Sunday, June 07, 2009

Ambientalismo e Agronegócio



Carlos Minc chamou os produtores rurais de vigaristas. Kátia Abreu e a CNA reagiram à altura em um embate público que ganhou as manchetes dos jornais nessa semana.
Ainda na semana que passou, o Greenpeace soltou um relatório culpando grandes empresas da indústria da carne no Brasil e seus clientes no exterior pelo desmatamento na Amazônia.
Agora a Abiec, a associação dos exportadores de carne pretende processar o Greenpeace por equívocos em seu relatório e por prejudicar as exportações e a imagem do Brasil no mercado externo. O Greenpeace em seu relatório por exemplo juntava em seus dados desmatamentos legais e ilegais, colocando no mesmo saco bons e maus produtores.
O grande equívoco dos ambientalistas nesta discussão é assumir que agronegócio e preservação ambiental sejam incompatíveis.
Querem uma prova do contrário? O estado de São Paulo é uma das unidades da federação que apresenta um setor de agronegócios dos mais tecnificados e eficientes do país. O último censo agropecuário de São Paulo mostra que nos últimos 12 anos a cobertura florestal no Estado aumentou em vez de diminuir. O fato foi comentado por Xico Graziano em seu artigo "Lupa Verde". Matas ciliares e corredores ecológicos foram recuperados, fauna antes desaparecida do solo paulista volta a aparecer. O censo mostra ainda o maior uso de técnicas anti-erosão e do plantio direto. E mesmo com a presença fortíssima da indústria sucro-alcooleira, o tamanho médio da propriedade em São Paulo diminuiu de 72 para 63 hectares.
Tudo está interligado, o agronegócio eficiente gera renda.
Renda gera educação (inclusive ambiental). Claudio Moura e Castro em sua coluna na Veja já havia notado como educação e agronegócio andam juntos onde quer que se olhe no país.
Renda e educação juntos facilitam a adoção de tecnologia.
Tecnologia torna a propriedade mais eficiente, inclusive na preservação ambiental e na prevenção da erosão e da contaminação de lençóis freáticos.
Uma propriedade mais eficiente não precisa ser grande para sustentar uma família, o que destrói o mito da concentração fundiária.
O movimento ambientalista quer demonizar como um todo um setor responsável por 24% do PIB e 36% das exportações do país, sendo que no Brasil, 71% da superfície total do país está protegida por lei na forma de reservas, áreas de proteção permanente, parques e terras indígenas. Para o agronegócio sobram 29%.
As áreas de fronteira na floresta precisam é de mais capitalismo, e de uma presença eficiente do Estado, não o contrário.
Grandes empresas e produtores eficientes, inseridos no mercado global, conhecem bem suas responsabilidades na preservação ambiental. É uma estupidez colocá-los no banco dos réus do desmatamento ilegal.

2 comments:

kitato said...

Só para agradecer o post sobre Izima Kaoru de Fevereiro. Bom trabalho (^_^)

Anonymous said...

"Carlos Minc chamou os produtores rurais de vigaristas. " Por quê? Onde?

"no aniversário de um ano dele à frente do Ministério do Meio Ambiente, “comemorado” em cima de um trio elétrico e com discurso para uma platéia de três mil trabalhadores rurais, reunidos no “Grito da Terra”. Na ocasião (27/05/09), [...]

Veja trechos da fala de Minc:
“Não podemos cair no canto da sereia. Fingem que são amiguinhos de vocês. Amanhã vão pedir para parar a reforma agrária, o crédito para a agricultura familiar. Não confiem nesses vigaristas! Estão querendo usar vocês contra o meio ambiente, quando a boa aliança é entre o ambientalista e a agricultura familiar - disse, do alto de um carro de som e com o boné da Contag, a confederação dos trabalhadores na agricultura.
“Essa turminha rica polui rios e fala como se representasse pequenos agricultores”.
“A boa aliança é com o meio ambiente, com a preservação. Os ruralistas encolheram os dentes de vampiro, o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar. É conversa para boi dormir. Não se deixem enganar. Não é a CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil] que fala em nome da agricultura familiar, é a Contag e outros movimentos sociais”
"
http://www2.faep.com.br/noticias/exibe_noticia.php?id=1813