Um amigo que fazia aula de biologia celular comigo no primeiro ano de faculdade se matou com um tiro de espingarda na boca por causa de uma mulher. Também era um garoto quieto, mas boa praça. A gente gostava de pingar água na mesa do pessoal que dormia na aula para que eles pensassem que estavam babando enquanto dormiam.
Amantes suicidas são tragicamente dramáticos, mas humanos, como atestam Shakeaspeare e Nelson Rodrigues. Infelizmente não perceberam que há mulheres, ou homens, suficientes no mundo para fazer esquecer aquela desilusão.
O coreano Cho Seung Hui que provocou o massacre na Virgínia Tech esta semana não tem nada disso. Basta ver essa foto ou ler um trecho do seu manifesto para ver que ele era um grandessíssimo biruta. A perda da namorada era talvez o menor dos seus problemas. Morando no país mais rico do mundo para onde milhares de imigrantes querem ir, estudando em uma das melhores escolas, o coreano ainda se achava um desgraçado e quis morrer se achando um Jesus Cristo. Cho era um piscopata que não gostava dos meninos ricos de sua escola. Infelizmente, um crime como esse é muito difícil de ser previsto ou evitado.
O mais chocante é ver as reações das pessoas nos chats e blogs de jornais. A maioria como sempre culpa os próprios americanos pelo massacre. Alguns até gostam que eles experimentem em casa um pouco do que estão fazendo aos outros no Iraque.
Sim, eles podem ir na esquina e comprar uma arma. Michael Moore, por mais manipulativo que possa ser, mostrou em Bowling for Columbine exatamente como é a psique americana em relação a armas de fogo.
Mesmo assim no Brasil o índice de homicídios por arma de fogo é o dobro do deles. E a taxa de criminalidade deles é bem menor do que a nossa.
No último referendo sobre as armas no Brasil eu teria votado (não votei por estar na Holanda) contra a proibição da venda de armas. Era, e ainda é, minha opinião que um estado que é incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos não lhes pode cassar o direito de se defenderem sozinhos.
Crime comum não tem a ver com o número de armas na sociedade, tem a ver com eficiência policial e com impunidade.
Crime de piscopatas não tem a ver com nada. Ninguém pode prever que um maluco sairá por aí atirando. E se não for com revólver será com uma bomba, com gás ou com o que estiver à mão. Há uns anos atrás um aluno da Escola Politécnica dde São Paulo entrou atirando de metralhadora dentro de um cinema, hoje ninguém se lembra disso. Outras dezenas morrem por bala todos os dias nas ruas do Rio e de São Paulo. Enquanto na super-armada sociedade americana um massacre como esse choca e pára o país, no Brasil a violência vira parte da paisagem.
Amantes suicidas são tragicamente dramáticos, mas humanos, como atestam Shakeaspeare e Nelson Rodrigues. Infelizmente não perceberam que há mulheres, ou homens, suficientes no mundo para fazer esquecer aquela desilusão.
O coreano Cho Seung Hui que provocou o massacre na Virgínia Tech esta semana não tem nada disso. Basta ver essa foto ou ler um trecho do seu manifesto para ver que ele era um grandessíssimo biruta. A perda da namorada era talvez o menor dos seus problemas. Morando no país mais rico do mundo para onde milhares de imigrantes querem ir, estudando em uma das melhores escolas, o coreano ainda se achava um desgraçado e quis morrer se achando um Jesus Cristo. Cho era um piscopata que não gostava dos meninos ricos de sua escola. Infelizmente, um crime como esse é muito difícil de ser previsto ou evitado.
O mais chocante é ver as reações das pessoas nos chats e blogs de jornais. A maioria como sempre culpa os próprios americanos pelo massacre. Alguns até gostam que eles experimentem em casa um pouco do que estão fazendo aos outros no Iraque.
Sim, eles podem ir na esquina e comprar uma arma. Michael Moore, por mais manipulativo que possa ser, mostrou em Bowling for Columbine exatamente como é a psique americana em relação a armas de fogo.
Mesmo assim no Brasil o índice de homicídios por arma de fogo é o dobro do deles. E a taxa de criminalidade deles é bem menor do que a nossa.
No último referendo sobre as armas no Brasil eu teria votado (não votei por estar na Holanda) contra a proibição da venda de armas. Era, e ainda é, minha opinião que um estado que é incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos não lhes pode cassar o direito de se defenderem sozinhos.
Crime comum não tem a ver com o número de armas na sociedade, tem a ver com eficiência policial e com impunidade.
Crime de piscopatas não tem a ver com nada. Ninguém pode prever que um maluco sairá por aí atirando. E se não for com revólver será com uma bomba, com gás ou com o que estiver à mão. Há uns anos atrás um aluno da Escola Politécnica dde São Paulo entrou atirando de metralhadora dentro de um cinema, hoje ninguém se lembra disso. Outras dezenas morrem por bala todos os dias nas ruas do Rio e de São Paulo. Enquanto na super-armada sociedade americana um massacre como esse choca e pára o país, no Brasil a violência vira parte da paisagem.
3 comments:
Fernando,
Você teria realmente votado contra a proibicao de armas no Brasil? Agora me assustaste!
No caso de um ataque, raramente a situacao se resolve com duas partes armadas. Pelo contrário, posso até usar um exemplo de pessoas que conheci. Um filho tinha um revólver em casa para proteger sua propriedade de um possível assalto. Até que o dia chegou e quem morreu baleado foi ele, na frente da mae, em sua própria casa. Os bandidos saíram de maos vazias pelos subúrbios do Rio de Janeiro. Mas vivos.
Ainda creio que se o filho nao estivesse armado, a família teria se mudado imediatamente para uma área menos arriscada após o assalto (o que obviamente fizeram depois da tragédia). Só que estariam todos vivos sem o trauma maior da perda da vida.
Quanto ao Cho, era maluco como você mesmo disse. Nesse caso acho irrelevante argumentar que o cara tava sendo privilegiado de morar nos EUA e mesmo assim nao soube dar o valor.
Lá vai mais uma dica de leitura. Principalmente importante para nós, alochtonen da vida que cansam de ouvir asneiras sobre nosso direito de estar na Europa, nos EUA ou em Tuvalu: "Imigrants: your country needs them", de um inglês sensatíssimo chamado Philippe Legrain.
Beijos,
Cla
Clarisse,
Não se assuste, eu sou um pacifista...A pergunta do referendo foi errada. Se fosse: "Você é a favor de desarmar a população TODA do país?" aí eu diria sim. Mas o estado é incompetente (principalmente na esfera federal, responsável pela fiscalização de fronteiras) e os bandidos continuam recebendo carregamentos todos os dias de metralhadoras e fuzis. Eu continuo com o meu argumento de que se o estado é incapaz de garantir a segurança do cidadão ele também não pode cassar-lhe o direito de se defender por si mesmo. Quando eu era criança e morava no meio do mato no Araguaia, uma noite em que meu pai viajava minha mãe viu estranhos pulando no quintal. Ela deu um tiro de 0.38 no muro e os invasores sumiram. Quem sabe o que teria acontecido se não fosse esse tiro?
Clarisse, concordo com a posição do Fernando sobre o posicionamento perante às armas.
Fernando, só uma correção, o aluno da metralhadora era da Santa Casa de Medicina. O mesmo perfil do sul coreano e daquele monte de garotos de Columbine, que se auto-denominavam "A máfia da capa preta.
Abraços
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