A antropologia é uma daquelas ciências que me fascinam mas sobre as quais tenho conhecimentos parcos demais.
Só posso imaginar a emoção e a curiosidade científica que um francês como Claude Lévi-Strauss tinha ao entrar em contato com grupos de homens de cultura até então desconhecida nos sertões mais remotos do Brasil dos anos 30.
Dito isso, confesso que um debate entre o existencialismo de Sartre e o estruturalismo de Lévi-Strauss me é tão enigmático quanto a pedra da Roseta.
A questão fundamental da antropologia para mim é se homens devem ou não propositadamente interferir na cultura alheia. Lévi-Strauss por exemplo condenava firmemente a pretensão ocidental de julgar sua cultura e seu modo de vida superior ao de outros grupos humanos, mas mesmo os índios brasileiros julgavam-se uns aos outros. Os Bororo por exemplo consideravam os Nhambiquaras (a sociedade do mínimo necessário segundo Lévi-Strauss) bárbaros, já que dormiam no chão ao invés de redes.
Para mim, o contato e a mútua influência entre diferentes grupos humanos ao longo da história além de ter sido fundamental para a evolução da humanidade foi certamente também inevitável.
Por aqui não seria diferente. Nossos índios estavam na Idade da Pedra quando os europeus chegaram por aqui. Matavam, escravizavam e comiam-se uns aos outros. A colonização trouxe a palavra escrita, o cristianismo e inovações tecnológicas que talvez eles nunca conseguissem.
Nossos índios de hoje querem ter um freezer, facas de metal e televisão.
Já os nossos antropólogos querem mandá-los de volta à Idade da Pedra, e acham perfeitamente normal que eles enterrem vivas suas crianças deficientes por exemplo.
Não tenho a pretensão de me julgar superior ou inferior, mas reconheço que minha cultura teve acesso às criações de muitas outras culturas diferentes da minha, e que acabaram beneficiando também a mim, e portanto acredito que possa beneficiar também a outros.
Eu acredito que a antropologia hoje deveria servir para criar um choque menor entre culturas do que aqueles ocorridos há 500 anos atrás. Mas não acredito que isolar grupos humanos em reservas imensas seja a solução. Quando a humanidade estiver colonizando marte e passando férias na lua, lá estarão essas reservas indígenas da Funai, transformadas em zoológicos de homens renegados pelos seus irmãos.
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