Terra Vermelha é o título brasileiro do filme Birdwatchers (Observadores de Pássaros), ou no original italiano Terra degli Uomini Rossi (Terra dos Homens Vermelhos), do diretor ítalo-chileno Marco Bechis.
O filme, sobre a realidade e os conflitos dos índios Guarani-Kaiowás no sudoeste do estado do Mato Grosso do Sul aparece no momento em que a Federação da Agricultura do Estado e a FUNAI discutem exatamente a demarcação de terras indígenas na região.
A história começa com um passeio de turistas estrangeiros, os tais birdwatchers, por um rio do lugar. De repente, entre um tuiuiú e outro, nas margens sombreadas pela floresta eles avistam um grupo de índios pintados e enfeitados que disparam algumas flechas para o ar. Em silêncio maravilhado, os turistas filmam e tiram fotos.
O barco se afasta, os índios entram na mata, saem em campo aberto onde uma caminhonete os espera. Vestem seus shorts e camisetas e recebem dos funcionários da fazenda onde os turistas estão hospedados um pagamento pela “apresentação”.
De volta à reserva onde vivem, gastam o dinheiro na venda do lugar com alimentos e cachaça. Assombrado pelo suicídio de seus jovens, o cacique decide sair da reserva em busca da terra de seus ancestrais, que acaba sendo a mesma fazenda onde antes se apresentavam.
Acampados entre a rodovia e a cerca da fazenda, o filme mostra o desenvolvimento do conflito entre os índios e o fazendeiro branco, cuja família está ali há três gerações. Em uma cena memorável, cacique e fazendeiro discutem cara a cara sobre a posse da terra. O fazendeiro diz “eu produzo alimentos aqui, para as pessoas comerem”. O índio responde apanhando um torrão de terra vermelha na mão e comendo em silêncio, querendo dizer que ele é feito da própria terra. Marco Bechis retrata o cotidiano dos índios de forma quase documental. Os suicídios, o alcoolismo, a pobreza real e moral, o conflito entre suas tradições e um futuro sem perspectiva, está tudo ali como realmente é.
Mas por mais primorosa que tenha sido a visão de Bechis sobre esses problemas, o filme descamba inevitavelmente para aquele que é o mal maior do cinema latino, o vitimismo.
É óbvio que o fazendeiro acaba se tornando o vilão da história, e no fim acaba usando métodos pouco humanos para se livrar do problema. O filme chega a mostrar o fazendeiro pulverizando de avião com agrotóxicos o acampamento indígena. Ainda por cima, sendo o vilão, o fazendeiro ainda é retratado como mau pai, patrão e marido. A filha adolescente que fuma maconha escondida pela fazenda acaba se envolvendo em um improvável romance com o jovem índio aspirante a pajé. Os empregados paraguaios não estão aí muito preocupados em se meter em briga por causa o patrão.
No entanto, o que parece ser um discurso a favor da demarcação de terras indígenas como propõem a FUNAI e alguns antropólogos de miolo mole metidos a Rousseau, mostra na verdade o beco sem saída em que a política indigenista se encontra hoje.
Os índios já sabem o que é civilização, querem celulares, tênis, motos, um freezer. No filme, os jovens índios que tentam caçar para comer, só acabam caçando mesmo é um boi do fazendeiro.
A vida idílica de caça e pesca na floresta só existe mesmo na cabeça dos já supra citados antropólogos de miolo mole. É impossível isolar os índios em reservas imensas como se estivessem em um zoológico para gringos tirarem fotos. A única saída que eles tem dali é o suicídio.
O maior mal dos índios hoje é a falta de perspectivas. E o que dá perspectiva ao caboclo brasileiro é, como diz aquela música, numa mão educação, na outra dinheiro.
A FUNAI deveria se preocupar em dar educação àqueles que ela pretende proteger em vez de se preocupar em demarcar mais terras do que os índios já tem.
E os índios deveriam aprender como usar suas terras para produzir riqueza. Embora crucificado pelos indigenistas e ambientalistas, o agronegócio é a força motriz da economia do interior do Mato Grosso do Sul e mesmo do interior do Brasil. E, como provou Cláudio Moura e Castro em sua coluna na VEJA, educação e agronegócio andam juntos onde quer que se olhe neste país.
Os índios não querem?
Bem eles não tem muita escolha ao menos que o resto da população brasileira decida embarcar nas caravelas de volta ao velho continente.
