Monday, December 31, 2007
Friday, December 21, 2007
Thursday, December 20, 2007
The L World?
Fui ao cinema assistir Enchanted, da Disney, por sinal uma ótima comédia misturando desenho e gente de carne e osso. A princesa Giselle cantando para ratos e baratas em Nova York é impagável. Hoje vou ao teatro de Amsterdam assistir ao Nederlandse Ballet dançando a Bela Adormecida. Antes que alguém pense que eu mudei para o lado rosa da Força, explico que estou acompanhando minhas Ju’s, esposa e prima a esses programas. Não acho ruim, afinal os brutos também amam. Também assisto aos meus jogos de rugby, lutas de boxe, filmes de guerra, mas um homem não pode renunciar às coisas belas e viver de porrada e sangue.
Mas confesso que tenho uma agenda secreta no tratamento privilegiado que dispenso às mulheres. Sempre desconfiei de que as mulheres são muito mais poderosas do que parecem, só que ainda não acordaram para o fato.
Um artigo do Times dessa semana me foi particularmente aterrorizante. A jornalista Lois Rogers, baseada em opiniões científicas lança a hipótese de que no futuro a humanidade será feita só de mulheres. A explicação é que nós só somos homens por causa de um mísero cromossomo Y, que passa da pai a filho sem se modificar durante o processo reprodutivo, e cuja única função é a de produzir esperma. Por passar incólume de geração em geração, o cromossomo Y vai se deteriorando aos poucos, o que explica o aumento da taxa de infertilidade masculina no mundo. Aparentemente nossa única esperança está na toupeira do Cáucaso, que apesar de ter perdido seu cromossomo Y durante a evolução aparentemente transferiu seus genes masculinos a algum dos outros cromossomos.
Por outro lado, cientistas desenvolveram uma maneira de criar um esperma sintético a partir de células tronco de fêmeas, o que significa que duas mulheres poderão em breve ter um filho juntas, uma notícia que pôs a crescente comunidade lésbica inglesa em alvoroço.
Se mulheres trabalham, cuidam dos filhos e se reproduzem sozinhas, qual será o futuro do homem no mundo? Nós só gostamos de porrada, vivemos menos e a nossa esperança de sobrevivência é uma toupeira, quem é o sexo frágil ?
Continuo a tratar bem minhas mulheres com a esperança que se lembrem disso quando a única e última função masculina for a de abrir potes de azeitona.
Mas confesso que tenho uma agenda secreta no tratamento privilegiado que dispenso às mulheres. Sempre desconfiei de que as mulheres são muito mais poderosas do que parecem, só que ainda não acordaram para o fato.
Um artigo do Times dessa semana me foi particularmente aterrorizante. A jornalista Lois Rogers, baseada em opiniões científicas lança a hipótese de que no futuro a humanidade será feita só de mulheres. A explicação é que nós só somos homens por causa de um mísero cromossomo Y, que passa da pai a filho sem se modificar durante o processo reprodutivo, e cuja única função é a de produzir esperma. Por passar incólume de geração em geração, o cromossomo Y vai se deteriorando aos poucos, o que explica o aumento da taxa de infertilidade masculina no mundo. Aparentemente nossa única esperança está na toupeira do Cáucaso, que apesar de ter perdido seu cromossomo Y durante a evolução aparentemente transferiu seus genes masculinos a algum dos outros cromossomos.
Por outro lado, cientistas desenvolveram uma maneira de criar um esperma sintético a partir de células tronco de fêmeas, o que significa que duas mulheres poderão em breve ter um filho juntas, uma notícia que pôs a crescente comunidade lésbica inglesa em alvoroço.
Se mulheres trabalham, cuidam dos filhos e se reproduzem sozinhas, qual será o futuro do homem no mundo? Nós só gostamos de porrada, vivemos menos e a nossa esperança de sobrevivência é uma toupeira, quem é o sexo frágil ?
Continuo a tratar bem minhas mulheres com a esperança que se lembrem disso quando a única e última função masculina for a de abrir potes de azeitona.
História líquida
Eu sou um gourmand assumido, devorador de novidades culinárias, pratos exóticos e tradicionais de diferentes lugares do mundo. E todo mundo que gosta de comida gosta também de saber sobre comida, a história de cada prato, de cada ingrediente. Com o livro A Rainha que virou Pizza, J.A. Dias Lopes ajudou minha curiosidade sobre comida. Agora chegou a vez da bebida. Quam gosta de comer, é claro, adora beber também.
Já olhou para sua xícara ou copo de bebida e pensou que seu conteúdo é história líquida? Eu não, mas o jornalista Tom Standage sim. Seu livro A História do Mundo em 6 Copos não é só a história de diferentes bebidas que conhecemos e apreciamos todos os dias, mas uma tentativa de associar cada uma delas a um período da história da nossa civilização.
Os primeiros assentamentos humanos sempre estiveram perto de água, a bebida fundamental sem a qual não há vida. Com a evolução dos centros urbanos, as bebidas eram uma forma de evitar o consumo de água contaminada e as epidemias associadas, além de promoverem uma interação social entre pessoas.
Começamos com a cerveja , a primeira bebida inventada pelo homem logo depois que dominou a agricultura de cereais nas planícies da Mesopotâmia. Feita de grãos moídos e fermentados, a cerveja era como um pão líquido, e logo se tornou a bebida dos nobres e dos rituais religiosos desde a Babilônia até o Egito. Segundo Standage, a escrita também surgiu como forma de controlar os estoques de cervejas e grãos nas primeiras cidades. Como se vê, os primórdios da civilização humana estão intrinsecamente ligados à cerveja.
A era do vinho começa com a civilização grega. As videiras se tornaram parte importante da agricultura das cidades estado gregas e o vinho o principal produto no comércio do mediterrâneo. O vinho era consumido pelos gregos em simpósios, festas onde se bebia e se discutia sobre política e sobre filosofia. Da Grécia o vinho chegou aos romanos e se espalhou por todo o sul da Europa.
Tom Standage pula para a era das navegações, que ele associa às bebidas destiladas. Com o alto consumo de açúcar na Europa, vindo das colônias nas Antilhas e no Brasil, ele fala sobre as origens do rum e da aguardente (que usam a cana como matéria prima), e de como essas bebidas foram fundamentais no comércio de escravos e na vida das colônias. Também fala da adaptação do processo de destilação na produção de whiskey na irlanda, de bourbon nos EUA e de conhaque na França.
Logo em seguida o café começa a se espalhar pela Europa, trazido dos países árabes por holandeses. Considerado uma bebida sóbria, que aguçava o pensamento em lugar de entorpecê-lo, o café se tornou a bebida dos negociantes, dos cientistas e dos pensadores do Iluminismo. Os cafés públicos se tornaram lugares de conspirações e fonte de informações políticas, culturais e comerciais. (O livro O Mercador de Café de David Liss é um fantástico romance sobre os princípios do café na Europa na Amsterdam do século XVII).
O chá, bebida chinesa por excelência invade a cena mundial junto com a supremacia do Império Britânico, que desbancou os holandeses no comércio global. Tomar o chá da tarde virou uma mania entre a aristocracia britânica que foi imitada depois pelas classes proletárias. Standage conta como o chá foi a peça fundamental na colonização da Índia e na Guerra do Ópio que deu Hong Kong à Inglaterra e marcou o fim da milenar civilização imperial chinesa. Também o imposto cobrado sobre o chá foi um dos estopins da Independência Americana.
Finalmente, a última bebida analisada pelo livro é a Coca-Cola, a, cuja ascenção e divulgação é associada à influência comercial, militar e cultural conquistada pelos Estados Unidos no século XX. De suas obscuras origens como remédio charlatão, a coca-cola virou símbolo do capitalismo e da globalização. É a palavra mais compreendida em todas as línguas depois de ok, e a marca mais conhecida no mundo. Em 97, um discurso do CEO da Coca-Cola dizia : Há um bilhão de horas atrás, o homem apareceu na Terra. Há um bilhão de minutos atrás, o Cristianismo surgiu. Há um bilhão de segundos atrás os Beatles mudaram a música para sempre. Há um bilhão de coca-colas era ontem de manhã.
Eu adoro cada uma das bebidas que Tom Standage descreve no livro, dos diferentes tipos de cervejas e vinhos até o whiskey, o café e o chá, e também adoro coca-cola. Se não fosse bom não venderiam um bilhão de copos por dia, e no mais, ningué é obrigado a tomar coca-cola, toma quem quer, inclusive comunistas.
Standage deixa um vácuo na Idade Média, que ele esquece em seu livro, mas suponho que de herança dos tempos antigos, e pelo clima, os europeus do norte tenham ficado com a cerveja e os do sul com o vinho, algo reconhecível até hoje nos padrões de consumo daqui. De qualquer forma gostaria de ter aprendido algo mais, principalmente na participação da Igreja em manter a produção dessas bebidas.
