Monday, October 06, 2008

Os desmatadores


A divulgação da lista dos maiores desmatadores do Brasil durante a semana passada provocou um óbvio mal estar no governo, afinal, o INCRA, um órgão do governo federal está na liderança isolada no ranking dos inimigos do meio ambiente. Seis assentamentos do INCRA, todos no estado do Mato Grosso desmataram juntos 220 mil hectares de floresta.
A lista aliás ficou mocosada no IBAMA por alguns meses, quem sabe se por falta de coragem de divulgá-la. A revelação foi feita pelo próprio Ministro do Meio-Ambiente Carlos Minc, o homem dos coletes psicodélicos.
O fato ajuda a revelar o imenso equívoco que é a política de reforma agrária e de preservação do Governo Federal.
Os petistas da situação sempre demonizaram o agronegócio como a fonte de todos os males da floresta. Blairo Maggi que o diga. O capitalismo selvagem dos grandes fazendeiros representaria a destruição da Amazônia.
A agricultura familiar no conceito do Incra, com o assentado e sua família feliz com seu pé de mandioca, seu porquinho e suas galinhas em comunhão com a natureza seria o oposto disso. Seria o paraíso agrícola bolivariano.
Esta semana vimos o tamanho da mentira. Uma mentira de 220 mil hectares.
A realidade é que o assentado recebe um lote de 60ha de terra. Pela lei, ele poderia desmatar 20% do lote. Aí o pé-vermelho olha aquelas toras todas ali de pé, e pensa que o bornal dele ficaria bem mais cheinho se ele botasse aquilo tudo abaixo e vendesse madeira em lugar de plantar 12 hectares de mandioca. Não é à toa que o Fantástico achou uma madeireira ilegal dentro do assentamento de Tabaporã. Então ele vende as toras boas, faz carvão do resto e tenta criar umas vaquinhas. quando ele vê que aquilo ali não vai pra frente, troca o lote dele por uma mobilete, um revólver ou uma passagem para Cuiabá e se manda dali. Quando ele gastar o que ganhou em pinga e briga de galo ele entra na fila por outro lote. Essa é a reforma agrária do Incra e do MST, que no fundo são a mesma coisa. O assentado mais esperto, que compra o lote dos outros, aumenta a lavoura e começa a fazer dinheiro para eles passou ao "lado negro" da força.
O agronegócio busca lucro, obviamente. Mas por isso mesmo trabalha com profissionais. E todo profissional sabe da importância de preservação de reservas e matas ciliares, do manejo de solo, do correto uso de defensivos. Uma empresa agrícola, como existem cada vez mais, com capital aberto, sabe que tem que prestar contas a seus investidores. Sabe que o mercado externo vai questioná-la sobre seus métodos de produção. É do mercado. A solução no campo está em mais capitalismo, não menos.
Não digo que todo assentamento seja ruim e todo fazendeiro seja bom. O que estou dizendo é que agricultura é para profissionais. Gente que quer produzir respeitando as leis e gerando riquezas, sem ideologias.

1 comment:

Lelec said...

Olá Fernando,

Eu também acho que toda atividade econômica se beneficia da ciência e do profissionalismo. Na agricultura, não é diferente.

O problema do MST é seríssimo e você não é a primeira pessoa que conheço que já viu na prática o quão nociva à natureza é a ação dos sem terra.

Mas acho que o Estado tem um papel fundamental na proteção ao meio ambiente. Na minha maneira de entender (muito menos embasada do que a sua), é temerário deixar apenas aos fazendeiros do agro-negócio a tarefa da preservação. Sem fiscalização do Estado, teríamos uma catástrofe (como já está acontecendo pela omissão irresponsável de Lula).

Abraço,

Lelec