Tuesday, December 18, 2007

Sem garantia


Raymond Poeteray, um diplomata holandês em Hong Kong e sua esposa adotaram Jade, uma menininha de origem sul-coreana quando ela tinha 4 meses de idade.
Poeteray hoje está de volta à Holanda e já tem um filho e uma filha não adotados. Na semana passada, o jornal Telegraaf criou uma onda de indignação no país ao publicar a notícia de que o diplomata estava devolvendo Jade aos serviços sociais de Hong Kong, dizendo que ela não tinha se adaptado à vida holandesa. O problema é que Jade tem hoje 7 anos de idade.
Durante seis anos a criança conviveu com a família, e segundo o casal tinha problemas em se relacionar. Dizem que tentaram de tudo, incluindo terapia em família mas que por conselho médico seria melhor para a felicidade de todos se Jade fosse afastada deles.
O site do Telegraaf tinha mais de 500 emails dizendo mais ou menos a mesma coisa que pensamos ao ler uma notícia destas. Jade está sendo devolvida como uma mercadoria com defeito. O caso tem provocado protestos na Coréia e embaraçado até o Ministério das Relações Exteriores da Holanda.
Eu não sou médico mas o bom senso me faz acreditar que são os pais os principais responsáveis pela formação e desenvolvimento intelectual e afetivo de uma criança adotada com 4 meses. Dizer que 6 anos depois ela ainda ‘‘não se adaptou’’ me parece uma barbaridade, e espero que o casal consiga viver com sua consciência.
É comum vermos casais de holandeses com crianças chinesas, indianas, africanas e até brasileiras, prática que está virando moda por aqui como mais uma maneira de ajudar o terceiro mundo. Adoção deve ser um caso de amor, não mais um negócio ou uma moda. É como o caso dos franceses que fretaram um avião para retirar crianças, que nem eram órfãs, clandestinamente do Chad. Não se trata a vida alheia, especialmente a de uma criança com leviandade.

4 comments:

Anonymous said...

Deve faltar muito amor na casa desse casal. Melhor a Jade ir viver em outro lugar mesmo, qualquer lugar é melhor do que um lugar onde as pessoas não nos ama. Ela vai encontrar alguém que a ame de verdade, talvez demore, talvez seja rápido, mas ela vai ser amada.

Eu, conheci uma garotinha, a Fran, ela e a irmã, a Lilian, foram adotadas e devolvidas 2 vezes, o motivo era a Fran que era mais velha, tinha 4 anos quando começou a ser adotada, acredita que tinha gente que queria ficar com a irmã e não queria ficar com ela? A última mãe que ela teve era professora na UFMG, ela e o esposo eram professores lá. A Leia morreu de câncer. O pai é apaixonado pelas garotas, faz tudo por elas, a Fran encontrou quem a amasse.

Nunca vou me esquecer do dia em que ela, muito linda, usando ocúlos fundo de garrafa me disse:
Alessandra! Eu fiquei sem mãe denovo, só que agora foi porque ela morreu, não foi porque não gostava de mim...

Leila Silva said...

Cruzes, é estarrecedor.

Blogildo said...

Só podia ser coisa dos Países Baixos! Que lastimável!

clabrazil said...

Nao vira moda pela dificuldade que é adotar uma crianca num país estrangeiro, caríssimo. Acho que esse caso infeliz foi isolado. Felizmente.