Os mesmos olhares de esperança, de desejo por mudança estavam em toda parte em Washington no começo desta semana. Mais de um milhão de pessoas compareceu à capital americana para ver a inauguração do primeiro presidente negro, outros milhões no mundo todo assistiam pela tv o homem que prometeu grandes mudanças no país e no mundo prestar seu juramento.
Arrisco o paralelo por não deixar de imaginar que Obama é hoje para os Estados Unidos a mudança que esperávamos que Lula fosse em 2002 para o Brasil.
Obama sanaria o gap racial nos EUA como Lula pretendia sanar o gap social no Brasil.
Mas as mudanças, se mudanças houveram na era Lula foram para pior.
Sob seu comando, nossos princípios se tornaram mais frouxos, nossos direitos mais relativos, nossas liberdades mais ameaçadas, nossas instituições mais desmoralizadas, nossa diplomacia mais irresponsável, nosso Estado mais inchado e ineficiente. O gap social não só não foi resolvido como a miséria acaba se perpetuando pelo assistencialismo do bolsa-família.
A única viga mestra de sustentação de sua inacreditável popularidade (como disse a The Economist: freakishly popularity) está justamente em uma não-mudança, a da política econômica estabelecida por seu antecessor.
E tudo isso diante de uma imprensa majoritariamente embasbacada e silenciada pelo medo de atacar o presidente-operário, ungido pelo povo, inocentado pelas urnas e aclamado pela mídia.
E tudo isso diante de uma imprensa majoritariamente embasbacada e silenciada pelo medo de atacar o presidente-operário, ungido pelo povo, inocentado pelas urnas e aclamado pela mídia.
Obama também foi eleito não pelo que fez, porque ele até hoje não fez nada que o capacitasse à presidência do país mais poderoso do mundo, mas pela promessa do que poderá fazer. Seu passado praticamente desconhecido, suas alianças perigosas, seus documentos escondidos também foram ignorados pela mesma mídia embasbacada pelo semi-deus da mudança, o candidato a presidente negro.
Mas há diferenças essenciais entre os EUA e repúblicas bananeiras como esta. A principal delas é depois de seu termo como presidente, o odiado George W. Bush por exemplo monta no helicóptero e vai embora. No lado de baixo do Equador, largar o osso do poder é sempre um pouco mais difícil, por ser tão lucrativo aos sócios participantes.
Fora isso, Lula e Obama fazem parte do mesmo processo. Um processo que Roger Kimball, da New Criterion, parafraseando Bento XVI chama de a Ditadura do Relativismo no Ocidente. Se antes uma pessoa educada se conhecia por seus princípios e valores morais, nestes tempos modernos, a moda agora é ser um indivíduo "aberto" e "tolerante", onde princípios dependem do ponto de vista do observador.
Lula fez os princípios morais dos brasileiros muito mais flexíveis. Segundo seus companheiros foi tudo pelo bem do povo.
Espero que o change de Obama não signifique este tipo de mudança.
Espero, baseado em seu próprio discurso, que seu governo não mude os princípios básicos sobre os quais se ergueram os Estados Unidos e todas as democracias da civilização ocidental.
1 comment:
Seu texto está perfeito, Fernando, querido. É isso mesmo. Obama agora é Deus. Aqui, o Efelentífimo continua sendo Deus. Por lá, o americano cairá na real rapidinho. Sabe como é, o bananeiro é sempre mais atrasadinho, né?
Beijos!
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