Wednesday, April 23, 2008

In Cold Blood


Estou lendo o romance A Sangue Frio de Truman Capote. O livro, baseado no assassinato de uma família do Kansas criou um novo gênero de literatura, o romance de não ficção. O filme Capote que deu o Oscar a Philip Seymour Hoffman conta a história do processo de criação que originou o livro.
Capote descreve a reação das pessoas de Holcomb ao crime bárbaro exatamente como eu descreveria a reação do público brasileiro ao assassinato de Isabella Nardoni.
Um bom escritor sabe captar universalidade dos sentimentos humanos. É natural que a reação a um crime no Kansas dos anos 50 seja a mesma no Brasil de agora: Choque, horror, revolta, e medo.
Medo de que um potencial criminoso esteja perto de nós. Medo que nós mesmos sejamos um dia capazes de fazer algo parecido. Medo da besta que dorme dentro de cada um.
Embora um pouco desacostumado com a imprensa-mundo-cão do Brasil, felizmente vejo que ainda somos capazes de reagir com indignação a este tipo de crime. Pelo menos isso ainda nos revolta. Do contrário a vida em sociedade estaria fadada ao fracasso.
Sempre vai aparecer um Alexandre Nardoni (como tudo indica), uma Suzane Richthoffen, um Pimenta Neves (incompreensivelmente solto até hoje) aquela louca que torturava a enteada, ou a outra que jogou o bebê na lagoa. Crimes sem desculpa nenhuma. Mal puro.
O Mal existe sim, a prova está aí. Mas há inúmeros caminhos para nos livrarmos dele, nas leis, na religião, na convivência em sociedade e nos mais básicos princípios de ética e civilidade.
O que nos resta é deixar essa gente apodrecer na cadeia até o fim de seus dias.

5 comments:

Guga Pitanga said...

O que não podemos fazer é ficarmos inertes a tudo o que acontece. Em pequenas ações, dentro de casa ou fora dela, já podemos colocar algum tipo de contribuição pra que, se as coisas não mudarem, ao menos se amenizarem. E escrever sobre já é um bom começo

Abraço,
Pitango

http://lenfantdeboheme.blogspot.com/

bete p.silva said...

Eu acho que o povo brasileiro "levou um pouco a mão à consciência" nessa questão, porque agressões a crianças têm sido muito mais corriqueiras do que se pensa. Cadeia para eles, sim, claro, mas conscientização e vigilância para todos nós.

Frodo Balseiro said...

O filme, feito sobre o crime narrado no livro, também é muito bom. Se não me engano foi estrelado por Robert Black ( o Baretta da TV). Já naquela época se abordava a questão midiática, e a reação diferenciada da população a determinados crimes.
Francamente, não consigo atinar para o motivo de certo extase, um delírio coletivo em que as pessoas se deixam conduzir, longe da lógica, como marrecos na lagoa, pelos meandros desses folhetins macabros em que se tornam as coberturas dos crimes bárbaros.

patricia m. said...

Pena que nao tem prisao perpetua no Brasil, ne. Pena que nao tem nem prisao de seguranca maxima digna do nome. Pena que criminoso conduz crime de dentro das cadeias. Pena que gente que deveria estar morta ha muito tempo esta circulando por ai, livre leve e solta. Pior do que todos esses citados, eh o Champinha, o estuprador e assassino, que ate ganhou protecao do estado (casa, comida e roupa lavada).

Anonymous said...

comecei a ler e achei um porre. aquele primeiro capítulo com trocentas páginas descrevendo a vegetação local. PORRE!
verdade que o capote revolucionou a forma de tratar histórias de assassinato, mas que chatice! o filme é menos pior, mas tb é meio chatinho... sou muito mais Balzac!