Thursday, November 19, 2009

Inocentes


Aconteceu hoje em Campo Grande. Um carro fechou outro no trânsito, o que acontece umas mil vezes por dia nesta cidade que tem um dos trânsitos mais mal educados e violentos do país. A fechada virou discussão. Durante a discussão, um dos motoristas, um jornalista de 60 anos pegou um revólver e disparou 5 tiros. O carro tinha outras quatro pessoas dentro. Os tiros atingiram o pescoço de uma criança de 2 anos e o maxilar de seu avô que estavam dentro do carro. A criança morreu no hospital durante a tarde de hoje.
Por um motivo estúpido, um homem de 60 anos, com certa experiência de vida para saber o que é importante ou não, deliberadamente destruiu em um segundo a própria vida, a vida de sua família, e a vida da família que perdeu a criança. Que apodreça na cadeia o resto dos seus pobres dias. Que queime no inferno pela eternidade depois.
O que mostra isso? A banalidade do mal.
Mas mostra também um sintoma pior de uma sociedade doente. Em São Paulo um pai joga o filho de um prédio de 18 andares e se joga atrás. Uma mãe esquece o filho por oito horas no banco de um carro no sol quente, e a criança morre.
Quando o preço da vida de uma criança se tornou tão barato? Porque são eles os primeiros a pagarem pelas neuroses, pela estupidez, pela boçalidade dos ditos "adultos"? De quantos João Hélio e Isabella Nardoni precisaremos?

3 comments:

clabrazil said...

Nossa, me deu até arrepios.
Li há pouco tempo uma matéria que afirmava estarmos nos tornando menos violentos (vou ver se acho para te mandar), mas atitudes assim deixam a dúvida.

No Brasil, bens materiais têm valor imensamente maior que a vida humana. Claro que essa banalização do mal é geral, não só podre mérito nosso, mas sinto que por falta de punição adequada em terras brasilis atigimos o ápice.

Beijos,
Cla

Bípede Falante said...

Fernando, entra no blog O Dono da Loja. Tem um post de dar calafrios, que já li e reli e não consigo acreditar, porque já não dá mais para acreditar, porque o mundo virou uma tela de cinema trash, de filme de terror constante, porque a gente não sai mais dessa eterna sexta-feira 13 e já nem sabe mais o que dizer.

Lelec said...

É por essas e outras que sou contra o porte de armas por civis. Só a polícia deveria poder andar com armas.

'Tá bom, 'tá bom, andar com um objeto (seja ele qual for) é uma liberdade individual na qual o estado não deveria interferir, a menos que haja dano a terceiro.

Mas os riscos são muito grandes. As pessoas perdem a cabeça com muita facilidade. Ainda que o tal homem que matou a criança seja severamente punido (coisa que não vai, em se tratando de Brasil), nada, absolutamente nada vai devolver a vida da criança morta.