De qualquer forma o livro é divertido, e Standage ainda vislumbra que a nova bebida do planeta será a água, ecológica e saudável. A venda de água engarrafada está em plena explosão em um momento em que a população mundial pela primeira vez na história é mais urbana do que rural, e em que futuros conflitos se anunciam em torno de fontes de água. Acabamos onde começamos, perto da água.
Já olhou para sua xícara ou copo de bebida e pensou que seu conteúdo é história líquida? Eu não, mas o jornalista Tom Standage sim. Seu livro A História do Mundo em 6 Copos não é só a história de diferentes bebidas que conhecemos e apreciamos todos os dias, mas uma tentativa de associar cada uma delas a um período da história da nossa civilização.
Os primeiros assentamentos humanos sempre estiveram perto de água, a bebida fundamental sem a qual não há vida. Com a evolução dos centros urbanos, as bebidas eram uma forma de evitar o consumo de água contaminada e as epidemias associadas, além de promoverem uma interação social entre pessoas.
Começamos com a cerveja , a primeira bebida inventada pelo homem logo depois que dominou a agricultura de cereais nas planícies da Mesopotâmia. Feita de grãos moídos e fermentados, a cerveja era como um pão líquido, e logo se tornou a bebida dos nobres e dos rituais religiosos desde a Babilônia até o Egito. Segundo Standage, a escrita também surgiu como forma de controlar os estoques de cervejas e grãos nas primeiras cidades. Como se vê, os primórdios da civilização humana estão intrinsecamente ligados à cerveja.
A era do vinho começa com a civilização grega. As videiras se tornaram parte importante da agricultura das cidades estado gregas e o vinho o principal produto no comércio do mediterrâneo. O vinho era consumido pelos gregos em simpósios, festas onde se bebia e se discutia sobre política e sobre filosofia. Da Grécia o vinho chegou aos romanos e se espalhou por todo o sul da Europa.
Tom Standage pula para a era das navegações, que ele associa às bebidas destiladas. Com o alto consumo de açúcar na Europa, vindo das colônias nas Antilhas e no Brasil, ele fala sobre as origens do rum e da aguardente (que usam a cana como matéria prima), e de como essas bebidas foram fundamentais no comércio de escravos e na vida das colônias. Também fala da adaptação do processo de destilação na produção de whiskey na irlanda, de bourbon nos EUA e de conhaque na França.
Logo em seguida o café começa a se espalhar pela Europa, trazido dos países árabes por holandeses. Considerado uma bebida sóbria, que aguçava o pensamento em lugar de entorpecê-lo, o café se tornou a bebida dos negociantes, dos cientistas e dos pensadores do Iluminismo. Os cafés públicos se tornaram lugares de conspirações e fonte de informações políticas, culturais e comerciais. (O livro O Mercador de Café de David Liss é um fantástico romance sobre os princípios do café na Europa na Amsterdam do século XVII).
O chá, bebida chinesa por excelência invade a cena mundial junto com a supremacia do Império Britânico, que desbancou os holandeses no comércio global. Tomar o chá da tarde virou uma mania entre a aristocracia britânica que foi imitada depois pelas classes proletárias. Standage conta como o chá foi a peça fundamental na colonização da Índia e na Guerra do Ópio que deu Hong Kong à Inglaterra e marcou o fim da milenar civilização imperial chinesa. Também o imposto cobrado sobre o chá foi um dos estopins da Independência Americana.
Finalmente, a última bebida analisada pelo livro é a Coca-Cola, a, cuja ascenção e divulgação é associada à influência comercial, militar e cultural conquistada pelos Estados Unidos no século XX. De suas obscuras origens como remédio charlatão, a coca-cola virou símbolo do capitalismo e da globalização. É a palavra mais compreendida em todas as línguas depois de ok, e a marca mais conhecida no mundo. Em 97, um discurso do CEO da Coca-Cola dizia : Há um bilhão de horas atrás, o homem apareceu na Terra. Há um bilhão de minutos atrás, o Cristianismo surgiu. Há um bilhão de segundos atrás os Beatles mudaram a música para sempre. Há um bilhão de coca-colas era ontem de manhã.
Eu adoro cada uma das bebidas que Tom Standage descreve no livro, dos diferentes tipos de cervejas e vinhos até o whiskey, o café e o chá, e também adoro coca-cola. Se não fosse bom não venderiam um bilhão de copos por dia, e no mais, ningué é obrigado a tomar coca-cola, toma quem quer, inclusive comunistas.
Standage deixa um vácuo na Idade Média, que ele esquece em seu livro, mas suponho que de herança dos tempos antigos, e pelo clima, os europeus do norte tenham ficado com a cerveja e os do sul com o vinho, algo reconhecível até hoje nos padrões de consumo daqui. De qualquer forma gostaria de ter aprendido algo mais, principalmente na participação da Igreja em manter a produção dessas bebidas.
De qualquer forma o livro é divertido, e Standage ainda vislumbra que a nova bebida do planeta será a água, ecológica e saudável. A venda de água engarrafada está em plena explosão em um momento em que a população mundial pela primeira vez na história é mais urbana do que rural, e em que futuros conflitos se anunciam em torno de fontes de água. Acabamos onde começamos, perto da água.
Tuesday, December 18, 2007
Sem garantia
Raymond Poeteray, um diplomata holandês em Hong Kong e sua esposa adotaram Jade, uma menininha de origem sul-coreana quando ela tinha 4 meses de idade.
Poeteray hoje está de volta à Holanda e já tem um filho e uma filha não adotados. Na semana passada, o jornal Telegraaf criou uma onda de indignação no país ao publicar a notícia de que o diplomata estava devolvendo Jade aos serviços sociais de Hong Kong, dizendo que ela não tinha se adaptado à vida holandesa. O problema é que Jade tem hoje 7 anos de idade.
Durante seis anos a criança conviveu com a família, e segundo o casal tinha problemas em se relacionar. Dizem que tentaram de tudo, incluindo terapia em família mas que por conselho médico seria melhor para a felicidade de todos se Jade fosse afastada deles.
O site do Telegraaf tinha mais de 500 emails dizendo mais ou menos a mesma coisa que pensamos ao ler uma notícia destas. Jade está sendo devolvida como uma mercadoria com defeito. O caso tem provocado protestos na Coréia e embaraçado até o Ministério das Relações Exteriores da Holanda.
Eu não sou médico mas o bom senso me faz acreditar que são os pais os principais responsáveis pela formação e desenvolvimento intelectual e afetivo de uma criança adotada com 4 meses. Dizer que 6 anos depois ela ainda ‘‘não se adaptou’’ me parece uma barbaridade, e espero que o casal consiga viver com sua consciência.
É comum vermos casais de holandeses com crianças chinesas, indianas, africanas e até brasileiras, prática que está virando moda por aqui como mais uma maneira de ajudar o terceiro mundo. Adoção deve ser um caso de amor, não mais um negócio ou uma moda. É como o caso dos franceses que fretaram um avião para retirar crianças, que nem eram órfãs, clandestinamente do Chad. Não se trata a vida alheia, especialmente a de uma criança com leviandade.
Poeteray hoje está de volta à Holanda e já tem um filho e uma filha não adotados. Na semana passada, o jornal Telegraaf criou uma onda de indignação no país ao publicar a notícia de que o diplomata estava devolvendo Jade aos serviços sociais de Hong Kong, dizendo que ela não tinha se adaptado à vida holandesa. O problema é que Jade tem hoje 7 anos de idade.
Durante seis anos a criança conviveu com a família, e segundo o casal tinha problemas em se relacionar. Dizem que tentaram de tudo, incluindo terapia em família mas que por conselho médico seria melhor para a felicidade de todos se Jade fosse afastada deles.
O site do Telegraaf tinha mais de 500 emails dizendo mais ou menos a mesma coisa que pensamos ao ler uma notícia destas. Jade está sendo devolvida como uma mercadoria com defeito. O caso tem provocado protestos na Coréia e embaraçado até o Ministério das Relações Exteriores da Holanda.
Eu não sou médico mas o bom senso me faz acreditar que são os pais os principais responsáveis pela formação e desenvolvimento intelectual e afetivo de uma criança adotada com 4 meses. Dizer que 6 anos depois ela ainda ‘‘não se adaptou’’ me parece uma barbaridade, e espero que o casal consiga viver com sua consciência.
É comum vermos casais de holandeses com crianças chinesas, indianas, africanas e até brasileiras, prática que está virando moda por aqui como mais uma maneira de ajudar o terceiro mundo. Adoção deve ser um caso de amor, não mais um negócio ou uma moda. É como o caso dos franceses que fretaram um avião para retirar crianças, que nem eram órfãs, clandestinamente do Chad. Não se trata a vida alheia, especialmente a de uma criança com leviandade.
