Thursday, December 28, 2006
Feliz 2007!!!
Este quadro, "Le Nouveau Né" (O recém nascido) é de Georges de La Tour, um dos meus favoritos. De La Tour nasceu em 1641 na Lorena francesa. Seguindo a influência de Caravaggio, ele aprimorou a técnica do chiaroscuro, para jogar com a luz e a sombra na tela de forma espetacular.
Apesar de não conter nenhuma referência religiosa, a imagem do recém nascido desperta em nós imediatamente um sentimento de espiritualidade.
Pus aqui o quadro para simbolizar o Ano Novo que vai nascer e desejar a todos um excelente 2007.
É no indivíduo que repousa o limite entre a civilização e a barbárie. Cuide dos seus atos, faça com que você pessoalmente aja com moral e com ética e o mundo será melhor.
Choque de civilizações
Como vocês sabem eu estou de férias no Brasil. Moro na Europa desde 99 e pelo menos uma vez por ano tenho que vir para cá recarregar as baterias. Nem tive tempo de ver que o blog virou destaque na Gazeta dos Blogueiros e no Links e Sites. Meus sinceros agradecimentos a todos e minhas desculpas aos que enviaram comentários que eu (ainda) não respondi. Logo que eu voltar para a paz e a tranquilidade de casa na Holanda prometo voltarei com a programação normal.
Quem passa muito tempo fora do Brasil e volta entende o que vou dizer. Quando regressamos assim depois de um ano longe acabamos vendo as coisas de um jeito diferente. Algumas coisas que não chocavam antes hoje já saltam aos nossos olhos. Para começar a própria visão da cidade de São Paulo do avião já é um choque. Aquela monstruosidade de concreto se espalhando como um câncer na mata Atlântica é inconcebível. A Grande São Paulo tem mais habitantes do que a Holanda. E o trânsito de São Paulo, seja sob um sol de rachar ou seja sob a chuva tropical? E os motoboys passando feito loucos entre carros e caminhões? Ambulantes vestidos de Papai Noel no semáforo quando faz 40°C lá fora...
Outra coisa que choca são as grades, os cacos de vidro no muro, as cercas elétricas, as travas, correntes e cadeados. Algo que não percebemos aqui, mas as nossas próprias casas estão se transformando em presídios. Lembro da música do Rappa (que soa melhor cantada pela Maria Rita): qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz...
E como brasileiro adora comer. Em dez dias eu tenho a impressão de nunca ter saído da mesa. Aliás desci do avião e fui parar direto num rodízio às dez e meia da noite. Me sinto um daqueles gansos de foie gras enquanto a balança indica que caminho vertiginosamente para os três dígitos de peso e o único músculo do meu corpo a se exercitar é o panceps, também conhecido como músculo brahma. Mas especialmente neste período tudo é festa. Uma russa que por acaso veio cair de pára quedas na festa da minha família disse que nunca viu nada igual na vida dela. Absolutamente extraordinário ela me confessou. As promessas de dieta vão para o ano que vem com todas as outras.
Mas o que choca mesmo, o que continua chocando cada vez mais os estrangeiros e visitantes como eu é a enorme diferença entre a riqueza e a pobreza no Brasil, diferença essa contra a qual os brasileiros estão cada vez mais anestesiados. Durante essas férias passei pelo Shopping Center de Higienópolis em São Paulo e visitei uma casinha popular na periferia de Catanduva. É inimaginável, ainda mais para alguém que conhece o Estado de bem-estar social holandês que estes dois cenários pertençam ao mesmo país.
Alguém imaginaria que o governo Lula daria um jeito nisso. Mas é absurda a solução que o governo do PT e seus brilhantes economistas nos estão propondo.
O PT quer que a renda seja melhor distribuída e que a sociedade fique mais igualitária. Em vez de fazer a economia crescer damos esmola aos pobres e empobrecemos a classe média. Estatisticamente será uma maravilha, em vez de sermos como a Holanda onde todos são ricos seremos todos igualmente pobres (menos os banqueiros que adoram o governo Lula), como são Cuba, a Bolívia e o Paraguai, países onde a distribuição de renda é melhor do que a do Brasil.
