Saturday, June 27, 2009

O verdadeiro legado de Michael Jackson


Michael Jackson inventou o conceito moderno do videoclip. Por causa dele, hoje existem videoclips com orçamentos maiores do que o de um filme brasileiro. E não é raro que diretores de videoclipe façam carreira em séries de TV ou em Hollywood depois.
E o videoclip moderno criou, ou deu o impulso definitivo, à MTV e seus veejays. Com isso, Michael Jackson abriu as portas da MTV a outros artistas negros, no tempo em que ele também era negro. Mas se essa foi a parte positiva da carreira de Jackson, a negativa é bem maior.
A Music Television, criada para revolucionar o establishment acabou se tornando o próprio establishment. Inicialmente eram clipes de música, depois vieram os programas de entretenimento e os reality shows. A MTV acabou virando o grande canal de promoção pessoal de artistas e celebridades em geral, e pela MTV, esse mundo das celebridades foi escancarado aos adolescentes de todo o planeta.
Em seu ensaio l'Orgie et la Peste, Giuliano da Empoli fala da influência negativa que isso gerou na sociedade ocidental. Em um negócio onde ganha mais quem chama mais a atenção (sim, a qualidade da música deixou de ser o mais importante graças à MTV), os padrões de comportamento são levados aos seus extremos pelos que querem alcançar a über-class das celebridades.
Hoje, adolescentes acham bonito postar fotos no orkut vomitando de bêbadas ou em lingerie, tatuagens pelo corpo, cabelo roxo, piercings everywhere. E o objetivo na vida é virar objeto de adoração, ter casas enormes, coleções de carros, diamantes e ouro em todo o corpo (especialmente se você tiver nascido no gueto).
E se há cinquenta anos atrás os ídolos da criançada eram figuras históricas ou políticas, hoje são todos celebridades. No lugar de Florence Nightingale ou Abigail Adams temos Madonna, Paris Hilton, Lindsay Lohan ou Amy Winehouse.
O que importa é aparecer. Não é à toa que o holandês dono da Endemol virou um dos homens mais ricos da Europa quando percebeu a oportunidade e criou o primeiro Big Brother, que depois replicou-se em n outros reality shows em todas as televisões do mundo.
Michael Jackson era o exemplo cássico do comportamento bizarro, com seu macaco, sua máscara, suas plásticas, seu embranquecimento, seu Neverland, suas criancinhas... Obviamente era um perturbado, e a coisa só piorou com o tempo. Tornou-se uma caricatura dos horrores a que nos submetemos em nome da fama.

2 comments:

Guga Pitanga said...

Eu prefiro lembrá-lo como um membro dos Jackson 5 e suas boas músicas.
Abço
Pitango

Lelec said...

Oi Fernando,

Eu nunca gostei de pop e, por isso, a música de Jackson não me encantava (exceto pela fase do Jackson 5).

Jackson tinha talento saindo pelos poros. Mesmo não curtindo sua música, gostava de vê-lo dançando, no que ele era mesmo genial.

Parabéns pela reflexão sobre ídolos da juventude. Mas vale lembrar que o fenômeno não começou com Madonna e Jackson, mas com Beatles, Rolling Stones e Led Zepellin e a superexposição midiática dos anos 60-70.

Abraço

Lelec