Friday, July 24, 2009
O caminho da servidão
Acima deles eleva-se um imenso, tutelar poder, que se encarrega por inteiro de assegurar seu divertimento e vigiando seu destino. Ele é absoluto, atento aos detalhes, regular, providente e gentil. Ele se assemelharia a um poder paternal, se como este poder tivesse por objetivo preparar meninos a serem homens, mas ao contrário, ele busca mantê-los irrevogavelmente presos à infância...providencia sua segurança, prevê e lhes fornece o necessário, os guia em seus negócios...
O soberano estende seus braços sobre a sociedade como um todo, cobre toda ela com uma rede de pequenas regulamentações – complicadas, minuciosas e uniformes – através das quais mesmo a mais originais mentes e as mais vigorosas almas não saberão como fazer seu caminho... Não destrói desejos, mas atenua-os, modifica-os, redireciona-os; raramente força alguém a agir, mas constantemente se opõe a que alguém aja por si só... não tiraniza, entra no caminho. Limita, enerva, extingue, estupefaz, e finalmente reduz uma nação a ser nada mais do que um rebanho de animais tímidos e servis, do qual o governo é o pastor.”
A passagem é o ponto de partida do livro Soft Despotism, Democracy’s Drift de Paul A. Rahe’s, analisado na New Criterion por Mark Steyn.
A nova forma de despotismo chega de forma gentil. Nos diz que temos direito à moradia, direito à aposentadoria, direito a um emprego, direito a um plano de saúde, e agora como novidade direito à segurança ambiental e alimentar. As ofertas são tão tentadoras que a maioria das pessoas abdica facilmente da própria liberdade em troca dessa segurança providenciada pela mão estatal. Mas a cada vez que nos empurram um desses direitos, nos arrancam nossa liberdade, nossa responsabilidade e a capacidade de decidir nosso próprio destino.
A tirania torna-se mais e mais grave à medida em que o Estado começa a centralizar todas as decisões, retirando gradualmente o poder de estados e municípios. Hoje, a tecnologia tornou possível que um governo mesmo distante consiga controlar as decisões e a vida de seus cidadãos, criando uma burocracia gigantesca. Obviamente decisões que afetam a vida de cidadãos em um determinado local podem ser tomadas com muito mais propriedade por eles mesmos do que um burocrata distante.
Infelizmente, na Europa, nos EUA, no Brasil e em todo lugar as pessoas passaram a acreditar que é o Estado quem deve ser responsável pelo que fazem, pelo que são, como vivem e às vezes até o que pensam. A descentralização do poder é a única alternativa para evitar a tirania.
O Professor Rahe escreve: “A dignidade humana depende da capacidade de tomar a responsabilidade pelos próprios atos. Podemos ser o que fomos um dia, ou escolher uma descida gentil e gradual para a servidão”.
Thursday, July 23, 2009
Mais uma realização de Hugo Chávez
O governo bolivariano da Venezuela tem mais uma notória realização a ser divulgada. O país quadriplicou as exportações de cocaína e tornou-se o principal entreposto da droga produzida na Colômbia.
Há um ano uma reportagem do The Guardian já revelava como as relações entre as FARC colombianas e o governo de Chávez haviam se aprimorado desde que este havia expulsado o Drug Enforcement Administration americano do território da Venezuela em 2005, facilitando a transformação do país no centro mundial do tráfico da droga.
Um relatório de 20/07 do US Government Accountability Office dirigido ao Congresso dos Estados Unidos advertiu que a Venezuela se converteu no principal centro de distribuição da cocaína produzida na Colômbia e no maior porto de embarque da droga, com destino principalmente aos Estados Unidos e a Espanha. E indica que, de 2004 até 2007, a droga colombiana distribuída a partir de centenas de aeroportos clandestinos da Venezuela mais que quadruplicou, passando de 60 para 260 toneladas por ano, ou seja, 17% de toda cocaína produzida no mundo em 2007.
De acordo com o relatório, esta situação deve-se essencialmente à corrupção existente dentro do governo, do Exército e das forças especiais locais que controlam portos, aduanas e aeroportos do país, contribuindo para criar um clima de permissividade, fundamental para os objetivos das organizações narcotraficantes.