Os índios podem hoje escolher entre se integrar à vida social e econômica do país ou ao suicídio na floresta. Eu acho a primeira alternativa melhor. Pode parecer que não, mas os humanistas como Bechis e a FUNAI acham a segunda alternativa melhor.
O filme, sobre a realidade e os conflitos dos índios Guarani-Kaiowás no sudoeste do estado do Mato Grosso do Sul aparece no momento em que a Federação da Agricultura do Estado e a FUNAI discutem exatamente a demarcação de terras indígenas na região.
A história começa com um passeio de turistas estrangeiros, os tais birdwatchers, por um rio do lugar. De repente, entre um tuiuiú e outro, nas margens sombreadas pela floresta eles avistam um grupo de índios pintados e enfeitados que disparam algumas flechas para o ar. Em silêncio maravilhado, os turistas filmam e tiram fotos.
O barco se afasta, os índios entram na mata, saem em campo aberto onde uma caminhonete os espera. Vestem seus shorts e camisetas e recebem dos funcionários da fazenda onde os turistas estão hospedados um pagamento pela “apresentação”.
De volta à reserva onde vivem, gastam o dinheiro na venda do lugar com alimentos e cachaça. Assombrado pelo suicídio de seus jovens, o cacique decide sair da reserva em busca da terra de seus ancestrais, que acaba sendo a mesma fazenda onde antes se apresentavam.
Acampados entre a rodovia e a cerca da fazenda, o filme mostra o desenvolvimento do conflito entre os índios e o fazendeiro branco, cuja família está ali há três gerações. Em uma cena memorável, cacique e fazendeiro discutem cara a cara sobre a posse da terra. O fazendeiro diz “eu produzo alimentos aqui, para as pessoas comerem”. O índio responde apanhando um torrão de terra vermelha na mão e comendo em silêncio, querendo dizer que ele é feito da própria terra. Marco Bechis retrata o cotidiano dos índios de forma quase documental. Os suicídios, o alcoolismo, a pobreza real e moral, o conflito entre suas tradições e um futuro sem perspectiva, está tudo ali como realmente é.
Mas por mais primorosa que tenha sido a visão de Bechis sobre esses problemas, o filme descamba inevitavelmente para aquele que é o mal maior do cinema latino, o vitimismo.
É óbvio que o fazendeiro acaba se tornando o vilão da história, e no fim acaba usando métodos pouco humanos para se livrar do problema. O filme chega a mostrar o fazendeiro pulverizando de avião com agrotóxicos o acampamento indígena. Ainda por cima, sendo o vilão, o fazendeiro ainda é retratado como mau pai, patrão e marido. A filha adolescente que fuma maconha escondida pela fazenda acaba se envolvendo em um improvável romance com o jovem índio aspirante a pajé. Os empregados paraguaios não estão aí muito preocupados em se meter em briga por causa o patrão.
No entanto, o que parece ser um discurso a favor da demarcação de terras indígenas como propõem a FUNAI e alguns antropólogos de miolo mole metidos a Rousseau, mostra na verdade o beco sem saída em que a política indigenista se encontra hoje.
Os índios já sabem o que é civilização, querem celulares, tênis, motos, um freezer. No filme, os jovens índios que tentam caçar para comer, só acabam caçando mesmo é um boi do fazendeiro.
A vida idílica de caça e pesca na floresta só existe mesmo na cabeça dos já supra citados antropólogos de miolo mole. É impossível isolar os índios em reservas imensas como se estivessem em um zoológico para gringos tirarem fotos. A única saída que eles tem dali é o suicídio.
O maior mal dos índios hoje é a falta de perspectivas. E o que dá perspectiva ao caboclo brasileiro é, como diz aquela música, numa mão educação, na outra dinheiro.
A FUNAI deveria se preocupar em dar educação àqueles que ela pretende proteger em vez de se preocupar em demarcar mais terras do que os índios já tem.
E os índios deveriam aprender como usar suas terras para produzir riqueza. Embora crucificado pelos indigenistas e ambientalistas, o agronegócio é a força motriz da economia do interior do Mato Grosso do Sul e mesmo do interior do Brasil. E, como provou Cláudio Moura e Castro em sua coluna na VEJA, educação e agronegócio andam juntos onde quer que se olhe neste país.
Os índios não querem?
Bem eles não tem muita escolha ao menos que o resto da população brasileira decida embarcar nas caravelas de volta ao velho continente.
Os índios podem hoje escolher entre se integrar à vida social e econômica do país ou ao suicídio na floresta. Eu acho a primeira alternativa melhor. Pode parecer que não, mas os humanistas como Bechis e a FUNAI acham a segunda alternativa melhor.
