Saturday, June 16, 2007

Oriundi

A parte mais emocionante de nossa viagem foi sem dúvida uma visita a Novi Velia, um pequeno vilarejo encravado nas montanhas do Cilento, na província de Salerno na Itália.
Ali no centro desta vila há uma velha torre medieval e ainda se vê o mar de um lado e as florestas de carvalho e as montanhas do parque nacional do Cilento do outro.
Na primeira rua há um velho sobrado de 1846 onde viveu meu bisavô. Hoje ali mora sua sobrinha. Hoje já velhinha, me disse que ainda se recordava do dia em que ela era menina e que levou meu bisavô ao porto de Napoli para embarcar no navio com destino ao Brasil. Ali na mesma casa conheci gente da minha família que eu nunca tinha visto antes.
Especialmente em um país formado por imigrantes e tão miscigenado como o Brasil, as pessoas estão sempre em busca de suas origens. É emocionante ter encontrado parte delas.
E é mais divertido ainda imaginar tudo o que aconteceu até você aparecer no mundo.
A torre no centro de Novi Velia é ainda uma herança lombarda, ou longobarda como chamam por lá aos bárbaros que invadiram e acabaram com o Império Romano na Itália do século VI.
Um livro chamado Origo Gentis Langobardorum conta a história de um povo chamado Winnilers, vindos de uma ilha nórdica chamada Scadanan. Ao invadiram o território dos Vândalos na costa do mar Báltico, os Winnilers foram aconselhados por seus deuses a marcharem junto com suas mulheres que deveriam amarrar os cabelos em volta do queixo para parecerem homens de longas barbas, pelo que ficaram conhecidos como os longobardi. Do Báltico, os lombardos chegaram ao vale do Danúbio e depois à Itália.
Dessa gente apareceu minha família em Novi Velia. De lá saiu meu bisavô, meu avô e minha mãe, que se juntou com o meu pai cuja família há alguns séculos atrás estava decepando mouros na Ibéria...
Afortunadamente, estudar de onde viemos pode ajudar a saber para onde queremos ir.
Estou quase certo de não querer voltar a ser um bárbaro de novo. Quase.

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