Mas é Natal, os vendedores solícitos jogam a loja aos seus pés, naquela falsa cortesia de quem deseja desesperadamente o dinheiro da comissão (na Holanda você precisa implorar para ser atendido). E o povo compra pagando juros escorchantes em cinquenta prestações, e a porcaria do móvel ou do eletrodoméstico que eles podem pagar estará quebrado e sem garantia antes que acabe o crediário. E o pior é que esse “pobrismo” dos nossos dirigentes que contamina a política econômica acaba contaminando todo o resto. O que nós brasileiros vemos, lemos, compramos, comemos, vestimos, construímos será cada vez mais barato, mais vulgar, mais feio. O perigo é que isso acabe contaminando também nossas cabeças. E já está. Leiam a coluna do Mainardi na Veja desta semana. Essencial.
Thursday, December 14, 2006
Pinochet
Esta famosa foto foi tirada logo após o golpe militar no Chile em 1973 no estádio de Santiago, transformado em centro de repressão do regime. O rosto do jovem preso, enquadrado pelos soldados e suas armas, mostra a tristeza e o medo de um momento que seria só o começo da ditadura que até hoje divide o Chile.
Lembro de ler as memórias de Isabel Allende em seu belo e triste livro “Paula”. Li “Confesso que Vivi” de Neruda. E vibrei quando Baltasar Garzón fez prender Pinochet enquanto este estava em visita na Inglaterra.
Pinochet fez desaparecer milhares de pessoas durante a sua ditadura. Ao lado dele os militares brasileiros têm jeito de velhinhos aposentados. Além de ser um canalha e um facínora, Pinochet revelou-se um grande ladrão como comprovam as investigações que encontraram suas contas secretas no exterior com mais de 17 milhões de dólares.
Em um artigo na Folha de S. Paulo, o prefeito Cesar Maia desconstrói também o mito de que o regime de Pinochet teria salvado o Chile e lançado o país no caminho do progresso econômico. Mentira. O Chile esteve no buraco durante 12 anos dos 17 da ditadura do General. Entre 72 e 83 a economia do Chile decresceu -1,1% por ano. Segundo Maia, os últimos cinco anos do governo de Pinochet foram salvos da ruína por um brilhante economista chamado Hernán Buchi. E pra quem estava no buraco, mostrar crescimento é fácil.
Mas nem a melhor economia do mundo poderia justificar uma ditadura tão cruel como foi a chilena. A ditadura, qualquer que seja ela é contrária ao espírito humano. Seja de direita ou seja a ditadura esquerdista de um Fidel ou de um Kim Jong Il, ou a proto ditadura de Chavez, é o dever de qualquer cidadão no mundo combatê-la onde quer que ela esteja.
Sunday, December 10, 2006
E por falar naquela música
Aqui vai outra:
The Way You Look Tonight
Some day, when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow just thinking of you
And the way look tonight
You're so lovely, with your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me but to love you
And the way you look tonight
With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart
Yes you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight
With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart
Yes you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight
Just the way you look tonight
Darling
Just the way you look tonight
Despedidas
Volto em janeiro.
Vou me despedir de quem me lê, mas tentarei passar para dar um alô um dia desses.
Li um texto que dizia que o poder pessoal de cada um não vem do que você ostenta, possui ou mostra. Vem do efeito que se causa no outro.
Nossa experiência de vida é formada pelas inúmeras interações que vivemos com outras pessoas. Ninguém vive só. Algumas pessoas vão te modificar em maior ou menor intensidade, mas pode-se dizer que sua vida nunca mais será a mesma depois que você falou com aquela pessoa naquele dia.
