Saturday, December 09, 2006
Uma tragédia e duas vergonhas
O Darfour, uma região pobre e árida na parte ocidental do Sudão, está há mais de 3 anos envolvida em um conflito armado entre guerrilhas Janjaweed e tribos de outras etnias locais, Fur, Zaghawa e Massaleit. Tanto os Janjaweed como as outras etnias envolvidas são muçulmanas. A diferença é que os Janjaweed são armados e sustentados pelo governo central de Khartoum.
Estima-se que a campanha de limpeza étnica dos Janjaweed tenha matado perto de 400.000 pessoas e expulso de suas terras outros 2,5 milhões de pessoas.
São quase três milhões de vidas afetadas pela morte, guerra, fome, doenças. Um apocalipse, um genocídio em pleno século XXI.
Na terça feira passada houve uma votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU para obrigar o Sudão a encontrar e julgar os responsáveis pelo massacre. A resolução foi derrotada por 22 votos a 20, com quatro abstenções. O governo brasileiros foi um dos que se abstiveram, para alegria dos sudaneses. É que o Brasil precisa do apoio do Sudão para ganhar uma cadeira no Conselho de Segurança. Mais uma realização do governo de Luís Inácio e da diplomacia porca de Celso Amorim. Uma vergonha.
A segunda vergonha é a dos governos árabes. Sempre que se atenta contra a vida ou contra a moral islâmica na Europa, nos EUA ou em Israel, o Oriente Médio se levanta em uníssono para protestar. Quando há muçulmanos matando muçulmanos, como durante a guerra Irã Iraque, como no Iraque hoje, e como no Sudão, eles se calam.
O silêncio dos governantes árabes foi denunciado esta semana por um documento assinado por 140 intelectuais do mundo árabe. Finalmente.
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