Thursday, March 13, 2008
Descobrimentos
Saibam, ò príncipes do além-mar, que neste março do ano de Nosso Senhor de 2008, venho de aportar em Terra Incognita, estranhas paragens tropicais e verdejantes, onde o calor é sempre intenso, o solo rico e a natureza exuberante.
Tento familiarizar-me com os nativos e seus costumes e hábitos, alguns deles inenarráveis a ouvidos civilizados, mas dado o caráter expedicionário de minha missão tenho por dever de relatar.
Durante certas festividades, os nativos andam adornados com plumas e quase nus, exibindo suas vergonhas em público como se estivessem no próprio jardim do Éden.
A libertinagem impera e os princípios cristãos são aqui desconhecidos.
São extremamente barulhentos, e dirigem-nos a palavra sempre em grupos, falando todos ao mesmo tempo sem se preocuparem se há compreensão mútua ou não.
Comem do amanhecer ao anoitecer, embriagam-se facilmente e no entanto estão constantemente preocupados com suas formas, sendo que os indivíduos mais musculosos e menos obesos exibem-se constantemente como pavões, cobrindo-se o minimamente possível.
Adoram adereços, miçangas, peças de tecido e objetos brilhantes e qualquer um deles será facilmente ludibriado em troca de qualquer objeto desses. Há inclusive lutas e altercações em nome da posse dessas mercadorias.
A precária estrutura social dos nativos aparentemente não põe em valor os indivíduos mais corajosos, nobres, sábios ou anciãos, mas sim os indivíduos que possuem o maior número de objetos.
Mas como dantes relatado, é terra onde se plantando tudo dá, e com a graça do Senhor e alguns séculos de civilização, esses hábitos bárbaros alterar-se-ão e esta será a terra de um futuro brilhante.
Seu humilde servo no aquém-mar.
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