Mas as FARC não são ingratas. Elas também compram armas a Chávez em troca de cocaína e ajudam seus aliados. Em um vídeo divulgado recentemente, um dos comandantes da narco-guerrilha, Mono Jojoy, admite ter mandado dinheiro para a campanha eleitoral do presidente do Equador Rafael Correa, um dos subordinados de Hugo Chávez e fã do bolivarianismo. Correa também não foi ingrato e deixou que as FARC instalassem acampamentos em território equatoriano. Todo mundo se lembra da gritaria que ele e Chávez aprontaram quando a Colombia bombardeou um desses acampamentos matando o chefão traficante Raul Reyes.
E o Brasil? Bom, para Lula e Celso Amorim, as FARC são um movimento social (a gente até arruma visto e emprego para esses traficantes) e Hugo Chávez e Rafael Correa são democratas preocupados com o bem do povo.
São as maravilhas do socialismo bolivariano. Enquanto isso a droga destrói a vida de milhões de famílias no mundo inteiro.
Como manter uma sobrinha entretida...
...por três horas?
Com um pacote de massinha, muitas fotos, efeitos especiais e uma ajudinha do Windows Movie Maker. Aí está a nossa superprodução.
Meiforgada
O mineirinho acompanha a esposa ao médico, que faz o diagnóstico:
- Meu senhor, sua esposa está precisando de verdura, ferro e cálcio.
E o mineirinho:
- Uai, dotô... Ver dura, ela tá sempre veno.
- Ferro, leva quastodia.
- Agora, se o senhor pudé colocá um carcio, eu gardeço pruque ela tá meiforgada memo...!!!
José "The Godfather" Sarney
Democratas contra o racismo
Do STF:
A instituição de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB) foi objeto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186 ajuizada, com pedido de suspensão liminar, pelo Democratas (DEM) no Supremo Tribunal Federal (STF). O partido tem a finalidade de que seja declarada a inconstitucionalidade de atos do poder público que resultaram na instituição de cotas raciais na universidade.
Conforme a ação, o resultado do 2º vestibular 2009 da Universidade de Brasília, que adotou o sistema de acesso por meio de cotas raciais, foi publicado no dia 17 de julho de 2009 e o registro dos estudantes aprovados, cotistas e não-cotistas, está previsto para os dias 23 e 24 de julho de 2009.
O partido salienta que a violação aos preceitos fundamentais decorre de específicas determinações impostas pelo Poder Público (Universidade de Brasília). Atos administrativos e normativos determinaram a reserva de cotas de 20% do total das vagas oferecidas pela universidade a candidatos negros (dentre pretos e pardos).
O DEM assevera que acontecerão danos irreparáveis se a matrícula na universidade for realizada pelos candidatos aprovados com base nas cotas raciais, “a partir de critérios dissimulados, inconstitucionais e pretensiosos da Comissão Racial”. “A ofensa aos estudantes preteridos porque não pertencem à raça ‘certa’ é manifesta e demanda resposta urgente do Judiciário”, argumenta o partido.
Atos questionados
Na ação, o DEM contesta os seguintes atos: I) Ata da Reunião Extraordinária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de Brasília (CEPE), realizada no dia 6 de junho de 2003; II) Resolução nº 38, de 18 de junho de 2003, do CEPE; III) Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial da Universidade de Brasília - UnB; IV) dispositivos do Edital nº 2, de 20 de abril de 2009, do 2º Vestibular de 2009, do Cespe.
Preceitos fundamentais vulnerados
Os advogados do partido ressaltam que estão sendo violados diversos preceitos fundamentais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. São eles: os princípios republicano (artigo 1º, caput) e da dignidade da pessoa humana (inciso III); dispositivo constitucional que veda o preconceito de cor e a discriminação (artigo 3º, inciso IV); repúdio ao racismo (artigo 4º, inciso VIII); Igualdade (artigo 5º, incisos I), Legalidade (inciso II), direito à informação dos órgãos públicos (XXXIII), combate ao racismo (XLII) e devido processo legal (LIV).
Além disso, seriam feridos os princípios da legalidade, da impessoalidade, da razoabilidade, da publicidade e da moralidade, corolários do princípio republicano (artigo 37, caput); direito universal à educação (artigo 205); igualdade nas condições de acesso ao ensino (artigo 206, caput e inciso I); autonomia universitária (artigo 207, caput); princípio meritocrático - acesso ao ensino segundo a capacidade de cada um (artigo 208, inciso V).
