Monday, February 02, 2009

A Ditadura do Relativismo


Roger Kimball, da New Criterion (segundo muitos provavelmente a melhor revista cultural do mundo) cita a campanha point of view do HSBC como um sintoma do Relativismo que está tomando conta da civilização ocidental.
Na campanha, um determinado objeto pode ter tanto um significado como também pode significar seu exato oposto. Tudo na verdade depende do ponto de vista do observador.
Se antigamente um indivíduo relativamente educado e respeitável se conhecia por seus firmes princípios morais, hoje em dia nossa sociedade valoriza justamente quem tem princípios mais flexíveis, as pessoas de “cabeça aberta”, e “tolerantes”. Desse modo, princípios dependem meramente da opinião de cada um.
Vejamos um exemplo. O direito à vida deveria ser um princípio fundamental na nossa sociedade, inscrito na Declaração de Direitos Humanos.
Hoje em dia, os indivíduos tolerantes e de cabeça aberta querem legalizar o aborto porque afinal ninguém sabe se o feto é vida ou não, e ele iria atrapalhar a vida das mulheres que não pensaram muito na hora de fazê-lo (não digo as que foram forçadas a tanto ou as que têm a vida ameaçada pela gestação, casos que a legislação brasileira prevê). Se for anencéfalo então não há nem discussão, já está praticamente morto mesmo.
Índios brasileiros enterram vivas crianças deficientes. Antes isso horrorizaria qualquer pessoa civilizada. Hoje há pessoas civilizadas que defendem os índios por agirem assim, respeitando seus costumes.
O mesmo se passa com doentes em coma, como aquela Terri Schiavo. Está gastando dinheiro público vivendo como vegetal, melhor matar de uma vez. É mais humano.
O direito à vida como se vê se torna mais relativo.
Nossa constituição garante o direito à propriedade. Claro que se um pobre coitado se disser oprimido pelo sistema e invadir a sua propriedade ele pode no fim das contas ficar com ela. Outro relativismo.
A infância deve ser protegida? Achamos que sim. No entanto, na Holanda, a pátria dos liberais, já há um partido político que prega a legalização da pedofilia.
Até o terrorismo assassino do Hamas e das Farc acha intelectuais que o justificam.
Como isso pode estar acontecendo?
Bem, as pessoas acham que se são mais tolerantes com outras, as outras serão mais tolerantes com ela. E se antes acreditávamos no direito à busca pela felicidade, hoje em dia esse conceito se tornou uma busca pela própria felicidade não importando os meios. Não importando aquele conceito de amar ao próximo e proteger os mais fracos difundido pela herança de cristianismo e democracia no Ocidente.
Nossos princípios estão mais frouxos e nossos direitos mais relativos para que essa busca a qualquer preço seja mais fácil.
Por isso os ateístas ingleses acham que o conceito de Deus é só mais um empecilho para atrapalhar quem quer aproveitar a vida. Não se trata de provar ou não a existência de Deus, eles querem entrar no liberou geral que toma conta da sociedade.
Além disso, nossos ídolos de hoje, são a superclass das celebridades, como definiu Giuliano da Empoli em seu ensaio a Orgia e a Peste.
Fazer parte da superclass é por exemplo o motivo do sucesso da TV reality show estilo BBB. A commoditie mais valorizada pela celebridades não é honra, conhecimento ou ética, é a atenção. E atenção se consegue justamente ignorando-se qualquer regra ou princípio. Ninguém liga se Bruna Surfistinha é uma prostituta, ladra e drogada. No Altas Horas do Serginho Groissman ela era exaltada pelos jovens da platéia
como símbolo de coragem, como alguém que chegou lá. O mesmo com todas as mocinhas do mundo que querem ser Paris Hilton e Lindsey Lohan, vistas por aí enchendo a cara sem calcinha. Ficou normal para adolescentes americanas divulgarem fotos no mesmo estilo em seus orkuts e facebooks.
É essa felicidade falsa das celebridades que a turma liberal procura a qualquer custo.
Posso não ser um exemplo de moralidade, mas pelo menos admito a necessidade de limites éticos como forma de se evitar a decadência da nossa vida em sociedade.
Senão vira zoológico.

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