Saturday, July 29, 2006

30+

Pois é, 31 anos hoje...
Faz um calor infernal na Holanda. Não sei porque os holandeses insistem em acreditar que todo brasileiro gosta de calor. Eu, que morei em Teresina 9 anos da minha vida já passei todo o calor que devia na vida. Eu gosto de chuva, gelo, neve, vento e céu cinza chumbo, mas ninguém acredita em mim por aqui. Os holandeses adoram. É o tempo do churrasco e de festas no quintal. A prefeitura de Gouda criou um subsídio que paga até 200 euros a quem organiza um churrasco com pelo menos 15 vizinhos. Poderia ser um bom jeito para um brasileiro ganhar a vida por aqui. O problema é que depois de 5 anos o máximo que escuto dos vizinhos ainda é oi e tchau. Bem, sem churrasco, a comemoração será mais modesta. Aliás, como comemorar um ano a menos para ser vivido se nem sabemos quantos mais vamos viver ? Estou aqui hoje a maldizer Einsten, pensando na relatividade do tempo. Quando criança cada ano demorava séculos para passar. Quanto tempo esperando o presente de aniversário e o de Natal...Agora dos meus 20 aos 30 anos alguma coisa aconteceu. Tudo parece ter acontecido em um piscar de olhos. Como será daqui para a frente? Acho que a grande crise nos 30 é começar a acreditar que o resto da sua vida é previsível. Que você irá passar o resto da vida lavando o carro no sábado e fazendo churrasco no domingo.
Mas enfim, cada um acaba sendo a soma das escolhas que faz. Se pudesse, eu teria escolhido nascer em Vanuatu, o país mais feliz do mundo segundo uma pesquisa que rola por aí. Seria um bom selvagem, comendo peixe e inhame e completamente ignorante do que se passa no resto do planeta mas seria feliz. Não pude, mas todas as outras escolhas que fiz me fizeram o que sou hoje.
Posso não ser feliz como em Vanuatu porque hoje sei que o que acontece no resto do planeta me atinge. Parafraseando João Pereira Coutinho, a quem sempre leio, podemos não encontrar um sentido de vida, um sentido para a vida, o caminho célere para a felicidade ideal, como as teologias descartáveis prometem de porta em porta. Mas existem pequenas ilhas de felicidade, por onde vamos saltitando como náufragos perdidos. São estas ilhas que dão alento no caos que nos consome.
Um bom filme, um bom livro, uma boa música, um bom jantar, boa companhia, são por essas ilhas que caminho enquanto o tempo passa.
Oscar Wilde afirma ao citar o charco onde vivemos e a necessidade imperiosa de olhar para cima, para o céu. Também faço desse meu lema. A vida pode ser o que é, mas isso não é desculpa para não pôr a melhor gravata.

1 comment:

Anonymous said...

Só uma pequena correção. Vanuatu não é o local onde as pessoas são mais felizes. É a Dinamarca, acredite se quiser. Fora o tempo, que não é lá essas coisas, o país é um exemplo de organização e otimismo. Eu morei lá e pude comprovar. Ao contrário do pré - conceito de que os europeus são fechados, frios e estranhos, os dinamarqueses são uma simpatia. Meus colegas dinamarqueses nos contam alguns fatos de que às vezes tenho a impressão de que atingiram o Nirvana!!! Enfim, pra quem não acredita, aí vai o link:
http://today.reuters.com/news/newsarticle.aspx?type=oddlyEnoughNews&storyid=2006-07-28T141327Z_01_L27934852_RTRUKOC_0_US-HAPPY.xml&src=rss


Paula