Hopeless, mas perguntar não ofende
Consolo
Tuesday, July 21, 2009
Angeli in Cielo
Em nossa incessante luta para produzir um herdeiro, tarefa que revelou-se mais difícil do que prediziam os manuais, apelamos à diversas simpatias caseiras, ao chá milagroso dos índios da Amazônia, ao Kama Sutra indiano, à novena de N.S. do Perpétuo Socorro, ao Frei Galvão, à Santa Sara, aos Espíritos do Além, tudo isso sem resultados (ainda conhecidos). Há algum conselho mais inútil do que: “desencana que vem” a dar a uma engravidanda?
Nossa última esperança viria das luzes da Ciência, e dos modernos avanços da medicina reprodutiva. Fazem tanta coisa hoje em dia, não deveria ser assim tão complicado encomendar um baby, como se fosse um kit de montar da Revell.
E de repente lá estava eu no banheirinho da clínica de fertilidade, potinho numa mão e a Playboy da Fran na outra, me preparando para realizar a minha reduzida parte do processo. Eu já passara por inúmeros outros exames e testes igualmente constrangedores, mas nada comparado às injeções diárias de hormônio na barriga da Juliana e aos exames de filme de alienígena pelos quais ela passou.
No fim produzimos dois embriões perfeitos que por algum motivo se recusaram a grudar na parede do útero. Deu chabu. Faiou. O sonho virou um mar de lágrimas.
Biologicamente, uma criatura que é incapaz de se reproduzir não existe. Ninguém jamais saberá que um determinado cão, macaco ou camelo existiu a não ser pela sua descendência.
À parte a decepção de talvez não vir a saber que cara teriam meus filhos, a vantagem de ser humano é que felizmente nosso legado nesse mundo não se resume aos genes que deixamos por aqui. Nem eu tenho a pretensão de que a humanidade evoluiria à base dos meus pobres genes carregados de problemas cardiovasculares.
O legado humano é infinitamente maior do que possa estar escrito em um DNA, está registrado em palavras, atos e valores que transmitimos não só aos filhos mas a todos, família, amigos, colegas, leitores, conhecidos e anônimos que um dia cruzaram nosso caminho, e esse legado pretendemos deixar em bom estado.
Entretanto ainda há fé de que tudo venha a acontecer naturalmente, o que está longe de ser impossível. O fato aparentemente cruel ou arbitrário é na verdade uma lição de humildade renovada. A gente quer ter voz ativa e no nosso destino mandar, mas há coisas que não dependem da nossa vontade e cuja compreensão está além da nossa vã filosofia e limitada ciência.
Há tanta gente com cruzes infinitamente mais pesadas e dolorosas a carregar, que em vez de maldizer os céus pelo que não temos devemos voltar a agradecer pelo que temos.
Pois se há coisa mais triste do que pais sem filhos são os inúmeros filhos sem pais, ou os ignorados, maltratados e vendidos pelos mesmos.
Meu irmão pensou um dia se trocaria seus filhos por toda a fortuna do homem mais rico do mundo. Viu que a resposta era negativa e concluiu então que o homem mais rico do mundo era ele. Pena que há quem não perceba o mesmo.
We choose the moon
Monday, July 20, 2009
Wednesday, July 15, 2009
O tempo não pára
Quem te viu, quem te vê
Lula, na República das Alagoas
Tuesday, July 14, 2009
Lições lusas
Me lembro de uma conversa que tive com Teo, quando me explicava as consequências da entrada de Portugal na União Européia.
Portugal era então uma nação ansiosa por modernizar-se. O grande problema é que os portugueses delegaram essa modernização a burocratas de um governo distante e extremamente regulador. Os setores que poderiam fazer a riqueza de Portugal como vinhos, laticínio e a pesca foram enquadrados nos regulamentos de Bruxelas e na Política Agrícola Comum. Em troca ganharam autoestradas que sempre me pareceram horríveis cicatrizes na paisagem da terra, shopping centers e uma dependência eterna do goveno europeu. Minha aposta pessoal é que eles teriam conservaldo a alma intacta e a economia em melhor estado se estivessem fora da União.
O texto de Tavares é um bem humorado alerta aos que acreditam no poder centralizador do Estado. E a conversa é com uma brasileira.
Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km .
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!
