Saturday, June 30, 2007

Bruno Tolentino 1941-2007


O Espírito da Letra, um dos poemas de "A Balada do Cárcere":


Ao pé da letra agora, em minha vida
há a morte e uma mulher…
E a letra dela,a primeira, me busca e me martela
ouvido adentro a mesma despedida

outra vez e outra vez, sempre espremida
entre as vogais do amor… Mas como vê-la
sem exumar uma vez mais a estrela
que há anos-luz se esbate sem saída,

sem prazo de morrer na luz que treme?!
O monstro que eu matei deixou-me a marca
suas pernas abertas ante a Parca

aparecem-me em tudo: é a letra M
a da Medusa que eu amei, a barca
sem amarras, sem remos e sem leme…

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