Monday, December 17, 2007
Earth
O longa-metragem Earth, que estreou por aqui há uns dias, foi feito a partir das filmagens feitas para uma série de documentários intitulada Planet Earth produzida pela BBC.
O filme é uma viagem pelas paisagens mais fantásticas do planeta, de pólo a pólo, acompanhado a exuberante vida do nosso planeta ao ritmo das estações.
Earth levou 5 anos para ser filmado, e mostra cenas espetaculares nunca antes vistas, filmadas de satélites, aviões, balões e embaixo d’água.
O filme começa com ursinhos polares vendo a luz do sol pela primeira vez na vida no início do pálido verão do Ártico. Descemos até a tundra verdejante onde milhares de pássaros e alces caribus vêm se reproduzir. De lá viajamos pelas imensas e silenciosas florestas de coníferas das taigas, e para os bosques coloridos das zonas temperadas. De la passamos pelas exuberantes florestas tropicais e desertos e savanas africanos, e pelo mar finalmente chegamos até a Antártida com seus pinguins.
Há imagens incríveis, que fazem rir como a dos patinhos recém nascidos se atirando da árvore, ou de macacos atravessando uma lagoa com medo de se molhar, há imagens que inspiram como a dos gansos sobrevoando o Himalaia, a de elefantes nadando e a da baleia corcunda nadando ao lado do filhote. Há outras cenas emocionantes com a da cheetah atacando uma gazela, a de leões atacando elefantes ou a melhor de todas, um tubarão branco abocanhando uma foca em pleno ar.
Earth é fundamental por mostrar tão escancaradamente a extraordinária beleza do planeta em que vivemos. O filme termina com a a indefectível imagem do urso branco, nadando de bloco em bloco de gelo no meio ao degelo do oceano Ártico, desesperado em busca de comida e terra firme, o próprio símbolo do aquecimento global.
Eu sou um profundo admirador da natureza, porém um admirador apesar de tudo, do bicho homem. Certos ativistas, assistindo um filme como Earth certamente admitiriam que o planeta estaria melhor sem a nossa espécie. Há gente que defende sinceramente a extinção da raça e da civilização humanas para preservar o planeta. Eu não aprovo mas sugiro que eles dêem o exemplo.
O mundo está sendo poluído, explorado, aquecido, seus recursos esgotados, suas espécies se extinguindo. Renunciar a civilização e a todos os avanços que a modernindade nos proporcionou não me parece ser a solução. Não vamos voltar a viver em árvores comendo frutas e raízes e nossos vizinhos de vez em quando.
O problema na nossa moderna sociedade de consumo está na nossa cabeça. Olhe à sua volta e você verá que não precisa ter nem metade do que possui em casa. O marketing usa nossos medos e cria necessidades que não temos para consumirmos mais e mais. Neste ponto crucial da nossa evolução é preciso alterar radicalmente os hábitos de consumo criados neste último século que passou. Antes de comprar qualquer coisa pense por um minuto, eu preciso mesmo disso? Viva sem medo, viva com menos, viva melhor. Assim se salva um planeta.
Love Earth
O filme é uma viagem pelas paisagens mais fantásticas do planeta, de pólo a pólo, acompanhado a exuberante vida do nosso planeta ao ritmo das estações.
Earth levou 5 anos para ser filmado, e mostra cenas espetaculares nunca antes vistas, filmadas de satélites, aviões, balões e embaixo d’água.
O filme começa com ursinhos polares vendo a luz do sol pela primeira vez na vida no início do pálido verão do Ártico. Descemos até a tundra verdejante onde milhares de pássaros e alces caribus vêm se reproduzir. De lá viajamos pelas imensas e silenciosas florestas de coníferas das taigas, e para os bosques coloridos das zonas temperadas. De la passamos pelas exuberantes florestas tropicais e desertos e savanas africanos, e pelo mar finalmente chegamos até a Antártida com seus pinguins.
Há imagens incríveis, que fazem rir como a dos patinhos recém nascidos se atirando da árvore, ou de macacos atravessando uma lagoa com medo de se molhar, há imagens que inspiram como a dos gansos sobrevoando o Himalaia, a de elefantes nadando e a da baleia corcunda nadando ao lado do filhote. Há outras cenas emocionantes com a da cheetah atacando uma gazela, a de leões atacando elefantes ou a melhor de todas, um tubarão branco abocanhando uma foca em pleno ar.
Earth é fundamental por mostrar tão escancaradamente a extraordinária beleza do planeta em que vivemos. O filme termina com a a indefectível imagem do urso branco, nadando de bloco em bloco de gelo no meio ao degelo do oceano Ártico, desesperado em busca de comida e terra firme, o próprio símbolo do aquecimento global.
Eu sou um profundo admirador da natureza, porém um admirador apesar de tudo, do bicho homem. Certos ativistas, assistindo um filme como Earth certamente admitiriam que o planeta estaria melhor sem a nossa espécie. Há gente que defende sinceramente a extinção da raça e da civilização humanas para preservar o planeta. Eu não aprovo mas sugiro que eles dêem o exemplo.
O mundo está sendo poluído, explorado, aquecido, seus recursos esgotados, suas espécies se extinguindo. Renunciar a civilização e a todos os avanços que a modernindade nos proporcionou não me parece ser a solução. Não vamos voltar a viver em árvores comendo frutas e raízes e nossos vizinhos de vez em quando.
O problema na nossa moderna sociedade de consumo está na nossa cabeça. Olhe à sua volta e você verá que não precisa ter nem metade do que possui em casa. O marketing usa nossos medos e cria necessidades que não temos para consumirmos mais e mais. Neste ponto crucial da nossa evolução é preciso alterar radicalmente os hábitos de consumo criados neste último século que passou. Antes de comprar qualquer coisa pense por um minuto, eu preciso mesmo disso? Viva sem medo, viva com menos, viva melhor. Assim se salva um planeta.
Love Earth
A narco-conexão venezuelana
Do El País, divulgado pelo ex-blog do César Maia. Mais uma realização do socialismo bolivariano, narcotráfico protegido pelo estado:
La guerrilla colombiana de las FARC ha encontrado su santuario en La Venezuela de Hugo Chávez. Cuatro desertores y varias fuentes de los servicios de inteligencia y diplomáticos detallan a EL PAÍS la extensa y sistemática cooperación que determinadas autoridades venezolanas brindan a las FARC en sus operaciones de narcotráfico. Las autoridades venezolanas dan protección al menos a cuatro campamentos de La guerrilla colombiana. "La Guardia Nacional y el Ejército ofrecen sus servicios a cambio de dinero". "Todo eso es verdad". "El Ejército colombiano no cruza la frontera, y la guerrilla tiene un pacto de no agresión con los militares venezolanos. El Gobierno venezolano deja a las FARC operar libremente porque comparten el mismo pensamiento bolivariano, y también porque las FARC pagan sobornos a su gente". Se trata de un negocio ilegal gigantesco. Transita por Venezuela el 30% de las 600 toneladas de cocaína que se mueven anualmente por el mundo, y con un valor de mercado en las calles europeas por encima de los 10.000 millones de euros al año. Un caso notable fue el del pesquero venezolano Zeus X, que fue interceptado por la Agencia Tributaria española en septiembre, a 1.050 millas de Las Palmas, con seis venezolanos a bordo y un cargamento de 3.200 kilos de cocaína com precio de venta en Europa estimado en 190 millones de euros.
La guerrilla colombiana de las FARC ha encontrado su santuario en La Venezuela de Hugo Chávez. Cuatro desertores y varias fuentes de los servicios de inteligencia y diplomáticos detallan a EL PAÍS la extensa y sistemática cooperación que determinadas autoridades venezolanas brindan a las FARC en sus operaciones de narcotráfico. Las autoridades venezolanas dan protección al menos a cuatro campamentos de La guerrilla colombiana. "La Guardia Nacional y el Ejército ofrecen sus servicios a cambio de dinero". "Todo eso es verdad". "El Ejército colombiano no cruza la frontera, y la guerrilla tiene un pacto de no agresión con los militares venezolanos. El Gobierno venezolano deja a las FARC operar libremente porque comparten el mismo pensamiento bolivariano, y también porque las FARC pagan sobornos a su gente". Se trata de un negocio ilegal gigantesco. Transita por Venezuela el 30% de las 600 toneladas de cocaína que se mueven anualmente por el mundo, y con un valor de mercado en las calles europeas por encima de los 10.000 millones de euros al año. Un caso notable fue el del pesquero venezolano Zeus X, que fue interceptado por la Agencia Tributaria española en septiembre, a 1.050 millas de Las Palmas, con seis venezolanos a bordo y un cargamento de 3.200 kilos de cocaína com precio de venta en Europa estimado en 190 millones de euros.