A Time for Choosing
Sugestão do Jether
O histórico discurso de Ronald Reagan na convenção republicana de 1964.
Íntegra em texto, áudio e vídeo aqui. Nunca é demais aprender com os mestres...
"You and I are told increasingly we have to choose between a left or right. Well I'd like to suggest there is no such thing as a left or right. There's only an up or down: [up] man's old -- old-aged dream, the ultimate in individual freedom consistent with law and order, or down to the ant heap of totalitarianism. And regardless of their sincerity, their humanitarian motives, those who would trade our freedom for security have embarked on this downward course."
"No government ever voluntarily reduces itself in size. So, governments' programs, once launched, never disappear. Actually, a government bureau is the nearest thing to eternal life we'll ever see on this earth."
Thursday, July 09, 2009
Carta aos jovens Democratas
Filiei-me aos Democratas em 1° de Abril deste ano. Alguém mais espirituoso diria que é um bom dia para se entrar na política. Não poderia culpá-lo, dado o bombardeio de más notícias que nos chega todos os dias de Brasília, expondo a infâmia dos que deveriam zelar por nossos interesses no Governo.
Não tenho parentes na política. Não sou rico e nem pretendo ficar à custa da política. Na verdade acho que seríamos todos mais felizes sem a política. E no entanto ela é inevitável.
A política é inevitável porque é através dela que a sociedade civil escolhe a melhor forma de fazer com que o Governo assegure os direitos inalienáveis de cada um, para que todos possam exercer seu ofício, zelar por sua família, seguir seu caminho, ir atrás de seus sonhos, cuidar de seu jardim e em suma, como Thomas Jefferson escreveu, buscar a felicidade.
Minha filiação em Abril teve um motivo. Dias antes eu ouvira um discurso da Senadora Kátia Abreu na Expogrande, em Campo Grande. Em seu discurso chamava os jovens a participar da política. Dizia a Senadora, que se as pessoas de caráter se recusassem a participar do processo político por medo de se “sujarem”, obviamente a qualidade da classe nunca iria melhorar.
Ela está certa. Platão disse que uma das punições por se recusar a participar da política é que estaremos sujeitos a ser governados por nossos inferiores.
Pois eu me decidi a participar da política junto com os Democratas. E porque eles? As razões estão todas no ideário do Partido.
Para mim, entre as mais importantes estão o compromisso com a liberdade, o combate à centralização do poder, a proteção contra a burocracia estatal e a desestatização da economia.
Vivemos tempos difíceis, especialmente na América Latina. Em diversos países, incluindo o Brasil, a mão do Estado avança, e a cada avanço diminuem nossas liberdades e direitos individuais.
Eu não acredito no Socialismo. E não só porque foi (e ainda é) uma ideologia responsável por milhões de mortes e pelo fim da liberdade na União Soviética, no Leste Europeu, na China, em Cuba, na Coréia do Norte, na África e em outros lugares. Eu não acredito no Socialismo porque não acredito que um indivíduo possa delegar sua consciência a uma causa ou a um partido. Por lutarem em nome da utopia do paraíso socialista, seus ideólogos se crêem dotados de uma moral superior, o que lhes dá o direito de agir como bem entendem, inclusive dispondo das vidas e mentes de seus militantes, silenciando a todo custo os que não compartilham as mesmas idéias e agindo hoje exatamente contra o que pregavam ontem.
O Socialismo antigo aparece hoje disfarçado como Estatismo, usando a democracia para estender seus tentáculos em toda a sociedade, na economia, na política e até em nossas vidas privadas.
Eu não acredito que o Estado deva querer administrar empresas, porque, a história mostra, experiências assim são fartos exemplos de incompetência e corrupção.
Também não acredito que o Estado deva me sustentar, me dizer o que devo ler, o que devo comer, ou como educar meus filhos. Se assim fosse, que objetivo teríamos na vida?
Indivíduos são dotados de livre arbítrio. Citando o Papa Bento XVI, que falou aos jovens em Colônia: “A vida não é uma mera sucessão de fatos e experiências, por mais úteis que muitos deles se possam revelar. Mas é uma busca da verdade, do bem e da beleza. É precisamente para tal fim que fazemos as nossas opções, exercemos a nossa liberdade e nisso mesmo, isto é, na verdade, no bem e na beleza, encontramos felicidade e alegria.”