Gosto de pensar que quem me lê será diferente depois de ter lido, como eu me modifico ao ler ou ouvir o que os outros escrevem ou dizem. Por isso tento escrever coisas boas. E ler coisas boas. Boas experiências, só podem te fazer melhor do que você já é.
E por isso sentimos tanto quando nos despedimos de quem gostamos, significa que teremos menos oportunidades de interagir com aquela pessoa. Como diz aquela música: “Every time you say good bye, I die a little”.
Felizmente a internet está aqui para ajudar.
Calor humano
Estou me preparando para as férias no Brasil. Já faz um ano que eu fui.
Preciso pegar o avião aqui sem que minha pasta de dente seja confundida com algum explosivo plástico, depois veremos se nenhum louco irá nos sequestrar, aí chegaremos em Guarulhos rezando para que as horas de espera sejam poucas e se tudo der certo pediremos permissão ao PCC para atravessar São Paulo.
O clima aqui na Holanda anda todo atrasado, o outono chegou agora, com chuva, vento e frio de 10°. Essa época no ano passado fazia -3°, e a neve e o gelo cobriam meu carro todas as manhãs. Não ligo para isso, até gosto do frio, da chuva, do gelo, do escuro do dia que acaba às17h00. Não dou a mínima para o sol tropical. Mas há outro tipo de calor do qual sentimos falta.
Fim de semana passado fomos comemorar um Natal antecipado com amigos. Grande parte brasileiras casadas com gringos. Enchi a cara e terminei a noite imitando Roberto Carlos enquanto uma outra amiga se fazia de Xuxa e as outras cantavam Entre Tapas e Beijos e outros “hits” dos anos 80. Algo que só brasileiros conseguem.
Um parêntese. Li na Veja que as mulheres brasileiras bonitas e bem de vida tem dificuldade de encontrar marido. Li a excelente crônica do Jabor desta semana falando da “mulher de mercado”. Aqui estão minhas amigas para provar, os homens brasileiros não sabem o que estão perdendo ao comportarem-se como cafajestes, machistas, misóginos e egoístas. Nossas melhores mulheres estão fugindo de nós.
É por isso que apesar de conhecermos várias brasileiras casadas com holandeses, o contrário é extremamente raro. Uma holandesa, com um século de feminismo nas costas, jamais cairá na conversa de homens brasileiros. Fim do parêntese.
Mas o ponto é que brasileiros expatriados nestas terras frias costumam se juntar só para sentir esse calor humano. Esse contato fácil, essa conversa exagerada e divertida, esse riso que não se prende.
Os holandeses só se soltam assim sob efeito de álcool. Um amigo sueco comentou que se na Suécia não houvesse álcool o país não iria se reproduzir.
Brasileiro, e especialmente brasileiras juntas são assim naturalmente.
Nada de goiabada, farinha, carne seca, requeijão. É do calor humano que sinto mais falta por aqui.
A Filha do Capitão
O jornalista e autor José Rodrigues dos Santos me foi apresentado, literariamente, por um amigo português. Codex 632, seu primeiro romance virou best-seller em Portugal.
A Filha do Capitão é seu segundo romance, e um belo livro.
A história conta como Afonso Brandão, um capitão do Corpo Expedicionário Português encontra e se apaixona por Agnès Chevallier, uma bela francesa em Flandres durante a Primeira Guerra Mundial. É uma história de amor recheada de pequenas e divertidas surpresas, com as descrições da vida no interior de Portugal e em Lisboa no início do século, o fim da Monarquia e o início da República, as origens dos clubes de futebol em Portugal, a vida dos soldados nas trincheiras e discussões filosóficas sobre o sentido daquela tragédia.
Afonso verá seu amor ser posto à prova quando os alemães decidem lançar uma ofensiva no setor onde estão instaladas suas tropas. O pano de fundo do seu romance será a trágica participação portuguesa na Grande Guerra.
Uma obra-prima, rica de informações e de poesia, delicioso de se ler.