Zygmunt Bauman e a Europa
Zygmunt Bauman é um dos mais influentes sociólogos da Europa. Polonês de nascimento, conheceu o trauma da guerra e o exílio na Rússia. Tournou-se professor na Inglaterra, na Universidade de Leeds e hoje, com mais de 80 anos está sempre escrevendo e viajando pelo mundo em palestras e conferências.
Com todo o horror que viveu e presenciou, Bauman não é dos mais otimistas. Seu ponto de vista sempre foi o do ‘‘underdog’’. Ele não vê seu trabalho como algo a ser discutido nos corredores do poder, mas dirigido às pessoas comuns que lutam para viver humanamente neste mundo. Apesar de afastado das suas origens marxistas, Bauman é um crítico virulento do liberalismo econômico, e alerta para o conceito de subclasse (underclass) que o sistema está criando. Em uma sociedade de consumo, diz ele, pessoas chafurdam em coisas, coisas fascinantes, coisas prazerosas. Se você se define pelo valor das coisas que você adquire e das coisas com as quais você se rodeia, ser excluído é humilhante. E vivemos em um mundo de comunicação, onde todos recebem informações sobre todos os outros. Existe uma comparação universal, e você não se compara só com seus vizinhos mas com gente de todo o mundo, e como o que é te apresentado como vida decente, própria e digna. É o crime da humilhação.
Acabei de ler um ensaio de Zygmunt Bauman sobre a Europa (Europa, uma aventura inacabada, editora Jorge Zahar).
Segundo o autor, a Europa, longe de ser uma denominação geográfica, é um conceito, algo sempre em construção. A Europa é o aprendizado de uma sociedade utópica e pacífica, criadora e cultivadora de cultura, aberta às diferenças, que vê o resto do mundo como um lugar de aventuras e desafios, e não como uma ameaça. Bauman considera que a onda liberal que assola a Europa (que começou com Margaret Tatcher e que agora chega à França de Sarkozy ) está destruindo o Estado do Bem Estar Social, que ele acredita ser a solução da subclasse criada pela sociedade de consumo, e algo a ser difundido em escala planetária. Com isso a Europa está abandonando seu propósito de existir em um mundo dominado pelos EUA que ele vê como um elefante numa loja de cristais, e se fechando em si mesma com suas fronteiras cercadas contra a ameaça da imigração.
O que eu penso ? Eu pretensiosamente acho que Zygmunt Bauman é um grande humanista, mas está equivocado nas suas soluções. Discuti isso com amigos em um fim de semana desses. O Estado mãe europeu, seja na França ou na Holanda dá sustento aos ‘‘excluídos’’ do sistema. Por serem sustentados sem esforço pelo Estado, os excluídos escolhem permanecer na situação em que se encontram sem trabalhar e sem estudar. Some-se a essa cabeça vazia o islamismo trazido pela imigração e temos uma bomba relógio, que já estourou parcialmente nas periferias de Paris, na Espanha e na morte de Theo van Gogh na Holanda por exemplo.
Enquanto isso, nos EUA, uma indiana vira presidente da Pepsi Co. E dois russos são os bilionários donos da maior empresa de internet do mundo.
O liberalismos tem seus defeitos óbvios, mas como reconhece o ex-primeiro ministro francês Michel Rocard em entrevista na Nouvel Observateur, existe hoje uma crítica do liberalismo que vem do próprio coração do sistema financeiro. Depois do Katrina em New Orleans, da Enron, da bolha imobiliária, essa auto-crítica promete mudar os paradigmas do mundo capitalista.
Eu pessoalmente acredito em compaixão, mas não acredito em um sistema que tire das pessoas a vontade de lutar e crescer. A Europa está se tornando um monstro produtor de papel e burocracia, preocupada em infantilizar seus cidadãos (by João Pereira Coutinho) dizendo o que devem comer e beber, tentando orientar cada aspecto de suas vidas e privando-os de responsabilidades. Eles deveriam se preocupar em criar uma economia que dê a cada um a oportunidade de se desenvolver, investir em ciência e tecnologia e erradicar o islamismo.
Com todo o horror que viveu e presenciou, Bauman não é dos mais otimistas. Seu ponto de vista sempre foi o do ‘‘underdog’’. Ele não vê seu trabalho como algo a ser discutido nos corredores do poder, mas dirigido às pessoas comuns que lutam para viver humanamente neste mundo. Apesar de afastado das suas origens marxistas, Bauman é um crítico virulento do liberalismo econômico, e alerta para o conceito de subclasse (underclass) que o sistema está criando. Em uma sociedade de consumo, diz ele, pessoas chafurdam em coisas, coisas fascinantes, coisas prazerosas. Se você se define pelo valor das coisas que você adquire e das coisas com as quais você se rodeia, ser excluído é humilhante. E vivemos em um mundo de comunicação, onde todos recebem informações sobre todos os outros. Existe uma comparação universal, e você não se compara só com seus vizinhos mas com gente de todo o mundo, e como o que é te apresentado como vida decente, própria e digna. É o crime da humilhação.
Acabei de ler um ensaio de Zygmunt Bauman sobre a Europa (Europa, uma aventura inacabada, editora Jorge Zahar).
Segundo o autor, a Europa, longe de ser uma denominação geográfica, é um conceito, algo sempre em construção. A Europa é o aprendizado de uma sociedade utópica e pacífica, criadora e cultivadora de cultura, aberta às diferenças, que vê o resto do mundo como um lugar de aventuras e desafios, e não como uma ameaça. Bauman considera que a onda liberal que assola a Europa (que começou com Margaret Tatcher e que agora chega à França de Sarkozy ) está destruindo o Estado do Bem Estar Social, que ele acredita ser a solução da subclasse criada pela sociedade de consumo, e algo a ser difundido em escala planetária. Com isso a Europa está abandonando seu propósito de existir em um mundo dominado pelos EUA que ele vê como um elefante numa loja de cristais, e se fechando em si mesma com suas fronteiras cercadas contra a ameaça da imigração.
O que eu penso ? Eu pretensiosamente acho que Zygmunt Bauman é um grande humanista, mas está equivocado nas suas soluções. Discuti isso com amigos em um fim de semana desses. O Estado mãe europeu, seja na França ou na Holanda dá sustento aos ‘‘excluídos’’ do sistema. Por serem sustentados sem esforço pelo Estado, os excluídos escolhem permanecer na situação em que se encontram sem trabalhar e sem estudar. Some-se a essa cabeça vazia o islamismo trazido pela imigração e temos uma bomba relógio, que já estourou parcialmente nas periferias de Paris, na Espanha e na morte de Theo van Gogh na Holanda por exemplo.
Enquanto isso, nos EUA, uma indiana vira presidente da Pepsi Co. E dois russos são os bilionários donos da maior empresa de internet do mundo.
O liberalismos tem seus defeitos óbvios, mas como reconhece o ex-primeiro ministro francês Michel Rocard em entrevista na Nouvel Observateur, existe hoje uma crítica do liberalismo que vem do próprio coração do sistema financeiro. Depois do Katrina em New Orleans, da Enron, da bolha imobiliária, essa auto-crítica promete mudar os paradigmas do mundo capitalista.
Eu pessoalmente acredito em compaixão, mas não acredito em um sistema que tire das pessoas a vontade de lutar e crescer. A Europa está se tornando um monstro produtor de papel e burocracia, preocupada em infantilizar seus cidadãos (by João Pereira Coutinho) dizendo o que devem comer e beber, tentando orientar cada aspecto de suas vidas e privando-os de responsabilidades. Eles deveriam se preocupar em criar uma economia que dê a cada um a oportunidade de se desenvolver, investir em ciência e tecnologia e erradicar o islamismo.
O funeral da CPMF
O governo petista sofreu uma fragorosa derrota com a queda da CPMF, nada como uma notícia destas para alegrar o nosso fim de ano !
Acostumado a arracar do Congresso tudo o que quer com negociatas e ameaças, o PT foi finalmente obrigado a renunciar ao imposto que eles mesmos criticaram tanto na época da sua criação. Criada pelo Dr. Jatene para financiar temporariamente a saúde (para quem não sabe, o P de CPMF quer dizer provisório), esse imposto desgraçado virou mais um peso para travar a economia.
Lula e seus asseclas dizem que quem votou contra está penalizando os brasileiros pobres que precisam de hospitais. É mentira. A CPMF é um imposto que penaliza os brasileiros mais pobres. Lula disse que o dinheiro do imposto iria integralmente para a área da Saúde. É mentira, o dinheiro seria parcialmente para a saúde e essa participação aumentaria progressivamente até 2010.
