Levei minha esposa assistir o último James Bond. Eu gostei, ela não. Há algumas coisas que as mulheres nunca vão conseguir entender, 007 é uma delas.
Boys will be boys eu diria. Todo homem quer no fundo SER James Bond. Trabalhar no serviço secreto, dirigir os melhores carros, viajar para lugares exóticos, conquistar as mulheres mais lindas do mundo (neste filme as imperdíveis Olga Kurylenko como Camille e a boneca inglesa Gemma Arterton como Strawberry Fields), e o melhor de tudo, dar pancada em bandido e ter licença para matar. How cool is that?
James Bond está hoje em melhor forma do que nunca. Casino Royale promoveu uma Bond renaissance com Daniel Craig, agora concretizada com Quantum of Solace.
O novo Bond está muito mais próximo da imagem de matador frio idealizada por Ian Flemming do que seus predecessores. E muito melhor.
As figurinhas folclóricas de Monneypenny e Q por exemplo sumiram. Acabaram as piadinhas sem graça. O humor de Craig é muito mais curto e grosso, e nem por isso menos sofisticado.
Acabaram os brinquedinhos fictícios que Q inventava para Bond do tipo relógio com laser, óculos com raio X ou anel utrassônico. O que não quer dizer que seus brinquedinhos não existam nos filmes, mas são extremamente reais. E agora, Bond tem que se safar de seus apertos na pancadaria mesmo. Obviamente ele está sempre mais sujo de sangue, suado e despenteado do que Sean Connery ou Roger Moore que nunca puseram as mãos na massa de verdade. A perseguição a pé nas ruas e telhados de Siena na primeira parte do filme é simplesmente magistral.
Os vilões também não são mais aqueles malucos com algum distúrbio físico como diamantes na cara, bala no cérebro ou dentes de aço armando grandes esquemas para dominar e/ou destruir o mundo. Tudo bem que o sorumbático Le Chiffre de Casino Royale chorava umas discretas lágrimas de sangue, mas o Dominic Greene de Quantum of Solace só é desprezível. E seu único objetivo é mesmo ganhar dinheiro.
É emblemático também que Greene, o vilão do filme, seja um ambientalista presidente de uma poderosa ONG que compra terras ao redor do mundo com apoio de políticos e banqueiros internacionais. É emblemático também que o cenário do filme seja a Bolívia, cujo governo Greenne planeja derrubar em prol de seus negócios. É tão plausível que lemos nos jornais muitas vezes coisas parecidas.
Alguém se lembra de Johan Eliasch, o bilionário anglo-sueco dono de 160 mil hectares na Amazônia e presidente da ONG Cool Earth? Pois é, é o mesmo que foi flagrado exportando madeira ilegal e que desmente que suas terras sejam na verdade propriedade do governo brasileiro. E o que dizer das ONG´s que apóiam a criação de uma nação indígena no Mato Grosso do Sul em cima do Aquífero Guarani? É quase o mesmo plano criminoso de Quantum of Solace, dominar suprimentos de água para governos subservientes.
Enfim, o novo Bond, implacável e quase descontrolado de Casino Royale se transformou em um 007 completo desta vez. E salvou o mundo mais uma vez.
E eu da próxima vez que for no cinema vou ter que assistir uma comédia romântica água com açúcar. Bond nunca passa por essas situações.
3 comments:
Excelente seu comentário sobre o novo filme do 007, Fernando!
Ainda não vi nenhum dos filmes do espião na pele de Craig. Acho-o sem glamour, sério demais, sem aquele ar discretamente cafajeste que outros atores lhe emprestavam. Mas vou ver esse filme, depois da sua recomendação!
Ah, coragem para o próximo água com açúcar que você terá que ver...
Abraço,
Lelec
Realmente o Craig é feio demais, mas caiu bem no novo estilo Bond.
Mas você precisa assistir o Casino Royale antes desse aqui, porque as histórias se emendam...
olá Fernando
Pois eu sempre sonhei fazer um filme do Bond.Mas como um vilão esquisito, sentenciando.
Bond. Mister Bond?! ehehehehe
abs
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