Saturday, June 16, 2007

Daniel Dantas


A revista Piauí de junho traz uma reportagem/entrevista com Daniel Dantas. Daniel Dantas é milionário mas eu detestaria ter a vida que ele leva. O sujeito passa 80% do seu tempo com advogados. Não aprecia bons vinhos nem boa comida, despreza cinema e teatro apesar de patrociná-los e vê arte apenas como investimento.
Lendo as páginas da revista, além de ficarmos conhecendo a espantosa carreira de Daniel Dantas, passeamos pelos bastidores dos governos FHC e Lula, pela era das privatizações e da chegada do PT ao poder. Ali temos uma vaga idéia da sujeira, da brutalidade, dos conchavos, alianças e traições, e das negociatas lá nas trevas e nos porões do mundo dos negócios e da política.
Os desafetos dizem que ele é um tubarão nos negócios. Não tenho como julgá-lo, mas com absoluta certeza posso dizer que burro ele não é.
Ele e seu banco Opportunity conseguiram controlar a Brasil Telecom quando a telefonia no Brasil foi privatizada. Desde que se desentendeu com o governo petista por ter se recusado a dar dinheiro (US$ 50 milhões) a Luiz Gushiken para pagar contas de campanha do PT, Daniel Dantas tem sofrido estranhos reveses, enquanto seus adversários são beneficiados nos negócios.
Recentemente, o governo tem feito pressão no sentido de fundir a Brasil Telecom com a Telemar, controlada pelo fundo de pensão da Previ.
Segundo a Piauí, na avaliação de Daniel Dantas, contudo, a intenção dos petistas é fazer uma re-estatização do setor, ou uma “previtização”, trocadilho que criou para se referir ao espaço que a Previ passaria a ocupar. Hoje, os fundos de pensão estatais têm grande participação nas operadoras. Caso a fusão venha a se concretizar, o Estado será o acionista majoritário, com 63% do capital da nova empresa. Porém, com uma vantagem em relação a uma estatal: os fundos de pensão não estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas da União. “Nesse caso, o governo vai poder fazer contratações e dispor do caixa dessas empresas, que somam 6 bilhões de reais, sem ter que dar nenhuma satisfação”, afirma.
Mais do que isso, a fusão das companhias dará ao governo muito mais do que o simples controle do caixa. O que ele vislumbra é que as empresas serão um instrumento de controle de informação, pois, juntas, cobrem todo o país, com exceção de São Paulo.
Como eu disse, burro ele não é. Nós deveríamos prestar atenção no que ele está dizendo agora.

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