Eu sou um gourmand assumido, devorador de novidades culinárias, pratos exóticos e tradicionais de diferentes lugares do mundo. E todo mundo que gosta de comida gosta também de saber sobre comida, a história de cada prato, de cada ingrediente. Com o livro A Rainha que virou Pizza, J.A. Dias Lopes ajudou minha curiosidade sobre comida. Agora chegou a vez da bebida. Quam gosta de comer, é claro, adora beber também.
Já olhou para sua xícara ou copo de bebida e pensou que seu conteúdo é história líquida? Eu não, mas o jornalista Tom Standage sim. Seu livro A História do Mundo em 6 Copos não é só a história de diferentes bebidas que conhecemos e apreciamos todos os dias, mas uma tentativa de associar cada uma delas a um período da história da nossa civilização.
Os primeiros assentamentos humanos sempre estiveram perto de água, a bebida fundamental sem a qual não há vida. Com a evolução dos centros urbanos, as bebidas eram uma forma de evitar o consumo de água contaminada e as epidemias associadas, além de promoverem uma interação social entre pessoas.
Começamos com a cerveja , a primeira bebida inventada pelo homem logo depois que dominou a agricultura de cereais nas planícies da Mesopotâmia. Feita de grãos moídos e fermentados, a cerveja era como um pão líquido, e logo se tornou a bebida dos nobres e dos rituais religiosos desde a Babilônia até o Egito. Segundo Standage, a escrita também surgiu como forma de controlar os estoques de cervejas e grãos nas primeiras cidades. Como se vê, os primórdios da civilização humana estão intrinsecamente ligados à cerveja.
A era do vinho começa com a civilização grega. As videiras se tornaram parte importante da agricultura das cidades estado gregas e o vinho o principal produto no comércio do mediterrâneo. O vinho era consumido pelos gregos em simpósios, festas onde se bebia e se discutia sobre política e sobre filosofia. Da Grécia o vinho chegou aos romanos e se espalhou por todo o sul da Europa.
Tom Standage pula para a era das navegações, que ele associa às bebidas destiladas. Com o alto consumo de açúcar na Europa, vindo das colônias nas Antilhas e no Brasil, ele fala sobre as origens do rum e da aguardente (que usam a cana como matéria prima), e de como essas bebidas foram fundamentais no comércio de escravos e na vida das colônias. Também fala da adaptação do processo de destilação na produção de whiskey na irlanda, de bourbon nos EUA e de conhaque na França.
Logo em seguida o café começa a se espalhar pela Europa, trazido dos países árabes por holandeses. Considerado uma bebida sóbria, que aguçava o pensamento em lugar de entorpecê-lo, o café se tornou a bebida dos negociantes, dos cientistas e dos pensadores do Iluminismo. Os cafés públicos se tornaram lugares de conspirações e fonte de informações políticas, culturais e comerciais. (O livro O Mercador de Café de David Liss é um fantástico romance sobre os princípios do café na Europa na Amsterdam do século XVII).
O chá, bebida chinesa por excelência invade a cena mundial junto com a supremacia do Império Britânico, que desbancou os holandeses no comércio global. Tomar o chá da tarde virou uma mania entre a aristocracia britânica que foi imitada depois pelas classes proletárias. Standage conta como o chá foi a peça fundamental na colonização da Índia e na Guerra do Ópio que deu Hong Kong à Inglaterra e marcou o fim da milenar civilização imperial chinesa. Também o imposto cobrado sobre o chá foi um dos estopins da Independência Americana.
Finalmente, a última bebida analisada pelo livro é a Coca-Cola, a, cuja ascenção e divulgação é associada à influência comercial, militar e cultural conquistada pelos Estados Unidos no século XX. De suas obscuras origens como remédio charlatão, a coca-cola virou símbolo do capitalismo e da globalização. É a palavra mais compreendida em todas as línguas depois de ok, e a marca mais conhecida no mundo. Em 97, um discurso do CEO da Coca-Cola dizia : Há um bilhão de horas atrás, o homem apareceu na Terra. Há um bilhão de minutos atrás, o Cristianismo surgiu. Há um bilhão de segundos atrás os Beatles mudaram a música para sempre. Há um bilhão de coca-colas era ontem de manhã.
Eu adoro cada uma das bebidas que Tom Standage descreve no livro, dos diferentes tipos de cervejas e vinhos até o whiskey, o café e o chá, e também adoro coca-cola. Se não fosse bom não venderiam um bilhão de copos por dia, e no mais, ningué é obrigado a tomar coca-cola, toma quem quer, inclusive comunistas.
Standage deixa um vácuo na Idade Média, que ele esquece em seu livro, mas suponho que de herança dos tempos antigos, e pelo clima, os europeus do norte tenham ficado com a cerveja e os do sul com o vinho, algo reconhecível até hoje nos padrões de consumo daqui. De qualquer forma gostaria de ter aprendido algo mais, principalmente na participação da Igreja em manter a produção dessas bebidas.
De qualquer forma o livro é divertido, e Standage ainda vislumbra que a nova bebida do planeta será a água, ecológica e saudável. A venda de água engarrafada está em plena explosão em um momento em que a população mundial pela primeira vez na história é mais urbana do que rural, e em que futuros conflitos se anunciam em torno de fontes de água. Acabamos onde começamos, perto da água.
