Bento XVI, um papa alemão rezando em Auschwitz é uma cena que não deveria passar desapercebida a ninguém.
No cenário do maior crime deste século, o pontífice se atreve a questionar Deus sobre seu silêncio durante a Shoah. São dois grandes gestos, o de aproximar católicos e judeus na mesma aversão ao horror, e o de assumir que mesmo enquanto líder máximo de uma religião, ele também não tem todas as respostas. Bem diferente dos líderes de outras religiões que têm absoluta certeza de terem todas as respostas.
O Papa me reconforta. Eu já me questionei, e ainda me questiono sobre o silêncio de Deus ou mesmo sobre sua existência face à tragédias como o Holocausto, o genocídio de Rwanda, o tsunami ou até o terremoto desta semana passada na Indonésia. E quem não se questiona?
E se nem o Papa tem as respostas porque as teria eu? Não há respostas.
A imprensa européia no entanto criticou Bento XVI por atribuir a culpa do Holocausto a um bando de criminosos, quer dizer os nazistas. Segundo o editorial do Le Monde de ontem, isto equivaleria e eximir o resto do povo alemão de qualquer culpa, o que nenhum historiador concorda em fazer hoje.
Realmente, que Hitler e o nazismo tenham chegado ao poder é uma vergonha para a Alemanha dessa época, e o povo alemão tem uma imensa parcela de culpa nisso, afinal Hitler chegou ao poder pelas mãos do povo. O que me leva a um outro assunto, discutido por Ali Kamel na sua coluna de hoje em O Globo.
Assim como a Alemanha baniu o nazismo e seus símbolos, outros países verdadeiramente democráticos proíbem partidos e candidatos com propostas que atentem contra a própria democracia e as liberdades individuais de seus cidadãos.
Kamel está certo ao defender Condolezza Rice, que recentemente afirmou que democracia não é só eleição.
Hugo Chávez foi eleito democraticamente mas manipula seu congresso e a imprensa de seu país como quer. Lula foi eleito democraticamente mas comprou o Congresso e armou uma quadrilha para financiar seu partido. Mahmoud Ahmadinejad foi eleito no Irã porque os aiatolás deixaram. O Hamas foi eleito na Palestina e está pronto a estabelecer uma teocracia no país. Democracia não pode ser isso. O erro dos Estados Unidos é achar que a noção de democracia que eles levaram 200 anos para elaborar e aprender possa ser aplicada em outros lugares indiscriminadamente. A democracia verdadeira só chegará nestes países quando seus próprios cidadãos resolverem tomar a coragem de lutar pelas suas liberdades e direitos. A democracia tem que ser aprendida de dentro para fora e não imposta de fora para dentro.
Estamos vendo diante de nossos narizes líderes totalitários serem levados ao poder nestes países “democráticos” assim como aconteceu na Alemanha de 1936. E ainda veremos outras tragédias acontecerem. Tragédias que nos deixarão sem respostas diante do silêncio de Deus.
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