Monday, February 02, 2009

A Volta do Filho Pródigo


Antes do Natal, a colega blogueira Bete disse que iria sortear um livro entre seus leitores. Eu me inscrevi e ganhei, e na verdade não tinha idéia de como seria o livro. Agora, feliz de tê-lo lido, venho aqui contar como foi.
O livro chama-se A Volta do Filho Pródigo e foi escrito por um holandês chamado Henri Nouwen.
Há muito debate sobre a função que a arte deveria exercer sobre a sociedade. Não acredito em arte engajada, mas acredito que uma obra de arte deva ser um fonte de beleza na vida, deva inspirar quem a observa.
E foi isso que o quadro A Volta do Filho Pródigo de Rembrandt van Rijn fez com o padre Nouwen.
Nouwen conheceu o quadro por uma reprodução pregada na porta do escritório de uma amiga. Ficou tão obcecado pela pintura que acabou indo ao Hermitage em São Petersburgo na Rússia para admirá-lo ao vivo.
Sua atenta meditação sobre cada pormenor da pintura o levou a escrever este livro, que é uma viagem espiritual inspirada pela obra, pela vida de Rembrant e pela sua própria experiência.
O quadro mostra a hora em que o filho pródigo, que tinha abandonado o lar e torrado sua parte da herança com festas, jogos e prostitutas regressa, pobre, sofrido e arrependido ajoelhando-se aos pés do pai que o acolhe, enquanto o irmão ressentido o observa.
Toda a luz da pintura emana dessa figura paterna que acolhe o filho que estava perdido e foi encontrado, é nesse abraço cheio de perdão que está a emoção da cena.
Deus, ou a figura do pai, é aquele que ama incondicionalmente tanto o filho pródigo que volta aos seus braços como ao filho obediente porém egoísta e ressentido.
De fato, Nouwen acha que nos comportamos ora como o filho pródigo ora como o filho ressentido. Somos amados e não sabemos, por isso nos afastamos ou nos tornamos egoístas. A grande jornada espiritual de cada um é saber ser amado como o filho, mas amar como o pai.
Rembrandt van Rijn teve fama e fortuna em sua época, gastou tudo o que podia com uma vida cheia de excessos, mas também era egoísta e interesseiro, sofreu e perdeu dinheiro e família e no fim morreu só e pobre. Também ele foi em sua vida o filho pródigo, o filho mais velho e no final percebeu, se pintando como o pai, que figura ele deveria ser.
Uma bela lição de arte e espiritualidade, e um chamado a uma transformação.
Agradecimentos à Bete.

1 comment:

bete p.silva said...

Puxa, Fernando! que bela resenha, tá claro mesmo pra mim, o sorteado tinha que ser você, parabéns.

Fico feliz que você tenha gostado.

A grande sacada desse livro é esse parelelo entre a obra e a controversa figura de Rembrant, genial mesmo.