Já olhou para sua xícara ou copo de bebida e pensou que seu conteúdo é história líquida? Eu não, mas o jornalista Tom Standage sim. Seu livro A História do Mundo em 6 Copos não é só a história de diferentes bebidas que conhecemos e apreciamos todos os dias, mas uma tentativa de associar cada uma delas a um período da história da nossa civilização.
Os primeiros assentamentos humanos sempre estiveram perto de água, a bebida fundamental sem a qual não há vida. Com a evolução dos centros urbanos, as bebidas eram uma forma de evitar o consumo de água contaminada e as epidemias associadas, além de promoverem uma interação social entre pessoas.
Começamos com a cerveja , a primeira bebida inventada pelo homem logo depois que dominou a agricultura de cereais nas planícies da Mesopotâmia. Feita de grãos moídos e fermentados, a cerveja era como um pão líquido, e logo se tornou a bebida dos nobres e dos rituais religiosos desde a Babilônia até o Egito. Segundo Standage, a escrita também surgiu como forma de controlar os estoques de cervejas e grãos nas primeiras cidades. Como se vê, os primórdios da civilização humana estão intrinsecamente ligados à cerveja.
A era do vinho começa com a civilização grega. As videiras se tornaram parte importante da agricultura das cidades estado gregas e o vinho o principal produto no comércio do mediterrâneo. O vinho era consumido pelos gregos em simpósios, festas onde se bebia e se discutia sobre política e sobre filosofia. Da Grécia o vinho chegou aos romanos e se espalhou por todo o sul da Europa.
Tom Standage pula para a era das navegações, que ele associa às bebidas destiladas. Com o alto consumo de açúcar na Europa, vindo das colônias nas Antilhas e no Brasil, ele fala sobre as origens do rum e da aguardente (que usam a cana como matéria prima), e de como essas bebidas foram fundamentais no comércio de escravos e na vida das colônias. Também fala da adaptação do processo de destilação na produção de whiskey na irlanda, de bourbon nos EUA e de conhaque na França.
Logo em seguida o café começa a se espalhar pela Europa, trazido dos países árabes por holandeses. Considerado uma bebida sóbria, que aguçava o pensamento em lugar de entorpecê-lo, o café se tornou a bebida dos negociantes, dos cientistas e dos pensadores do Iluminismo. Os cafés públicos se tornaram lugares de conspirações e fonte de informações políticas, culturais e comerciais. (O livro O Mercador de Café de David Liss é um fantástico romance sobre os princípios do café na Europa na Amsterdam do século XVII).
O chá, bebida chinesa por excelência invade a cena mundial junto com a supremacia do Império Britânico, que desbancou os holandeses no comércio global. Tomar o chá da tarde virou uma mania entre a aristocracia britânica que foi imitada depois pelas classes proletárias. Standage conta como o chá foi a peça fundamental na colonização da Índia e na Guerra do Ópio que deu Hong Kong à Inglaterra e marcou o fim da milenar civilização imperial chinesa. Também o imposto cobrado sobre o chá foi um dos estopins da Independência Americana.
Finalmente, a última bebida analisada pelo livro é a Coca-Cola, a, cuja ascenção e divulgação é associada à influência comercial, militar e cultural conquistada pelos Estados Unidos no século XX. De suas obscuras origens como remédio charlatão, a coca-cola virou símbolo do capitalismo e da globalização. É a palavra mais compreendida em todas as línguas depois de ok, e a marca mais conhecida no mundo. Em 97, um discurso do CEO da Coca-Cola dizia : Há um bilhão de horas atrás, o homem apareceu na Terra. Há um bilhão de minutos atrás, o Cristianismo surgiu. Há um bilhão de segundos atrás os Beatles mudaram a música para sempre. Há um bilhão de coca-colas era ontem de manhã.
Eu adoro cada uma das bebidas que Tom Standage descreve no livro, dos diferentes tipos de cervejas e vinhos até o whiskey, o café e o chá, e também adoro coca-cola. Se não fosse bom não venderiam um bilhão de copos por dia, e no mais, ningué é obrigado a tomar coca-cola, toma quem quer, inclusive comunistas.
Standage deixa um vácuo na Idade Média, que ele esquece em seu livro, mas suponho que de herança dos tempos antigos, e pelo clima, os europeus do norte tenham ficado com a cerveja e os do sul com o vinho, algo reconhecível até hoje nos padrões de consumo daqui. De qualquer forma gostaria de ter aprendido algo mais, principalmente na participação da Igreja em manter a produção dessas bebidas.
De qualquer forma o livro é divertido, e Standage ainda vislumbra que a nova bebida do planeta será a água, ecológica e saudável. A venda de água engarrafada está em plena explosão em um momento em que a população mundial pela primeira vez na história é mais urbana do que rural, e em que futuros conflitos se anunciam em torno de fontes de água. Acabamos onde começamos, perto da água.
1 comment:
eu simplesmente AMO J.A. Dias Lopes. ele escreve de forma tão divina e saborosa que parece até que estou comendo um manjar dos deuses.
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