Thursday, March 13, 2008

Brasil


Sim, eu voltei.
Eu poderia passar o resto da vida indo de casa para o trabalho com segurança e estabilidade, passeando de bicicleta no fim de semana e tirando férias uma vez por ano até a minha aposentadoria.
Mas eu vim para o Brasil.
Com medo e ansioso por ter que começar tudo de novo, com novos projetos e desafios pela frente, mas também cheio de disposição para isso.
As pessoas perguntam se vamos conseguir nos adaptar aqui de novo. É claro que sim, afinal foi aqui que nascemos e crescemos. O que não impede que sejamos capazes agora de considerar como ruins algumas coisas que antes achávamos normais, ou que nem mesmo percebíamos.
Um brasileiro por exemplo acha que shoppings e condomínios fechados numa cidade é um sinal de progresso. Para mim é um sinal evidente de terceiro mundismo. O governo é incapaz de tornar uma cidade bonita e segura, então os cidadãos decidem eles mesmos cuidarem do assunto, privatizando espaços que deveriam ser da esfera pública. Mesmo se continuam pagando impostos escandinavos ao governo.
Outro exemplo é essa mentalidade napolitana tão arraigada na cultura latina em geral. Já viu Nápoles na tv imersa em um mar de lixo por conta de greves e outros problemas públicos? Os napolitanos não estão nem aí. Se a sua famiglia, o seu clã está bem de vida, então o resto que se dane.
São pequenas coisas que hoje percebo mais do que antes. Mesmo assim eu quis voltar e (ainda) não me arrependo.
Esta semana estou na praia, o resto que se dane.

2 comments:

clabrazil said...

Não tenho dúvidas quanto à adaptação... mas tenho dúvidas que será sem dor!

O bom disso tudo é que aí, longe da tranqüilidade de Gouda, você terá muito mais estímulo pra escrever neste blog.

Aguardo ansiosamente!

Ricardo Rayol said...

só posso dizer boa sorte