Wednesday, February 17, 2010

História Politicamente Incorreta


O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil é um livro irritante. Não para mim que o achei sobretudo divertido, mas para aqueles que gostam de usar e abusar de preconceitos e idéias arraigadas no inconsciente coletivo brasileiro.
Muita de nossa história foi escrita atendendo determinados pontos de vista, principalmente com aquela tentação típica da academia brasileira de fazer justiça social com a própria pena. O jornalista Leandro Narloch traz à tona alguns fatos que desmentem essas versões politicamente corretas, o que faz dele o cri-cri da hora para essa turma.
Narloch explica por exemplo que Zumbi dos Palmares longe de ser o líder solidário dos escravaos, era provavelmente ele próprio escravagista e aristocrata. Santos Dumont não inventou mesmo o avião. A Inglaterra tentou evitar que o Brasil entrasse em guerra com o Paraguai. O Paraguai não era um país justo e com desenvolvimento incipiente, era uma ditadura cruel, e o maior culpado pelo genocído paraguaio foi a estupidez do próprio Solano López. Os guerrilheiros da esquerda que hoje está no poder não lutavam pela democracia, lutavam por uma ditadura comunista. Os primeiro sambistas liam partituras européias, tocavam instrumentos clássicos e gostavam de jazz.
Mas para mim o primeiro capítulo é o mais interessante. Hoje anda muito em voga uma certa antropologia de miolo mole que quer cercar índios em reservas gigantes isolando-os da civilização. É uma idéia amplamente difundida a de que os índios viviam aqui em harmonia com a natureza até a chegada dos europeus que os exterminaram.
A coisa não foi bem assim. Para começar os índios no Brasil viviam ainda no Neolítico, com instrumentos de pedra e madeira, praticavam um aagricultura rudimentar e não domesticavam animais. Guerreavam-se e matavam-se o tempo todo. Promoviam queimadas homéricas na floresta tanto para abrir áreas para roças como para caçar animais que ficavam cercados pelo fogo. Quando a terra exauria-se, mudavam.
Quando os portugueses chegaram, entraram em contato com novas tecnologias, animais e plantas, como aço, cavalos, galinhas. Foram os índios os mais contentes com as novidades. Aproveitaram os portugueses para fazerem alianças e continuarem a guerrear contra seus inimigos. Participavam alegremente de excursões para escravizar outras tribos e derrubar pau-brasil. Os portugueses em muito menor número não conseguiriam nunca ter sucesso na colonização sem a ajuda dos índios. E enquanto Portugal promulgava leis de proteção ambiental, os índios queriam vender mais pau-brasil.
E se doenças trazidas pelos colonizadores mataram milhares de índios, o inverso também foi verdadeiro. Só a sífilis, levada das Américas à Europa por navegadores causou horrores na Europa. Se o álcool fez e faz miséria entre os índios, o tabaco, costume indígena levado à Europa, com certeza matou muito mais.
Alega-se que apopulação indígena tenha sido dizimada pelos colonizadores. Nessa contabilidade parcial, esquece-se de contar quantos índios miscigenaram-se formando a imensa população mestiça brasileira, e quantos descendentes de índios, hoje vivendo na costa brasileira (caiçaras) e em cidades como Campo Grande, Manaus ou Belém não declaram-se mais como índios nos censos.
O Guia chacoalha um pouco as idéias...

2 comments:

Lelec said...

Ok, concordo com muitas coisas ditas aqui nesse post.

Mas só uma perguntinha: segundo esse livro, quem inventou o avião?

Alma said...

Lelec, quem inventou o avião foram os americanos Wright... Eu sei que a brasileirada chia e vem com aquelas histórias de que não tinha testemunha e que o avião usava uma catapulta pra sair do chão, mas no livro ele rebate todos os argumentos. É ler para crer.