Em vez de choramingar, fazer ameaças e profetizar tragédias com a perda da CPMF, o governo deveria se preocupar em gastar menos com imbecilidades como a TV Lula que ninguém assiste, parar de criar cargos comissionados para os companheiros inchando a máquina, e explicar porque desde a posse do presidente já foram gastos mais de um bilhão de reais do governo com publicidade, pagos é claro a publicitários amigos do PT.
A verdade, como diz o Reinaldão, é a kryptonita do petista. Lula levou uma lição de democracia e o PSDB e o DEM finalmente aprenderam a agir como oposição.
Acostumado a arracar do Congresso tudo o que quer com negociatas e ameaças, o PT foi finalmente obrigado a renunciar ao imposto que eles mesmos criticaram tanto na época da sua criação. Criada pelo Dr. Jatene para financiar temporariamente a saúde (para quem não sabe, o P de CPMF quer dizer provisório), esse imposto desgraçado virou mais um peso para travar a economia.
Lula e seus asseclas dizem que quem votou contra está penalizando os brasileiros pobres que precisam de hospitais. É mentira. A CPMF é um imposto que penaliza os brasileiros mais pobres. Lula disse que o dinheiro do imposto iria integralmente para a área da Saúde. É mentira, o dinheiro seria parcialmente para a saúde e essa participação aumentaria progressivamente até 2010.
Em vez de choramingar, fazer ameaças e profetizar tragédias com a perda da CPMF, o governo deveria se preocupar em gastar menos com imbecilidades como a TV Lula que ninguém assiste, parar de criar cargos comissionados para os companheiros inchando a máquina, e explicar porque desde a posse do presidente já foram gastos mais de um bilhão de reais do governo com publicidade, pagos é claro a publicitários amigos do PT.
A verdade, como diz o Reinaldão, é a kryptonita do petista. Lula levou uma lição de democracia e o PSDB e o DEM finalmente aprenderam a agir como oposição.
Tuesday, December 11, 2007
Gattaca
Uma amiga me enviou este artigo da jornalista Amy Harmon no New York Times. Por $ 1.000 e um pouco de saliva, ela teve acesso a seu código genético completo. Já existem três empresas prontas a comercializar esse tipo de serviço nos EUA. Através de um programa de computador ela podia explorar o próprio DNA em busca de respostas a problemas cotidianos. Assim ela descobriu que não gostava de couve-de-bruxelas porque faz parte daquela população que tem um gene que ativa o gosto amargo de certas verduras. E que ela nunca bebeu leite depois de crescida porque não tem o gene que produz a enzima própria à digestão de leite. Ela também descobriu que tem um gene que relaciona o aleitamento materno à um QI mais elevado. E outras coisas menos desejáveis como uma propensão à artrite e a engordar com dietas ricas em lipídios.
Como a jornalista mesmo relata, ela teve que ter um bocado de coragam para checar se havia alguma propensão à câncer de mama ou ao mal de Alzheimer por exemplo. E assim descobriu que tinha 23 por cento a mais de chance de ter um ataque cardíaco do que a média da população.
Você gostaria de ter acesso a esse tipo de informação, para saber por exemplo se pode morrer cedo ou não?
Me lembrei de Gattaca, o filme cult de ficção científica com Ethan Hawk e Uma Thurman onde “filhos de Deus” disputam espaço com homens geneticamente superiores, cujos pais preferiram reproduzir em tubos de ensaio. A discriminação genética, eugenia, é oficialmente proibida mas está presente em toda a sociedade. Até para escolher um parceiro, primeiro se tiram amostras de DNA.
Seremos condenados a isso? Esse futuro frio de Gattaca já está chegando?
É bom lembrar, com Amy Harmon diz, DNA não é tudo.
Como a jornalista mesmo relata, ela teve que ter um bocado de coragam para checar se havia alguma propensão à câncer de mama ou ao mal de Alzheimer por exemplo. E assim descobriu que tinha 23 por cento a mais de chance de ter um ataque cardíaco do que a média da população.
Você gostaria de ter acesso a esse tipo de informação, para saber por exemplo se pode morrer cedo ou não?
Me lembrei de Gattaca, o filme cult de ficção científica com Ethan Hawk e Uma Thurman onde “filhos de Deus” disputam espaço com homens geneticamente superiores, cujos pais preferiram reproduzir em tubos de ensaio. A discriminação genética, eugenia, é oficialmente proibida mas está presente em toda a sociedade. Até para escolher um parceiro, primeiro se tiram amostras de DNA.
Seremos condenados a isso? Esse futuro frio de Gattaca já está chegando?
É bom lembrar, com Amy Harmon diz, DNA não é tudo.
Paz na Terra
Assisti nessa segunda Al Gore e Rajendra Pachauri, o cientista chefe do IPCC da ONU dividindo o prêmio Nobel da Paz. Se todas as previsões catastróficas dos dois forem verdadeiras, paz é a última coisa que vamos ter.
A primeira óbvia observação que me vêm à mente enquanto Gore discursa e a ONU debate em Bali, é que a mágica expressão “climate change” serve para explicar desde neve em Buenos Aires e seca na Amazônia até a guerra no Darfour. Qualquer mané hoje em dia pode se passar por inteligente ao associar qualquer evento a mudanças climáticas.
A segunda observação também óbvia é que a ecologia entrou para valer na agenda de qualquer político (exceto ainda na de George W.). Vide as recentes eleições australianas, e as iniciativas de prefeitos e governadores nos próprios Estados Unidos, a começar do governator Arnold Schwazenegger, que para mim um dia ainda acaba presidente.
A terceira é que essa história de redução de emissões de carbono vai cair nas costas do Brasil, Índia e China que serão obrigados a reduzir o ritmo de expansão econômica. EUA Europa e Japão também terão que reduzir suas emissões, mas os bonitões já chegaram lá. O que estão dizendo é que o Terceiro Mundo deve continuar a ser um Terceiro Mundo senão a Terra não aguenta.
Se está preocupado com a Paz, Al Gore deveria concentrar seus esforços em reduzir a diferença de riqueza entre o Norte e o Sul. Quanto a salvar a Terra, isso virá no dia em que pararmos de consumir compulsivamente, algo em que os americanos devem ser os primeiros a dar o exemplo. Al Gore sugeriu um imposto que cada pessoa deveria pagar relacionado com o quanto ela polui. Estou de acordo. Com suas viagens de jatinho e sua mansão com piscina aquecida a conta dele com certeza será bem maior que a minha.
A primeira óbvia observação que me vêm à mente enquanto Gore discursa e a ONU debate em Bali, é que a mágica expressão “climate change” serve para explicar desde neve em Buenos Aires e seca na Amazônia até a guerra no Darfour. Qualquer mané hoje em dia pode se passar por inteligente ao associar qualquer evento a mudanças climáticas.
A segunda observação também óbvia é que a ecologia entrou para valer na agenda de qualquer político (exceto ainda na de George W.). Vide as recentes eleições australianas, e as iniciativas de prefeitos e governadores nos próprios Estados Unidos, a começar do governator Arnold Schwazenegger, que para mim um dia ainda acaba presidente.
A terceira é que essa história de redução de emissões de carbono vai cair nas costas do Brasil, Índia e China que serão obrigados a reduzir o ritmo de expansão econômica. EUA Europa e Japão também terão que reduzir suas emissões, mas os bonitões já chegaram lá. O que estão dizendo é que o Terceiro Mundo deve continuar a ser um Terceiro Mundo senão a Terra não aguenta.
Se está preocupado com a Paz, Al Gore deveria concentrar seus esforços em reduzir a diferença de riqueza entre o Norte e o Sul. Quanto a salvar a Terra, isso virá no dia em que pararmos de consumir compulsivamente, algo em que os americanos devem ser os primeiros a dar o exemplo. Al Gore sugeriu um imposto que cada pessoa deveria pagar relacionado com o quanto ela polui. Estou de acordo. Com suas viagens de jatinho e sua mansão com piscina aquecida a conta dele com certeza será bem maior que a minha.
Niemeyer 100 anos de bobagens
Oscar Niemeyer, às vésperas de completar 100 anos deu uma entrevista à l’Express francesa.
Eu não tenho como criticar a arte de Niemeyer como arquiteto. Só posso dizer que seus prédios nunca me atraíram muito, nem os de seus contemporâneos como Le Corbusier por exemplo. Tudo bem, foi ele que inventou dar curvas ao concreto armado, mas para mim, todo aquele cimento e vidro é muito seco, muito sem verde, sem água. É uma arquitetura esturricante. Estou mais para Gaudí.
