Sunday, April 01, 2007

Marie Antoinette


Ela era a caçula de 15 irmãos, e tinha 16 anos quando casou por procuração com Louis Auguste, neto de Louis XV e Delfim da França em 1770. Já casada, deixou a corte dos Habsburgos na Áustria para ir viver em Versailles ao lado de seu marido, o futuro rei Louis XVI da França.
Estrangeira e jovem demais, Marie Antoinette mergulha em Versailles, em meio ao protocolo, às fofocas, e a um casamento que levaria sete anos para ser consumado.
A futura Rainha se deita, acorda, almoça e janta sob o olhar da corte. Ao lhe explicarem que sempre a dama presente com o posto mais alto na hierarquia aristocrática seria encarregada de vesti-la, e que ela não poderia fazer nada sozinha, ela diz: “This is ridiculous”. Ao que a dama lhe responde: “This, Madame, is Versailles!”.
Louis XVI ao que parece se interessava mais pelas caçadas do que pelo casamento ou pelas mulheres em geral. O Delfim tinha casado sem que ninguém o explicasse direito como a coisa funcionava. Somente os conselhos de seu cunhado alguns anos mais tarde é que fariam algum efeito, e só então Marie Antoinette daria o tão esperado herdeiro ao trono da França.
O fantástico filme de Sofia Coppola, com Kirsten Dunst no papel principal (adorei ver as duas juntas de novo depois de Suicide Virgins) mostra Marie Antoinette como a primeira fashion-victim. É uma garota de maneira nenhuma interessada por assuntos de Estado, com um casamento vazio e a hercúlea tarefa de sobreviver às fofocas e ao protocolo de Versailles. Sobrecarregada pelo peso da responsabilidades que lhe atribuem, Marie Antoinette refugia-se com um círculo de amigos íntimos em uma rotina de luxo e diversão. Ela quer moda, espetáculos, jogo, festa, paixão, esbanjamento e tudo o mais que faria dela uma das figuras mais odiadas dos revolucionários de 1779.
As fofocas e o ódio contra seu modo de vida crescem contra ela na mesma medida em que o furor revolucionário cresce fora de Versailles.
Marie Antoinette era umas dessas garotas “just want to have fun!”. Infelizmente na época e lugar errados. A última cena do filme com seu quarto em Versailles depredado após a revolução, prelúdio de seu trágico destino, mostra o fim de uma era.
A história hoje faz justiça à coragem e à altivez de Marie Antoinette em seus últimos dias antes da guilhotina. Suas últimas palavras foram um pedido de desculpas ao seu carrasco por ter sem querer pisado em seu pé. Até mesmo a famosa frase dita ao povo faminto: “que comam brioches”, parece ter sido invenção da intriga palaciana. Ao saber da falta de pão, ela teria escrito em seu diário: "É certo que ao ver que o povo nos trata tão bem apesar de sua desgraça, é mais que a nossa obrigação trabalhar duro pela sua felicidade. O Rei parece entender esta verdade, e eu, sei que em toda minha vida, nem que viva por cem anos, eu esquecerei o dia de minha coroação".

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