governo dizia para migrarem, para derrubarem a mata e assim teriam terras. Dormiam em casa de pau a pique, teto de palha e chão batido, lampião de querosene e fogão de lenha. Abriram mata, semearam e colheram. Criaram bois. Deu certo. Ele, que era menino, virou Produtor Rural.
O Produtor Rural não estudou, é fato, embora tenha feito todo o esforço do mundo para que seus filhos pudessem ir à faculdade. Mas não é ignorante. Conversa com gente nova, aprende coisas. Melhora sua plantação, compra máquinas. Usa adubos, sementes, insemina o gado. O que ele produz hoje na mesma fazenda é com certeza bem mais do que seu pai produzia. Ele e outros, mesmo sem saber sustentam a economia de todo um país.
Mas anos depois aparece um fiscal do governo em suas terras. Diz que ele está ilegal porque plantou café no morro e não pode. Aplica uma multa porque na beira do rio onde o boi bebe água deveria estar cercado, e no “corguinho” que passa na fazenda devia ter 15 metros de árvores dos dois lados, embora ele explicasse que quando foram para lá ninguém lhes falou dessas regras.
Aparece outro fiscal, e lhe dá multas porque ele deveria por banheiros para seus empregados lá no meio da roça, como se ele algum dia tivesse tido esses luxos. E outra multa porque seu tratorista come sua marmita debaixo da árvore quando deveria ter um refeitório para comer.
Outro dia vem um outro rapaz estudado, e diz que seus bois deveriam ter brinco, e que cada uma deveria ter um documento de identidade. Diz que os europeus estão preocupados com isso e querem os brincos porque é mais saudável. O Produtor Rural não entende muito bem porque para ele mais saudável que aquele boi seu que passou a vida ali no pasto não existe, e se pergunta se boi europeu tem aquela vida boa. Mas vai na dele e põe brinco em tudo. Depois lhe dizem que as regras mudaram, e o que ele fez precisa ser refeito.
Aí aparece um outro cabeludo, com sotaque de gringo. Fala que quer preservar a biodiversidade, que o mundo todo está muito preocupado e diz que se ele plantar árvore um dia vai receber por aquilo. Mas quem é da roça desconfia, e normalmente se é pra fazer serviço quer ver a cor do dinheiro antes. Ele pergunta ao moço se no país dele tem muita mata, e ouve que não, e que é por isso que ele devia plantar mais árvores ali.
Uma moça toda arrumada diz que é do supermercado, e vem falando coisas bonitas como paradigmas, sustentabilidade, mudanças climáticas, e diz que o consumidor está muito preocupado, e lhe dá um manual de regras pra seguir.
Um outro rapaz de sandália de couro e bolsa de tricô diz que é da ONG, e traz um calhamaço de leis que o Produtor nem sabia que existiam. Diz que a sociedade está muito preocupada, porque quase todos os Produtores são ilegais e ele não deveria continuar assim.
Aí aparece um doutor do Governo, diz que tem que zelar pelo bem do País e pela Constituição, e que o Produtor deve assinar um papel e ajustar sua conduta, que ele não sabia que estava desajustada. E se ele não assina não pode mais vender nada para ninguém.
Uma outra moça, cara de francesa, chega e fala que está muito preocupada lá onde ela mora porque o clima do mundo está mudando, e ela diz que as vacas dele estão esquentando o mundo. O Produtor se espanta e dá risada ao perguntar como.
Um outro doutor, estudado, diz que a fazenda dele é na verdade terra dos índios, e que está preocupado com os índios porque nós matamos quase todos eles, que eram os donos do Brasil. Tem índios ali perto, já donos de bastante terra. O Produtor viu uma vez o governo construindo casas para os índios, e dando cestas básicas aos índios dali. E viu o material de construção das casas sendo vendido na cidade, e as cestas trocadas por pinga.
Aí aparece um padre, com uns índices na mão. Diz que o produtor não produz o que está escrito ali, e que portanto a terra dele devia ser dada para quem precisa. O padre está muito preocupado com os excluídos. O Produtor pergunta quem são os excluídos, e reconhece ali um povo que nunca trabalhou em roça. Tem garçom, ajudante de pedreiro, tem até funcionário público. E ele vê esse povo recebendo dinheiro do governo todo mês. E se pergunta se o excluído não é ele que paga um monte de imposto e ainda tem que pagar escola para os filhos, seguro saúde e ainda anda em estrada esburacada, sem receber dinheiro nenhum do governo de volta.
