Monday, December 03, 2007

War in Rio


Já passei inúmeras tardes da minha adolescência jogando War com amigos. Até inventamos versões melhoradas do jogo, mas nada comparado ao que o designer carioca Fabio Lopez fez. Ele inventou o War in Rio, a versão do jogo adaptada à realidade carioca onde territórios como Vladivostok e Argélia-Nigéria são substituídos pelas favelas cariocas, e os exércitos coloridos viram batalhões do BOPE, da PM, do Comando Vermelho e de outras facções criminosas do tráfico de drogas. A divulgação do jogo pela internet já deu o que falar, e o Fábio Lopez apareceu até se explicando na televisão, dizendo que era uma piada de mau gosto e que ele não pretendia vender aquilo etc...
Brasileiro tem mania de fazer graça da própria desgraça, o que eu não acho que seja um
defeito em si. O humor torna menos insuportável as piores situações. Como se dizia na minha terra, já que estamos no inferno eu quero é abraçar o capeta. O pior é que nesses tempos sombrios e sem graça, é só fazer uma piada que já aparecem as vozes politicamente corretas, muitas vezes do governo, denunciando o ‘‘absurdo’’. Quando um episódio dos Simpsons foi ambientado no Rio, com direito a sequestradores e macacos nas ruas foi um Deus nos acuda, até a Embratur entrou na onda. Como se os Simpsons não fizessem graça dos americanos 300 dias por ano…O que esses sujeitos não entendem é que o absurdo não é a piada, o absurdo é a realidade de se viver em uma cidade onde é normal encontrar cadáveres nas esquinas, onde a violência virou cotidiano. A canalhice de nossos governantes nos tirou a paz, mas não podemos deixar que nos cassem também o direito de fazer piada.

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