A Bélgica foi “inventada”pelos ingleses após a derrota de Napoleão para separar a França da Holanda. O norte do país, Flandres, fala flamengo (holandês com sotaque) e a parte sul, a Valônia, fala francês. As duas partes não se entendem, cada uma tem seu governo em separado com seus próprios ministros. O único enclave verdadeiramente bilíngue é Bruxelas. Acontece que se a Bélgica se dividisse hoje, como alguns políticos extremistas querem, Flandres seria um dos países mais ricos da Europa, a Valônia um dos mais pobres. A Valônia acusa Flandres de drenar todos os investimentos do país, Flandres acusa a Valônia de ser um peso morto. Há alguns séculos atrás, a Valônia era muito mais rica do que Flandres, e mesmo as melhores famílias flamengas preferiam falar francês em casa do que holandês. Hoje a situação é a inversa.
Paradoxalmente, é neste país dividido que a União Européia tem seu maior índice de aprovação. Os belgas estão há quatro meses sem governo porque os políticos dos dois lados não se entendem. Quando países como Portugal, Espanha e Grécia entraram na União Européia também eram pobres e atrasados em comparação com os outros, e melhoraram de vida. É a mesma situação dos países do leste europeu hoje, vistos como atrasados pela Europa Ocidental.
A Bélgica pode aprender com a Europa, que ela tanto aprova, a resolver suas diferenças. Assim como a Europa têm que observar de perto o que acontece na Bélgica, pois se há esperança para flamengos e valões, também há para leste e oeste.
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1 comment:
Pois é, é uma lástima a situação ridícula em que a Bélgica se encontra.
Um flamengo não vai aceitar bem que vc diga que a língua dele é 'flamengo', teria que ser neerlandês. Muitas susceptibilidades...Você explicou muito bem a situação atual.
Abraços
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