O Padre volta com outro doutor, que quer que ele prove que um dia no passado o governo realmente fez um papel dizendo que aquela terra era do seu pai. O Produtor pensa que se o governo durante esse tempo todo cobrou impostos dele por aquela terra é porque sabia que era dele, ou não?
Aí o Produtor vai no banco, quer emprestar para investir e produzir mais, plantar árvore. E um gerente do banco, que diz que está muito preocupado com o planeta e o clima diz que só empresta se ele cumprir todo um outro livro de regras. O Produtor se pergunta se o dono do banco sabe se o dinheiro que está ali vem de drogas, de jogo, de corrupção de políticos, de venda de madeira ilegal. Mas se cala e desiste daquilo.
Então o Produtor vai dar uma volta na cidade. Ele vê favelas nos morros de tudo quanto é jeito, e depois vê na TV que o morro desabou na chuva e um monte de gente morreu e se pergunta se o moço que disse que não podia plantar no morro tinha ido lá ver aquilo. Vê um monte de esgoto sendo jogado no rio e se pergunta se o doutor que queria zelar pelo bem do País foi atrás de quem fazia aquilo. E vê no jornal que o chefe do fiscal que lhe havia multado foi preso por tráfico de madeira. Vai no supermercado, e em sua economia simples faz uma conta e vê que o quilo de carne vendido ali custa quase dez vezes mais o que ele recebeu pelo boi, embora ele tenha ficado três anos cuidando do bicho e o supermercado três dias cuidando da bandejinha. E vê o povo comprando o que é mais barato mesmo, e se pergunta se tudo o que está ali segue as regras que a moça arrumada lhe deu para seguir.
O Produtor começa a desconfiar que aquele povo todo preocupado que foi na sua fazenda está preocupado mais é em justificar os próprios empregos uns aos outros. Todos tem trabalhos tão bonitos, é consultor disso, coordenador daquilo, empresa de governança, ONG de sustentabilidade, tem até uns cargos em inglês que ele nem sabe o que são. Ele é do tempo em que você sabia o que a pessoa fazia. Era o açougueiro, o peão, o padeiro, o sapateiro... Então ele decide que não quer fazer mais nada daquilo.
Chamam-no de turrão, ignorante, reacionário, desconfiado, atrasado. Dizem que ele não quer se adequar aos novos tempos, não entende como funciona o mundo, não liga para a natureza e nem para a sociedade. Logo ele que passou a vida aprendendo como a natureza funciona e que faz comida para esse povo todo.
E o Produtor vai lá para o seu fim de mundo, em uma estrada esburacada e esquecida, escutando no rádio que o copeiro do Palácio ganha R$ 9.000 reais por mês, e que mais alguém havia sido pego com dinheiro na meia ou na cueca.
Apesar de tudo continua produzindo.
Não, nós não agradecemos pela comida. Nós pegamos quem a produz e colocamos no cantinho da sala, ajoelhado no milho, com um chapéu de burro na cabeça. Nós pegamos o Produtor, lambuzamos ele de piche e jogamos penas de galinha em cima, fazendo-o perambular pelas ruas da cidade. Podemos também colocá-lo numa gaiola para que seja cuspido e apedrejado por quem passar.
Ou, melhor ainda, vamos costurar uma Estrela de Davi nas roupas de todos eles, para podermos identificá-los bem. Como estão quase todos na ilegalidade, poderemos colocá-los todos fechados em um campo de concentração. Então será fácil tomar essas terras e aí sim poderemos produzir como se deve, deixando o mato crescer, a Terra esfriar e todos os índios e animais felizes na floresta.
Eu sempre tive um respeito nato por quem produz, simplesmente pelo heróico ato de produzir.
Hoje, meu respeito é também pelo heróico ato de resistir. Resistir a uma sociedade obcecada pelo controle da vida alheia em todos os aspectos. Resistir a uma relativização de direitos básicos de toda sociedade democrática. Resistir ao despotismo estatal. Resistir à ditadura de minorias. Resistir ao globalismo ecológico. Resistir a uma Justiça parcial. Resistir à centralização de poder. Resistir à delegação de responsabilidades. Resistir em suma ao fascismo que se desenha em nosso futuro.
Sei que é luta inglória e que fatalmente a Resistência cairá. Mas tenho meu respeito declarado e minhas armas à disposição da luta.
E hoje rezo não só para agradecer o prato de comida à minha frente, mas para pedir que ele continue aparecendo sempre.