Diferenças estéticas à parte, eu imaginava que alguém que tivesse cem anos de idade teria reunido uma considerável experiência humana, e com isso seria capaz de melhor distinguir o mal e o bem. Parece que eu estava errado. Niemeyer é a prova disso. Aos cem anos continua um comunista linha dura, amigo de Fidel de quem recebe charutos todos os anos e a quem defende com unhas e dentes. Niemeyer é também um defensor de Stálin, Hugo Chávez e Lula. Sempre me ensinaram a respeitar os mais velhos. Certamente, se eu estivesse com Niemeyer no ônibus eu lhe cederia meu assento com prazer, o que não significa que eu deva respeitar suas idéias.
Eu não tenho como criticar a arte de Niemeyer como arquiteto. Só posso dizer que seus prédios nunca me atraíram muito, nem os de seus contemporâneos como Le Corbusier por exemplo. Tudo bem, foi ele que inventou dar curvas ao concreto armado, mas para mim, todo aquele cimento e vidro é muito seco, muito sem verde, sem água. É uma arquitetura esturricante. Estou mais para Gaudí.
Diferenças estéticas à parte, eu imaginava que alguém que tivesse cem anos de idade teria reunido uma considerável experiência humana, e com isso seria capaz de melhor distinguir o mal e o bem. Parece que eu estava errado. Niemeyer é a prova disso. Aos cem anos continua um comunista linha dura, amigo de Fidel de quem recebe charutos todos os anos e a quem defende com unhas e dentes. Niemeyer é também um defensor de Stálin, Hugo Chávez e Lula. Sempre me ensinaram a respeitar os mais velhos. Certamente, se eu estivesse com Niemeyer no ônibus eu lhe cederia meu assento com prazer, o que não significa que eu deva respeitar suas idéias.
Monday, December 10, 2007
Ni!
Saturday, December 08, 2007
A Bélgica e a Europa
A Bélgica foi “inventada”pelos ingleses após a derrota de Napoleão para separar a França da Holanda. O norte do país, Flandres, fala flamengo (holandês com sotaque) e a parte sul, a Valônia, fala francês. As duas partes não se entendem, cada uma tem seu governo em separado com seus próprios ministros. O único enclave verdadeiramente bilíngue é Bruxelas. Acontece que se a Bélgica se dividisse hoje, como alguns políticos extremistas querem, Flandres seria um dos países mais ricos da Europa, a Valônia um dos mais pobres. A Valônia acusa Flandres de drenar todos os investimentos do país, Flandres acusa a Valônia de ser um peso morto. Há alguns séculos atrás, a Valônia era muito mais rica do que Flandres, e mesmo as melhores famílias flamengas preferiam falar francês em casa do que holandês. Hoje a situação é a inversa.
Paradoxalmente, é neste país dividido que a União Européia tem seu maior índice de aprovação. Os belgas estão há quatro meses sem governo porque os políticos dos dois lados não se entendem. Quando países como Portugal, Espanha e Grécia entraram na União Européia também eram pobres e atrasados em comparação com os outros, e melhoraram de vida. É a mesma situação dos países do leste europeu hoje, vistos como atrasados pela Europa Ocidental.
A Bélgica pode aprender com a Europa, que ela tanto aprova, a resolver suas diferenças. Assim como a Europa têm que observar de perto o que acontece na Bélgica, pois se há esperança para flamengos e valões, também há para leste e oeste.
Paradoxalmente, é neste país dividido que a União Européia tem seu maior índice de aprovação. Os belgas estão há quatro meses sem governo porque os políticos dos dois lados não se entendem. Quando países como Portugal, Espanha e Grécia entraram na União Européia também eram pobres e atrasados em comparação com os outros, e melhoraram de vida. É a mesma situação dos países do leste europeu hoje, vistos como atrasados pela Europa Ocidental.
A Bélgica pode aprender com a Europa, que ela tanto aprova, a resolver suas diferenças. Assim como a Europa têm que observar de perto o que acontece na Bélgica, pois se há esperança para flamengos e valões, também há para leste e oeste.
Nas Termas
Embora há muito tempo vivendo na Europa, e me considerando adaptado aos costumes dos nativos, ainda existem momentos da vida aqui na Holanda que me fazem lembrar o tamanho do fosso cultural entre meu mundo católico latino americano e o calvinista norte europeu.
Quando visitei Roma, conheci as imensas ruínas das Termas de Caracalla, um exemplo da magnificência da arquitetura romana. Ali dentro eu imaginava os romanos se divertindo e fazendo a “social” entre uma piscina e outra, discutindo política e outros assuntos mais triviais. Ontem fui a uma sauna holandesa. O lugar me lembrou Caracalla não só por causa das diferentes saunas e piscinas, e porque eu estava me sentindo em uma pintura de Alma-Tadema, mas também por causa do ditado: em Roma, faça como os romanos. A sauna holandesa é mista, entram homens e mulheres juntos, inclusive no mesmo vestiário. Lá dentro não se usam roupas, pode-se andar de um lado a outro em roupão de banho, pode-se até jantar de roupão, mas nas saunas e piscinas é todo mundo nu. Nada de sacanagem, e ainda há plaquinhas lembrando que é proibido todo contato físico entre os visitantes.
Há uma piscina de água salgada, que faz você boiar como se estivesse no Mar Morto. Lembrei da piadinha do menininho que fica boiando e afundado na banheira. A menininha pergunta, tá brincado de quê? De submarino. Posso brincar também? E ele diz: não, você não tem periscópio...
Tem piscina quente, piscina gelada, piscina com cheiro, sauna a vapor, sauna seca, infravermelho, massagem turca. E você se sente como um ingrediente de um banquete canibal que pode ser temperado, cozido, assado ou grelhado.
Sua primeira grande preocupação é a de encontrar alguém conhecido, por exemplo seu chefe, um colega de trabalho, um vizinho... Passado esse primeiro momento de terror, quando você descobre que é um anônimo na piscina, chega a hora de tirar o roupão. Aí vêm preocupações secundárias como prender a respiração para diminuir a barriga, ou reparar se o seu bilau está na média de tamanho aceitável, mas a verdade é que depois de algum tempo de observação conclui-se que exceto em raríssimas e belas exceções, humanos, como espécie em geral, não passam de tristes e ridículos macacos sem pelo e sem rabo. Sou tentado a pensar que inventamos roupas não por frio ou por proteção, mas só para não termos que nos olhar pelados o tempo inteiro.
Of course os holandeses e holandesas novos e velhos, magros e gordos acham tudo aquilo muito normal e andam por ali como se estivessem no supermercado.
E aí vem um grande paradoxo que ainda me intriga. Na Holanda, e nos países nórdicos de um modo geral a nudez é vista com naturalidade, sem um pingo de malícia. Mas pode-se fazer sexo no primeiro encontro, às vezes antes mesmo de você beijar a outra pessoa. Por outro lado, brasileiros e latinos são todos calientes e sensuais, não param de pensar em sexo mas têm vergonha de tirar a roupa em público, principalmente porque estão pensando que todo mundo está pensando em sexo. Há algo profundamente hipócrita de algum dos lados.
Se uma mulher faz top less na Holanda, absolutamente ninguém vai olhar. Se uma mulher fizer top less em uma praia brasileira em cinco minutos vai ter um caiçara vendendo espetinho e cerveja para a platéia que juntou ali do lado. Ou algum brasileiro certamente pensaria em um Serviço de Inspeção de Topless destinado a conceder autorizações, mediante exame detalhado, para aquelas mulheres cujo topless não ofendesse a paisagem natural das praias brasileiras.
E lá estava eu pensando: será a religião? Será o feminismo? Será que eles não pensam naquilo? Será que a Holanda precisa de uma revolução bolivariana? Olha para o outro lado, olha para o outro lado, ai! aai! meus olhos...Ah melhorou, ah não, ah não, olha pro teto, olha pro teto...
Aí eu desisti, larguei o roupão me sentindo o próprio Nero entrando nas Termas e olhei para o céu enquanto quatro mulheres nuas (inclusive minha esposa) dividiam o ofurô comigo.
Quando visitei Roma, conheci as imensas ruínas das Termas de Caracalla, um exemplo da magnificência da arquitetura romana. Ali dentro eu imaginava os romanos se divertindo e fazendo a “social” entre uma piscina e outra, discutindo política e outros assuntos mais triviais. Ontem fui a uma sauna holandesa. O lugar me lembrou Caracalla não só por causa das diferentes saunas e piscinas, e porque eu estava me sentindo em uma pintura de Alma-Tadema, mas também por causa do ditado: em Roma, faça como os romanos. A sauna holandesa é mista, entram homens e mulheres juntos, inclusive no mesmo vestiário. Lá dentro não se usam roupas, pode-se andar de um lado a outro em roupão de banho, pode-se até jantar de roupão, mas nas saunas e piscinas é todo mundo nu. Nada de sacanagem, e ainda há plaquinhas lembrando que é proibido todo contato físico entre os visitantes.