Perfume
Eu não li o livro de Patrick Süskind, mas gostei do filme de Tom Tykwer. Posso imaginar que o livro contenha muito mais detalhes do que o filme, mas mesmo assim a recriação de Paris do século 18 é muito bem feita, a fotografia e as cenas na Provence maravilhosas, e a atuação de Ben Whishaw, quase sem falas, eficiente. A música é belíssima. Só faltou o cheiro.
Perfume é a história de Jean Baptiste Grenouille, um jovem nascido no bairro mais miséravel de Paris que cresce em meio à brutalidade e à indiferença alheia. Jean Baptiste no entanto tem o dom de um olfato excepcional, e é pelo olfato que ele se guia e vive no seu mundo. Ao conseguir entrar no mundo dos perfumes, a obsessão de Jean Baptiste será criar um perfume com o cheiro que mais lhe marcou na vida, o cheiro de uma jovem dama. Sem saber ele acaba criando um perfume capaz de controlar o amor da humanidade, sendo que ele mesmo continua incapaz de amar ou ser amado.
O filme faz pensar nas sensações que o cheiro nos provoca.
Quem nunca sentiu o cheiro de uma cabeça molhada de shampoo encostando no seu ombro? Ou o cheiro daquela moça que passou e que provavelmente você nunca mais verá na vida, mas se lembrará daquele perfume? Tem aguma coisa mais inebriante do que o cheiro da pessoa de quem se gosta? Feche os olhos, respire.
Steve McCurry
Uma amiga me mandou este link fantástico.
http://www.stevemccurry.com
Steve McCurry é um dos fotógrafos mais premiados e prestigiados hoje no mundo. Suas fotos são plenas de cor, vida e humanidade. Sua carreira deslanchou em 1984 quando Steve cobriu o drama dos refugiados afegãos fugindo da guerra entre soviéticos e o Taliban. Foi naquela época que Steve fez uma foto memorável, publicada na capa da National Geographic, de uma linda garota afegã de olhos penetrantes, de nome Sharbat Gula. Ambos os pais de Sharbat tinha sido mortos em um bombardeio soviético. Dezessete anos depois ele fotografaria a mesma garota, já com uma família e deixando o campo de refugiados. Apenas uma história no meio de tantas outras fotografadas com tanta beleza pelas lentes de Steve McCurry.
Saturday, December 09, 2006
Bond, James Bond
- Martini
- Shaken or stirred Sir?
- Do I look like I give a damn?
Fui assistir Casino Royale de Martin Campbell, com Daniel Craig no papel de 007.
O diálogo acima dá uma idéia do tom do novo Bond.
Esqueça Sean Connery brigando com o cabelo arrumado e o smoking impecável. O Bond de Daniel Craig rola pelo chão, estrangula os inimigos com os braços, se arrebenta inteiro e volta com a camisa cheia de sangue.
Ele é feio, bombado de academia, grosso e arrogante. Mas funciona. Sem carros invisíveis, óculos de raios X ou outros brinquedos, Craig só usa os punhos e sua Whalter (promovida a P99) para acabar com a raça dos inimigos.
Será um sinal dos tempos? A elegância não terá mais lugar nem na alta espionagem? Até James Bond estará se tornando um bruto para não perder fãs?
Mesmo assim, mostrando que os brutos também amam, 007 se dispõe até a pedir demissão pela Bond girl da vez, esta sim deslumbrante. A francesa Eva Green apareceu em Dreamers de Bernardo Bertolucci e foi a rainha Sybilla no Kingdom of Heaven de Ridley Scott. Como Vesper Lynd ela arrasa em Casino Royale, está mais bela do que nunca. Qualquer um pediria demissão por ela.
O filme é excelente. Eva Green é demais. Mas James Bond não é mais o mesmo. Perdeu a classe, ganhou em truculência. Deve ser a influência de George Bush na política britânica. Como diz M. no filme: God, I miss the Cold War...