Friday, July 02, 2010
O Melhor da Copa III
Thursday, July 01, 2010
Soninha confirma
Leandro Dalle questionou a Soninha Francine sobre seu apoio ao Serra.
Ela enviou a seguinte resposta:
Leandro,
Posso explicar, sim. Talvez não em poucas palavras, mas em muitas informações sobre o que vi, vivi e aprendi nos últimos anos.
Pra não deixar sem nenhuma resposta agora, posso resumir assim:
Descobri que o meio em que eu vivia - de petistas - inventava muitas barbaridades sobre o Serra. Por que o Serra? Não sei, talvez porque ele tenha sido o candidato do governo à sucessão do Fernando Henrique, portanto rival direto do Lula na disputa presidencial. .. Porque os pe tistas já pintavam os tucanos como o fel da terra (e eu, mesmo quando era do PT, achava isso um pouco absurdo), e o Serra como o próprio Satanás.
Só que os fatos, mesmo vistos de longe, já desmentiam algumas coisas que diziam sobre ele: como ele podia ser "queridinho" da grande mídia quando comprava briga contra a publicidade de cigarro, por exemplo - que era uma baita fonte de receita para os meios de comunicação? E como ele era parte da elite imperialista internacional, quando foi à OMC e lutou contra os lobbys e cartéis da indústria farmacêutica, conseguindo as quebras de patente em nome da saúde pública dos países mais pobres?
Mesmo com esses fatos, eu acreditava nas versões do PT... Afinal, o PT era o meu partido, eu tendia a concordar com tudo... Pensava: "Ok, eles fez uma ou duas coisas importantes, corajosas, mas nem por isso é uma pessoa decente". O PT dizia que ele era covarde, porque tinha "fugido" da ditadura... Que era um manipulador ardiloso, porque "armou" um flagrante pra Roseana Sarney (se bem que eu já pensava naquela época: o marido da Roseana Sarney tem um milhão e meio de reais de origem desconhecida e a culpa é do Serra?).
Enfim, eu o detestava. Até ser vereadora e ele, prefeito. E descobrir que o demônio que pintavam não era nada daquilo. Mal humorado, impaciente, carrancudo, ríspido demais às vezes? Sim. Mau caráter? Não.
Em 2005, começo do meu mandato, o Serra me recebeu (a meu pedido), ouviu atentamente tudo o que eu disse e reconheceu que estava equivocado em algumas medidas que havia tomado como prefeito. Na manhã seguinte, desfez o que tinha feito.
Depois, me procurou inúmeras vezes para perguntar de assuntos que acreditava que eu conhecesse melhor do que ele - políticas de juventude, meio ambiente, cultura. Cansei de vê-lo pedindo idéias, sugestões, opiniões. O contrário do que diziam dele...
Enquanto isso, o PT - que era o meu partido - continuava inventando, mentindo. Uma barbaridade. Analisava um projeto de lei enviado á Câmara pelo prefeito, concluía que o projeto era muito bom e... No plenário da Câmara, fazia DE TUDO para barrar o projeto. Saía do plenário para não dar quórum, subia na tribuna e passava meia hora falando horrores de um projeto que TINHA CONSIDERADO BOM - apenas para prejudicar "os tucanos" na eleição seguinte.
Mesmo assim, mesmo no meio da guerra mais suja - petistas espalhavam mentiras para assustar a população, uma coisa realmente horrorosa - se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PT e ele considerasse o projeto bom para a cidade, ele sancionava (isto é, aprovava). E se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PSDB e ele considerasse o projeto ruim para a cidade, ele vetava. Aliás, nós ficamos amigos, e ele... vetou vários projetos meus. Ou seja, um comportamento REPUBLICANO, de respeito à Casa Legislativa e ao interesse coletivo. Mas o PT continuava espalhando que ele era autoritário, mentiroso, privatista, neoliberal.. . E que era repressor, "inimigo dos pobres", "amigo das elites", tudo de pior no mundo.
Mas o Serra ia fazendo coisas muito legais na cidade - criou a Coordenadoria da Diversidade Sexual, a Secretaria da Pessoa com Deficiência.. . O Centro de Juventude da Cachoeirinha, que é do cacete... Pegou um esqueleto que estava lá abandonado desde o Janio Quadros e fez um troço muito legal.
Terminou o primeiro trecho do maldito Fura-Fila do Pitta, que também estava abandonado. Voltou atrás na história dos CEUS - porque essa foi uma das coisas que eu consegui convencê-lo de que ele estava errado - e mandou fazer vários outros, mantendo o nome "CEU" (bandeira da Marta...).