Há uma piscina de água salgada, que faz você boiar como se estivesse no Mar Morto. Lembrei da piadinha do menininho que fica boiando e afundado na banheira. A menininha pergunta, tá brincado de quê? De submarino. Posso brincar também? E ele diz: não, você não tem periscópio...
Tem piscina quente, piscina gelada, piscina com cheiro, sauna a vapor, sauna seca, infravermelho, massagem turca. E você se sente como um ingrediente de um banquete canibal que pode ser temperado, cozido, assado ou grelhado.
Sua primeira grande preocupação é a de encontrar alguém conhecido, por exemplo seu chefe, um colega de trabalho, um vizinho... Passado esse primeiro momento de terror, quando você descobre que é um anônimo na piscina, chega a hora de tirar o roupão. Aí vêm preocupações secundárias como prender a respiração para diminuir a barriga, ou reparar se o seu bilau está na média de tamanho aceitável, mas a verdade é que depois de algum tempo de observação conclui-se que exceto em raríssimas e belas exceções, humanos, como espécie em geral, não passam de tristes e ridículos macacos sem pelo e sem rabo. Sou tentado a pensar que inventamos roupas não por frio ou por proteção, mas só para não termos que nos olhar pelados o tempo inteiro.
Of course os holandeses e holandesas novos e velhos, magros e gordos acham tudo aquilo muito normal e andam por ali como se estivessem no supermercado.
E aí vem um grande paradoxo que ainda me intriga. Na Holanda, e nos países nórdicos de um modo geral a nudez é vista com naturalidade, sem um pingo de malícia. Mas pode-se fazer sexo no primeiro encontro, às vezes antes mesmo de você beijar a outra pessoa. Por outro lado, brasileiros e latinos são todos calientes e sensuais, não param de pensar em sexo mas têm vergonha de tirar a roupa em público, principalmente porque estão pensando que todo mundo está pensando em sexo. Há algo profundamente hipócrita de algum dos lados.
Se uma mulher faz top less na Holanda, absolutamente ninguém vai olhar. Se uma mulher fizer top less em uma praia brasileira em cinco minutos vai ter um caiçara vendendo espetinho e cerveja para a platéia que juntou ali do lado. Ou algum brasileiro certamente pensaria em um Serviço de Inspeção de Topless destinado a conceder autorizações, mediante exame detalhado, para aquelas mulheres cujo topless não ofendesse a paisagem natural das praias brasileiras.
E lá estava eu pensando: será a religião? Será o feminismo? Será que eles não pensam naquilo? Será que a Holanda precisa de uma revolução bolivariana? Olha para o outro lado, olha para o outro lado, ai! aai! meus olhos...Ah melhorou, ah não, ah não, olha pro teto, olha pro teto...
Aí eu desisti, larguei o roupão me sentindo o próprio Nero entrando nas Termas e olhei para o céu enquanto quatro mulheres nuas (inclusive minha esposa) dividiam o ofurô comigo.
Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que a mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que a mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
Monday, December 03, 2007
War in Rio
Já passei inúmeras tardes da minha adolescência jogando War com amigos. Até inventamos versões melhoradas do jogo, mas nada comparado ao que o designer carioca Fabio Lopez fez. Ele inventou o War in Rio, a versão do jogo adaptada à realidade carioca onde territórios como Vladivostok e Argélia-Nigéria são substituídos pelas favelas cariocas, e os exércitos coloridos viram batalhões do BOPE, da PM, do Comando Vermelho e de outras facções criminosas do tráfico de drogas. A divulgação do jogo pela internet já deu o que falar, e o Fábio Lopez apareceu até se explicando na televisão, dizendo que era uma piada de mau gosto e que ele não pretendia vender aquilo etc...
Brasileiro tem mania de fazer graça da própria desgraça, o que eu não acho que seja um
defeito em si. O humor torna menos insuportável as piores situações. Como se dizia na minha terra, já que estamos no inferno eu quero é abraçar o capeta. O pior é que nesses tempos sombrios e sem graça, é só fazer uma piada que já aparecem as vozes politicamente corretas, muitas vezes do governo, denunciando o ‘‘absurdo’’. Quando um episódio dos Simpsons foi ambientado no Rio, com direito a sequestradores e macacos nas ruas foi um Deus nos acuda, até a Embratur entrou na onda. Como se os Simpsons não fizessem graça dos americanos 300 dias por ano…O que esses sujeitos não entendem é que o absurdo não é a piada, o absurdo é a realidade de se viver em uma cidade onde é normal encontrar cadáveres nas esquinas, onde a violência virou cotidiano. A canalhice de nossos governantes nos tirou a paz, mas não podemos deixar que nos cassem também o direito de fazer piada.
Saturday, December 01, 2007
Sarkozy e a batalha na banlieue
Para os franceses, a banlieue parisiense é o mais próximo que eles tem de uma favela. É lugar de violência, tráfico, onde quem estranhos não são bem vistos e nem bem vindos. A diferença é que ao contrario da favela, a banlieue é feita de imigrantes em sua maioria muçulmanos, mas também com muitos africanos das ex-colônias francesas. O excelente filme La Haine de Mathieu Kassovitz mostra cruamente a realidade da banlieue e a impossível convivência com os franceses. A arquitetura horrível do pós guerra também não ajuda em nada, o lugar é frio, feio e triste.
Os franceses isolaram os imigrantes na banlieue, e erraram nisso. Mas os imigrantes erraram ao recusarem a integração cultural. Avessos à laicidade e ao racionalismo franceses, criaram ali seu próprio território, com suas leis e regras e sua hierarquia. E isso sustentados com dinheiro do Estado-mãe francês. Não conseguem emprego porque se isolaram em sua comunidade e se recusam a integrar na cultura do país que os acolheu. Por não terem emprego recebem ajuda financeira do estado e portanto não se interessam muito em ir procurar emprego. Um ciclo vicioso, repetido em vários outros países europeus.
Os habitantes da banlieue vêem a polícia francesa como uma força invasora em seu território. O confronto é inevitável, como aconteceu em 2005 e como está acontecendo agora. E tende a piorar, já que a guerrilha está ficando mais armada e mais organizada. As cenas que vemos de carros queimados e coquetéis molotov não são manifestações espontâneas, mas uma guerrilha organizada e cheia de ideologias cretinas.
O problema não é social. Nicolas Sarkozy tem absoluta razão em dizer: “Rejeito esse discurso inocente que considera todo delinqüente como vítima da sociedade”.
O problema é que esses jovens tão pacíficos e esforçados que queimam carros e atiram em policiais não aceitam nem as leis e nem a cultura do país em que vivem, preferem criar as próprias. E isso em um dos países mais ricos do mundo, e que lhes dá todas as ferramentas para terem uma vida melhor, se eles quiserem.
Os franceses isolaram os imigrantes na banlieue, e erraram nisso. Mas os imigrantes erraram ao recusarem a integração cultural. Avessos à laicidade e ao racionalismo franceses, criaram ali seu próprio território, com suas leis e regras e sua hierarquia. E isso sustentados com dinheiro do Estado-mãe francês. Não conseguem emprego porque se isolaram em sua comunidade e se recusam a integrar na cultura do país que os acolheu. Por não terem emprego recebem ajuda financeira do estado e portanto não se interessam muito em ir procurar emprego. Um ciclo vicioso, repetido em vários outros países europeus.
Os habitantes da banlieue vêem a polícia francesa como uma força invasora em seu território. O confronto é inevitável, como aconteceu em 2005 e como está acontecendo agora. E tende a piorar, já que a guerrilha está ficando mais armada e mais organizada. As cenas que vemos de carros queimados e coquetéis molotov não são manifestações espontâneas, mas uma guerrilha organizada e cheia de ideologias cretinas.
O problema não é social. Nicolas Sarkozy tem absoluta razão em dizer: “Rejeito esse discurso inocente que considera todo delinqüente como vítima da sociedade”.
O problema é que esses jovens tão pacíficos e esforçados que queimam carros e atiram em policiais não aceitam nem as leis e nem a cultura do país em que vivem, preferem criar as próprias. E isso em um dos países mais ricos do mundo, e que lhes dá todas as ferramentas para terem uma vida melhor, se eles quiserem.