É fundalmentalmente a razão pela qual escolhi os Democratas, para defender uma sociedade onde indivíduos sejam livres para decidirem a própria vida, com um Estado que exista apenas para garantir seus direitos.
Voltando ao ponto de partida, corrupção infelizmente não escolhe partido. Mas nos anos que se passaram desde a redemocratização, eu vi, e todos puderam ver, os Democratas expulsando de seus quadros as ervas daninhas, enquanto os que se julgavam portadores da bandeira da ética passaram a mão na cabeça de aloprados.
E todas as vezes em que aloprados atentaram contra nossos direitos e liberdades e abusaram da nossa boa-vontade, as vozes que se insurgiam eram as de Kátia Abreu, Rodrigo Maia, ACM Neto, Abelardo Lupion, Ronaldo Caiado, Onyx Lorenzoni, Jorge Bornhausen e tantos outros.
A estes, meus mais sinceros agradecimentos.
Aos jovens, saudações democratas,
Fernando Sampaio
Profundamente
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira
Wednesday, July 08, 2009
Mortos e mortes
Madre Teresa de Calcutá morreu no dia do funeral da Princesa Diana. Obviamente ninguém se lembra disso. O funeral de Diana era muito mais pop e glamour do que o da velhinha que vivia com orfãos e miseráveis indianos.
O funeral de Michael Jackson é parecido. Milhões chorando no mundo inteiro por alguém que eles nunca vão saber como era de verdade e um punhado de celebridades usando o que deveria ser uma homenagem como palco para ver quem aparece mais.
A única coisa genuína ali foi o choro da filha.
Critico a homenagem ao músico e artista? Não, critico o culto à celebridade. E critico quem usa toda e qualquer ocasião para promover a própria celebridade.
Neda Agha-Soltan morreu 5 dias antes de Michael Jackson. Em alguns meses pouca gente vai se lembrar dela. Outros 150 uyghurs morreram esses dias baleados por tropas chinesas, nos confins do Oriente. E outros milhares de pessoas morrem por aí todos os dias, anônimos, fazendo de suas pequenas histórias a nossa História.
A morte na verdade iguala a todos, ocidentais e orientais, miseráveis e bilionários, famosos e anônimos. É uma tirana democrata.
Mas os mortos já não estão mais preocupados com as coisas deste mundo, nem com as revistas de fofoca.
O que os vivos guardam deles é que importa.
Mas peraí, Michael Jackson namorou a Brooke Shields???
Tuesday, July 07, 2009
Dá-lhe Vasconcelos
"Lula está na contramão da sociedade. Não tem pudor algum, tudo fará para permanecer no poder, inclusive comprometer seus correligionários e destruir o que ainda resta de dignidade no Congresso Nacional. Deslumbrado com poder e com alto índice de aprovação, considera-se acima das instituições."
Jarbas Vasconcelos, o último vestígio de dignidade no PMDB, atacando de novo.
Codex Sinaiticus
Sunday, July 05, 2009
4th of July
"When in the Course of human events, it becomes necessary for one people to dissolve the political bands which have connected them with another, and to assume among the powers of the earth, the separate and equal station to which the Laws of Nature and of Nature's God entitle them, a decent respect to the opinions of mankind requires that they should declare the causes which impel them to the separation.
We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness. That to secure these rights, Governments are instituted among Men, deriving their just powers from the consent of the governed, That whenever any Form of Government becomes destructive of these ends, it is the Right of the People to alter or to abolish it, and to institute new Government, laying its foundation on such principles and organizing its powers in such form, as to them shall seem most likely to effect their Safety and Happiness."
Friday, July 03, 2009
Tchan, nojentos!
Dilma, como disse, entendeu diretinho os riscos e acionou o chefe, que estava lá metido naquele circo de horrores de ditadores africanos, a defender o direito que os facínoras têm de matar o seu próprio povo desde que sejam facínoras aliados.
Lula, então, acionou o comando do PT, deixou claro quem manda e ordenou a Mercadante (PT-SP) que inventasse um outro discurso. E Mercadante fez o que o chefe mandou. Ontem aliado do DEM no pedido de afastamento de Sarney, o senador passou hoje a criticar o partido pelo mesmíssimo motivo.
Eis o PT."
Eis a escória da política nacional, em sua faceta mais degradante.