Idem com os Telecentros - que os petistas diziam que ele "destruir", transformar em Acessa São Paulo, que era bem diferente... Criou a Virada Cultural. Fez os benditos hospitais de Cidade Tiradentes e do M'Boi Mirim - que o PT anunciava que a Marta tinha feito, quando na verdade ela não tinha começado nem a cavar o alicerce... Sem falar que a Marta, que passou os 2 primeiros anos de seu governo sanando as contas da prefeitura detonadas pelo Pitta, passou os dois últimos anos destroçando as contas da prefeitura - e deixou dívidas absurdas, contratos temerários de 20 anos assinados "no apagar das luzes"... O Serra deu muita força para a Secretaria do Meio Ambiente, que sempre era das mais pobrezinhas. E chamou para trabalhar com ele pessoas que tinham trabalhado com a Marta, sem a menor hesitação, sem rancor e ressentimento, porque considerava que elas eram competentes.
Enfim, eu VI, eu testemunhei, condutas absurdas do meu partido - e condutas admiráveis do Serra, que o meu partido pintava como o enviado do capeta. Resultado: (lembre-se, este é um resumo, a história completa é uma enciclopédia) saí do PT, que foi se distanciando barbaramente dos ideais que pregava, adotando o "vale tudo" (pra governar, pra ser oposição), e fui para um partido de oposição. Que hoje apóia o Serra para presidente, assim como eu.
E eu nem falei do governo do estado... De mais uma sequência enorme de mentiras e terrorismos, como de costume ("ele vai privatizar o metrô?!"; "ele publicou decretos para acabar com a autonomia universitária!"), e, da parte dele, realizações admiráveis, mais ainda para quem ficou 3 anos e pouco no governo (e 1 ano e meio na prefeitura). Uma lista de pontos em que a atuação dele me agrada muito: trens metropolitanos, metrô, meio ambiente, cultura, pessoa com deficiência.. . E outros mais.
Se você odeia o Serra como eu odiava, eu sei que não vai mudar de idéia assim tão fácil. Não tenho essa pretensão. Mas gostaria que você acreditasse em mim: é com muita convicção que eu voto nele, baseada nos meus 6 anos de vida mergulhada integralmente na política.
Abração
Soninha
Mensagem de autoria confirmada pela própria no Twitter
Quem sabe fala
"Eu jamais pagaria um ingresso para ver essa atual seleção do Brasil jogar"
"Onde está a magia brasileira? Não consegui entender por que Dunga escolheu alguns jogadores. Onde está o talendo no meio de campo? O Brasil precisa jogar com mais intensidade, mais 'pegada', porque eles não são especiais. São como qualquer outro time nesta Copa do Mundo"
"Eles têm jogadores talentosos, mas jogam de uma forma mais defensiva e menos agradável de se ver. É uma vergonha para os fãs e para o torneio. Eles são um dos times que as pessoas querem ver".
Johan Cruyff no Daily Mirror
Obs.: Não torço por eles, mas concordo integralmente! #ForaDunga
O Parto - minha versão
3h30
Mãe - Vem já para cá que o bicho tá pegando...
Eu (a 200km de distância) - Tô indo, tô indo...
2 horas e 12 pontos na carteira mais tarde:
Eu - cheguei!
Vozes na minha cabeça - Olha essa barriga! Parece que ela engoliu a Jabulani. Mas a dela vai sumir em meia hora, e a sua que é de torresmo e cerveja? Daqui pra frente só piora...
Mãe - aiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaia uff uff uff aiaiaiaiaiaiaia
Eu - o que foi isso?
Mãe - contração...
Eu - ok, vamos cronometrar
Vozes na minha cabeça - É, tente fazer alguma coisa que parece que você está sendo útil nessa hora.
Mãe - aiaiaiaiaiaiaiaia uff uff uff aiaiaiaiaia me dá a mão pra eu morder...
Eu - aiaiaiaiaiaiaiaiaia
Vozes na minha cabeça - Agora você está servindo pra alguma coisa. Graças a Deus você é homem. Mas será que o Elano vai entrar manhã no jogo contra Portugal?
Enfermeira 1 - Vamos por esse sorinho aqui só para acelerar as coisas.
Mãe - aiaiaiaiaiaiaiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai!!!
Vozes na minha cabeça - De novo, realmente é bom ser homem...