A Última Ceia Bolivariana
A América Latina em Chamas
Bolivianos pedindo a renúncia de Evo
Camponeses fechando a entrada do Congresso Boliviano aos opositores de Evo
Evo Morales nacionalizando
Assembléia Constituinte Equatoriana comemorando o fechamento do Congresso
Chávez em Caracas ameaçando os EUA, a Espanha, Deus e o mundo se não ganhar
Rafael Correa do Equador e Hugo Chávez da Venezuela assinando acordos sob os olhos de Bolívar
Ingrid Betancourt, senadora colombiana, refém das FARC desde agosto de 2003
Manifestante anti-Chávez em Caracas
Camponeses fechando a entrada do Congresso Boliviano aos opositores de Evo
Evo Morales nacionalizando
Assembléia Constituinte Equatoriana comemorando o fechamento do Congresso
Chávez em Caracas ameaçando os EUA, a Espanha, Deus e o mundo se não ganhar
Rafael Correa do Equador e Hugo Chávez da Venezuela assinando acordos sob os olhos de Bolívar
Ingrid Betancourt, senadora colombiana, refém das FARC desde agosto de 2003
Manifestante anti-Chávez em Caracas
Por Israel
A 29 de julho de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas decidia a divisão da Palestina em um estado judeu e um estado árabe, dando assim nascença a Israel.
Exatamente 60 anos depois, Israel tornou-se uma potência no Oriente Médio e a Palestina ainda não se transformou em um país propriamente dito.
Neste momento, dirigentes palestinos e árabes estão sentados à mesa em Annapolis tentando por fim a 60 anos de violência.
A história deste complicado pedaço de chão remonta a tempos bíblicos, complica-se nas cruzadas, piora com o colonialismo francês e inglês no Oriente Médio, e finalmente embrenha-se com o movimento sionista e a tragédia do Holocausto na II Guerra Mundial.
Nos últimos 60 anos, houveram mais ocasiões para selar a paz. Quando Ehud Barak foi Primeiro Ministro em Israel, ele ofereceu a Yasser Arafat o acordo mais generoso já feito por Israel aos Palestinos. Arafat recusou. Arafat estava interessado nos milhões de dólares que ele desviou dos caixas da Autoridade Palestina, em disfarçar seu homossexualismo (os médicos franceses suspeitam que ele tenha morrido mesmo é de Aids) e em guerra. Arafat nunca quis paz ou democracia, e por isso os palestinos sempre estiveram longe da paz e da democracia. A verdade é que os palestinos nunca reconheceram o direito de Israel de existir, e Israel sempre teve que se defender, e tem todo o direito de fazê-lo, de seus inimigos. Civis palestinos morreram? Sim. Mas lembrem-se que conhecemos bem os métodos do Hamas de esconder armamentos e munições em vilas povoadas de famílias de civis. E todos os israelenses mortos por ataques suicidas em escolas e restaurantes?
Ariel Sharon deixou Gaza para os palestinos e o que aconteceu? Começaram a matar-se uns aos outros numa disputa cega pelo poder.
Os palestinos terão que aprender muito para chegarem lá. Pela primeira vez um presidente palestino e um premiê israelense estão querendo verdadeiramente um acordo. Vamos torcer para dar certo, mas nesta briga, meu apoio irrestrito é de Israel.
É a única democracia por aquelas bandas, é o único país ali onde cristãos não são perseguidos, onde há liberdade de imprensa, onde os direitos de mulheres e homossexuais são respeitados, e onde seus governantes são obrigados a responder à opinião pública por seus erros.
Exatamente 60 anos depois, Israel tornou-se uma potência no Oriente Médio e a Palestina ainda não se transformou em um país propriamente dito.
Neste momento, dirigentes palestinos e árabes estão sentados à mesa em Annapolis tentando por fim a 60 anos de violência.
A história deste complicado pedaço de chão remonta a tempos bíblicos, complica-se nas cruzadas, piora com o colonialismo francês e inglês no Oriente Médio, e finalmente embrenha-se com o movimento sionista e a tragédia do Holocausto na II Guerra Mundial.
Nos últimos 60 anos, houveram mais ocasiões para selar a paz. Quando Ehud Barak foi Primeiro Ministro em Israel, ele ofereceu a Yasser Arafat o acordo mais generoso já feito por Israel aos Palestinos. Arafat recusou. Arafat estava interessado nos milhões de dólares que ele desviou dos caixas da Autoridade Palestina, em disfarçar seu homossexualismo (os médicos franceses suspeitam que ele tenha morrido mesmo é de Aids) e em guerra. Arafat nunca quis paz ou democracia, e por isso os palestinos sempre estiveram longe da paz e da democracia. A verdade é que os palestinos nunca reconheceram o direito de Israel de existir, e Israel sempre teve que se defender, e tem todo o direito de fazê-lo, de seus inimigos. Civis palestinos morreram? Sim. Mas lembrem-se que conhecemos bem os métodos do Hamas de esconder armamentos e munições em vilas povoadas de famílias de civis. E todos os israelenses mortos por ataques suicidas em escolas e restaurantes?
Ariel Sharon deixou Gaza para os palestinos e o que aconteceu? Começaram a matar-se uns aos outros numa disputa cega pelo poder.
Os palestinos terão que aprender muito para chegarem lá. Pela primeira vez um presidente palestino e um premiê israelense estão querendo verdadeiramente um acordo. Vamos torcer para dar certo, mas nesta briga, meu apoio irrestrito é de Israel.
É a única democracia por aquelas bandas, é o único país ali onde cristãos não são perseguidos, onde há liberdade de imprensa, onde os direitos de mulheres e homossexuais são respeitados, e onde seus governantes são obrigados a responder à opinião pública por seus erros.
Johan Almighty
Al Gore disse que os holandeses deveriam ser os mais preocupados com o aquecimento global. Eu concordo, minha casa está seis metros abaixo do nível do mar. Eu espero que quando as catástrofes anunciadas pelo Al Bore aconteçam eu já tenha me pirulitado daqui. Um holandês pelo menos está prevenindo-se. Quando assisti aquele filme Evan Almighty, que por sinal é uma jaca, eu desconhecia a história desse sujeito. Johan Huibers sonhou em 1992 que a Holanda desapareceria em um dilúvio. Em 2005 ele começou a construir uma réplica da Arca de Noé, com 70m de comprimento mas mesmo assim metade do tamanho da original (segundo o Genesis). A mulher dele perguntou porque ele não ia cavar poço na Etiópia, mas aceitou a idéia e ajudou no desenho. Dois anos e um milhão de euros depois o barcão está pronto e passeando pelos canais da Holanda, enquanto Johan, um devoto da Bíblia aproveita para se ressarcir do prejuízo cobrando um ingressinho de quem quiser entrar na sua arca. Como dizia um sábio amigo, de minuto em minuto nasce um otário no mundo. Um otário com uma idéia inútil e vários otários ajudando a pagar. Mesmo se Al Gore estiver certo, eu preferiria gastar dois anos e um milhão de euros com outras coisas...
Kasparov x Kremlin
Garry Kasparov virou o campeão mundial de xadrez em 1985 aos 22 anos, e manteve seu título por quinze anos. Em 2005 ele entrou na política russa com o movimento Uma Outra Rússia. Esta semana ele foi preso durante uma manifestação anti-Putin em Moscou. A notícia se espalhou pelos quatro cantos do mundo, embora a televisão russa nem tenha comentado o assunto.
Esta semana Kasparov concedeu uma entrevista à Nouvel Observateur. Trechos:
“A propaganda do Kremlin me apresentava como um grande enxadrista mas como um político fraco. Dois anos depois eu sou o inimigo número 1 do regime...Eu contribuí para cirar na Rússia uma cultura de resistência não-violenta, o que não foi fácil... O Kremlin está consciente de que enfrenta um fenômeno novo: se eles nos deixam manifestar isso provará que estamos ganhando a guerra psicológica, e se ele reprime com violência nosso movimento ele trairá sua verdadeira natureza.”
“Dos comunistas aos nacionalistas, todo mundo quer um regime parlamentar, liberdade de imprensa e a redução dos poderes presidenciais. Essa união de forças políticas em um front antitotalitário constitui um enorme progresso.”
“O sistema Putin é um sistema mafioso, a lealdade é o critério número um de toda nomeação... Os dirigentes pilham o país e depois lavam seu dinheiro no mundo livre... Putin quer reinar como Stáli e viver como Abramovitch! Me exaspera ouvir dizer que os políticos ocidentais não têm como pressioná-lo. É mentira pois todo o dinheiro dos dirigentes russos está investido no Ocidente”.
“O mundo livre tem que ser intransigente sobre seus valores fundamentais, é assim que ele ganhou a Guerra Fria. Mas agora tegiversa, transige, mas nesse jogo Putin é mestre. Ele considera a democracia como uma simples ficha a ser jogada assim como o preço do gás ou o destino da Geórgia. Os líderes Ocidentais devem fazer Putin assumir suas responsabilidades.”
Perle de l'Oriente
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