4 comments:
Caro Fernando,
se bem entendi, você quer que os indios saiam todos da floresta e abracem a causa do agronegócio, deixando que suas terras sejam completamente colonizadas pela soja e o gado. Que tal, ao contrário, se eles pudessem cultivar e produzir de forma sustentável, mantendo preservado seu ambiente natural e sua cultura e ganhando, em justa proporção, pelo seu trabalho, que poderia até vir a beneficiar o agronegócio? Você fala que eles devem "escolher entre se integrar à vida social e econômica do país ou ao suicídio na floresta". Eu acho exatamente o contrário: é o país que deve ser capaz de adotar modelos de produção que respeitem a cultura e o ordenamento social dos índios, valorizando seus conhecimentos e pagando o justo para utilizá-los. Se isso não acontecer, a sociedade civil brasileira irá cometer suícidio, destruindo parte importante do seu capital social e trasformando o Brasil num país qualquer da econômia global. Por isso sim, a Funai, pode e ainda deve fazer muito, não para levar a educação do mundo ocidental aos índios, mas para educar os índios a defender sua cultura e seu estilo de vida, para que eles não acabem se tornando apenas "clientes da cidade" ao invés de "moradores da floresta".
Meu caro Massimiliano,
1.A terra já foi colonizada pelo gado e pela soja. O que a FUNAI quer é devolver um terço do Estado do Mato Grosso do Sul para os índios. Os índios no Brasil são 0,2% da população e tem 13% do Brasil. São os maiores latifundiários do país e ainda assim vivem na miséria. E a FUNAI acha que a solução é dar mais terra a eles.
2. Essa história de "povos da floresta" é uma cretinice esquerdopata. Ninguém quer viver na floresta, nem os índios. É lógico que eles podem e devem preservar crenças e costumes, assim como você deve comer seu macarrão no fim de semana. Isso não significa que devam ser isolados da vida econômica e social do país.
3. Ninguém ainda descobriu um jeito de fazer floresta criar riqueza, o que não quer dizer que não devam ser preservadas. Existem leis para isso, e o governo deveria fazê-las serm cumpridas.
4. Não acho que existam brancos negros e ídios, encaro todos como brasileiros, que portanto deveriam ser iguais perante a lei. O que a FUNAI e a política de quotas do governo petista quer é criar um apartheid social. Massas de manobra para seus propósitos obtusos.
Tem mais aqui para você:
http://deslumieres.blogspot.com/2008/09/e-com-palavra-os-ndios.html
http://deslumieres.blogspot.com/2008/09/amaznia-legal.html
http://deslumieres.blogspot.com/2008/09/produzir-mais.html
http://deslumieres.blogspot.com/2008/08/salvem-o-pas-acabem-com-as-reservas.html
http://deslumieres.blogspot.com/2008/06/ndio-quer-apito.html
http://deslumieres.blogspot.com/2008/04/o-pas-saqueado.html
http://deslumieres.blogspot.com/2007/08/relativismo-cultural-homicida.html
http://deslumieres.blogspot.com/2007/08/ainda-os-ndios.html
http://deslumieres.blogspot.com/2007/08/zoolgico-do-futuro.html
Excelente texto Fernando.
Parece que Bechis e alguns "humanistas" gostariam de ver os índios no seu modo de vida original, vivendo exclusivamente de caça e pesca, como coletores da Natureza, mais ou menos como fazia o restante da Humanidade, só que há uns milhares de anos atrás.
Só espero que não apregoem também uma defesa do canibalismo praticado pelos Tupinambás, em nome de uma dita "preservaçao cultural"
Olá, Fernando,
Esse filme vai estrear aqui no meio do mês. Vou vê-lo logo que possível.
Sou sensível à causa indígena. Creio que a cultura deles deve ser preservada, desde que esta não se confronte com os direitos universais (o infanticídio nas tribos tem que ser parado, isso não pode).
Creio que se deve oferecer aos índios a possibilidade de desenvolvimento cultural (educação, escola) e econômico (agricultura, etc). Eles podem perfeitamente trabalhar na economia "branca", mantendo a religião deles, por exemplo. Há lavradores que rezam para um santo, outros fazem macumba, e os índio rezam para Tupã, ora bolas. Cada um com sua cultura. E cada um com seu dinheiro vindo do trabalho. Assim não tem suicídio.
Abraço,
Lelec
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