8h00 Preparando para entrar na sala de parto
Enfermeira 1 - entra aí, põe essa touca, essa calça, essa máscara, essa blusa e espera
Vozes na minha cabeça - ok, touca, roupa, é quase como entrar lá no frigorífico. Muito inox, sangue por todo lado, estamos quase em casa. Será que a Argentina bate a Alemanha nas quartas? Vamos, você já viu bezerro nascer, cabrito, tá tudo em ordem. Você é um homem ou um pé de alface? Eu sou um homem, mas aquele das antigas, que devia estar lá fora tomando pinga e fumando charuto no boteco enquanto espera.
Enfermeira 1 - tá na hora, vamos lá?
Eu - Vamos lá.
8h15 Sala de Parto
Mãe - Oi, tudo bem?
Eu - Que bom, te deram alguma coisa?
Mãe - Peridural.
Vozes na minha cabeça - Um brinde aos anestesistas
Enfermeira 2 - Põe o pai aqui ó, tem um banquinho
Anestesista - Tira o pai daí, tá atrapalhando
Enfermeira 2 - Põe o pai lá do outro lado
Anestesista - Peraí que eu preciso mexer aí, dá licença pai.
Vozes na minha cabeça - O pai é realmente esse estorvo todo?
Enfermeira 3 - O pai tá firme? O último desmaiou.
Vozes na minha cabeça - Firme feito garfo na polenta, obrigado pelo apoio moral.
Eu - Firme, firme...
Enfermeira 4 - Vai filmar?
Vozes na minha cabeça - Ah, tudo que suas visitas gostariam de ver, um close da cabeça do seu filho aparecendo pela vagina da sua mulher em High Definition 32 polegadas. Que tal cópias em DVD de lembrancinha?
Eu - Não obrigado, vou ficar ali atrás mesmo se não for atrapalhar...
Vozes na minha cabeça - Não tem uma cena de Meaning of Life do Monty Python que é igualzinha? Cadê aquela maquininha que faz PIIING?!
8h45 O parto
Enfermeira 1 - Força!
Enfermeira 2 - Força!
Enfermeira 3 - Força!
Enfermeira 4 - Força!
Pediatra - Força!
Anestesista - Força!
Obstetra - Força!
Vozes na minha cabeça - É a festa do caqui aqui na sala de parto? O hospital inteiro resolveu aparecer? A doutora pelo menos parece que sabe o que está fazendo, tá lá tranquilona como se tivesse escolhendo maçã na feira. Acho que você deveria dizer alguma coisa.
Eu - Força!!!
Enfermeira 3 (Gordinha) - Tudo bem aí? Vamos lá de novo?
Mãe - Vamos, mas seria melhor se a senhora não subisse em cima da minha barriga.
Enfermeira 1 - Força!
Obstetra - Força!
Anestesista - Estou vendo a cabeça, é cabeludo, será que é argentino?
Vozes na minha cabeça - Cancela o brinde.
Eu - Se for devolve!
Obstetra - Tá saindo, tá saindo, que bonitinho.
Vozes na minha cabeça - Bonitinho? ele parece o Mr. Potato Head do Toy Story, tá todo amassado. Mais roxo que uma ameixa. Também, passar por ali, imaginou ele nascendo pelo seu pinto? Aaaaai. Realmente é bom ser homem. Bebê, que bom que você é homem!
Obstetra - Nasceu!
Mãe - aahhhh
Enfermeira 1 - aaahhhh
Enfermeira 2 - aahhhh
Enfermeira 3 - aahhhh
Pediatra - ahhhhh
Anestesista - Tchau muchacho!
Vozes na minha cabeça - Cancela o brinde e dá uma bifa no palhaço. Segue o menino, vão trocar ele por outro, vão deixar cair, vai atrás, se mexe seu inútil...
Bebê - Buáááááááááá!
Vozes na minha cabeça - Pela primeira vez estou feliz de ouvir uma criança chorar desse tanto.
Pediatra - Tudo bem, nasceu com 3,285kg.
Vozes na minha cabeça - Tem muita cerveja com torresmo pela frente pra ficar igual ao pápi.
Pediatra - Vamos levar para a mãe
Eu - Olha quem chegou!
Mãe - Oi filho!
Vozes na minha cabeça - Como a gente pode já amar tanto uma pessoinha que há pouco tempo nem existia? Onde está o meu charuto?
Vida
Severino, retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
João Cabral de Melo Neto
Morte e Vida Severina
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