Tuesday, June 13, 2006

Bola na mesa


A bola torna os homens mais próximos. O futebol por ser o esporte mais popular do planeta acabou se transformando no símbolo máximo da globalização. Um evento como a final desta Copa será assistido por pelo menos 1 bilhão de pessoas. Cristãos, muçulmanos, budistas, negros, brancos, asiáticos, amigos e inimigos são todos os mesmos diante da bola. A Fifa poderia dar aulas à ONU sobre como estabelecer regras que sejam cumpridas à risca em todos os países membros. Futebol pode gerar riquezas. É um negócio de bilhões de dólares e se fosse bem aproveitado no Brasil teríamos clubes à altura de um Manchester United ou um Real Madrid. Futebol pode distribuir riqueza. Clubes europeus investem em escolas de futebol na África e América do Sul e importam jogadores de todo canto. A Fifa não quer realizar a próxima Copa do Mundo na África por acaso.
Mas há um lado negro nesta força. Nos estádios europeus cansamos de ouvir manifestações de hooliganismo, racismo, nazi-fascismo e outros –ismos cretinos. Reuniões secretas estão sendo tramadas por torcidas organizadas para armar o quebra pau nesta Copa. Fora dos estádios, a prostituição é um dos negócios que mais prospera com o evento. Imaginem-se milhares de torcedores predominantemente masculinos cheios de testosterona e energia para gastar. Prato cheio para as máfias que trazem mulheres da Europa do Leste, Ásia e até do Brasil.
Mas, on the bright side of life, empenhando todo o meu conhecimento futebolístico já apostei no Brasil no bolão da firma, em uma dramática final com a Argentina, descartando a Holanda nas quartas de final.
Faz um calor equatorial na Holanda. Estou escrevendo por que estou como Al Pacino em Insomnia. O dia de verão aqui acaba depois das dez e meia da noite e clareia às 4 da manhã. E as casas holandesas não são exatamente adaptadas para o calor. Fora o calor, os Oranjes acabam de estrear na Copa ganhando de um a zero da Sérvia e Montenegro.
Os holandeses têm agora não apenas um mas dois bom motivos para iniciar uma conversação. Eles ainda sonham em reviver os bons e velhos tempos de Johan Cruijf e da Laranja Mecânica. Eu, filosoficamente os tento fazer ver que o bonde já passou.
Na seleção de 70 todos os jogadores brasileiros eram de clubes nacionais. Hoje, quase todos os nossos craques estão jogando por aqui. A Europa está recrutando cada vez mais jogadores de fora e cada vez mais jovens. Está cada vez mais difícil para eles conseguirem novos Cruijfs, Platinis e Beckenbauers em casa.
O triste disso é pensar que eles não conseguem achar talentos por aqui porque as crianças européias passam a maior parte do tempo numa escola, em casa com a família, na televisão ou envolvido em alguma outra das inúmeras opções de educação e lazer que têm por aqui, e não na rua chutando qualquer coisa remotamente redonda como na África ou no Brasil.

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