Monday, September 14, 2009

Norman Borlaug


O Engenheiro Agrônomo Norman Borlaug faleceu aos 95 anos neste sábado passado, 12 de setembro, no Texas.
Borlaug ficou conhecido como um dos pais da Revolução Verde. Seus trabalhos com melhoramento genético de grãos, associado a técnicas de adubação, ao desenvolvimento de defensivos químicos e a outras práticas agronômicas salvou o planeta da maldição Malthusiana e de um provável colapso alimentar.
Países como o Paquistão e a Índia tornaram-se auto-suficientes em agricultura graças ao seu trabalho.
Em 1950 o mundo produzia cerca de 650 milhões de toneladas de grãos em 600 milhões de hectares. Cinquenta anos depois, em 2000, o mundo produzia 1,9 bilhão de toneladas de grãos em 660 milhões de hectares.
Pode se dizer que Norman Bourlag é uma das pessoas que mais salvou vidas na história da humanidade. Ao mesmo tempo, a evolução da produtividade agrícola fez com que mais de 1 bilhão de hectares de terra virgem não precisassem ser desmatados para uso agrícola. Este engenheiro agrônomo, e os muitos outros técnicos, pesquisadores e produtores que se beneficiaram e expandiram suas descobertas preservaram mais a natureza do que todas as ONG's ambientalistas do planeta juntas.
Durante nos anos 80, essas mesmas ONG's tentaram pressionar o Banco Mundial e outras fundações a não financiarem mais o embarque de fertilizantes químicos para países em desenvolvimento, para grande indignação de Borlaug. Sobre esses ambientalistas, Borlaug disse à revista Atlantic Monthly:
"Alguns dos grupos de pressão ambiental das nações ocidentais se acham o sal da terra, mas a maioria deles é elitista. Eles nunca experimentaram a sensação física da fome. Eles fazem seu lobby sentados em escritórios confortáveis em Washington ou Bruxelas. Se eles vivessem apenas um mês em meio à miséria do mundo subdesenvolvido como eu vivi por 50 anos, eles estariam gritando por tratores, adubo, canais de irrigação e estariam ultrajados que esses elitistas da moda em casa estariam tentando negar-lhes essas coisas."
Depois de seus trabalhos no México e no Subcontinente Indiano, Borlaug, financiado por um industrial japonês, desenvolveu trabalhos na África onde confrontou-se com a imensa falta de infra estrutura do continente.
Em 1970 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Também foi agraciado com a Medalha de Ouro do Congresso Americano e a Medalha Presidencial da Liberdade, sendo uma das cinco pessoas no mundo que conseguiram esses três prêmios de reconhecimento por seu trabalho humanitário. As outras foram Martin Luther King Jr., Elie Wiesel, Nelson Mandela e a Madre Teresa de Calcutá.
Em 1999 a revista Time o citou como sendo uma das mentes mais influentes do século XX.
Em 2004 ele esteve na minha gloriosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, na Embrapa e em outras instituições brasileiras. Considerava o Brasil como o grande celeiro do mundo para o futuro, e tinha muita esperança no potencial dos solos do cerrado brasileiro.
Todos os agrônomos do mundo estão de luto.

7 comments:

Luiz Felipe said...

Fernandão, ou melhor, cuecão???,
interessante saber a respeito dessa personalidade. Não sei se por ignorância ou por não viver a realidade da agricultura (que dá na mesma coisa), nunca ouvi falar a respeito desse caboclo...
Mas é muito interessante ter a noção de que esse sujeito contribuiu tanto para se evitar a fome no mundo, é uma pessoa muito importante (haja vista suas premiações) que até hoje não era digno da minha gratidão, e com certeza de muitos outros também.
Lembro da época da escola quando estudei a a teoria de Malthus, aquilo me assustava, progressão geométrica versus aritimética, dava medo...
Bacana saber que essa pessoa fez tudo o que fez.
Abração,
Bode.

Zé Costa said...

Um homem como esse não morre nunca!!!!

Everardo said...

O conceito de agricultura sustentável evoluiu muito. Apesar da eficácia do uso de defensivos e da produção extensiva, num primeiro momento, a persistência da fome nos países citados não corresponde aos resultados ditos como obtidos. A fome continua sendo o maior problema da humanidade.

Rozo said...

Em 2004, em sua apresentação na Esalq, Bourlag encerrou com a seguinte frase: "O séc. XX foi o século da agricultura norte americana, o séc. XXI, não tenho dúvida, será o século da agricultura brasileira". Espero que toda a sua capacidade intelectual de antever o futuro seja a mesma que o fez revolucionar o mundo agrícola.

Outra frase muito interessante sobre o Bourlag foi a justificativa da academia responsável por selecionar os premiados pelo Nobel quando ele (único eng. agronômo a ganhar o prêmio) ganhou o Nobel da Paz: "Este prêmio é justificado pois não há paz onde há estômagos vazios".
Grande Abraço Alma.

Anonymous said...

Everardo,
Leia um pouco mais antes de opinar. Você se baseia em posições domáticas, estreitas e presas em conceitos do passado. Além de atrasado, mal informado mesmo para a década de 70. Evolua, cara!
Ainda há fome sim, e justamente nos lugares que não aplicaram tecnologia de produção agropecuária intensiva (fertilizantes, defensivos, etc.) e não extensivas (sem uso de nada, inclusive a orgânica).
Fui quatro vezes à Angola, a trabalho, e vá lá ver se a realidade não igualzinha a essa bem descrita pelo Fernando.
O Luiz Felipe colocou uma coisa muito importante. Eu também só ouvi falar de Malthus até o terceiro colegial. Nunca, na escola, se preocuparam em mostar os avanços que vinham ocorrendo desde o pós guerra. Aprendi isso na Universidade.
Lamentável esse país de agrafos (que não escrevem) e anafalbetos (que não pensam).

Big-Ben

Everardo said...

Anonymous (Big-Ben), falei que a agricultura sustentável evoluiu muito, não que ela resolveu o problema da fome. E deixei claro a eficácia dos processos tradicionais, num primeiro momento. Mas você poderia visitar também as grandes áreas da Europa infelizmente devastadas pelo uso de defensivos e fertilizantes químicos. Negar os benefícios de um ou de outro sistema foi o que eu não fiz. O que você defende NÃO resolveu (repito) os problemas da fome no mundo, mas está trazendo graves consequências ambientais.

Maurício - Big - Ben said...

Everardo, o que traz graves problemas é o mau uso e não o uso.
E grande parte das áreas devastadas da Europa estão sendo cultivadas há 2 mil anos.
Repito, estude mais sobre o assunto. Você está por fora.
O problema só não foi resolvido ainda por falta de tecnologia em grande parte das regiões.
Não precisa ir longe não. Vá ao Cerrado e veja o que adubação e defensivos faz em prol do meio ambiente.
Só o plantio direto brasileiro economiza 1,3 bilhão de litros de diesel. Fora os ganhos já citados no texto do Fernando.
É isso aí.
Abraço
Maurício - Big-Ben

PS: Alma, eu tento me identificar aqui, mas só entra como anonymous.