Saturday, June 07, 2008

What the hell?


Estamos tentando ter um bebê. Há algum tempo. Normalmente este blog é usado para expressar opiniões sobre assuntos de interesse público, e não para expor detalhes tão pequenos de nós dois. Mas é o tipo de informação que se compartilha com pessoas em situação semelhante. Achamos outros blogs na net que nos ajudaram também.
O problema é que nossos amigos da mesma faixa etária estão em pleno baby-boom. Todo mês aparece um bebê a visitar ou uma nova gravidez sendo anunciada.
É como se todos os garotos da rua tivessem ganho o brinquedo mais desejado no Natal e você assistisse tudo chupando o dedo e jogando bola de meia velha.
Quando se decide ter um bebê, assumindo os riscos e responsabilidades que a situação traz normalmente espera-se que ele apareça logo. A primeira fase é a do "Oba, vamos fazer bebê!!!" que compreende o abandono de qualquer prática anticoncepcional.
A fase Oba é depois de alguns meses substituída pela fase do "ÊÊÊ tá demorando!", quando aparecem termômetros para medição de temperatura intravaginal, tabelinhas e planilhas Excel e velas de sete dias.
Depois da fase ÊÊÊ vem a fase "What the hell is wrong?" com as primeiras consultas médicas e simpatias de vizinhas e avós. Uma delas inclui um copo de vinho branco com pó de ferro e semente de sucupira todo dia. Minha mãe fazia eu tomar Biotônico Fontoura com semente de sucupira quando eu era criança pequena lá em casa. Peguei um certo trauma, por isso confio mais na medicina convencional.
E de repente lá estou eu numa salinha, com uma revista Sexy meio gasta em uma mão e um potinho na outra. E se você pensa que esses laboratórios põe uma Druuna de enfermeira para te ajudar (pelo menos psicologicamente) na coleta, não é verdade. Não sei porque mas todas elas se parecem com a Luiza Erundina. A enfermeira sargenta recomenda que você não desperdice nada. Fácil falar, mas o seu bráulio nesta situação está normalmente apontado para o teto e aí como encher o potinho? Plantando bananeira? Não tem manual de instruções lá. E a pressão?
Também fui num urologista. E descobri que eles tem um negócio feito um terço, com bolinhas de vários tamanhos com as quais eles medem as suas. Até agora eu não descobri porque alguém que poderia ser cirurgião plástico de modelos escolhe uma especialização daquelas.
E fui fazer um ultrassom. Doppler de bolsa escrotal. Foi emocionante. Fiquei deitado cheio de gel gelado no saco vendo meus ovos na televisão junto com o médico e a enfermeira. Quase pedi uma pipoca e uma big coke. Nunca pensei que eu deixaria tanto homem meter a mão nos meus países baixos.
Não posso reclamar. Os exames que minha esposa fez eu só conhecia em filmes de abdução alienígena.
É claro que se eu fosse um desempregado analfabeto e ela uma doméstica de 17 anos nenhum tratamento seria necessário, nessa altura já teríamos pelo menos um par de gêmeos.
Não quero descobrir ainda qual próxima fase. Queria estar no futuro, para chegar na clínica, dar meu DNA e pedir: "Me dá aí um jogador de rugby com QI 450 sem problemas cardiovasculares e com olhos verdes".
Por enquanto continuamos nos esforçando nos métodos tradicionais.

12 comments:

clabrazil said...

Que relato íntimo! Lemos juntas, Renata e eu, e ambas ficamos na expectativa por vocês.

Beijos,
Clarisse

Frodo Balseiro said...

Fernando, caso você tenha que evoluir para a quarta fase, a dos vidrinhos e microscópios, temos aqui no Brazil gente competente demais na área de fertilização in vitro.
Lembro-me de dois de cara. Dr. Elsimar Coutinho na Bahia, e Dr. Abdelmasit em São Paulo.
Os caras costumam tirar leite de pedra, se você me entende....
Abs

Lelec said...

Puxa, Fernando, até ao escrever sobre um assunto e uma experiência tão delicados, você consegue manter o bom humor, sem ofender ninguém. Parabéns. Isso é raro. E espero que em breve seus esforços sejam bem-sucedidos!

Abração.

Lelec

Sonia Regly said...

Obrigada pela visita lá no compartilhando as Letras. Posso linkar seu blo?? Ele é muito bom!!!!

Anonymous said...

Estamos também na torcida: o mundo precisa que o DNA "do bom" prolifere!

