Monday, June 29, 2009

Armadilhas na Amazônia peruana


Um excelente texto de Mario Vargas Llosa no Estadão fala das causas e consequências da revogação de decretos legislativos que permitiriam investimentos e a exploração econômica da Amazônia Peruana. Os decretos provocaram uma revolta indígnea, insuflada por organizações de esquerda, que provocou o bloqueio de estradas, a ocupação de empresas, paralisações e ações armadas nas quais morreram 24 policiais - degolados, perfurados com lanças e queimados - e dez civis, deixando 150 pessoas feridas. Prestem muita atenção pois o que vale lá vale por aqui também:

Todos sabem que este governo, ou futuros governos, não ousarão de novo tentar pôr a mão na Amazônia para estimular o investimento privado e o desenvolvimento econômico da região, que é a mais pobre e mais despovoada do Peru e representa cerca de dois terços do território nacional.

Uma coisa, portanto, está totalmente garantida: os 332 mil indígenas da Amazônia continuarão sendo os cidadãos mais desamparados e explorados do Peru, os que recebem a pior educação, têm menos oportunidades de trabalho e as piores expectativas de saúde e de vida em todo o país.

Os decretos revogados procuravam atender a uma necessidade vital de atrair investimentos privados e tecnologia de ponta para uma região com grandes reservas de gás, petróleo e minerais, e poderiam ser uma fonte de prosperidade e modernização para esse país tão pobre que é o Peru, começando, é claro, por quem mais precisa de ajuda: as comunidades nativas da Amazônia.

Demagogos e extremistas há bastante tempo, com o apoio flagrante dos presidentes Evo Morales e Hugo Chávez, vêm intoxicando toda a região amazônica com um discurso revolucionário, cujos suportes básicos são o anticapitalismo, o nacionalismo e o racismo.

Foi uma derrota política que os inimigos da democracia - uma minoria de ressentidos e saudosistas de Stalin, Mao Tsé-tung e do Sendero Luminoso - vão interpretar como um incentivo para novas ações violentas que acabem com o crescimento dinâmico do país, que o arruínem e, dessa maneira, o aproximem mais da órbita chavista, da revolução bolivariana e do modelo cubano.

Entre todas as regiões do Peru, nenhuma como a Amazônia exige com urgência que a anarquia e a "lei da selva" sejam substituídas por uma ordem legal justa e estável, que garanta os direitos das comunidades nativas e lhes ofereça a oportunidade de melhorar e progredir. Algo que que apenas o desenvolvimento econômico, com a multiplicação de empresas privadas, de investimentos nacionais e estrangeiros e a legalidade democrática, podem conseguir.

O Brasil é grande e distante demais para poder ser tragado, mas o astuto Lula, que tem seu próprio projeto - e está a anos luz de Chávez - nunca lhe fará sombra, nem o enfrentará, desde que possa tirar proveito dos petrodólares venezuelanos que Caracas esbanja à vontade.

Chávez também patrocina generosamente as forças políticas de extrema esquerda que, nos dois países, procuram por todos os meios, legais e ilegais, obstruir o modelo - democracia política e economia de mercado - que nos últimos anos trouxe um progresso sem precedentes para a Colômbia e para o Peru.

A enorme responsabilidade daqueles que, de modo tão insensato e demagógico, utilizaram as comunidades indígenas, mobilizando-as em uma guerra aberta contra medidas das quais elas seriam as primeiras beneficiadas, convencendo-as de mentiras estúpidas, como a de que os decretos faziam parte de um tratado de livre comércio entre Peru e EUA que privaria os nativos de suas terras.

Pelo menos ficou provado, mais uma vez, que não existe limite moral nem político para os inimigos da liberdade.

1 comment:

Everardo said...

O modelo de desenvolvimento baseado no domínio da natureza e no antropocentrismo, na "ajuda" aos nativos e em outras estratégias de dominação do homem pelo homem coloca o "progresso" econômico e o estado legal como argumentos. Mas esse modelo ainda não explicou porque ainda morrem milhões de humanos por ano, de fome absoluta, nem como foram devastadas imensidões de terras próprias à vida. Depois de exterminar sua fauna e sua flora, massacrar índios e destruir o meio ambiente, querem ensinar como se deve impor aos outros o estilo "desenvolvimentista", baseado na acumulação de bens, que está acabando com as condições de vida saudável na terra, em troca de uma dúzia a mais de riquinhos.
E esse papo de esquerda e direita é a desculpa mais furada utilizada por essas pessoas que so enxergam o seu próprio bem estar. É o padrão irresponsável de ser humano.