Saturday, February 17, 2007

State of Fear


Este livro de Michael Chrichton é um desses livros que você lê imaginando o blockbuster que sairá no próximo verão usando o texto como roteiro. E um é desses livros que você não consegue parar, tem sempre que virar a próxima página.
O gatilho da história toda é um famoso processo judicial que a nação de Vanuatu, um arquipélago do Pacífico e uma das nações mais baixas do mundo, pretendia lançar contra a Environmental Protection Agency, órgão do governo dos Estados Unidos da América. A razão do processo é que os EUA seriam os maiores emissores de gás carbônico do planeta contribuindo para o aquecimento global e para a elevação do nível dos oceanos, o que a longo prazo faria Vanuatu desaparecer do mapa. O processo nunca foi em frente. Segundo Crichton, porque nunca foram encontradas evidências sérias sobre o aquecimento global.
No livro, o autor transforma em vilões as organizações de proteção ao meio ambiente. Enquanto estas tentam planejar catástrofes climáticas na Antárctica, nos EUA e no Pacífico, uma equipe formada por um agente do governo, um milionário filantropo e seu advogado e duas belas moças tentam conter as tragédias. Esta é a trama que dá todos os ingredientes de tensão deste best-seller. Cenários exóticos, assassinatos, perseguições, atentados, intrigas. Mas o livro de Crichton é na verdade bem mais do que isso.
A idéia central é a de que o Poder nas sociedades ocidentais, para se manter no poder, precisa manter a população dócil, e por isso amedrontada. Vivemos em um mundo infinitamente mais seguro do que nossos antepassados mas ainda assim vivemos com medo de tudo. De atentados, de doenças, de contaminações, de assaltos. (O mesmo tema tinha sido explorado por Michael Moore em Bowling for Columbine na questão da proliferação de armas de fogo nos EUA). Segundo o autor, o complexo militar-industrial dos tempos da Guerra Fria estaria hoje sendo substituído por um complexo midiático-ambiental-jurídico. Basicamente o medo da guerra nuclear teria sido substituído pelo medo de uma catástrofe ambiental. E aí, Michael Crichton traz mais de 20 páginas só em referências bibliográficas com estudos científicos publicados comprovando entre outras coisas que:
- o mundo estava esfriando na primeira metade do século, até a década de 70 os cientistas apostava mais em uma nova Era Glacial do que em aquecimento global;
- A temperatura hoje voltou aos níveis em que estava em 1930;
- Não houve aumento do nível do mar;
- A Groenlândia está sim derretendo, mas como esteve pelos últimos mil anos;
- Embora a península Antártica esteja perdendo gelo, no interior do continente a espessura da calota polar está aumentando;
- O Kilimanjaro está perdendo neve por causa do deflorestamento na base, não houve mudanças de temperatura no topo;
- Eventos extremos em meteorologia como furacões continuam ocorrendo com a mesma frequência de sempre;
- O Sahara está diminuindo;
- Se houver aquecimento global ele pode ser mais benéfico do que prejudicial à população;
A idéia de que ONG’s e outros picaretas estejam semeando pânico para defender um negócio de bilhões de dólares é perfeitamente plausível.
Os militares preferem criar medo com armas de destruição massiva inexistentes.
A verdade é que a beleza da ciência está em buscar a verdade continuamente através de experimentos. Mesmoq ue o experimento de hoje desminta o que foi descoberto ontem. O problema é que os cientistas normalmente tendem a buscar resultados que agradem a quem os financia, sejam eles indústrias ou ambientalistas. Em sua conclusão, Michael Crichton sugere entre outras coisas (como concentrar-se em reduzir a pobreza) que a pesquisa seja “blind funded”, ou seja, receba dinheiro sem saber de quem. Para que cientistas estejam livres de consciência e para que certos aproveitadores não possam se apropriar de resultados fabricados para criar medo.

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