Nunca li Saramago, confesso, por preconceito. Sempre que lia suas declarações estapafúrdias defendendo gente como Fidel Castro ou atacando Cristo me causava repulsa.
O que terá este velhote a nos ensinar, me perguntava.
E sempre que folheei seus livros, seu estilo de escrita prezado por alguns como inovador me dava preguiça de ler. Como se escreve sem pontuação e nem parágrafos?
No entanto assisti o filme Ensaio sobre a Cegueira, principalmente por ser um fã de Fernando Meirelles e adorei. Provavelmente teria gostado do livro também, e prometo que um dia o lerei.
A metáfora de Ensaio sobre a Cegueira me pareceu perfeita. Vivemos hoje, sobretudo nas grandes cidades nessa espécie de cegueira branca, sem ver o lixo na rua, o sofrimento alheio, prostituindo-nos por dinheiro e brigando por poder.
E se ninguém nos enxerga, que mal há em utilizar-nos de qualquer meio para chegarmos aos nossos fins?
É óbvio, apesar de não mencionado na história, que Saramago vê no comunismo a saída dessa cegueira, a luz que deveria a todos guiar. É aí que reside sua cegueira, já que essa "luz" só trouxe fome, miséria e tirania ao mundo.
Para mim, a luz jaz em cada indivíduo, onde reside a fronteira entre civilização e barbárie. E pelo menos para nossa metade do mundo, foi a moral cristã que Saramago tanto ataca quem nos deu essa baliza.
Que descanse em paz e encontre a luz lá do outro lado.
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