Anonymous said...

Fernando, o Frodo tem razão, o Dr. Elsimar Coutinho é supra sumo no assunto.
Tenho uma amiga que é especialista em reprodução humana e que coincidentemente têm 6 filhos, ela trabalha na clinica origem em Bhte. Ela sempre me dizia que às vezes não conseguia entender como as coisas funcionavam...
Que por exemplo um dia tudo estava perfeito, embriões perfeitos e tal, daí ela implantava os embriões e nada! Dava tudo errado! E que em um dia horrível estava tudo ruim, o embrião e a mulher nem estavam bem e pimba! A coisa dava certinho, perfeito! Ela sempre me dizia que era o dedo de Deus mesmo que fazia a coisa funcionar.
Eu sempre dizia à ela que aqui na fazenda era sempre um sucesso as coletas e transferências de embriões, que o dedo de Deus e a mão do "Jõao Gambá" estavam muito bem, e que se ela quisesse fazer uma aulinha com o João Gambá que eu marcava um horário. Sempre riamos muito, nossas conversas eram muito divertidas.
Não se preocupe com isso, faça os exames e se não encontar uma solução científica não se desespere, deixe rolar que eu tenho certeza que vc vai ter um bêbe logo logo! E espero que seja uma bonequinha, pirracenta de QI como o seu e da mãe e que goste de andar à cavalo e de dar muitos beijos em vc e na sua esposa!!!

O texto ficou muito bom, viu!

Ricardo Rayol said...

eu passei por tudo isso e sei o que está falando.

bete p.silva said...

Fernando, à parte sua maratona e de sua esposa, que deve ter sido cansativa, o seu jeito de contar é muito gostoso, isso me anima a continuar acreditando na blogosfera, há muita babaquice por aí, mas cá e lá despontam leituras como essa , que são a fina flor. Legal você ter compartilhado um tema tão íntimo com a gente.

deboraHLee said...

Fernando,

Tive dois casamentos e um relacionamento muito intenso, que marcou tanto quanto um casamento.

Nos casamentos, vacilei muitas vezes na contracepção e nunca aconteceu nada. No relacionamento intenso, cuidei de todos os modos e, um dia, decidimos que queríamos um filho. Exames todos feitos, lá se foram as camisinhas para o lixo.

Durante quase um ano, eu ficava deprimida a cada vez que menstruava. Era medonho!! Detestava ver aquele sangue!! Mas, com o tempo, e por razões outras, a relação foi se rompendo e, justamente no momento onde haveria a ruptura total, vi-me grávida!!!

Lembro que fiquei mais de 5 minutos abestada, olhando para a varetinha do exame de farmácia... E, ali, entendi o que significa o tal fator psicológico que representa a ansiedade...

Portanto, caso os exames não acusem nada, tentem relaxar, deixar rolar e até esquecer.

Quando realmente desencanamos é que acontece.

No mais, por favor, tomem cuidado com alguna destes papas da fertilização... Tem MUITA gente se entupindo de dinheiro em cima do desespero alheio...

beijos,
d.

deboraHLee said...

Em tempo!!!
O humor do teu texto está excelente!!
Adorei as 'imagens'!!
;o))

Anonymous said...

Fernandinho mio! Dessa vez foi desabafo mesmo hein! Claro que ate nesses casos particulares, os seus textos conseguem ser adoraveis e divertidos. Ja falei pra parar com essa pinta de boizao, relaxar e concentrar a paradinha. Ainda tem jeito. Calma que vai!
Agora que estou gravida escuto cada coisa! Aqui na Russia entao! Nao da nem pra entender como o povo tem filho aqui.
Cuidado com algumas expressoes do tipo " gente analfabeta tem pq eu nao?". Entendo o que quer dizer, mas nao vai mudar a situacao de ninguem. Talvez vc esteja comendo muita carne? :)Estou torcendo muito pela sua cria! Torce ai pela minha. Beijos pra vcs.

Silvia Regina Angerami Rodrigues said...

Cheguei aqui vindo lá do Terceira Margem. Meu primeiro filho (que hj tem 25 anos e que me deu uma neta linda) demorou 3 anos p/ querer descer lá de cima. E a minha filha, então, demorou 9 anos. Portanto, eu tb sei do que vc está falando, mas do ponto de vista feminino da questão. Novidades em agosto?? Bom, espero acompanhar mais de perto o seu blog e fique à vontade p/ visitar os mes, OK? abs paulistanos