Uma tragédia e duas vergonhas
O Darfour, uma região pobre e árida na parte ocidental do Sudão, está há mais de 3 anos envolvida em um conflito armado entre guerrilhas Janjaweed e tribos de outras etnias locais, Fur, Zaghawa e Massaleit. Tanto os Janjaweed como as outras etnias envolvidas são muçulmanas. A diferença é que os Janjaweed são armados e sustentados pelo governo central de Khartoum.
Estima-se que a campanha de limpeza étnica dos Janjaweed tenha matado perto de 400.000 pessoas e expulso de suas terras outros 2,5 milhões de pessoas.
São quase três milhões de vidas afetadas pela morte, guerra, fome, doenças. Um apocalipse, um genocídio em pleno século XXI.
Na terça feira passada houve uma votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU para obrigar o Sudão a encontrar e julgar os responsáveis pelo massacre. A resolução foi derrotada por 22 votos a 20, com quatro abstenções. O governo brasileiros foi um dos que se abstiveram, para alegria dos sudaneses. É que o Brasil precisa do apoio do Sudão para ganhar uma cadeira no Conselho de Segurança. Mais uma realização do governo de Luís Inácio e da diplomacia porca de Celso Amorim. Uma vergonha.
A segunda vergonha é a dos governos árabes. Sempre que se atenta contra a vida ou contra a moral islâmica na Europa, nos EUA ou em Israel, o Oriente Médio se levanta em uníssono para protestar. Quando há muçulmanos matando muçulmanos, como durante a guerra Irã Iraque, como no Iraque hoje, e como no Sudão, eles se calam.
O silêncio dos governantes árabes foi denunciado esta semana por um documento assinado por 140 intelectuais do mundo árabe. Finalmente.
Emanuelle
Emanuelle Béart, uma de minhas musas no cinema francês deu entrevista à Nouvel Observateur depois de deixar o trabalho de embaixadora da Unicef.
O repórter pergunta como é passar do mundo das “paillettes”ao mundo da grande tristeza (dos acampamentos de refugiados).
Emanuelle responde: "É preciso parar com essa palavra “paillettes”. Não estamos mais nos anos 50. As atrizes não estão mais no pedicure todas as manhãs, e não fazem escovas que duram o dia todo. Não é porque subimos as escadarias de Cannes uma vez por ano com vestidos de algum grande estilista que vivemos em um mundo de “paillettes”. Eu, minha profissão é me levantar às seis da manhã para ir para a gravação, criar meus filhos, fazer minhas compras. É verdade que eu vivo em um país de liberdade, um dos mais ricos do mundo, mas ainda onde 7 milhões de pessoas vivem na pobreza e onde milhares não conseguem se alojar. Privilegiada em um país privilegiado, se fechamos os olhos à miséria do mundo, é o inferno."
Sinterklaas
Sempre me perguntei o que fazia o Papai Noel no Brasil com aquela roupa de esquimó em um verão de 40°. Aqueles shopping centers todos decorados de neve e pinheiros também me parecem completamente deslocados no Brasil.
A Holanda ao contrário tem uma das tradições mais memoráveis de Natal.
O dia 6 de Dezembro é dia de São Nicolau no calendário católico. São Nicolau em holandês é Sint Niklaas, apelidado Sinterklaas. É ele quem traz os presentes das crianças, e na verdade é ele a origem da figura do Santa Claus, o Papai Noel americano.
O São Nicolau cristão é o santo patrono das crianças e dos marinheiros. No 6 de dezembro, dia do santo, os marinheiros holandeses iam todos à igreja rezar pelo protetor. Na volta compravam doces e lembranças para as crianças nas feiras das quermesses. Muito popular na Holanda e em Flandres, o Sinterklaas chega de navio da Espanha. Na verdade ele vinha da Turquia (São Nicolau era bispo na Turquia helênica), mas aparentemente achavam feio aqui contar às crianças que o Sinterklaas era turco. Ele distribui os presentes montado em um cavalo branco, que corre por cima dos telhados. As crianças colocam cenouras nos sapatos para o seu cavalo e ele deixa um presente no lugar. E vem acompanhado de um séquito de diabinhos escuros vestidos com roupas coloridas da Espanha do século XVII. Esses são chamados de Zwart Piet, e são os que levam as crianças más em sacos para a Espanha. Eles seriam escuros porque eram diabinhos tranformados em escravos. Agora acharam uma explicação mais politicamente correta para a cor dos Zwart Piets, eles seriam os que limpam as chaminés apra o Sinterklaas jogar os presentes.
Foi Martinho Lutero quem mudou a tradição católica de dar presentes no dia de S. Nicolau para a véspera de Natal. A medida que era para os protestantes evitarem festas da igreja Romana pegou também entre os católicos. Felizmente a Holanda conseguiu salvar essa rara peça de folclore.
Friday, December 01, 2006
Mais do mesmo
Já é dezembro, e o ano passou como uma rajada de balas. E mesmo assim parece que nada mudou.
Leio as notícias no Brasil, com as chuvas que voltaram matando no Rio e em São Paulo (Já não era tempo dos nossos governantes saberem que isso acontece todo ano?).
Vejo o PT atacando a imprensa, e os valores democráticos sendo lentamente esmagados pela bota vermelha.
Leio sobre as CPI’s engavetando-se, os deputados pedindo aumento para si mesmos enquanto os resto do país tenta sobreviver entre um salário de m…, tiroteios, notícias ruins e buracos na rua.
Vejo Lula, Nosso Guia Genial, reeleito por analfabetos, abraçando Chávez na Venezuela e Muamar Ghaddafi na Líbia.
Fico sabendo que se o crescimento do Brasil nos próximos 27 anos for igual ao dos últimos 27 anos a renda per capita dos brasileiros será menor do que a dos habitantes de Butão. Trocadilhos obscenos me vêem a mente quando penso no Butão e nos brasileiros, mas a tristeza não deixa.
É típico de brasileiro fazer graça da própria desgraça, mas tudo tem limite, e o meu limite é quando as coisas chegam no Butão.
Estou a 11.000km do Brasil, esperando o dia de voltar, mas ainda decidindo se quero voltar.
Me dirá meu filho um dia, pai, porque eu não nasci na Holanda ?
Vou passar o fim de semana fora, com amigos, comendo, bebendo, rindo, cantando e vivendo essas pequenas coisas que nos dão alento em meio ao caos.
Leio as notícias no Brasil, com as chuvas que voltaram matando no Rio e em São Paulo (Já não era tempo dos nossos governantes saberem que isso acontece todo ano?).
Vejo o PT atacando a imprensa, e os valores democráticos sendo lentamente esmagados pela bota vermelha.
Leio sobre as CPI’s engavetando-se, os deputados pedindo aumento para si mesmos enquanto os resto do país tenta sobreviver entre um salário de m…, tiroteios, notícias ruins e buracos na rua.
Vejo Lula, Nosso Guia Genial, reeleito por analfabetos, abraçando Chávez na Venezuela e Muamar Ghaddafi na Líbia.
Fico sabendo que se o crescimento do Brasil nos próximos 27 anos for igual ao dos últimos 27 anos a renda per capita dos brasileiros será menor do que a dos habitantes de Butão. Trocadilhos obscenos me vêem a mente quando penso no Butão e nos brasileiros, mas a tristeza não deixa.
É típico de brasileiro fazer graça da própria desgraça, mas tudo tem limite, e o meu limite é quando as coisas chegam no Butão.
Estou a 11.000km do Brasil, esperando o dia de voltar, mas ainda decidindo se quero voltar.
Me dirá meu filho um dia, pai, porque eu não nasci na Holanda ?
Vou passar o fim de semana fora, com amigos, comendo, bebendo, rindo, cantando e vivendo essas pequenas coisas que nos dão alento em meio ao caos.
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